quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CHUVAS E MISÉRIA

Por Vânia Moreira Diniz

Essa é a época mais triste do ano em quase todo o Brasil.Milhares de pessoas estão morrendo soterradas pela avalanche das chuvas que tomam conta do país.O pior é que isso acontece todos os anos e a tristeza envolve milhares de famílias que não têm para onde ir. As autoridades anunciam que as pessoas devem sair sair de suas casas e a pergunta que não quer calar é: Para onde?

Será que depois de tantos anos não compreenderam que precisa ser feito um trabalho de prevenção? Meu Deus, será mesmo que a vida humana está banalizada a tal ponto que os responsáveis por este país não se preocupam com isso?

Será mesmo que não entendem que a vida é finita demais e precisa ser realizada alguma coisa para que nossos concidadãos não enfrentem esse desespero? E que cargo, poder e tudo mais que encanta as autoridades desse país, nada valem diante de uma vida humana?

Não basta a miséria, a fome, a violência, o preconceito, a insegurança? Não basta que a educação e a saúde estejam num patamar tão baixo a ponto de muitas pessoas não terem acesso a elas? Até que ponto querem martirizar os cidadãos desse país, trabalhadores que procuram educar seus filhos e viver uma vida miniamente digna?

Muita gente está morrendo, outras feridas e ainda outras sofrendo pela perda de suas casas, de suas coisas e acima de tudo dos entes queridos agonizantes e desesperados ali ao seu lado e que a impotência impede de salvá-los?

Uma vida humana é muito mais importante do que carnaval e Copa do Mundo. Nâo entendem isso? Não compreendem que não podemos ter paz sabendo que pessoas como nós estão desesperadas almejando pela dom mais precioso e legítimo que é a sua própria vida?

Sim vamos vibrar com a legítima festa folclórica de nossos país e com a vitória de termos conseguido a sede da Copa no Brasil. Mas antes disso precisamos olhar, lutar, gritar, pedir ajuda para essas milhares de pessoas e famílias que estão morrendo sem socorro e que interrompem nosso bem mais precioso que é a vida.

Quando assisto a essas reportagens sobre o que está acontecendo em consequência das chuvas, fico imaginando como sou egoísta nesse momento em que nos divertimos enquanto pessoas morrem e a única coisa que desejam é sua casinha para abrigar a família e da qual estão sendo enxotadas pelo mau tratamentos de condições necessárias para que permaneçam lá.

A vida é uma só, todo o resto é possível reestruturar menos a presença nesse mundo depois que nossos olhos se fecharem.

O mundo inteiro está cada vez mais apaixonado pelo poder, pela fama, pelo dinheiro, esquecendo que nada vale, diante do curto espaço de vida que temos para usufuir, ser felizes e cumprirmos nossa missão e que está sendo abreviado pelo excesso de individualidade e indiferença, elementos letais que ultrapassam todos os bens do mundo.

Vamos novamente pedir às nossas autoridades que lembrem um pouco da vida daqueles que de uma forma ou outra dependem de sua competência e dedicação. É quase utópico falar dessa maneira, mas nós que escrevemos que podemos transmitir alguma coisa ainda temos esperança que as futuras gerações possam ser tocadas pelo dom da solidariedade, do amor e do entendimento que enquanto os seres humanos não se unirem a vida será amarga e e dolorosa.

Na minha opinião a corrupção, os gastos desmesurados e a exorbitância de valores gastos com propaganda seriam suficientes para a prevenção desses acidentes e naturalmente o atendimento das necessidades básicas do povo que sofre.

Sobre a autora: Vânia Moreira Diniz, Ph.I., é presidente da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal (ALB/DF)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

UNIVERSIDADE

Por Luiz Carlos Leme Franco

Universitas,
Instituição do povo
Universitas povo
universitas é universal
Universal povo
Universal tem universalidade
Universalidade povo
Universalidade é povo
Povo é universal
Povo é universalidade
Universitas povo universal
universalidade unidade
povo unidade do povo
povo em unidade união
Universal Universidade povo
Povo “ Quo vadis “?
universidade
universidade é povo
nulidade-universidade
universitas - povo
nulidade do povo
Povo sem universidade
Universidade é universal
Povo é unidade
Nulidade
Tudo é nulidade
Sem unidade universal
Igualdade
Sem universidade
Sem povo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

