domingo, 1 de setembro de 2013

1964 – A HISTÓRIA QUE NÃO FOI CONTADA

Por Edison Uwe Zahler

Tenho lido as mais variadas versões dos fatos que culminaram com o movimento revolucionário ocorrido no Brasil em 31 de março de 1964.
É claro que cada um conta a história a sua maneira, muitas vezes, por não ter vivido os acontecimentos ou terem  lido ou ouvido dizer, de forma tendenciosa; falam coisas que não se coadunam com a verdade.
 Acredito que, ao comentarmos um fato, devemos fazê-lo com isenção de qualquer preconceito, tentando relacionar os fatos, para, daí, tirarmos as nossas conclusões.
Após a renúncia do Presidente da República, Sr. Jânio Quadros, assumiu o Vice-Presidente, Sr. João Goulart,  popularmente conhecido por Jango Goulart.
O Sr. Jango era uma pessoa de hábitos simples, de bons sentimentos e, por isso, se deixou envolver por elementos esquerdistas inescrupulosos, pertencentes ao Partido Comunista, embora não declarados ostensivamente,  que foram empolgando o poder, ocupando postos importantes da administração do país, agitando a massa operária da cidade e do campo, numa tentativa de implantar no Brasil uma democracia sindical, base para uma ditadura do proletariado.
As greves eram tão freqüentes que um jornal carioca, na época, estampou em sua primeira página uma charge na qual apareciam dois operários conversando, onde um dizia para o outro: “algo muito grave  deve estar acontecendo no país, pois há  uma semana  não fazemos greve”.
No campo, as Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião  invadiam terras, quer fossem improdutivas ou não, com o Governo Federal fazendo vista grossa a tais crimes contra a propriedade particular.
O Movimento Estudantil manipulado por estudantes “profissionais”,  membros da COLINA (Comando de Libertação Nacional),  uma das variantes do PC, encarregada de subverter  o meio estudantil,  promovia passeatas, pichações, e se solidarizava com as reivindicações dos demais setores da sociedade.
A Ala Progressista do clero romano apoiava as manifestações, afirmando que deveríamos criar o paraíso aqui na terra e não esperar a vida vindoura e que os ricos tinham a “obrigação” de repartir com os pobres os seus bens.
A classe política, eivada de oportunistas e demagogos,  ávidos por projeção pessoal e, seguindo a tendência da época, de que ser de esquerda dava “status”, se arvoravam paladinos da democracia, e, seguindo o axioma de quanto pior melhor, exigiam as chamadas “Reformas de Base”.
As pichações apareciam em todo lugar com dizeres: “Reformas na Lei ou na Marra”.
O Partido Comunista Brasileiro (PCB)  e o Partido Comunista do Brasil (PC do B),  seguindo as diretrizes do seu mais importante órgão – a Seção de Agitação e Propaganda  -,  diversificou a sua atuação, criando pequenos grupos, aparentemente independentes, com nomes pomposos como Política Operária (POLOP), Vanguarda Armada Revolucionária (VAR), Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), (Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), entre outros, com a finalidade de atrair simpatizantes e atuarem sem saber de quem realmente emanavam as ordens. 
A sociedade civil acompanhava com apreensão toda aquela movimentação sem que o Governo tomasse uma atitude para coibir àquele estado de coisas.
No seio das Forças Armadas despontavam manifestações de cunho político-ideológico, onde  os militares de baixa patente se salientavam, tendo inclusive, alguns marinheiros se filiado a sindicatos de marítimos, coisa que por força de diploma legal não lhes era permitido.
A economia estava estagnada devido aos movimentos paredistas, a inflação alcançava índices inimagináveis, o caos estava estabelecido...
Diante de tal quadro estarrecedor, a sociedade brasileira voltou-se para DEUS, promovendo passeatas nas principais capitais dos Estados  denominadas  Marcha da Família com Deus pela Liberdade, nas quais repudiavam as pregações ideológicas e ações comunistas  no País.
As Forças Armadas foram constrangidas pela população a tomar uma atitude  que evitasse a comunização do Brasil, a semelhança do que ocorrera em Cuba havia pouco tempo, onde o Sr. Fidel Castro,  dizendo-se cristão, com um rosário na mão  e  um fuzil na outra, derrubou o ditador Fulgêncio Batista e, traindo o povo cubano, implantou o comunismo naquela ilha do Caribe, semeando o terror mandando para o “paredón” para serem fuzilados todos os que se opunham ao seu governo através de  julgamentos sumários (quando havia).
As Forças Armadas e, em particular o Exército Brasileiro, que sentira na carne os efeitos maléficos dos comunistas em 1935, quando companheiros de farda, da mesma unidade, foram covardemente assassinados  na calada da noite enquanto dormiam, se anteciparam ao golpe que se previa como iminente e deflagraram a revolução, destituindo o inoperante governo do Sr. João Goulart.
O Marechal Castelo Branco, um dos líderes do movimento, foi guindado à Suprema Magistratura da Nação e, no seu discurso de posse declarou:”Não almejo o poder, aceito-o como uma forma de servir”.  Acredito que naquele momento deve ter passado por sua mente as palavras do Marechal Floriano Peixoto quando, respondendo a ordem recebida do Ministro Visconde de Ouro Preto para debelar a Revolta Republicana disse:”os galões que possuo, Exa., foram ganhos nos campos de batalha e não por serviços prestados aos   ministros”.     
A ação saneadora da revolução logo se fez sentir através das cassações dos mandatos daqueles políticos reconhecidamente corruptos e demagogos que nada mais faziam do que enganarem o povo e se  locupletarem com o erário público. O governo revolucionário demonstrou que não estava ali a serviço de ninguém nem para agradar quem quer que fosse; ele estava ali para servir à Pátria, promover reformas e restabelecer a vida da Nação.
As medidas saneadoras prejudicaram os interesses de muita gente, em particular aqueles que estavam alcandorados no poder e que se viram, de uma hora para outra, destituídos das benesses a que estavam acostumados, aos políticos carreiristas que almejavam ser indicados candidatos à Presidência da República e, principalmente, aqueles que sonhavam com a implantação do comunismo no Brasil, os quais estavam ávidos por uma revanche.  É de bom alvitre dizer que a maioria dos que foram cassados não o foram por motivos político-ideológico, e sim por corrupção, malversação e roubo do dinheiro público.
