terça-feira, 1 de abril de 2014

SONETO DE INVERNO

Por Ernesto Wayne (Bagé, RS)

Dentro de mim, eu mesmo encontro abrigo
Do vento frio de tantas baças,
Pelos meus olhos, tais como vidraças,
Minha alma espia como num postigo.

Das árvores, alvíssimas carcaças,
Goteja em mim um gelo de jazigo.
Chove? Saber sequer eu nem consigo,
Podem ser minhas lágrimas escassas.

Então sucede coisa meio louca,
Tem arrepios a alma com o ar frio
E sai desfeita em bruma pela boca.

E cada vez que, sem querer, respiro
No inverno, sinto um sonho que fugiu,
Sob a forma de névoa de um suspiro.

Sobre o autor: Ernesto Wayne (1929-1997), natural de Bagé, RS, foi professor, poeta, ensaísta e jornalista. É patrono da cadeira nº 09, da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal - ALB/DF.


TRÊS ANIMAIS E UMA PRENDA (acróstico)

Por Antônio Augusto Duarte Webber (Sombrio, RS)

Mira aquele pingo, parceiro!
Apareceu-me como numa visão
Revelada por uma divindade.
Inquieto, caborteiro barbaridade,
Ninguém ousava tocar-lhe a mão
Impossível saber-se por que razão.
Num certo dia, como de estalo.
Hesitante. Este mais lindo cavalo
Acolherou-se, manso, à minha criação!

Macaco metido a gente,
Assanhado por um fandango,
Ronca, grita, faz pango
Aquele tal do Bugio.
Caudilho da bicharada,
Como grita e faz zoada,
Irritado, ao ver-se no espelho do rio.

Zombeteiro, mas brilhante passarinho
Aquele tal João-de-Barro construtor.
Habita o fruto do seu labor,
Lugar seguro pra fazer seu ninho
Engenheiro guasca que fez com carinho

Residência fixa pro seu amor.


Sobre o autor: Antônio Augusto Duarte Webber é médico e poeta tradicionalista gaúcho. Natural de Porto Alegre, RS, morou em Brasília, DF, de 1974 a 1989, e, atualmente, exerce a Medicina em Sombrio, RS.

LIMPIEZA

Por Mireya Piñeiro Ortigosa (Guantánamo, Cuba)

En una carretilla se llevaron ayer
tarecos de otros tiempos:
la caja contadora, flamante guardiana
del negocio familiar;
los cuadernos escolares donde asomaron,
entre esquemas y fórmulas,
las primeras palabras combinadas.
Se fue la pared de madera
donde San Nicolás de Bari me dio aliento
en una noche de fiebre;
zapatos que nadie se ponía,
camisas rotas
polvo acumulado.
Se quedaron las tardes de domingo,
el mirar por la ventana,
la esperanza del nuevo día
y el empobrecido espacio de los sueños.

(Do livro, "En lo Callado de La Hoguera", 1994)

A DAY AT A TIME

Por Geoff Kebby (Stratford-upon-Avon, Inglaterra)

Put it on one side
TONIGHT.
In a little while
it will be alright.

for
TODAY
will soon have passed away
and changed itself
into yesterday

and
YESTERDAY
will have turned out fine
when you only take
one day at a time.

(Do livro"Paint Your Wagon, de Geoff Kebby, 1999).

O DESPACHO

Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)

Quis o destino que eu fosse trabalhar como secretário do novo secretário, que tinha como assessora a Dona Juracy.
Na realidade, quem mandava e desmandava na secretaria era a Dona Juracy. Ela era temida porque conhecia a tudo e a todos e metia medo em quem se metesse com ela, ameaçando fazer um despacho na encruzilhada.
Toda sexta-feira, ela fazia questão de queimar um incenso de macumba para manter a fama de macumbeira e, com isso, espalhar o terror.
Passava na televisão a novela Roque Santeiro e Dona Juracy logo se identificou com a personagem Viúva Porcina, a quem passou a imitar usando turbante e balangandãs.
Um belo dia, intrigas palacianas indicavam que o secretário estava para ser substituído a qualquer momento.
Juracy entrou em campo para sondar o que estava acontecendo e tentar evitar a substituição.
Na sexta-feira daquela semana, chegou um homem com uma sacola, entrou na sala do secretário sem ser anunciado e lá ficou até o final da tarde.
Achei isso muito estranho porque não haviam me dito nada.
Na segunda-feira, a faxineira entrou para limpar a sala como de praxe.Não demorou muito, ela saiu gritando:
- Vixe, Maria! Eu não vou limpar essa sala. Tem macumba aí dentro!
- Como, Dona Cleusa, que história é essa? – perguntei.
- Veja você mesmo – respondeu-me.
Eu fui ver. Havia uma pata de bode embaixo de uma poltrona, o que explicava o medo da faxineira.
Chamaram outra faxineira que colocou a pata dentro de um saco e o levou embora.
No outro dia, quando fui conversar com Dona Juracy ela me confidenciou que o homem era um pai-de-santo.
Ele havia passado a sexta-feira toda fazendo um “trabalho” para o secretário não cair e tinha recebido o equivalente ao meu salário mensal. Por dentro, eu fiquei indignado. Eu trabalhava trinta dias e o pai-de-santo algumas horas para ganhar o mesmo que eu.
Bem, mas voltando ao despacho, a idéia era que, quando a faxineira retirasse a pata do bode, todo o mal que estavam fazendo para derrubar o secretário iria embora.Seus inimigos estariam neutralizados.
Com ou sem despacho, o secretário caiu do mesmo jeito.