INTERESSES ESCUSOS UNEM AS TRÊS MAIORES ASSOCIAÇÕES DE MAGISTRADOS DO BRASIL

Por Mário Carabajal

Uma Nação não pode ser refém de uma classe. Os Tribunais “Superiores” assumiram ipsis literis  a assertiva do nome Superior, colocando-se acima dos demais segmentos sociais. Delibera quem ser investigado sem antes fazer-se transparente. Não apenas o judiciário como todos os serviços públicos, em quaisquer instâncias, devem ser 100% transparentes. Sem espaços para ‘estrelismos’ e ‘autoritarismos’.
Uma Nação aberta e democrática, transparente em suas ações, auto e alo-critica, ganhará em renovação de conceitos, avançando sem retroceder. Contudo, alicerçada em um poder decisório centralizado como o Judiciário Brasileiro, representa retrocesso a evolução de todo o sistema de governo. Isto, sobretudo, pela falta de transparência, marginalizando o sentido público de administração.
O Brasil encontra-se as portas de um fazer claro, transparente, faltando apenas que os poderes, ou melhor, aqueles que, imbuídos de poderes, deixem-se visíveis aos olhos da opinião pública, afastando dúvidas e incertezas, permitindo dissiparem-se o que os coloca à margem do fazer coletivo.
A transparência é a alma e a arma maior da democracia. Sem desprendimento, em busca de um bem maior, com igualdade, sem direitos ou privilégios especiais, árdua será a evolução de um povo.
Sobretudo, havendo tal discriminação, a exemplo do Brasil, os privilégios não cessam jamais, estendendo-se à manutenção dos mesmos, a todo aquele que responda por parte dessa hierarquia de direitos, seus familiares e amigos diretos. Sendo exatamente o que se observa no Brasil. Alguns poucos homens, apoiados em um sistema tradicional de organização social, apropriaram-se da consciência e da razão, fazendo-se senhores da verdade, dos direitos, sem partilharem, no entanto, eles próprios, das obrigações, das dificuldades, dos imensos sacrifícios e da transparência exigida a todos.
Mister o reconhecimento da importância do Sistema Judiciário, mas não como erroneamente se auto-nominaram, Superiores. Em uma Nação, este desígnio, deve ser afastado. Ninguém deve ficar à margem das obrigações exigidas à coletividade.
Todos devem transparência, esclarecimentos e prestações de contas. No Judiciário, ou melhor, nos ‘Superiores’ Tribunais brasileiros, ministros auferem 100, 200, 300, 400 e até 700 mil reais, a exemplo de Peluso, no TS-SP, enquanto um trabalhador ‘brasileiro também’ nem mesmo sonha com tal quantia. A isonomia, a importância de todas as profissões, deve ser a máxima de uma Nação.
Ninguém, verdadeiramente, deve ser diferente perante a Lei. E isto não deve valer apenas para o povo. Mas, sobretudo, para quem governa. A essencialidade dos serviços pode sim designar funções superiores, aí, veríamos os lixeiros, e não juízes, com maior necessidade de reconhecimento e direitos. Retirem-se os ministros dos ‘Superiores’ Tribunais e teremos um nível de problema de necessidades sociais. Contudo, se retirados os lixeiros das ruas, o caos se faria total. Magistrados, políticos, médicos, professores e demais trabalhadores, todos, se renderiam à efetiva ordem da pirâmide invertida social hoje ainda aceita por interesses e visões equivocadas de Nação e sociedade. Este segmento, não conta com verdadeira representatividade política. Entre outras distorções na organização política brasileira, os ‘representantes’ eleitos pelo povo, devem seus mandatos aos partidos e não a quem os elege. Como os Tribunais Superiores, têm privilégios distintos dos demais cidadãos. Não respondem a furtos e crimes com o mesmo rigor exigido aos demais brasileiros.
Observa-se, isto sim, frente a tais práticas por político, a soma dos interesses corporativistas, ganhando do judiciário, em contundente afronta à igualdade apregoada pela Constituição, fóruns privilegiados, sem jamais serem punidos. De um lado a Nação, de outro, usurpadores da Pátria, sem escrúpulos, moral, vergonha e a menor noção de direito. Apoiados e mantidos por sucessivos governos, seus interesses pessoais de manutenção do poder e uma pseudo-governabilidade, sem de fato representarem os interesses máximos da Nação.
Não obstante, observa-se uma tendência de evolução atípica dos sistemas. Atípica por ser aleatória, inconstante e assistêmica, dependente de formações individuais de cidadãos que alcancem status e poder a altura de confrontar o anti-poder disseminado ao longo de centenas de anos, pontual, contínuo e arraigado no âmago dos sistemas de governo. Como um ‘câncer’, encontrando como cerne, os Tribunais Superiores, com seus desmandos, falta de transparência e políticas corporativistas, com nenhuma ou raríssimas exceções.
Exemplo maior, mais recente, na Ministra Eliana Calmon, chamando a transparência, centenas de anos de obscuridade e práticas soberbas, voltadas exclusivamente para si, seus familiares e grupo de amigos, como se a humanidade não fosse uma só. “Como se a lágrima da criança pobre, não fosse a mesma lágrima, dolorida e salgada da mãe do soldado que mata no cumprimento do dever” como bem disse Edgar Hudson. O medo de se deixar investigar, não representa a vontade da totalidade dos magistrados brasileiros, mas de um pequeno grupo, à frente das associações, e, certamente prepotentes, antes de manifestarem-se, não ouviram os associados.
A tendência, é que em um amanhã próximo, a Ministra Eliana Calmon se faça Senadora. Um caminho natural, de necessidade humana e popular para que a esperança mantenha-se viva em um povo que acredita em um futuro glorioso para o seu País.
O sonho, certamente é comum. Nenhum corrupto o é por voluntariedade. Todos estão presos em um sistema que se lhes exigem continuidade. Como o usuário de drogas. Um círculo vicioso. Nocivo, maléfico, que inevitavelmente será confrontado. Mais cedo ou mais tarde haverão de responder por seus crimes, publicamente, como tantos já expostos por suas práticas anti-sociais, tolas e imaturas, tolhidas de uma consciência consequente. Porque se o fossem, jamais desafiariam a toda uma Nação, sedenta de justiça e verdade. Ansiosa em acertar e definir um caminho de assertivas, rumo ao axioma Ordem e Progresso, sem meias verdades e ensaios em forma de sussurros democráticos.
Não é impossível que juízes e mesmo algum ministro da justiça e seus familiares, honestos e comprometidos com a história, manifestem-se publicamente, autorizando serem investigados, demonstrando transparência em suas ações, pela total segurança de nada terem a temer.
Acreditamos que uma grande vontade de justiça toma os corações e consciências até mesmo daqueles mais desprovidos de condições efetivas de a promoverem. Imagine naqueles que gozam de condições, legalmente constituídos e com os instrumentos legais ao alcance de suas mãos. Faltando, tão somente um segundo de legítima vontade, ou minutos, horas, dias e anos de persistência, como a singular gota de água que perfura rochas, aparentemente invulneráveis, como vem agindo a Imortal e humana Ministra Eliana Calmon e o não menos digno Procurador Geral da República,  Roberto Monteiro Gurgel Santos, a quem deve-se profundo respeito pelo comprometimento por suas posturas enérgicas contra crimes de corrupção, contribuindo decisivamente à depuração dos resquícios de um sistema marginal de governo que insiste manifestar-se sobretudo nos meios políticos e agora, claramente exposto também no sistema judiciário brasileiro.
Qualquer cidadão, honesto e digno, trabalhador e minimamente progressista, consegue elaborar conceitos sobre aqueles que não se deixam investigar, que temem a visibilidade pública de seus atos, como o faz o sistema judicial no Brasil. Por trás de tanto receio, barreiras, impedimentos à transparência, existem abismos e lacunas, que os tornam reféns de práticas conjuntas de crimes que os levariam a responder perante a Nação, em condições de igualdade com os piores estelionatários, marginais e usurpadores do dinheiro reunido em impostos a custa do suor e lágrimas do povo brasileiro. O cidadão, mais simples o diz com a assertiva ‘quem não deve não teme’. Encerrando a assertiva diametralmente oposta ‘por deverem, temem, unem-se, obstacularizam’ e tudo farão, sem surpreender se até mesmo planejarem a morte de quem se lhes exige transparência.
Mister à construção de uma Nação equânime, a exigência, para a nomeação de ministros e homens públicos, da aceitação de uma Cláusula de Transparência como base e elemento principal de combate à corrupção. Válido para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Uma única Lei, de clarificação e comprometimento. Assim, poderão os corruptos e aqueles que não têm aptidão ‘moral, ética e honestidade’ para o Serviço Público, declinarem em assumir funções de altas finalidades administrativas, judiciais e político-governamentais. Todo cidadão, por mais estudos ou capacidades que demonstre, não estará apto às funções públicas, não seja plenamente honesto, aceitando e autorizando previamente, ser, a qualquer tempo, a si e extensões,  investigados, com quebra de sigilo bancário e patrimonial, sem receios, por estarem conscientes de ser uma função pública, em sua assertiva, pública.