Com o advento dos movimentos que agitaram o mundo a partir de 68, a esquerda brasileira vislumbrou a oportunidade de ir à forra,  reativando seus quadros que estavam inoperantes e infiltrando-os nos diversos seguimentos da sociedade, principalmente no meio estudantil, que era a classe mais esclarecida da sociedade, mais ingênua e, por conseguinte, mais maleável. Esse fato fez com que muitos jovens, iludidos com o “canto da sereia” dos agitadores profissionais e motivados pelo fato de poderem modificar o mundo, abandonassem as suas casas, as ruas famílias, e se lançassem em uma aventura que os levaram à marginalidade, praticando roubos, assalto a bancos, a empresas, a assassinatos, a justiçamentos (leia-se vingança contra inimigos ou mesmo amigos considerados traidores), tornando-os embrutecidos pela doutrinação  ideológica de mentes doentias oriundas de outras plagas. Muitos jovens foram enviados ao exterior para fazerem curso de guerrilha e capacitação de liderança em Cuba, Rússia, China e Albânia.
 Com o recrudescimento das ações subversivas, acrescidos com o movimento guerrilheiro no Pará, Goiás, São Paulo e Amazonas, o Governo Revolucionário endureceu o regime e decretou o Ato Institucional No. 5 (AI 5).
Com a morte do Presidente Costa e Silva, assumiu o General Emílio Médici que, usando todos os meios a seu dispor, derrotou a guerrilha comandada por elementos treinados principalmente em Cuba, motivo pelo qual a esquerda brasileira, através da Seção de Agitação e Propaganda, e no intuito de denegrir a imagem do Presidente e mascarar a derrota sofrida, passou a chamar o governo Médici de “Anos de Chumbo”.
O que a Seção de Agitação e Propaganda não menciona é que o Presidente Médici foi, até a presente data, o único presidente da republica a ser  aplaudido no Maracanã, onde, sabidamente vaia-se até minuto de silêncio; que durante o seu governo, mesmo com os subversivos tentando paralisar o país e denegrir sua imagem no exterior com o sequestro de autoridades consulares e assassinato de um oficial americano, o país cresceu numa média de dez por cento ao ano. Conta-se que certa vez o Presidente chamou o Ministro Mario Andreaza e ordenou-lhe que construísse a Ponte Rio-Niterói. O Ministro ponderou que a oposição iria reclamar e que não havia verba ao que o Presidente respondeu: eu não tenho verba mas tenho o AI 5, constrói a ponte! Hoje fala-se no desmatamento da amazônia, mas não sabem que entidades internacionais, na época, queriam alagar a floresta, criando o “Lago Amazônico”, ocasião em que o Presidente Médici proclamou o “slogan”: “integrar para não entregar”, construindo a rodovia Transamazônica e mandando colonos para povoá-la, calam-se que foi o governo Médici quem estabeleceu as 200 milhas marítimas da plataforma continental, preservando, assim, as jazidas do nosso o  petróleo.
Ignorar ou dizer que nunca houve infiltração comunista no seio da sociedade brasileira desde a década dos anos vinte é desconhecer a história e menosprezar a cultura e a memória do povo brasileiro.
Fala-se  sobre   prisões ilegais , torturas e assassinatos de jovens, na maioria  estudantes,  por parte da ditadura militar. Não posso negar que não houve.  E os terroristas não fizeram o mesmo, não torturaram, não assassinaram, não fizeram justiçamentos?
 Num confronto entre forças legais e terroristas, quer sejam jovens estudantes ou não, sempre alguém morre, quer de um lado ou de outro, até mesmo um simples espectador que se encontrasse no lugar errado, na hora errada.  O que causa espécie são os noticiários, as lamentações pela morte de elementos que estiveram às margens da lei e nenhum comentário acerca das pessoas que morreram por estarem  no lugar onde terroristas (ou facínoras), iriam  “expropriar” um banco, uma empresa,  uma  propriedade particular, fazer um sequestro ou um justiçamento.
 O fato é que ninguém lamenta a morte do bancário, do segurança, do operário, que deixou mulher viúva e filho órfão, se ficaram desamparados ou não. Não falo dos militares, porque eles são profissionais e sabem dos riscos inerentes da carreira, embora muitos fossem pais e que também deixaram filhos órfãos e viúvas,  tombando no cumprimento do dever.
No meio religioso o protestantismo brasileiro se mostrou à altura de suas tradições reformadas, precursora da Revolução Francesa, que acabou com o absolutismo  da monarquia, erguendo o pendão real contra as doutrinas totalitárias oriundas das estepes russas. A IPI do Brasil não ficou imune à senha peçonhenta da doutrina comunista,  tendo sua “casa de profetas” ameaçada por  indivíduos  inescrupulosos, travestidos de cristãos, mas que professavam doutrinas incompatíveis com a nossa fé, e  que não tinham a mínima vocação para exercer o sagrado ministério da palavra. Alertados por divina providência (O Senhor conhece os que lhe pertencem; 2 Tm. 2,19), a direção do seminário expulsou-os sumariamente. Como ficou provado posteriormente, não eram dos nossos, pois tornaram-se “pais de santo”,  kardecistas e outros nunca mais se voltaram para qualquer outra denominação. Como diria minha avó portuguesa: “foram cantar em outra freguesia”. 
 O regime militar foi um remédio amargo sorvido pelo povo brasileiro, mas foi muito melhor do que se caíssemos numa ditadura semelhante à cubana; pois no regime imposto pelos militares, os ladrões contumazes, demagogos e inimigos da democracia, foram banidos do território nacional (e hoje estão de volta participando da vida pública), ao passo que na “democracia”  chinesa ou mesmo a caribenha, os inimigos do regime são sumariamente enviados ao “paredón” para serem fuzilados.
Fiel é a Palavra! “Destruirás aqueles que proferem a mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento” (Sl 5:6). Devemos esclarecer e alertar os nossos jovens, particularmente os que praticam a fé cristã, sobre os perigos que correm aqueles que se deixam seduzir por ideologias espúrias,  produzidas por mentes perversas, que  exigem que o Brasil lhes dê liberdade, ao passo que  no seu país de origem ela lhes é negada.  “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo anda em derredor como leão que ruge procurando alguém para devorar” (I Pe 5:8). A verdadeira liberdade só quem pode nos dar é o Pai Celeste, quando entrarmos em sua glória.