Fiquei com pena do bode.

ASPECTOS DA INTENTONA COMUNISTA DE 1935

Por Edison Uwe Zahler (Brasília, DF)

1.      INTRODUÇÃO

Nossa pátria registra em sua história um incontável número de acontecimentos que marcaram sua trajetória desde os primórdios de seu nascimento até os dias atuais.
Foram movimentos armados em que, mais uma vez, pontificou o valor, o denodo, a capacidade, a lealdade, a honra e a coragem do povo brasileiro na defesa de seus princípios e de seus ideais. Em todas as ocasiões foram ressaltados a nobreza, o respeito e a humanidade com que o nosso soldado trata o inimigo vencido.
O dia 27 de novembro de 1935, no entanto, registra uma página negra na nossa história; não pelo fato em si, que seria mais um movimento armado ou uma revolta,  mas pelas características de ferocidade, brutalidade e o que é pior, pelo ato cruel traiçoeiro, covarde e desumano com que foram assassinados, na calada da noite, companheiros de farda, da mesma unidade, que estavam dormindo. Seus algozes, num gesto infame jamais identificado no seio das Forças Armadas, não permitiram que suas vítimas tivessem a oportunidade de se defenderem. Não  tiveram a coragem de olhar  a sua imagem refletida nos olhos das suas vítimas, tal era a certeza de quão hediondo era o crime que estava sendo praticado.
Resta-nos o consolo de saber que tal baixeza de sentimentos, tamanha insensatez, não partiu da cabeça de nossos patrícios, e sim de mentes doentias de outras plagas que, por meio de artifícios escusos,  induziram nossos compatriotas a cometer tamanho desatino, como veremos a seguir.

2.      RETROSPECTIVA HISTÓRICA

a.       Antecedentes filosóficos

Desde tempos imemoriais, pensadores e filósofos sonham com um mundo perfeito; um lugar onde não haja pobres nem ricos, onde todos trabalhem para o bem comum, voltados para a comunidade, repartindo os bens  de maneira igualitária para acabar com as injustiças sociais.

O grande filósofo grego PLATÃO (427 – 322 a.C.) no seu livro “A República”, falava na posse                                                                                                                                                                                                                          comum da propriedade e na criação de uma  sociedade ideal, governada  por filósofos, onde se daria ênfase à educação, separando as crianças de  seus  familiares para serem educadas   pelo Estado.         

ARISTÓTELES (348 – 322 a.C.) discordando de PLATÃO, afirma no seu livro “A Política”, que a posse individual da propriedade é um direito natural da humanidade e que a separação das crianças de seus pais, em vez de trazer amor, resultaria em falta de carinho para todas elas.

b.      Antecedentes econômicos

A Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha no começo do século XVIII, determinou uma profunda modificação nos padrões de comportamento até então vividos pela sociedade.
O surgimento das primeiras máquinas convulsionou o artesanato, fazendo com que os artesãos fossem atraídos para os núcleos fabris e se tornassem operários.
Quando os transportes começaram a encurtar as distâncias entre os centros urbanos e o meio rural, os camponeses, que até então viviam isolados, começaram a as buscar as cidades na esperança de uma vida melhor.
Esse exagerado afluxo de mão-de-obra não qualificada para os centros urbanos sem infra-estrutura para recebê-la, ocasionou o surgimento, na periferia das cidades, de vilas miseráveis hoje conhecidas por favelas ou malocas.
Como houvesse excesso na oferta de mão-de-obra, os patrões começaram a pagar salários ínfimos, não oferecendo nenhuma garantia e o trabalho, em lugares insalubres, estendia-se desde o romper da aurora até o ocaso.