Quando a Ministra Eliana Calmon solicitou levantamentos de movimentos financeiros atípicos do judiciário, não o fazia sobre a vida privada dos magistrados, mas do elemento público a que devem observância, por força de suas funções e por serem, sobretudo, empregados populares, pagos com o imposto sobre medicamentos, alimentos, água, luz, vestuário, moradia, saneamento básico e até aquele imposto sobre a fralda diária utilizada por um bebê, ou a sua chupeta. No entanto, estes funcionários, pagos com o sangue o cidadão, cegos, levantam a cabeça e escondem-se sob vidros escuros em seus carros e tratam seus senhores e empregadores sem nenhum respeito, demonstrando total despreparo e consciência de onde vêm seus altos salários. Nem se lhes passa pela cabeça que, em algum dia, alguém, uma mulher, pudesse exigir-lhes transparência, verdade e justiça efetiva. Os ministros, dos ‘Superiores’ Tribunais, maior deveriam ser suas transparências, em forma de Lei. Ou são honestos e servidores públicos, como aqueles do Executivo e Judiciário, ou, para esconder suas ações, assumam o rótulo de marginais, buscando outros seguimentos, que não o público. O público está destinado e pelo que se observa no Governo Dilma Rousseff, se fará, efetivamente, público. Ninguém deixará de prestar contas perante a Nação. Prova maior e inquestionável, viu-se, pela deposição de sucessivos ministros do próprio Executivo. Logo, um Executivo transparente, capaz de enfrentar os monstros internos, está apto para mudar a prática covarde do ‘Poder’ Judiciário, à margem de quaisquer investigações, cheio de melindres e ostentação de pseudo-poderes em benefício próprio, proibindo sob ameaças de ‘enquadramento legal’ a quem se lhes aponte a varinha de um sistema comum a todos, de transparência, investigação de ações e honestidade ‘comprovada’, não apenas pelo poder de uma ‘toga’.
Acredita-se, que o Brasil está e se fará honesto, não por temer ao judiciário, mas por curvá-lo às barras do direito coletivo, de investigá-lo e colocá-lo como parte do sistema e não acima dele, como hoje ainda insistem as alas conservadoras de um judiciário de ‘semideuses’ como se não fosse este parte da Nação, paga pela Nação, devendo prestação de contas à Nação. As próprias contas dos Tribunais ‘Superiores’, não apontam nominalmente os Ministros e assessores com benefícios que representam, isto sim, desvios ‘legais’ de recursos públicos, com salários individuais, somados os ‘desvios’ lançados como benefícios diversos, na ordem de 200, chegando até aproximados 500 mil reais. Isto, um ministro, em um único mês.
Particularmente, acredita-se que os cidadãos brasileiros, em sua maior parte não autorizam tais despesas, exigindo dos poderes constituídos, uma resposta à altura de uma Nação, de forma profunda e detalhada das contas e gastos dos Tribunais Superiores do Brasil. O mesmo ocorre nos Tribunais de Contas. Antes de analisarem a utilização dos recursos pelas prefeituras, trabalham, isto sim, como ‘marteleiros’, orientando e criando dispositivos, ilegais em sua forma, para fazer bater as contas municipais. O que se exige também, por parte da corajosa Presidente Dilma Rousseff e Roberto Gurgel, Procurador Geral da República, uma intervenção de Ordem Pública de Direitos Democráticos à Transparência, enquadramento dos criminosos e a criação de dispositivos pontuais de condução e controle do erário público. As universidades, através dos cursos de ciências da computação, podem participar deste momento histórico de assertivas ao fim da Corrupção Brasileira, criando softwares impeditivos de práticas de desvios. As mesmas universidades, através destes cursos, podem fazer o controle sistêmico destes órgãos, de forma totalmente aberta e transparente, assessoradas pelos cursos das áreas de Economia e Administração. Otimizando-se, assim, os evidentes e transparentes esforços do atual governo, em um Grande Esforço Nacional, com o auxílio das universidades, a Câmara Especial de Qualidade de Gestão presidida pelo Nobel empresário Gerdau. Ações claras, abertas, transparentes, como tudo o que gira em torno deste honrado nome, ao longo de décadas.
Não obstante, frente a este chamado da Nação, de gestões públicas cada vez mais eficientes, não é impossível sonhar-se com o enquadramento dos Crimes de Corrupção como Hediondos, sem direito a fiança. Colocando fim, definitivamente, a este mal responsável pelos desvios de recursos que se destinariam a serviços sociais emergenciais, como os enfrentados pela saúde, educação e infraestrutura a expansão da capacidade produtiva brasileira. Ainda, à elevação da capacidade média educacional, em uma perspectiva evolutiva à implementação de uma Pedagogia Executiva, transformando o conhecimento em ações, a partir das escolas como pólos gestores de recursos à aplicação em metas de desenvolvimentos locais, bairro a bairro. Ou às Universidades à expansão de pesquisas e mesmo a criação de centros executivos de gestão implementatória dos resultados doutorais de teses, com fim do bem comum e desenvolvimento dos potenciais de riqueza da Nação.
Certamente a mudança e evolução esperadas devem ser conquistadas com as mãos e armas disponíveis aos cidadãos brasileiros, mas não com sangue e mortos, mas pelo poder do voto, consciente e democrático, sem representarem os corruptos e usurpadores, inimigos, mas pessoas doentes, malformadas moralmente e de índoles familiares com profundos problemas de identidade e responsabilidades sociais. O que não necessariamente se faça regra. Podem pais bons, honestos e comprometidos com a Nação, após proverem estudos aos filhos, a custos imensos de sacrifícios, terem a desventura de todos seus esforços serem utilizados, por estes filhos, em luxos desnecessários de esposas e filhos, sem de fato representar progresso pessoal e felicidade. Ao contrário, em sua maioria são infelizes, sem nenhum reconhecimento de suas companheiras e familiares, por elegerem apenas o dinheiro e poder como instrumentos de vida, sem quaisquer ou raríssimas essências humanas. Sem jamais demonstrarem ensaios sequer de bravura, honra, honestidade, altruísmo e amor. O que tomaria seus filhos, cônjuges ou pais, de um profundo sentimento de reconhecimento, orgulho e alegria. Muitos, com profundos problemas de traição conjugal nem mesmo são capazes de libertarem-se por receio do abalo em seus status pessoais. Inconscientes, nem mesmo sabem que não tem mais domínio sobre suas próprias vidas. Levando suas práticas de corrupção e formação de quadrilha a extremos, até serem expostos para, por uma força externa imperativa, caírem na realidade da desgraça em que de fato se encontram. Vítimas, isto sim, de valores axiológicos mal interiorizados catexicamente. Tornando-se homens vazios, de ações improfícuas. Passando ligeiramente pela vertiginosidade da existência com pseudo-poderes os quais a história haverá de redimensionar, reposicionando-os, como vermes e vilões. Pois, nenhum malfeitor resiste ao julgamento histórico, único que sobrevive, por ser objeto de interesses coletivos, e jamais aqueles imediatistas, individuais, sobretudo para a formação de riquezas a custa do sangue e suor das populações.
Dentre a tantos sonhos, consciente que os sonhos são aquilo que demais concreto o homem possui (veja-se a lâmpada de Thomas Edson), a Revista Veja constitui um dos sonhos reais que a Nação Brasileira materializou e possui, ao lado da Polícia Federal, uma Imprensa forte, livre e corajosa, uma Presidente da República e Procurador Geral também conscientes de seus papéis históricos. Cientes que aqueles que mais sonham em suas épocas marcam profundamente a história das civilizações futuras. Agora, somando-se a determinação de Eliana Calmon, uma outra mulher, ‘uma nova Princesa Isabel’ (como dito pela escritora Manuela Cacilda – Vice-presidente do Conselho da ALB), e tantos brasileiros e brasileiras, não exceções, mas regra, honestos e bem intencionados, que ocupam cargos no Judiciário, Legislativo, Executivo, empresas e serviços, de norte a sul do Brasil, haver-se-á de ultrapassar a este momento de obscuridade do ‘Poder Judiciário Brasileiro’, trazendo à luz da verdade, à evolução de nossos sistemas, o joio e o o bom trigo, expondo os maus, para que sejam publicamente conhecidos, como, sem poupar, já o fizemos com tantos outros pretensos intocáveis que passaram pelo poder.
Sonha-se também com o momento em que o Sistema Judiciário brasileiro conquiste seu próprio caminho, evoluindo, crescendo, em qualidade, transparência e representatividade, colocando-se um fim a um curso histórico de autoritarismos e incertezas. Juízes de todo o Brasil, em um novo fazer jurídico, podem compor as bases de tomada de decisões, através das modernas tecnologias, participando das decisões que hoje são tomadas por alguns poucos ministros, ultrapassados por seu próprio tempo e forma de gerirem o direito público e privado, lançando assim, para o mundo, assertivas também a um evoluir do direito internacional.
Coragem e determinação são necessárias. Um Decreto Nacional de Transparência, acima de pseudo-poderes de isenção, distinção e ‘soberbas’ que possam advir do grupo Marginal do Judiciário, contrariando as correntes progressistas, honestas e integradas a sentido de Nação, Ordem e Progresso. 

