quarta-feira, 4 de maio de 2011

TEMPO

Por Cassiane Schmidt

Flores de papel enfeitam o jardim
Nuvens no céu ensaiam tempestades
Elfos em serenata tocam clarim
A saudade vagueia em alucinantes viajens

Prelúdios da noite seduzem o dia
O sino da igreja lembra-me das horas
A melancolia com as lembranças brinda
Sonhos esquecidos onde ninguém mais mora

Letras e músicas na alma deixam rastros
O destino borda as marcas do tempo em fino tecido
Crianças presas em porta-retratos
Congelam corpos adormecidos

Quero parar o tempo com as mãos
Ressuscitar folhas de calendários
Ouvir aquela velha canção!
Encontrar nos braços de mamãe meu relicário

De manhã, cheiro doce, pés no chão
Vida tecida pelas mãos da felicidade...
À tarde: desajustes, reajustes de tempo, contradição
Bolo sem velas partilha a idade...


À noite: cortejos de sombras conduzem o passado
Cartas sem destinatários convidam a partir
As horas crucificaram o tempo calado
Hora de dormir...

(Publicado originalmente na Revista CERRADO CULTURAL nº 08/2008)

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