c.       A Revolução Francesa

O povo francês, inspirado nas obras de VOLTAIRE e ROSSEAU, começou a rebelar-se contra o sistema feudal imperante no campo, onde as maiores e melhores propriedades pertenciam aos nobres e ao alto clero que nada fazia para modificar a estrutura agrária obsoleta, que não produzia o suficiente para alimentar uma população cada vez mais carente, cada vez mais faminta. 
ROSSEAU no seu livro “O Contrato Social", formula a teoria do Estado baseado na convenção entre os homens e defende a soberania popular. Para ele, a propriedade trouxe consigo a divisão do trabalho e a separação em classes.
Diante das promessas de igualdade e fraternidade e da crise econômica em que se debatia a FRANÇA, a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, foi o marco inicial que acabou com o absolutismo real, com os privilégios da nobreza, com as injustiças do regime dominante, que fez a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

d.      O Manifesto Comunista

Em 1848, KARL MARX juntamente com FRIEDERICH ENGELS, lança o "Manifesto Comunista",  tendo como escopo provocar uma revolução continental.
O Manifesto, eivado de "palavras de ordem” afirmava que "os operários  nada tem a perder além de suas algemas. Proletários de todo o mundo, uni-vos".
Pretendiam MARX e ENGELS que os trabalhadores conquistassem o poder e estabelecessem uma sociedade sem classes, transferindo para a coletividade  a posse da terra, abolindo,  dessa maneira,  a posse da terra, das máquinas,  das fábricas, enfim, dos bens de prodão.
Ao contrário do que esperavam e apesar do vigor da ameaça: "Façamos as classes governamentais tremer ante a Revolução Comunista. Os proletários nada possuem além das algemas e têm todo o mundo a conquistar", nada aconteceu. Os operários e os governantes simplesmente não tomaram conhecimento, não se impressionaram nem levaram em consideração tal ameaça.
O Manifesto Comunista de MARX e ENGELS foi uma bomba de retardo que só foi produzir efeito 70 (setenta) anos depois, num país em que seus autores nem sequer cogitavam - a RÚSSIA, em 1917 -, por estar, ainda naquela época (1848), mergulhada na Idade Média.

e.        Idéias Socialistas

 O  Socialismo pretende modificar as relações dentro da sociedade, suprimindo as diferenças de classes e a propriedade privada, socializando e estatizando a economia.
Diversos filósofos e cientistas sociais dedicaram-se ao estudo do Socialismo e formaram correntes diferentes e até mesmo antagônicas, dos quais podemos destacar:
- Os Socialistas Democratas, que defendem as modificações através de eleições e do parlamento;
 - Os Socialistas Retórico-pacifistas, que acreditam na concretização de seus ideais através da persuasão; e
- Os Socialistas Revolucionários, que afirmam que as modificações só são possíveis pela violência.
- Socialismo Democrático – corrente seguida por aqueles que advogam as transformações sociais através do parlamento. Seus princípios são seguidos por partidos de orientação social-democrática, como os da BÉLGICA, HOLANDA, SUÍÇA, ÁUSTRIA, DINAMARCA, NORUEGA, SUÉCIA, FINNDIA e GRÃ-BRETANHA.
Socialismo Retórico – filiado a esta corrente destaca-se o filósofo inglês THOMAS MORUS (1480 - 1535), autor do livro "Utopia". A estória narrada desenvolve-se numa ilha imaginária que tem o mesmo nome do livro. A obra relata as condições precárias em que vivia a sociedade inglesa no início do século XVI e estabelece as diretrizes para um regime onde seriam abolidas a propriedade privada, a moeda, os desempregados e a jornada de trabalho seria de 6 (seis) horas.
Socialismo Revolucionário – entre os que se alinham a esta corrente, destaca-se:
- LOUIS BLANC, socialista revolucionário francês,  autor de "L'Organization Du Travail", que foi um dos que promoveram a revolta de LION, sufocada com derramamento de sangue;
- KARL MARX (1818-1883) e FRIEDERICH ENGELS (1820-1895), filósofos materialistas  alemães, autores do "Manifesto Comunista",  publicado em 1848.  A reunião do conhecimento que ENGELS possuía sobre as condições de vida dos operários ingleses e da experiência de MARX com a tradição revolucionária dos proletários franceses foram formuladas as premissas básicas do socialismo-marxismo.
- VLADIMIR ILICH ULIANOV (1870-1924) - LENIN, estudioso de MARX,  defendia  a tese de uma organização política constituída de revolucionários profissionais  -  a vanguarda do proletariado,   que seria como uma projeção física da consciência de classe. Propôs a fórmula da ditadura do proletariado, passando por cima da etapa burguesa, e colocando um estágio intermediário entre a revolução e o advento do socialismo. Formulou um audaz e bem sucedido plano para a conquista do poder, fazendo com que a RÚSSIA, país ainda predominantemente agrário,  saltar da autocracia, para um regime do tipo socialista;
- LEON DAVIDOVICH BRONSTEIN (1879-1940) - TROTSKY, adepto da "Revolução permanente", que defende o privilégio da solidariedade internacional entre os trabalhadores, pois só a derrocada total do capitalismo e o fim dos Estados Nacionais é que viria a permitir a construção do socialismo democrático. Em 1917 foi eleito, pela segunda vez, Presidente do Soviete de PETERSBURGO. Na revolução, é nomeado Comissário da Guerra e sua atuação em defesa do Estado Soviético foi o fator fundamental para a consolidação do regime.

