quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PERFIL: MANOEL IANZER

 
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Por Paccelli José Maracci Zahler

Manoel Francisco Madeira Ianzer, administrador de empresas, microempresário e poeta, natural de Bagé, RS.

RCC. O senhor estudou no Grupo Escolar Silveira Martins. Quais são as melhores recordações de sua passagem por lá?

Ianzer: Estudei de 1958 a 1961. A mais marcante foi no primeiro ano, minha professora Lígia foi a melhor de todas. Muito educada, carinhosa e sensível com os seus alunos.

RCC. Naquela época, já pensava em dedicar-se à Literatura?

Ianzer: Não. Só pensava estudar e jogar futebol por brincadeira.

RCC. Quando o senhor ingressou no Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe?

Ianzer: Em 1965 e fiquei até 1967 (3ª série ginasial).

RCC. Naquele período, o senhor já trabalhava no Banco da Província do Rio Grande do Sul?

Ianzer:  Entrei no Banco em 1968 e fiquei até 1969, quando viajei para São Paulo.

RCC. Como foi prestar o serviço militar em 1967, no auge do regime militar no Brasil?

Ianzer: Foi bem tranquilo em Bagé. Ficamos de prontidão no quartel no dia que o Presidente Castelo Branco passou o cargo para o General Costa e Silva.

RCC. O senhor serviu no tradicional 12º Regimento de Cavalaria?

Ianzer: Prestei o serviço militar na 3ª Cia Média de Manutenção, ao lado do Rec Mec. Depois foi transferida para São Gabriel.

RCC. Nas décadas de 1960 e 1970, Bagé ficava localizada em uma área de segurança nacional, onde manifestações políticas não eram bem vistas. O senhor, como militar, chegou a participar de alguma operação preventiva ou de repressão como, por exemplo, a ocupação da redação do Jornal Correio do Sul?

Ianzer: Não, em nenhum momento participei ou fui envolvido em operações de ocupação ou repressão.

RCC. Por quanto tempo o senhor serviu como militar?

Ianzer: Durante 11 meses.

RCC. A sua transferência para Porto Alegre, RS, deu-se em função do serviço militar?

Ianzer: Não, já tinha dado baixa. Não tive interesse em seguir a carreira militar.

RCC. Em que escola de Porto Alegre o senhor concluiu o curso ginasial?

Ianzer: Na Escola Padre Rambo, no bairro Partenon.

RCC. O senhor radicou-se em São Paulo incentivado por sua irmã, Maria Ondina?

Ianzer: Morei uns meses em S.Paulo (1970), quando encontrei a Luzinete e começamos o namoro. Depois fomos para Porto Alegre. Ela não se adaptou ao frio do sul, resolvemos casar e voltar para a capital paulista. Nessa época minha irmã já estava aqui, isso também ajudou.

RCC. Em São Paulo, durante o colegial e a faculdade de Administração de Empresas, o senhor, já trabalhava na Calispa, órgão ligado à Bolsa de Valores de São Paulo?

Ianzer: Quando casei e vim para S.Paulo, parei de estudar. Retomei os estudos bem depois, quando trabalhava na Corretora Codesbra.

RCC. Foi a busca de novos desafios que o fez ingressar na Codesbra – Corretora do Bradesco?

Ianzer: Depois do auge de 1970/71 da Bolsa de Valores, as coisas se acalmaram um pouco e tudo no mercado se ajustou, principalmente salários mais altos foram cortados. 
Recebi o convite para trabalhar na Codesbra, Corretora do Banco Bradesco, do gerente Sr. Aldo Andreoni - que me apresentou para a diretoria da corretora (Sr. Amaral, Sr. Paulo Carneiro e Sr. Alcides Lopes Tápias - este foi ministro do Presidente Fernando Henrique Cardoso). Foi enviada uma carta para a diretoria do Banco em Osasco (o presidente era o Sr. Amador Aguiar) e após 2 meses, foi aprovada a minha contratação para o cargo de chefia (eu estava com 25 anos). A minha contratação foi exceção, porque o Banco só admitia contínuo e escriturário, para fazer carreira na empresa. Voltei a estudar, terminei o Colegial e fiz Administração de Empresas na Faculdade São Judas Tadeu - 1985. Trabalhei 15 anos e cheguei ao cargo de Gerente administrativo.