                               
Sobre o autor: Edison Uwe Zahler é representante da Revista O ESTANDARTE, na Igreja Presbiteriana Independente - IPI, Cruzeiro, DF.

2 comentários:

  1. Acontecimentos de 1964, foram fatos verdadeiros que ocorreram na revolução em prol de um Brasil mais seguro (violência), mais progressista (10% ao ano), mais livre (liberdade com limites), mais democrático (comunismo). Acredito que liberdade sem limites se torna libertinagem. E democracia não é quebração e roubalheira.
    Acompanhei de perto e atentamente os revolucionários anos 1964/85. Foi preciso arrumação da casa. Foi preciso impor leis, atos fortes e firmes. Tudo isso gerou descontentamento, só que existia segurança para ir e vir do trabalhador, do administrador, do empresário, só não podia falar mal do governo. Não podia votar por um determinado tempo e para alguns cargos. Que me importa votar? Se hoje votados em todos os cargos e não temos em quem confiar? Votamos nos mais corretos (achamos), eles assumem o cargo e a primeira coisa é a traição, colocam os parentes (só não colocam pai e mãe, porque uns não têm mais, e outros para não dar na vista), agridem a lei, ofendem nossa confiança e o nosso conhecimento. Lamentável as duras críticas contra o Presidente Médici. No lançamento de um livro sobre o Presidente em Bagé, alguns jovens que não passaram e nem entenderam a história, se mostraram perante a televisão, no intuito de aparecer e gritar contra, achando que estão brigando e lutando por um país mais justo e livre de algo que já passou, mas que garantiu a nossa integridade como povo e como nação.
    Temos que lutar, brigar e batalhar? Sim, nos dias de hoje (e no bom sentido), com educação, respeito, dignidade, mesmo com passeatas, que elas sejam tranquilas, sem infiltração de bandoleiros. Precisamos colocar a casa em ordem. Ordem é o que está faltando no Brasil.

    ResponderExcluir
  2. Bem esclarecedora a postagem de Edison Uwe Zahler. Eu vivi esse tempo e foi corretamente descrito pelo Zahler..

    ResponderExcluir