f.        A lª Revolução Russa

 O século XX encontrou a organização social russa praticamente imuvel, como se o tempo não houvesse passado: a agricultura baseava-se na semi-servidão da mão-de-obra. Nas indústrias nascentes, as condições de trabalho não eram melhores. A oligarquia dirigente mostrava-se sur- da a qualquer exigência de mudança.
A RÚSSIA apresentava, ainda no início do século, uma estrutura rigidamente piramidal: na base a massa popular seguida, em ordem, pelos burgueses, militares, clero, governantes e culminando com a família real. A gravidade sempre crescente da situação não poderia senão contribuir para o surgimento de formas de oposição que, progressivamente, aprimorariam sua capacidade de organização, a despeito da violenta repressão da polícia czarista.
A tensão social, já aguda agravou-se em virtude da guerra russo-japonesa (1904 - 1905). A guerra foi uma seqüencia de derrotas. O desastre culminou com uma paz de condições duríssimas e um agravamento da situação interna face aos problemas financeiros provocados pelo conflito e à queda de prestígio do governo czarista.
A insatisfação generalizada alastra-se por toda a RÚSSIA. Os homens que encabeçam a revolta representam uma variada gama ideológica, desde a moderação de MILIUKOV até as posições revolucionárias de LENIN.
A revolta iniciada em 1905 foi duramente sufocada , mas, muito além da momentânea derrota, seria um ensaio geral para os combatentes revolucionários que tomariam o poder em 1917.

g.      A 2ª Revolução Russa

Em 1914, a RÚSSIA entra na lª Guerra Mundial. Desde o início das hostilidades a sorte lhe é adversa, tanto no campo militar como no setor interno. A mobilização geral despovoando o campo determina uma gigantesca crise alimentar. A fome, as doenças e os revezes no campo de batalha provoca um desgaste físico e moral na população.
O povo russo que havia atendido ao chamamento da pátria com entusiasmo começou a rebelar-se contra o Czar NICOLAU II.
Em março de 1917, numa sessão da DUMA (parlamento), o líder do Partido Socialista ALEXANDRE KERENSKI, proclama que a única solução para salvar a RÚSSIA é a deposição do Czar.
A insatisfação do povo é geral e as greves começam a convulsionar o país e assumindo um significado diferente do de outros tempos, os russos agora reclamam por pão, paz e o fim da autocracia. Os soldados que até então se mantinham fiéis ao Czar, quando vão debelar o movimento grevista se solidarizam com o mesmo.
Os grevistas reúnem-se na sede da DUMA e elegem o Soviete de seus representantes; com a adesão dos soldados que se juntaram aos trabalhadores, este passou a chamar-se "Soviete dos Trabalhadores e dos Soldados". A DUMA autorga-se o direito de escolher um primeiro-ministro encarregado de formar o novo governo, criando-se, dessa maneira, um governo paralelo.
A 2 de março de 1917, aconselhado pelos generais do Estado-Maior que delicadamente, lhe encostaram suas pistolas na cabeça, o Czar abdica em favor de seu irmão MIGUEL em detrimento a seu filho ALEXANDRE. MIGUEL, que não tinha vocação para herói e muito menos para mártir, declinou da indicação.
No meio do caos em que estava mergulhada a RÚSSIA - em guerra com a ALEMANHA e com um duplo poder: o do Governo, que tinha a autoridade, mas não tinha a força, e o Soviete, que tinha a força, mas não a legitimidade -, surge LENIN, vindo de seu exílio na Suíça.
Na publicação de suas "Teses de Abril", LENIN apela para os soldados de todas as nacionalidades para que se rebele contra seus governos que os forçam a lutar. Paz, pão e terra tornam-se seu lema.
Em julho de 1917, o Primeiro-Ministro KERENSKI, tenta lançar uma ofensiva contra os alemães, mas os soldados e marinheiros, seguindo a orientação de LENIN, recusam-se a cumprir as ordens.
LENIN insufla as massas contra o governo, convoca a Comissão Central do Partido e apresenta um plano de insurreição.
TROTSKY o apóia; organiza uma comissão revolucionária e envia emissário a todas as unidades do exército com a incumbência de dizer-lhes que só obedeçam às ordens emanadas dessa comissão.
Em 26 de outubro de 1917, LENIN assume a Presidência do Conselho dos Comissários do Povo e, conseqüentemente, o poder; instalando na RÚSSIA o que viria a ser o marxismo-leninismo.
LENIN, assessorado por uma minoria atuante e decidida - a vanguarda do proletariado -, conseguiu sobrepor-se aos líderes que depuseram o Czar. Valendo-se da anarquia e da confusão que se seguiu à queda do antigo regime, iniciou uma revolução dentro de outra revolução, alijando do poder o novo e vacilante governo.