RCC. Pelo seu histórico como bancário e corretor de valores, esperava-se que o senhor se tornasse empresário em uma área similar. Por que hidráulica?

Ianzer: O banco em situação difícil, devido o plano verão do Presidente Sarney em 1989, demitiu 30 gerentes. Com a minha demissão da corretora, fui convidado por um amigo para sociedade, algum tempo depois resolvi montar a minha empresa.

RCC. Voltando à Literatura, o senhor lançou seu primeiro livro de poesias “Galhos secos ou floridos, em 1980” mas, certamente, a sua atividade poética começou bem antes. A musa inspiradora foi sua esposa Luzinete?

Ianzer: Voltando aos anos 50/60, cantava com minha irmã e uma amiga no programa matinal da Rádio Cultura, aos domingos, com Adolfo Moraes no violão e Mary Terezinha com sua gaita. Era obrigado pelo meu pai, para ter direito de ir ao cinema - matinê. Como cantor, fui um fracasso! Então, ele exigiu que eu declamasse poesia gaúcha, me saindo bem nessa atividade. Paramos quando a Mary foi embora de Bagé com o Teixeirinha, em 1961.
Passei a gostar de poesia e após 1970, comecei a escrever. A Luzinete é minha musa inspiradora.

RCC. Fale-nos sobre sua participação na Feira do Livro de Bagé.

Ianzer: Participei das feiras de 2008 e 2011. Nos eventos ainda tive o auxilio e a presença constante de minha irmã Alaide Yanzer Médici. A participação nas Feiras foi muito importante, porque passei a ter contato com pessoas de excelente nível cultural, que com a afinidade e a troca de experiências valiosas, se tornaram amizades verdadeiras. Entre eles, a escritora e poetisa Sonia Alcalde (primeira amiga virtual), a escritora e poetisa Sarita Barros, o escritor Brandt Acosta, a artista plástico Rejane Karam Osório, o poeta e professor Diogo Correa,  a procuradora jurídica da Prefeitura de Bagé - Liane Silveira Fernandez Machado, ex-prefeito e escritor Luis Simão Kalil, a turma do Grupo Sonido del Alma Gaucha.  Além deles, conheci inúmeras pessoas, grandes de coração e de alma.

RCC. Recentemente, o senhor lançou o livro de poesias “Painel do tempo” em co-autoria com sua filha Danielle. Como foi essa experiência?

Ianzer: Começou com uma brincadeira entre pai e filha, pela internet. Mandei uma poesia e ela respondeu poeticamente.

RCC. O que nos chama a atenção é que sua filha Danielle é doutora em Ciências Biológicas. O senhor acredita que ela puxou ao talento poético do pai?

Ianzer: A Danielle tem muita sensibilidade e emoção, e pouco tempo para se dedicar a poesia.

RCC. Seu filho, Rogério, também aprecia e se dedica a arte poética?

Ianzer: O Rogério aprecia a poesia. Até o momento, não demonstrou interesse para se dedicar.

RCC. O senhor espera que suas netas, Luanna e Milena, também se tornem poetisas?

Ianzer: A Luanna sempre foi uma menina bem agitada. A Milena tem um perfil bem delicado e sensível. Mesmo assim, acredito que as duas irão trilhar outros caminhos.

RCC. Onde o senhor  promoveu o lançamento dos seus livros?

Ianzer: Na Bienal de São Paulo, 2008; na Feira do livro de Bagé, 2008; em São Lourenço da Mata, PE, 2009; na Bienal de São Paulo, 2010; no Zio Vito Restaurante, São Paulo, 2011; na Feira do livro de Bagé, 2011; na Livraria Nobel, Shopping Total, Porto Alegre, 2011; no Carmel Salão de Festas, Belo Horizonte, MG, 2012; na Bienal de São Paulo, 2012; no Chaves Bar, Galeria Chaves, Porto Alegre, 2012; no Santa Maria Bar Lanches, Cachoeira do Sul, 2012; e no Madre Maria Restaurante, Bagé, 2012.