Sobre o autor: Mário Carabajal é professor, ,jornalista, escritor e psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica. Cientista Social e Educacional. Mestre em Relações Internacionais. Doutor em Ciências Educacionais. Presidente da Academia de Letras do Brasil, ALB.

domingo, 1 de janeiro de 2012

PERFIL: MÁRIO ROBERTO CARABAJAL LOPES



Por Paccelli José Maracci Zahler

Ao completar um ano de circulação ininterrupta na internet, a Revista Cerrado Cultural (RCC) preparou uma entrevista especial com o Prof. Dr. Mário Roberto Carabajal Lopes (MC), idealizador e fundador da Academia de Letras do Brasil.
A entrevista foi concedida por correio eletrônico, como todas as demais já publicadas pela Revista Cerrado Cultural. Este procedimento permite ao entrevistado refletir sobre as perguntas e dar a resposta que melhor expresse seu pensamento, suas idéias, sem prejuízo de suas atividades laborais, ao mesmo tempo em que é estabelecida uma parceria, uma troca, com o entrevistador.
A entrevista com o Prof. Dr. Mário Roberto Carabajal Lopes (MV) iniciou em novembro de 2011 e somente foi concluída em dezembro do mesmo ano.
Manifestamos o nosso profundo e sincero agradecimento ao entrevistado pela paciência e pela gentileza no envio das respostas.
Temos a certeza que nossos leitores apreciarão muitíssimo conhecer o PERFIL do bajeense Prof. Dr. Mário Roberto Carabajal Lopes.

RCC. Aos três anos de idade o senhor já participava de programas de auditório. Que recordações o senhor traz daquela época?

MC. São dispersas as lembranças de meus três anos: o cachorro, Boca Negra; eu em uma janela, abanando para o irmão que saia para o Colégio Estrela, que ficava na esquina de casa; lembro ainda de meu pai, tomando mate e operando um aparelho de telégrafo; gostava muito das viagens de trem com a mamãe.  

RCC. O senhor se lembra se a poesia era tradicionalista ou de outro gênero?

MC.  Eram versinhos populares.

RCC. O programa de auditório era da Rádio Cultura ou da Rádio Difusora de Bagé?

MC.Difusora. O programa: “Show de Domingo...”. Não lembro o nome exatamente.

RCC. Durante sua infância, o senhor participou de campeonatos “dente de leite” tanto pelo Grêmio quanto pelo Internacional de Porto Alegre. Intimamente, o senhor é torcedor de qual dos dois times?

MC. Torcia para o Internacional, mas o Grêmio, por muito tempo, deu-me grandes alegrias.

RCC. E em Bagé? O senhor torce pelo Guarany ou pelo Grêmio Esportivo Bagé?

MC. Houve o tempo que torcia para o Guarany. Hoje, ficaria feliz com qualquer um deles, o que saísse bem nos campeonatos regionais. Há muito não tenho notícias de ambos.

RCC. O futebol ainda mexe com o senhor ou, dada a sua intensa atividade intelectual, faz parte do passado?

MC. Quando tem Copa do Mundo assisto até mesmo os jogos onde não está a Seleção Brasileira. Fora disso, não me observo acompanhando os campeonatos Estaduais e Brasileiro. Mas, sei que o Vasco está na liderança em 2011 e o campeonato brasileiro muito complicado.

RCC. Como foi a sua experiência como músico da banda “The Brazilian Band Supremes”?

MC.          Interessante. Meu irmão liderava o grupo, só por isso eu tinha espaço.

RCC. Foram seis anos tocando bangô, não é mesmo?

MC. Aproximados. Foi antes de eu ir para o Rio de Janeiro, com 17 anos.

RCC. A banda fazia shows somente em Porto Alegre?

MC. Andava muito pelo interior e litoral gaúcho. Também fez shows em Santa Catarina e uma turnê pelo Uruguai e Argentina, em contrato com a rede de hotéis ‘Parque Hotel’.

RCC. Sua carreira musical foi interrompida para prestar serviço militar?

MC.De fato, o conjunto terminou quando surgiu a oportunidade de um contrato com a Odeon. O conjunto ganhou destaque nas principais revistas há época ‘Sétimo Céu e Amiga’, chegando a ser considerado pela mídia nacional ‘Conjunto Revelação Pop Gaúcha’. Foi quando gravamos pela Sociedade de Autores e Compositores da Música Popular Gaúcha. Quando surgiu a oportunidade de gravação pela Odeon. Mas, o Arilton, vocalista, sofreu grave acidente no viaduto ‘Minhocão’ em São Paulo, falecendo cinco anos depois. Os demais integrantes se desestimularam, o ‘Seleção casou’, o Carlos, meu irmão desestimulou-se por completo e, o Paulo, seguiu carreira solo. Hoje, também o Seleção toca em uma banda no RS, “Destaque”.

RCC. Houve alguma razão para o senhor prestar o serviço militar no Rio de Janeiro?

MC.Eu era, como ainda hoje, apaixonado pelo Rio. Objetivava servir na Brigada de Paraquedistas. Passei em todos os testes mas, por um erro qualquer, fui premiado, servindo na Fortaleza de São João, na Urca. Aproveitei a oportunidade para viver um ano na Cidade Maravilhosa.

RCC. Como foi a sua experiência na Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro?

MC. Muito boa. Praias dentro do complexo da Fortaleza. Também ali ficam a Escola de Educação Física do Exército e Escola Superior de Guerra. Cursei parte do 1º. ano do então segundo grau em Copacabana. Conquistei o primeiro lugar no Curso de formação de cabos, fui o primeiro classificado para o Curso de Sargento e tive a oportunidade de cursar formação de oficiais. Mas optei em dar baixa e seguir a vida civil. Na Fortaleza de São João escrevi meu primeiro Livro, com base na complexidade da vida militar. Desenvolvi conceitos sobre liberdade, comunismo, democracia, segregação social... Pelo fato de organizar a biblioteca da Bateria de Canhões, onde servia, acabei encontrando-me com centenas de títulos e autores. Acordava seguidamente com muito sono, distraia-me lendo até altas horas.

RCC. Após prestar o serviço militar, o senhor optou por morar em Alegrete, RS. Como foi a sua passagem por aquela cidade?

MC.Trabalhei como caixa do Bamerindus e tive minha promoção para sub-gerência assinada, sem contudo assumir a função, pois, aceitei o convite para gerenciar uma loja de móveis em Uruguaiana, de uma grande rede, cuja matriz ficava em Alegrete. O salário e comissões eram atraentes, ganhando algo próximo a 40 salários mínimos de hoje. Comprei meus primeiros carros, casa, casei. Adorava móveis estilo Luís XVI. Separei-me por volta de 1983. Não tive filhos deste casamento.  

RCC. O que motivou a sua migração do RS para Roraima, em 1981?