3.       O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO

O apelo de MARX e ENGELS dirigido aos operários de todo o mundo para que se unissem, sacudiu a massa amorfa de trabalhadores que se limitava às suas associações de classe para reivindicar melhores condições de trabalho e remuneração pela mão-de-obra oferecida, despertando-os para uma união que fosse além das fronteiras nacionais.
Em 1864, foi fundada em LONDRES, a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), que congregava as diversas correntes do movimento operário europeu que se opunham ao capitalismo e postulavam a implantaçao do socialismo, dentre as quais se destacavam a dos anarquistas e a dos comunistas. Este conclave ficou conhecido como I Internacional.
A I Internacional tinha como finalidade reunir as experiências das lutas dos trabalhadores nos seus países de origem para consolidá-las num programa eclético e, baseado neste, fomentar a criação de partidos políticos que se subordinassem às resoluções desse Congresso Internacional.
Devido às dissensões havidas entre os dois principais grupos que participavam do Congresso, anarquistas e comunistas, esta I Internacional encerrou suas atividades em 1876.
A II Internacional realizou-se em 1889 e estendeu-se até a lª Guerra Mundial, sem que houvesse grandes conquistas por parte dos trabalhadores. Na realidade, o nacionalismo sobrepujou o internacionalismo.
Em 1919, realizou-se o I Congresso da Internacional Comunista, que passou a ser chamado de III Internacional Comunista ou Komintern. Nesse congresso, que viria a ser o ponto de partida da expansão do comunismo no mundo, foram lançadas as bases do comunismo internacional:
"Sob a bandeira da luta revolucionária dos trabalhadores soviéticos pelo poder e pela ditadura do proletariado, sob a bandeira da Terceira Internacional: Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos".
Como podemos verificar, esta Internacional criada por LENIN, o ideólogo da implantação do comunismo na RÚSSIA, não se preocupou em reunir as experiências das lutas vividas pelos trabalhadores nos diversos pses capitalistas, mas sim implantar a doutrina de expansão mundial do comunismo, baseada na experiência dos sovietes, conseguida com a revolução russa de 1917.
Em 1920, no Congresso da Internacional Comunista, foram estabelecidas as 21 condições para a filiação dos diversos partidos comunistas do mundo à Internacional Comunista.
O parágrafo lº dos estatutos do Comintern definia a finalidade do órgão: "A nova Associação Internacional dos Trabalhadores é criada para organizar a ação comum do proletariado de vários países em busca de um único objetivo: a derrubada do capitalismo, o estabelecimento da ditadura do proletariado e de uma Re pública Soviética Internacional para a completa abolição de classes e a realização do socialismo, primeiro estágio da sociedade comunista".
Entre as 21 condições exigidas para a filiação dos diversos partidos comunistas, destacaremos as que nos afiguram as mais interessantes para o presente trabalho:
"3ª - Nos países burgueses, a ação legal deve ser combinada com a ação ilegal. Nesses países, deverá ser criada uma aparelhagem clandestina do partido, capaz de atuar decisivamente no momento oportuno".
A atuação clandestina do partido comunista no BRASIL sempre foi uma constante desde a sua fundação, haja vista que tem sobrevivido a todas as investidas do Governo Federal nos momentos de crises internas, com a decretação de "estado de sítio" ou mesmo quando posto na  ilegalidade por força de diploma legal.
"4ª - Deverá ser feita ampla campanha de agitação e propaganda nas organizações militares, particularmente no Exército".
A agitação no linguajar dos comunistas significa a atuação junto às grandes massas, com o objetivo de inculcar algumas idéias e lemas destinados à sua educação política e a atraí-la para a solução dos deveres políticos e sociais mais importantes. Em todos os partidos comunistas existe uma Seção de Agitação e propaganda.
Segundo a teoria comunista, há uma distinção entre Agitação e Propaganda; a Agitação promove uma ou poucas idéias e as apresenta à massa popular; a Propaganda, ao contrário, oferece muitas idéias a  uma ou poucas pessoas. Ambas são condicionantes.
A sistemática atuação comunista no seio das Forças Armadas permitiu a cooptação de muitos militares que traíram seus companheiros de farda na Intentona Comunista de 1935.
"6ª - Todos os partidos comunistas devem ser internacionalistas e renunciar ao patriotismo e ao pacifismo social. Deverá ser demonstrado aos operários, sistematicamente, que, sem a derrubada revolucionária do capitalismo, não haverá desarmamento nem paz mundial".
Quanto ao "renunciar ao patriotismo", o Sr LUIZ CARLOS PRESTES, quando exercia o mandato de Senador da República, nos deu uma demonstração cabal de  seu servilismo às ordens emanadas do Kremlin ao declarar que: "lutaria em favor da RÚSSIA no caso de guerra desta contra nosso País". Quanto ao desarmamento, vale lembrar o famoso pensamento latino: "se queres a paz, prepara-te para a guerra" (civis pacem parabelum) .
"14ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a prestar todo o auxílio necessário às Repúblicas Soviéticas, na sua luta face à contra-revolução".
Os comunistas forjaram esta doutrina capciosa que tem sido utilizada para esmagar os movimentos populares: "qualquer ato de rebeldia contra o poder soviético, sejam quais forem os grupos que o realizem, são sempre liderados por forças reacionárias subservientes ao capitalismo". Os fuzilamentos de estudantes chineses que se rebelaram pedindo liberdades democráticas há poucos dias, são os mais recentes exemplos do terror comunista.
"16ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a obedecer às resoluções e decisões da Internacional Comunista, considerada como um partido mundial único".
Apesar da extinção do Komintern e a abolição dos 21 pontos, até hoje todos os partidos comunistas são obrigados a se subordinarem aos ditames da Seção de Partidos Estrangeiros, órgão integrante do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (PCUS).