RCC. Quais são seus próximos projetos literários?
Ianzer: Tenho um blog sobre a minha cidade - "Bagé além da fronteira" ( http://bagealemfronteira.blogspot.com.br ), que pretendo passar para um livro. Uma obra que contará os casos e momentos interessantes vividos na nossa cidade. Uma oportunidade para os mais jovens e estudantes ficarem por dentro de muitas histórias do povo que aqui nasceu e deixou um legado importante de fatos e cultura; e, também, um blog de poesias  http://manoelianzerpoesia.blogspot.com.br.
Aqui fica o meu agradecimento ao Paccelli Zahler, pela oportunidade de manifestar as minhas opiniões e contar um pouco da minha história na Revista Cerrado Cultural.
Para encerrar - "não estou aqui para fazer fama e nem decifrar enigmas, mas simplesmente para poetizar a ALMA."

22 comentários:

  1. Agradeço ao Paccelli pela boa entrevista, pela divulgação dos meus livros e poesias. Grande abraço.
    Manoel Ianzer

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  2. Manoel Ianzer merece todo reconhecimento, carinho e amizade de todos nós, Mente brilhante mas humilde, homem íntegro de alma terna e sensível, amigo gentil, que nos brinda com sua poesia, tornando nosso hábito de leitura mais prazeroso e nossa alma mais leve.

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  3. Uma entrevista brilhante que expõe a sensibilidade da alma do Manoel e a sua inteligência.Esse homem simples, de Bagé, expressa em suas poesias, sentimentos íntimos de ternura e amor.Grande Manoel, primo que reencontrei, após longos anos e admiro profundamente!


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  4. Manoel Ianzer, como é bonito ver um poeta falar! E as poesias que ilustram a entrevista são maravilhosas. Tenho muito orgulho de ser tua amiga! abs

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  5. Eu me sinto envaidecida, em saber que nos 43 anos de convivência, ainda sei causar... pois o meu marido consegue, turbilhão de inspiração em mim. Beijos da sua musa
    Luzinete Ianzer

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Obrigado Dagmar Cavalheiro, Ivoni Lacerda e Mara Regina Silveira Martins pelo enorme carinho, com palavras que balançam até a ALMA! Abração.
      Obrigado a minha Lú, pelo AMOR em conjunção de ALMAS GÊMEAS! Beijão.
      Manoel Ianzer

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  7. Meu carinho e abraço para Loredana Regoli Martins, Ligia O. Moraes, Sandra Maria Melo, Ivette Sabbag Cacciguerra, Mara Oliveira, Sarita Barros, Alaide Yanzer Médici e Mônica Parisi. Com o apoio, amizade e com toda essa força mental e espiritual, poderei poetizar a ALMA e homenagear pessoas como vocês que sabem me fazer FELIZ. O meu compromisso é com os meus parentes e amigos - para continuar buscando atribuição de consideração - alegrando o coração de todos. Esse será o meu esforço e dedicação - que DEUS me ajude. Sempre e eternamente grato. Manoel Ianzer

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  8. Excelente entrevista. Como fomos colegas de trabalho em 1971 (Calispa) sinto-me feliz por ter convivido com uma pessoa tão brilhante.

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  9. Valeu Isael Langrafe, a sua opinião muito me alegrou. Foi muito bom ter trabalhado com uma pessoa tão boa. O brilho é graças aos amigos, sem os quais, eu seria apenas um ser apagado. Meu abraço saudoso.
    Manoel Ianzer

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  10. Pai, adoro suas poesias, sabe escreve-las muito bem, parabéns pela entrevista.
    Bjs
    Seu filho Rogerio Ianzer

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  11. O Manoel é um homem sensível, inteligente, trabalhador e cumpridor da palavra. Além de seu inegável talento, é uma pessoa solidária e companheira, qualidades que têm rareado nesta época de valores cada vez mais individualistas.Claro que é um privilégio partilhar da sua amizade.
    Um abraço carinhoso e o desejo de que a vida lhe sorria sempre e ao lado da Luzinete, sua musa, e dos filhos, que também são muito queridos.
    Lúcia Rodrigues Máximo

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  12. Manoel Ianzer, pessoa iluminada e querida. Adoramos conhecê-lo, mesmo que virtualmente, pois sabemos que és especial, um ser humano incrível, capaz de tudo para servir e ajudar o próximo e com um fé admirável. Saiba que torcemos muito pela sua felicidade e de sua família, já que amigos torcem uns pelos outros, onde um precisa do outro para seguir na caminhada da vida. Agradeço por todos os emails que alegram e renovam toda a minha semana, fique com Deus.