MC. Meu irmão mais velho, hoje falecido, convidou os irmãos para irmos para Roraima, e formarmos uma fazenda. Eu, há época, respondia pela gerência executiva de uma rede de agências de cobranças ‘CECOB’, em sociedade com o mano Carlos, com sede em Alegrete e filiais em Uruguaiana e São Gabriel. Também era sócio do Edgar Hudson, irmão mais velho, em Agência de Publicidade Promoções ‘Êxitus’. Foi quando escrevi meu segundo livro ‘Fonte Secreta’ – um misto de pensamentos ensaios de filosofia empresarial. Mas... acabei indo na frente para Roraima. O mano, que motivou a ida, faleceu e nem mesmo conheceu Roraima.

RCC. Roraima provocou uma revolução na sua atividade intelectual. O senhor incentivou a criação de um Centro de Tradições Gaúchas na região do Apiaú; participou da fundação da Academia Roraimense de Letras; graduou-se em Educação Física; iniciou cursos de pós-graduação. Os ares de Roraima o inspiraram?

MC. Minha ida para Roraima ocorreu em duas etapas. A primeira, por volta de 1981, motivado pelo irmão Edgar Hudson. Lá, fui para a região do Apiaú. Meio a mais absoluta selva, sobrevivendo com os recursos da natureza, cavando o próprio poço para saciar a sede, inspirei-me, escrevendo parte de meu terceiro livro ‘Estado de Espírito’ – poesias de reflexões existenciais, que só viria publicar tempos depois. Desisti dos sonhos de fazenda e retornei para Alegrete, quando separei-me da primeira esposa, casei novamente e retornei para Roraima. Isto,acredito, que foi em 1983. Lá cursei minha primeira faculdade ‘Educação Física’ onde conheci e convivi, entre outros pensadores, com os escritores: Adail Maduro Filho; Daniel Chaves; Francisco Cândido e, por extensões, entre outros, Dorval de Magalhães e o Imortal Mário Linário Leal, hoje falecido, escritor Membro da Academia Brasileira Maçônica de Letras, possuidor de diversos doutorados, cursados no Brasil e exterior. Idealizador da criação da Academia Roraimense de Letras. Cursei na Federal de Roraima também minha primeira especialização, em Pesquisa Científica. Fui pai, assessorei Secretários de Educação e Governadores. Roraima, inequivocamente é parte pulsante em minha vida.

RCC. Como foi seu encontro com Josué Montello, presidente da Academia Brasileira de Letras, em 1994?

MC. Encontrava-me em Roraima, na vice-presidência da Academia Roraimense de Letras, acompanhando o Dorval de Magalhães como presidente. Apresentei um projeto em uma de nossas sessões, propondo realizarmos o I Encontro Brasileiro de Academias de Letras do Brasil. Momento em que iniciei o contato com diversas academias no país, dentre as quais, a Brasileira de Letras, dirigida, na oportunidade pelo Imortal Josué Montello, com quem tive o privilégio de conversar sobre diversos projetos e ideais, sendo por ele aconselhado. Também, exerceu grande influência, sobre minha vida literária, o escritor Lucas de Souza, autor de “O Raiar de Um Novo Mundo”, sociólogo, ex-prefeito de Belém.  

RCC.Foi desse encontro que surgiu a idéia da implantação do Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil – CONALB?

MC.Foi uma combinação de idéias, iniciando pelo projeto do Encontro das Academias de Letras do Brasil, evoluindo a uma Organização Nacional de Cultura, de onde surgiu, também, a Academia de Letras do Brasil. O Conalb,  por considerar-se a profissão de escritor, livre, como a do jornalista, evolui-se a idéia para Organização das Academias de Letras do Brasil e não mais Conselho.

RCC. Qual a importância da criação das Academias Escolares de Letras para o Brasil?

MC.O sonho é o de conseguirmos que os jovens contem com um ambiente propício também a reflexão, transferindo para o ‘papel’ seus pensamentos profundos, contribuindo à evolução cultural, politizacional e organizacional das sociedades e do país.

RCC. Como foi a receptividade das autoridades governamentais ao tomarem conhecimento do projeto das Academias Escolares de Letras?

MC.O Adido Cultural da França no Brasil, “Jan Pierr L’Afosse” em 1994, deu grande incentivo, ainda quando desenvolvíamos o projeto, antes mesmo da fundação ‘de fato e legal’ da Academia de Letras do Brasil, orientando-nos para conversarmos com o Presidente Fernando Henrique. Depois de algumas tentativas consegui conversar com ele, recebendo do mesmo total apoio e também incentivo. Contudo optamos em retardar um pouco a implantação do projeto, receávamos seu uso com fins político-partidários. Mas, em nenhum momento o Dr. Fernando Henrique manifestou interesses nessa linha. Foi solícito e elegante, colocando-se a nossa inteira disposição.

RCC. Mesmo estando em Roraima, o senhor não se descuidou das suas origens, participando do movimento pela criação da Academia Alegretense de Letras. Que planos o senhor tem para o desenvolvimento da cultura gaúcha?

MC.A Academia Alegretense de Letras não chegou a ser implantada. Fizemos as reuniões necessárias, elaboramos os Estatutos e deixamos uma Comissão em condições de fazê-lo. O Rio Grande do Sul tem uma grande riqueza cultural. Contudo, como nada é acabado, colocamos a Academia de Letras do Brasil para somar a expansão, difusão e integração da Cultura Gaúcha com as demais culturas, das demais regiões nacionais. Se com maiores condições, disponibilizaríamos uma editora e uma gravadora, para apoiar as produções locais, com custos mínimos e até mesmo gratuita se comprovada a falta de recursos dos criadores.

RCC.Em determinado momento da sua vida, o senhor decidiu participar ativamente da política nacional e lutar contra as injustiças sociais. Como foi essa experiência?

MC. De fato, em 1998 fui candidato a Deputado Estadual, depois em 2002 e 2006 a Deputado Federal, sem sucesso. A política partidária é algo muito complexo. Homens se fazem verdadeiros donos dos partidos e mandatos que deveriam pertencer ao povo, sendo os eleitos meros representantes da vontade coletiva. Contudo, a realidade é bem diferente. Não me elegi e fiquei bastante desiludido com o caminho político.

RCC. O senhor voltaria a se candidatar?