4.       O COMUNISMO NO BRASIL
a.       A Fundação do Partido Comunista
No dia 25 de março de 1922, foi fundado no RIO DE JANEIRO, o Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC), adotando um Estatuto semelhante ao do Partido Comunista russo.
O I Congresso do PC-SBIC tratou especificamente da filiação à Inter nacional, submetendo-se às exigências estabelecidas nos 21 pontos para sua admissão.
Em abril de 1924 o PC-SBIC foi oficialmente aceito como filiado à Internacional Comunista, que tinha como sede a cidade de MOSCOU.
Em maio de 1925, o PC-SBIC realizou seu 11 Congresso, que reformulou seu Estatuto e completou a estruturação do partido, sempre de acor do com as diretrizes do Komintern.
 Neste conclave foram tomadas resoluções sobre política e trabalho sindical, e criada a Juventude Comunista.
Como o partido já estivesse marcando sua presença em várias camadas da sociedade, e em face da sua infiltração no meio sindical, a direção central realizou, no ano de 1927, no RIO DE JANEIRO, o I Congresso Sindical Regional e promoveu vários movimentos grevistas.
Empolgados pelo relativo sucesso obtido no Congresso Sindical e pelas greves operárias, os dirigentes comunistas criaram o "Bloco operário", ampliando-o, posteriormente, para "Bloco Operário e Camponês", uma frente única operária, reunindo trabalhadores da cidade e do campo.
O BOC era uma organização de massa, criado à sombra do Partido Comunista, com programa e reivindicações imediatas, tanto políticas como econômicas.
O III Congresso do partido realizou-se em NITEROI, entre os meses de dezembro e janeiro de 1928/29. Neste congresso começou realmente a definir-se a linha do partido; as teses nele debatidas estavam voltadas para a maneira de como combater o imperialismo inglês e norte- americano e os perigos da guerra. Posicionou-se contra o integralismo que despontava sob a liderança de PLÍNIO SALGADO e sua influência na política brasileira e esboçou sua apreensão com o surgimento de movimentos ditatoriais na Europa --. nazismo, na ALEMANHA de HITLER, fascismo, na ITÁLIA de MUSSOLINT; franquismo, na ESPANHA, do Generalíssimo FRANCISCO FRANCO; salazarismo, em PORTUGAL, de ANTONIO DE OLIVEIRA SALAZAR, que constituíam em séria ameaça à RÚSSIA.
Após o III Congresso, o Partido Comunista do BRASIL, devido a sua docilidade em receber e cumprir as ordens emanadas da RÚSSIA tornou-se um instrumento muito importante para o Komintern.