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  13. Deus tem atendidos os meus pedidos, colocando pessoas do bem, que passam alegria para a minha VIDA. Tenho uma família que amo e muitas pessoas de mente e coração com essência e que me reforçam passando luz da FÉ. Amigos pessoais e virtuais, não importa, me basta saber que são de verdade, que são humanos e que tem uma ALMA plantada na espiritualidade, na lealdade, e na bondade, pois o mundão ai fora se apresenta difícil e complicado. Obrigado meu querido e amado Rogério Ianzer - um filho do bem. Vc está sempre nos meus pensamentos e orações. Meu AMOR eterno.
    Obrigado Bruna, você faz um par muito lindo com Vilmar Pina, amigos virtuais que tenho muito carinho e amizade. Também estou sempre torcendo pelo sucesso de vocês em todos os sentidos.
    Obrigado Lúcia Máximo que possui uma dedicação maior que a minha, uma mulher de fibra que possui uma bondade maior que a minha, falo isso com provas, pois nos muitos 20 anos de convivência no nosso prédio, consegui confirmar essas virtudes. Abração

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  14. Recebi um email de uma amiga muito querida. Ela tentou mandar uma mensagem por aqui e não conseguiu. Vou passar uma parte resumida, que tocou o meu coração.
    Evanir Eulita escreveu: Lendo todo o seu currículo, vi que sou um pequeno grão de areia na imensidão dos mares, fico até acanhada de me corresponder com pessoas com a sua capacidade.

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  15. Minha resposta para Evanir Eulita: O que importa é a grandeza de sua ALMA. Você é uma pessoa iluminada que me passa brilho e lucidez - isso é o que vale!! Amo a sua simplicidade e a sua honestidade. Esperamos ansiosos a sua recuperação, vc vai ficar no ponto para novos encontros, nem que seja para um chá da tarde, em um shopping qualquer de São Paulo. Agradeço a sua mensagem - entendi tudo perfeitamente. Beijos da Lú e um abraço bem gaúcho - nessa amiga paulista.

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  16. Sr Manoel
    Adorei a entrevista, espero que o senhor tenha cada vez mais sucesso.
    O senhor é um orgulho para Bajé.
    Abraço carinhoso
    Carolina Rosa Testa Marques

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  17. Entrevista bem interessante, fiquei sabendo de muitos fatos que eram desconhecidos para mim. Tua trajetória tem sido bonita em que a tônica é a sensibilidade, a poesia é o mais belo caminho. Basta lermos as poesias abaixo.
    Parabéns!
    Neiva Yanzer

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  18. Demorei um pouco para poder ler detidamente tua entrevista, caro amigo.
    Como já me expressei outras vezes, tu és um ser iluminado, dedicado aos teus afazeres, amante da poesia e das coisas de nossa terra.
    Traz no teu coração, parte do torrão de onde ganhastes a vida e em respeito a ela sabes demonstrar a gratidão.
    Temente a Deus, és gaúcho de nascimento e por tradição, paulista de coração e pernambucano de união, então tirastes proveito por onde semeou e contemplas o Brasil, tua pátria, com amor e galhardia.
    Tenho orgulho de tê-lo como amigo.
    Um fortíssimo e afetuoso abraço,
    José Carlos

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  19. Estimado amigo José Carlos Sumam, saúdo essa pessoa querida. Agradeço as palavras de consideração e amizade, vindo de você,
    sempre toca a meu coração. A sua Botucatu - é o seu orgulho, sei
    também que tem um carinho muito especial por Porto Alegre, onde viveu alguns meses.
    Abraço tchê!

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  20. Amigo Paccelli,
    outro dia lembrei que o meu primeiro lançamento foi em Bagé, janeiro/fevereiro de1983, através da Livraria Previtale, Av. Sete, em frente o Instituto de Música.
    Parece que sofri um apagão na mente, porque logo depois do evento - em março, ficamos sabendo que meu cunhado Otacílio Médici Filho estava com câncer e veio a falecer em agosto do mesmo ano. Como era uma pessoa muito alegre, de um humor espetacular, ótimo marido, muito querido pela família e estimado na cidade. Foi uma tristeza enorme para todos.
    Não tiramos fotos no lançamento do livro, mas o Correio do Sul registrou esse lançamento.
    Abraço
    Manoel Ianzer

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