MC.Nas eleições de 2010, contava com indicação do Presidente do PDT em Roraima, Mário Rocha para concorrer a uma vaga à Câmara Federal. Contudo, por não concordar com as Políticas de Carlos Lupi, na Presidência Nacional, deixei do partido, migrando para o PRP, o qual também me convidara para defender a sigla como candidato à Câmara Federal. Contudo, acabei priorizando os compromissos da ALB, não saindo candidato. Tenho muita dificuldade em encontrar um partido de verdadeiros propósitos e ideais às mudanças que o Brasil necessita. Quando criança sonhava ser Presidente da República. Mas entre o sonho e a realidade existem inúmeras barreiras. Dos sonhos, construímos a história da Humanidade. O Brasil necessita de grandes reformas, desde o Sistema Judiciário ao Eleitoral. A agricultura perde quase a metade das safras pela falta de infraestrutura portuária e da precariedade da malha rodoviária. As indústrias do fumo e do álcool geram milhares de vítimas, ocupando 80% dos leitos hospitalares, base esta, formadora do déficit na saúde, sem serem contudo responsabilizadas jurídica e economicamente. Segundo a Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, aproximados 1,3 por cento do PIB – Produto interno Bruto do Brasil, são desviados pelos crimes de corrupção. Necessitamos de uma Lei severa sobre crimes de corrupção. Os aproximados 67 a 82 bilhões, fruto da corrupção brasileira, gerariam milhares de novos empregos anuais, além de maiores condições educacionais e de saúde ao país. O sistema de governo parou, nada cria, apenas copia o modelo americano. Nossas escolas necessitam evoluir à Unidades Escolares Executivas, onde cada estabelecimento se transforme em um pólo executivo de desenvolvimento no meio em que atua. Contando com a participação direta e concreta dos professores, alunos e comunidade. Aplicando o conhecimento de forma ativa, de efetiva atuação, sob a expectativa de uma Educação Ativa através de uma Pedagogia Executiva, sistematizando e operacionalizando o progresso a partir do levantamento das realidades. Apontando prioridades a aplicação de recursos públicos. Imagine-se! Uma Escola Executiva, aplicando no real as teorias e conhecimentos acumulados ao longo da história humana civilizatória. Professores com ferramentas reais de possibilidades transformadoras. As Universidades, se executivas, gozarão de maior autonomia à aplicação e execução dos projetos que resultam de teses de mestrado, doutorado, pós-doutorado e livre docência. A justiça, se descentralizado o poder, poderá contar com verdadeiros fóruns de análise e pareceres sobre processos, aproveitando-se o real dos processos ‘parados’, para debates pelos alunos em sala de aula, orientados por professores mestres e doutores. Mas, ao contrário, todo o conhecimento é condicionado a uma realidade telúrica. Nossos juízes, com as modernas tecnologias, podem participar mais ativamente das instâncias superiores da Justiça, abrindo-se os Tribunais Superiores a um maior número de pensadores da área jurídica. Como se encontra a organização da justiça brasileira, difícil se torna a evolução. Necessitamos de um novo modelo gestorial. O atual já comprovou ineficácia, além de tornar seus membros, semi-deuses – veja-se o que fez Gilmar Mendes no caso Daniel Dantas. São milhares de pontos, todos complexos, que necessitam ser pensados, redimensionados e redirecionados em busca de evoluirmos enquanto sistema de governo.  Um Sistema de Governo Científico, transformando as escolas, academias, conselhos profissionais e universidades em Extensões Executivas, Técnico-científicas à acertadas tomada de decisões. Sob este título ‘Sistema de Governo Científico’ estamos escrevendo um novo livro. Espero conseguir publicá-lo em 2012.

RCC. O que o aproximou da Psicanálise Clínica?

MC.Escrevíamos sobre psicanálise. Mas, com as modernas tecnologias, através de pesquisas e buscas pessoais, aproximei-me um pouco mais, estudando e habilitando-se à práxis clínica. Chegando a clinicar 6 anos, entre 2001 e 2006.

RCC.Como os princípios da Psicanálise Clínica podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas?

MC.A psicanálise é como uma arte, onde o ser, pela reflexão e análise de seus problemas, identificadas suas origens, pode alterar seu próprio curso, otimizando seu potenciais, livrando-se dos falsos estigmas impostos pelo passado.

RCC. Em 01 de janeiro de 2001, o senhor fundou a Academia de Letras do Brasil, a primeira da ordem de Platão. Sua intenção era resgatar o Platonismo ou criar uma escola nos moldes da academia platônica?

MC. O ideal seria chegar aos moldes da Academia Platônica, onde a oferta de conhecimento fosse diretamente ao encontro dos anseios e buscas dos acadêmicos. Como a verdadeira Academia de Platão. Contudo, isto é muito difícil. Assim, esforçamo-nos em aproximar ao máximo a ALB do Platonismo ‘concreto’, não utópico como considerado por muitos. Digo ao máximo por não validarmos todos os ideais de Platão. Grande parte de suas projeções são bem fundamentadas, merecendo atenção e respeito. Daí nossos esforços, sobretudo no tocante a necessidade de formação e otimização das produções dos Membros. Para tanto, o árduo trabalho atual, em primeiramente reunirmos os escritores em torno de uma entidade ampla e aberta. Imediatamente, multiplicá-la nos municípios de nascença, residência ou mesmo atuação direta dos Membros. Resultando em academias nacionais, estaduais e municipais segmentares: de poesias, contos e crônicas, científicas; de jornalismo, direito, educação, empresarial, história e ficcionistas, entre inúmeras outras propostas de necessidades organizacionais. O que resulta em um conjunto sistêmico, o qual, quanto mais amplo e à medida que avance no passado, idealizado por Platão, melhor localizamo-nos no presente, oportunizando-nos com maior segurança projetarmos o futuro, sob o axioma das Academias da Ordem de Platão, politicamente ativas. Mas tudo isto, com muita dificuldade. Pois, ainda hoje, mesmo alguns presidentes não entenderam os fins da Ordem de Platão. Buscamos, não o ‘verbo telúrico’. Mas, isto sim, ativo, de profundas e profícuas evoluções do sistema, sob o qual, todos somos partes, hoje, reféns.

RCC.Por que o senhor prefere a grafia “Philosophia” em lugar de “Filosofia”, aceita pela comunidade acadêmica? Como o senhor diferencia as duas?

MC.Mero saudosismo.  

RCC. O senhor é presidente do Centro Nacional de Formação Superior Ibero-Americano, dedicado ao ensino superior. O objetivo da instituição é a formação de livres pensadores por meio de disciplinas complementares aos das instituições credenciadas pelo MEC?

MC.Inicialmente pretendíamos disponibilizar à população brasileira uma instituição superior, à distância, com práticas de preços compatíveis com a realidade, não superiores a 25 reais mensais. Com o tempo, enfrentamos grandes barreiras. Hoje, oferecemos somente o curso livre de formação de psicanalistas. Mas ainda pretendemos registrar vários cursos junto ao MEC, disponibilizando-os à população.

RCC. O Instituto Pakter, de Porto Alegre, RS, ministra cursos de Filosofia Clínica. A instituição de ensino, da qual o senhor é presidente, ministra cursos de “Philosophia Clínica” e de “Literatura Clínica”.  O senhor poderia fazer uma análise comparativa entre as duas?

MC.Como disse anteriormente, O CFSia [Centro Nacional de Formação Superior Ibero-Americano], na atualidade, dedica-se somente a formação de psicanalistas. Não conheço com a profundidade suficiente os conteúdos e propostas do curso de Filosofia Clínica do Instituto Pakter para tecer quaisquer comentários.

RCC. É possível utilizar a Literatura como terapia para as doenças psicossomáticas? Como o paciente faria o tratamento?

MC.A literatura é parte indissociável de quaisquer tratamentos. Direta ou indiretamente ela se faz presente. Mas sempre necessitaremos de profissionais à orientação do que ler e para que fim. Existem, contudo, exceções. Um paciente meu, um jovem de 16 anos, ao vê-lo pela primeira vez, fiquei seu fã. Ele, sem qualquer ajuda, emagreceu 30 quilos, utilizando-se da literatura como fonte de informações. Um auto-tratamento redimensionativo alimentar e comportamental. A psicossomatologia é forma ou via de interiorização, incorporação e assimilação de ‘meias verdades’ as quais acabam por firmarem-se como se ‘verdades plenas’ fossem, resultando em desdobramentos sobre o próprio organismo. A literatura esclarecedora, por vias aferentes, poderá penetrar o ser, confrontando estes valores, com fortes registros arraigados nos neurônios associativos ou interneurônios. Quando os valores novos ou recentemente interiorizados, superem os anteriores, naturalmente inicia-se o processo de mudança, do interior ao exterior do ser. 