b.      A adesão de LUIZ CARLOS PRESTES

Dois fatos fizeram com que a década de 1920/30 transcorresse sob intensa agitação político-militar. O primeiro, foi a campanha para a sucessão presidencial do  Sr. EPITÁCIO PESSOA e cujo sistema eleitoral não permitia que a oposição chegasse ao poder devido às fraudes nas apurações; e o segundo, a publicação em primeira página, num dos periódicos mais combativos da imprensa carioca, de uma carta altamente ofensiva aos oficiais do Exército, de autoria atribuída ao Sr ARTUR BERNARDES,candidato situacionista à Presidência da República.
As exigências de desagravo da honra do Exército por parte dos oficiais mais jovens seguiu-se uma série de transferências em massa para as mais distantes guarnições militares e a prisão do Presidente do Clube Militar, Marechal HERMES DA FONSECA, ex-presidente da República.
O mal-estar gerado pelas punições propiciou o surgimento dos movimentos de rebeldia que se seguiram, como a revolta da Escola Militar do Realengo e a dos "Dezoito do Forte”, em 1922, e os demais que se sucederam ao longo da década.
O Komintern,  que acompanhava o desenrolar dos acontecimentos em nosso País, concluiu que, apesar dos avanços alcançados, o Partido carecia de um líder nacional que se identificasse como verdadeiro revolucionário e pudesse conduzir a revolução comunista de acordo com os parâmetros traçados por aquele alto órgão dirigente russo. Analisando a personalidade e o comportamento dos oficiais que participaram do movimento tenentista, chegaram ao Capitão LUIZ CARLOS PRESTES, que se encontrava exilado na BOLÍVIA.
PRESTES possuía todos os predicados que a cúpula moscovita procurava para dirigir o Partido no BRASIL: era ambicioso, tinha obtido reconhecimento nacional com a "Coluna" que comandou e que lhe valeu o título de "Cavaleiro da Esperança", e principalmente, porque sua popularidade estava em declínio, coisa que sua vaidade não aceitava.
O primeiro contato para cooptá-lo deu-se em PUERTO SUAREZ, através do dirigente do PCB ASTROGILDO PEREIRA, que lhe forneceu diversos livros de doutrinação comunista.
PRESTES, embora demonstrando simpatias pelo marxismo-leninismo, não quis comprometer-se de imediato, pois ambicionava algo mais concreto, mais consistente.
Outros emissários foram enviados para conversar com PRESTES e, para satisfazer seu ego, convidaram-no a ir tratar pessoalmente com os dirigentes soviéticos em MOSCOU.
Em 1930, aderiu ao comunismo e lançou um manifesto condenando a revolução chefiada por GETÚLIO VARGAS e, um ano depois, seguiu para MOSCOU a fim de fazer um curso de liderança, retornando em 1932 para assumir a direção do PCB, dando-lhe novo impulso e intensificando as atividades de infiltração  e propaganda.

c.       A Intentona

Segundo LENIN, “não existe revolução espontânea. É preciso que se construa uma situação em que os fatores da crise estejam tão aguçados que a insurreição se desencadeie pelo motivo mais fútil”. Baseado nessa teoria a RÚSSIA enviou ao BRASIL em 1934, vários agentes para provocarem uma revolução, pois o Komintern considerava que uma ação violenta em  nosso País seria uma promissora experiência para a implantação do regime comunista na AMÉRICA DO SUL.
Entre os agitadores profissionais que aportaram no BRASIL, destacavam-se: o espião alemão a serviço da RÚSSIA ARTUR ERNST EWERT, encarregado de elaborar o plano subversivo; o casal argentino RODOLFO GHIOLDI e CARMEN, membros da Internacional Comunista e do PC argentino; o casal belga LEON-JULES VALÉE e ALPHONSINE, encarregados do setor de finanças e o alemão PAUL FRANZ GRUBER, especialista em explosivos.
Para construir um ambiente de tensão e crise, propício a uma insurreição armada, foi criado a ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA, uma organização de fachada do PCB, que iniciou uma inflamada campanha em todo o território nacional, defendendo em seu documento de fundação o "cancelamento de toda a dívida externa do BRASIL com os países imperialistas"; a "nacionalização de todas as empresas estrangeiras"; "concessão total dos denominados direitos individuais"; a "implantação de um governo popular"; e cessão das terras consideradas latifúndios aos camponeses.
Dos seis dirigentes, três eram militares: o presidente, HERCOLINO CASCARDO, comandante da Marinha; o vice-presidente, AMORETY OSÓRIO, capitão do Exército; e o secretário-geral, ROBERTO HENRIQUE SISSON, também oficial da Marinha. Dos três militares, só o secretário-geral SISSON, era do PCB.
No comício realizado em 30 de março de 1935, PRESTES  foi aclamado Presidente de Honra da ANL. Tal fato fez com que o holandês VAN MINE, membro do Conselho Executivo do Komintern e relator dos assuntos referentes à AMERICA DO SUL, afirmasse que: "a Aliança foi criada sob a orientação secreta do Partido Comunista Brasileiro, segundo as instruções confidenciais recebidas da Legação Soviética em MONTEVIDÉU e cumpre cegamente as ordens do nosso bravo camarada PRESTES, que foi, em numerosos comícios públicos, aclamado como seu chefe absoluto e Presidente de Honra.
A presença de alguns militares na cúpula diretiva da ANL, principalmente dos que não pertenciam ao PCB, explica a sua penetração no seio das Forças Armadas.
A Intentona teve início na noite de 23 de novembro em NATAL, no 21º Batalhão de Caçadores; na manhã de 24 em RECIFE, no quartel do 29º Batalhão de Caçadores e no QG da Região Militar e na madrugada de 27, no RIO DE JANEIRO, no 3º Regimento de Infantaria e no lº Regimento de
Aviação
.
O plano da insurreição nas cidades previa a formação de colunas para tomar o interior, mas as massas populares não quiseram tomar conhecimento das falácias dos revoltosos e as palavras-de-ordem da ANL de "pão, terra e liberdade", não sensibilizou nem mobilizou o proletariado. A revolução que os comunistas previam alastrar-se por todo o País, restringiu-se aos. muros dos quartéis, com exceção da cidade de NATAL, onde alguns populares participaram, mais para saquear as repartições públicas do que movidos por sentimentos ideológicos.
No dia 27 de novembro de 1935 o levante foi sufocado com a prisão dos revoltosos, deixando atrás de si um rastro de sangue de inocentes civis e de bravos soldados, que imolaram suas vidas em defesa dos ideais democráticos e no _cumprimento do dever.
  
