domingo, 5 de junho de 2011

AINDA É TEMPO DE LEMBRAR...QUEM SABE ATÉ DE SONHAR!

Por Lígia Antunes Leivas

(A um certo destinatário)

Ainda é tempo de lembrar... quem sabe até de sonhar!
Viver esse estranho amor no caminho que ainda percorro é o de repente que se posta na estrada, nos longes dos mesmos céus que nos cobrem e recebem o sol onde ele morre, estejamos nós em que ponto deste mundo estivermos.
Sabes?, hoje me senti fora do prumo... essas coisas que acontecem a qualquer um de vez em quando... me acomodei na proteção da beira do penhasco (...é...assim bem desse jeito... aquelas que não protegem ninguém de nada, mas ao menos servem de aviso...)
Senti medo... medo de que a esperança se vá, tome rumo desconhecido e eu não possa alcançá-la mais... medo que ela de mim
se esqueça... até deixe de brilhar e eu não mais possa te encontrar.
Sabes?, o passado não se vai... nunca. Ele é tudo... é presente, é futuro, embora muitas vezes escuro... matizes, para mim, impossível distingui-los. Não se vai também porque o amor mantém no coração a tua presença no sempre presente em que estou. Mantém-te aqui, estreitamente enlaçado, fazendo balbúrdia e rebuliço e de soslaio me cuidando.
Mas te escrevo não é por isso: é para te contar que te fiz uma canção... Não!!! Não te enganes... não sou tonta nem maluca, não! Foi o jeito que inventei de cantarolar a minha história, a 'nossa' história. E é verdadeira, sim!... Tão bonita! Melodiosa! Até o canarinho que me faz companhia nas horas em que sou 'do lar', já aprendeu a entoá-la... ele também é lindo! Quisera eu que o ouvisses! Horas inteiras passamos assim... há uma sintonia diria perfeita entre nós os dois. Quando estamos juntos, parece que o mundo pára para ser feliz!...
Mas, apesar de tudo que invento, sei que nada mata o vazio da tua ausência... esse inevitável que não venço e que o tempo disso se vale para tentar me derrubar. Sei que é assim... como sei também que esses subterfúgios eu os preservo... a ferro e fogo...; pelo menos eles dissipam minha saudade em meio às lembranças que guardo de ti.
É... o passado não se vai... nunca!


Sobre a autora:

Lígia Antunes Leivas é natural de Pelotas/RS. presidente da Academia Sul-Brasileira de Letras para o Biênio 2007/09; diretora cultural do Centro Literário Pelotense; Cônsul dos “Poetas del Mundo” em Pelotas, RS; acadêmica e delegada regional do Clube dos Escritores de Piracicaba, (SP) no RS.

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)

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