RCC. Com entusiasmo contagiante, o senhor tem empreendido uma intensa luta contra a corrupção, contra a fome, contra as ameaças à liberdade de imprensa e contra as injustiças sociais. Como isso vem se refletindo na sociedade brasileira e junto às autoridades? É possível encontrar uma solução para tais problemas? De que maneira?

MC.Meu nobre amigo, escritor Paccelli e seus distintos leitores. Não sabemos ou não temos retorno exatamente do resultado de nossos esforços. Apenas preocupamo-nos em priorizar estes temas, por serem aquilo que demais complexo observa-se em nossos dias. Fico feliz com sua pergunta. Soa-me como um retorno, de estarmos no caminho certo. As autoridades brasileiras, por onde temos passado, tem se manifestado positivamente. Ninguém mais suporta a corrupção. Acredito que nem mesmo os corruptos, a exemplo dos fumantes, alcoólatras e viciados em geral, suportam mais suas próprias práticas. Assim, o esforço conjunto, evidenciado, por exemplo, em espaços, como este seu,  dedicado ao tema, vão criando uma barreira tal que muito em breve nos levará a redenção sobre estas práticas, instaladas fortemente em nosso modelo governo. Particularmente acredito no fim da corrupção. Observo no desenvolvimento tecnológico informatizacional, o caminho abreviativo a este fim. Não demorará para contarmos com programas inibidores à tais práticas. O desenvolvimento de novos softwares ocorre de forma geométrica. Ao longo da história Humana temos superado grandes desafios e certamente haveremos vencer a este inimigo milenar. Estamos fechando todas as portas aos corruptos. Agora, necessitamos aprovar o projeto do nobre Senador Cristóvão Buarque, o qual enquadra a Corrupção como Crime Hediondo... um pouco mais de esforços conjuntos, algumas trocas decisivas de senadores, Ministros ‘também da Justiça’... o fortalecimento da imprensa e um maior comprometimento pelos profissionais formadores de opinião ‘onde encontram-se os escritores’... uma maior autonomia à Polícia Federal...  um melhor aproveitamento ‘executivo’ das Forças Armadas... o fim de votações secretas no Congresso... indisponibilização dos bens daqueles que encontram-se respondendo processos por corrupção... fim de privilégios parlamentares e fóruns especiais, afinal, crime é crime, independentemente de quem os cometa. A Fome e os problemas sociais são desdobramentos ou consequências do estágio maturacional administrativo porque passa o país. Concomitantemente, haveremos de avançar em conquistas sociais. Também a informática tem muito a contribuir. Pois, somente através da localização precisa dos problemas, poder-se-á melhor enfrentá-los.  Se contássemos com governos efetivamente eficientes, e os recursos públicos fossem bem aproveitados, não veríamos uma só criança jogada nas ruas ou tudo o que se vê em relação a drogas, criminalidade... De fato, o tripé de toda criminalidade e problemas sociais vividos pela população brasileira encontra-se no Executivo, Legislativo e Judiciário. Não sou petista, mas tenho observado competência e muito boa vontade na Presidente Dilma. Continuando ela neste ritmo e comprometimento, findaremos seu governo com grandes avanços. Observância especial deve-se à dívida externa. Seu crescimento, como vem ocorrendo, poderá remeter-nos à inflação descontrolada como em um passado próximo de nossa história. Aí, fica tudo bem mais complexo.

ESTADO DE SÍTIO

Por Pedro Du Bois

Fiel ao princípio da autonomia
entre poderes evite a intromissão
entre as partes. Sabe
e conhece o espectro turvo
das cores da bandeira.

O ódio intrometido entre as partes
avança e destrói o desconhecido.
Não retorna sobre escombros
e se esconde em salas
refrigeradas: poder exercido
sobre a contingência dos amores.

Alvo de paixões destroça corpos
submetidos em tensão: o suplício
descompensa a similitude do ato.

Onde repousam sonhos acorda
em batidas milimétricas. Tacões
ressoam pisos de concreto. É
o que lhe permitem conhecer.

Explodem fogos artificializados
no espaço descontinuado da espera.
Desperta e acompanha a luta
desarmada das histórias
melancólicas: herói na situação
anacrônica do enredo. Ao vilão
cabe o luxo iluminado
dos palcos de vergonhas.

Arremesso e arremate. Diálogo
continuado entre surdos. Espíritos
em testes de segunda classe.
Bestiário revivido ao dia
entre sinais e estacionamentos.

Não revê nas ruas o soldado
de outrora. Não reconhece o uniforme
e a uniformidade em trajes
desconexos prova o inimigo.

Amizades
negócios
traições
e adultérios.
A potencialidade da imagem transmuda
o ser em escolhas. A destruição das pontes
permanece receptáculo da ousadia.

Atravessar o fosso e se descobrir em fósseis
aumentados. Atravancar a saída e se cobrir
em entradas. O final do túnel
em notícias repetitivas.

A bebida descontrai o ânimo
com que a vida demonstra virtudes.
A virtuosidade da morte engalana
o recém chegado. O estrangeiro
transformado em nativo se acomoda
em estrangeirismos.

Reflete sonhos. Repete sonos. Realiza
a introdução ao processo e se perde
em meandros liberalizantes. A competição
revigora a mente na escolha da testemunha
do açodamento. diretores vicejam almas
de apenados funcionários em desconforto.

O clube recebe seus sócios e os distribui
em salões de acordo com suas situações
político-sociais.

No portão a segurança se enreda
em assaltos: o assassino sorri perplexidades
na facilidade com que perpetra o crime.

Sirenes ecoam medos. O alarme desarma
a visão silenciosa da conquista. Não distante
a ordem esconde contraditoriedade: para
os efeitos da lei a escolha se faz agora.

Manifestos distribuem raivas enjauladas
em quatro paredes. A palavra de ordem
desordena o status do melodrama.

Na similitude a coragem reencontra
sua visão feminina. A visão masculina
desencontrada em si murmura
juras de amor em eternizadas
amizades
saudades
e lembranças juvenis.

Jamais - na afirmação contraditória -
são reformados os presídios: punidos
na justaposição da indigência vislumbram
a luz penetrar janelas encadeadas.

Estar livre e gozar as prerrogativas
da indecisão. Procurar em vão
a responsabilidade no avesso
do acerto minorado em almas
desacompanhadas: o pranto
reflui torrentes e a condição afeta
a tradição perdida em silêncio.

O canto situado como livre estivesse o cantar
como se o cantar livrasse da desdita
como se desdizer fosse o conteúdo maternal
na oração primária dos dissabores.

Trair a atenção. Atrair a atenção em ato
de coragem. Descontrair a tensão
em ato covarde de agressão
e mentira.

No sorriso da mulher que passa
entre carros revê a mulher da vida
recolhida na casa dos prazeres.

No matraquear dos recreios receia
induzir a voz ao encontro da verdade
e retirar do exposto a contrariedade
das notícias não alvissareiras.

Alvo. Seta perfurante. Bala penetrante.
Símbolo cortante. Pedra contundente.

