sábado, 1 de junho de 2013

AS CIGARRAS E AS FORMIGAS

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia , Portugal)

Certa vez escutei, em entrevista a Manuela Ferreira Leite, esta asseverar: “ Qualquer boa dona de casa sabe governar um pais”. A fórmula é simples: Não gastar mais do que se recebe.
A nação não é mais que uma grande família. E, se a dona de casa deve cuidar para que nada falte, governando-se com o orçamento que tem, o mesmo deve fazer o Governo.
Ninguém, que não sabe governar bem sua casa, devia ser político, e muito menos ministro.
O que acontece, em alguns países, mormente no Sul da Europa, não é só devido à crise financeira internacional, mas ao facto de terem gasto o que tinham, com despesas, muitas desnecessárias, e não se precaverem para situações inesperadas.
Muitas famílias encontram-se em péssimas situações, porque quiseram ter tudo: o necessário e o supérfluo, de imediato.
Endividaram-se, recorreram ao crédito, para comprar: casa, carro, eletrodomésticos, roupas e viagens… e não tiveram cuidado de se precaverem para eventualidades.
 Dizem que Calouste Gulbenkian, o multimilionário, após a saída dos empregados, andava à cata de toquinhos de lápis, que estes tinham deitado fora, para reutilizá-los no aproveita lápis.
Contaram-me que no tempo de Salazar, após este ter pago a colossal divida, saiu uma ordem imanada dos CTT, para que os fios que atavam os maços de cartas, fossem reutilizados. Amarrando-os uns aos outros, fazendo novelos.
Parece-me exagero, quase sovinice, mas Salazar, talvez por saber como custa pôr as contas em dia, chegou a esse extremo.
Escritor francês, cujo nome esqueci, conta que havia em certa localidade, castelão rico, apelidado der avarento, porque aproveitava papelinhos e fósforos queimados e outras extravagâncias.
Uma vez houve um grande incêndio na aldeia, que deixou famílias na miséria. Fez-se peditório, e este doou quantia volumosa.
Perante o pasmo de muitos, explicou: “Foram os papelinhos e fósforos queimados e outras ninharias que permitiram, agora, ser tão generoso.
Sem economia, sem poupança, sem limitar gastos, sem investir bem, sem pé-de-meia, como faziam nossas avós, não há país ou família que progrida.
A crise abalou apenas economias deficientes, os que não imitaram o eleito de Deus, José do Egipto, os que não souberam investir corretamente, os que não puseram a render dinheiro e talentos.
Agora quem paga esses erros são as “formiguinhas” que veem os celeiros espoliados pelas cigarras, que passaram o Verão a cantar, não pensando no Inverno que se aproximava.
São as “formiguinhas, que labutaram uma vida para terem velhice tranquila, que pagam os erros das cigarras, que cantaram, dançaram e desbarataram dinheiro a rodos, no tempo das vacas gordas.
É sempre assim: quem poupa, quem amealha, quem trabalha para ter vida melhor, ou é espoliado por financeiros ou Estado.

As cigarrinhas, quando lhes falta alimento, assaltam os celeiros cheios e ainda reclamam e insultam quem, grão a grão, lhes vai enchendo o papo.

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