A busca nos primeiros passos
mambembes e o reluzir do ouro
conquistado. Fosse outra a época
e com certeza estaria preso ao passado.
Ao futuro são oferecidos óbices
em escaladas argutas e infiltrantes.

Se a mulher se apresenta nua, dispa-se
de sua vaidade e vá até ela. Cubra-a
com sua vergonha. A mulher se sentirá
devedora da sua ousadia.

Avesso ao estardalhaço, distribua panfletos
e torne a leitura obrigatória. Troque algumas
palavras. Entorne o caldo. Estremeça o senso
elementar das confusões. Aprofunde o tema
em nada consta. A liberdade perdura
enquanto a guarda se nacionaliza
em combates.

A fraqueza dos pais é responsável
pelo aviltamento, jogue a moeda ao mendigo
em gritos e palavrões. Desperte a vilania
e a destrate com fraquezas e ódios.

Descarregar a arma empunhada na luta
diante da máquina fotográfica o transforma
em notícia e no martírio do jornal escrito
se mantem ávido de reconhecimentos.

Não se debruce sobre a amurada: o atirador
de elite se distrai em beijos e sua arma
dispara na antevisão da morte.

PARÊNTESES

Por Pedro Du Bois

ser a vida entre parênteses
na explicação dos teores ocultos
no desplante: mentir explicações
de contados elementos na imagem
modulada no limite do esgarçamento:
conta apresentada em favores;
desligar o som e explicar o silêncio
do quarto entreaberto em atos.
O sentido do rosto contra o espelho
melancólico das imagens. Texto
tosco das palavras sem sentido.

TÂNIA

Por Pedro Du Bois

Lembro de mim: menino
a correr pela rua de conhecimentos

jovem preso em si mesmo
adulto na segurança
oferecida pelo cotidiano

lembro de mim e lembro você
ao meu lado: a voz calando medos.

IRREFLETIDO

Por Pedro Du Bois

Não me reflito
ao cobrir o vidro
com espelhos

metalizo a vontade
inaudita de ser visto

resisto ao espaço
e cedo o corpo
em sacrifício.

Opaco: embaço
a vista.

TEMPOS

Por Pedro Du Bois

 
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PROGRESSO

Por Pedro Du Bois

 
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MULHER...

Por Gustavo Dourado

Homenageio à Mulher
E faço deferimento
A mulher é nossa luz
Estrela do pensamento
Uma galáxia infinita
Nas ondas do firmamento...

Sem mulher não tem História
Nem vida nem nascimento...
Da mulher nasceram deuses
E o Deus do sentimento...
Nasceu Buda, Jesus, Zeus
E muita gente de talento...

A mulher é a semente
Que germina a humanidade...
Dá mulher brota o homem
Fecunda a sociedade...
Sem mulher não se tem graça:
Se tem mulher... há liberdade...

Da mulher nasceu o Cristo
Gandhi, Lennon, Maomé
Santos Dumont, JK
Castro Alves e Pelé
A mulher faz a História:
Com amor, trabalho e fé...

Da Mulher tudo provém:
Até mesmo a divindade
Desconfio que os Deuses
Tenham feminilidade
Na costela da mulher:
Nasce a felicidade...

No umbigo da mulher
Germina a panacéia
No olhar da Pitonisa
Na boca de Almathéia
Na coração do planeta:
Palpita a alma de Rhéa...

Salve a mulher todo sempre
Todo hora, dia e ano ...
Na mulher eu me inspiro
Na sereia do oceano
Nas Amazonas dos rios:
Mulher em primeiro plano...

Nota 1000 às mulheres
Por tudo o que elas são
A Mulher é Natureza
É a beleza em ação
A Eternidade é Mulher:
Num infinitom coração...

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 06/2009)

MULHER:AGORA E SEMPRE

Por Gustavo Dourado

Mulher: agora e sempre
Mulher! manhã do eterno:
Alvorada do sonho, porvir
Gênesis da luz e do mistério
Divindade - raiz da criação
Transmuta a alquimia da Trindade:
Em flor luminosa da paixão

Arquiteta da vida real:
Vitória - Régia: Calliandra
Guia-nos na busca da verdade:
Tece prazer, glória, elevação:
Ternura, paz, fraternidade,
Essência da solidariedade,
Diamante da transformação

Ave, mãe, serena, camponesa:
Mestra, carinhosa, companheira,
Constrói, trabalha, harmoniza:
Professa, ensina, filosofa, ama:
Procria, empreende, fantasia,
Inspira, gera, sonha, realiza:
Luz - Amor - Vida - Arte - Poesia...

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 06/2009)

NA MADRUGADA

Por Paccelli José Maracci Zahler

Chego em casa,
Na madrugada.
Teu perfume
Em minhas roupas,
O sabor do teu beijo
Em minha boca.

Melhor seria,
Na madrugada,
O calor do teu corpo
Junto ao meu,
O gosto de tua boca
Em minha boca.

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 06/2009)

VENTAVA

Por Paccelli José Maracci Zähler

Ventava...
E naquela estrada
Cabelos esvoaçavam,
Folhas secas rolavam,
Arranhando o chão.

Arbustos vergavam
E a poeira subia,
O vento assoviava,
Saci-Pererê?

Ventava...

Um coração
Batia lentamente,
A cada passo, uma dor.
O vento arrepiava a alma,
Mexia com o corpo,
Como se tocasse um sino.

O toque era triste
Como no réquiem
E ecoava campo a fora
Dizendo:
- Estou com saudades!

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 06/2009)

MONÓLOGO DO INDOLENTE

Por Jean Narciso Bispo Moura

A preguiça lambe primeiro o solado do meu calçado
Depois os pés que não resistem à força da sua saliva.
E se prostra no solo do descanso.
A palavra em movimento encontra jardim
O poeta caminha sem um só passo.
Na vereda, no bosque divino
Edificado com terra e areia humana..
A peregrinação sai como um comboio de palavras do sofá
Os olhos acompanham
O corpo fica
A multidão de homens de todas as cores
Fazem parte de apenas uma folha.
O poeta quer falar certo em língua de bêbado
Que o vento da poesia nunca deixe de assoprar em seu rosto
A palavra como um camaleão não tem cor fixa.
Esconde-se em todos os lugares
E às vezes nem está lá quando a imaginamos.
A palavra é ser sem fronteira.
Corpo simultaneamente presente e ausente
Em grande movimento.

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 06/2009)

VIAGEM AO CÉU

Por Cassiane Schmidt

Como é vão o sofrer na terra
Como é lindo este céu que vejo
Daqui do alto ninguém erra
Somos todos irmãos num único cortejo

As Asas que dum anjo ganhei
Me guiaram sobre as nuvens
Um lugar lindo que jamais em ver pensei
Campos cobertos de magia luzem

Triste me parece a terra agora
Lá embaixo todos curvados em infindável prece
Triste é a vida para quem não aprecia as horas
Em suas agruras, em suas benesses

Quero neste céu ficar
Magia e encantos adormecidos
Bondade acariciada na pureza do olhar
O mal pelo bem, para sempre rendido

Chega a hora de partir
Devolvo as asas ao meu querido anjo
Lágrimas inebriam o meu sorrir
Ouço a melodia de um sagrado canto

Na terra de provações é possível sermos felizes
Não há justificativa para o lamento
Filhos da terra, eternos aprendizes
O coração revela as asas na hora certa do tempo

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 06/2009)