5.      A VIOLÊNCIA COMUNISTA

Mesmo antes de sua implantação na RÚSSIA, a violência comunista tem sido uma constante, tanto na literatura como na prática.
MARX reportando-se sobre a "Comuna de PARIS", escreveu em seu livro "A Guerra Civil na França", que um de seus erros "foi a magnanimidade desnecessária do proletariado - em vez de exterminar seus inimigos, dedicou-se a exercer influência moral sobre eles".
LENIN em "O Estado e a Revolução" afirma que: "A liberdade da classe operária não é possível sem uma revolução sangrenta".
Logo após empolgar o poder na RÚSSIA, LENIN criou um violento organismo policial, a Cheka, fonte de terror para os adversários do regime.
Com a morte de LENIN em 1924, assumiu a função de Secretário-Geral do partido JOSEF STALIN, que iniciou violentas repressões a todos que se opunham a seus caprichos. Tal fato fez com que sua própria mulher, após denunciar as atrocidades de STALIN perante uma reunião de líderes, se suicidasse em seus aposentos no Kremlin.
Não admitindo qualquer contestação à sua autoridade, iniciou a liquidação de todos os seus oponentes. Em 1934, após o XVII Congresso do Partido, mais de 70% dos membros eleitos para o Comitê Central foram fuzilados nos três anos seguintes; dos 1966 delegados presentes, 1 108
foram, posteriormente, condenados por atividades "contra revolucionárias". Para se ter uma idéia do terror que STALIN implantou na RÚSSIA na década de 30, basta lembrar que ele estabeleceu que a todos os réus acusados pelo Secretário-Geral não assistia o direito de apelar das sentenças.
O próprio exército vermelho não escapou ao terror stalinista quando foram condenados à morte nove generais, entre eles o General TUKACHEVSKY, um dos mais importantes do exército russo. Calcula-se que STALIN condenou à morte mais de 30 000 oficiais.
 Naturalmente estes comentários se restringem somente à RÚSSIA, não falaremos do que ocorreu e vem ocorrendo nos países que se deixaram envolver pela doutrina comunista, onde a violência ocorre com a mesma intensidade, como por exemplo, o famoso "paredón" de CUBA, e na CHINA, em 4 de junho de 1989, quando a televisão nos mostrou as cenas de violência ocorridas na praça que, por ironia do destina, chama-se "Paz Celestial" com espancamento e morte de estudantes que se reuniram , pacificamente, pedindo liberdaoGJeKfb-001des democráticas.
O BRASIL não ficou e nem está imune à violência comunista. Aqui, o famoso "Tribunal vermelho" praticou uma série enorme de atrocidades, imitando as do país que lhe serviu de berço, a RÚSSIA.
Como exemplo da violência comunista no BRASIL, vamos relatar alguns casos aqui ocorridos desde a criação do PCB:
- Em 1935, antes da Intentona, HONORIO DE FREITAS GUIMARÃES, membro do CC/PCB, denunciou BERNARDINO PINTO DE ALMEIDA, conhecido como "DINO PADEIRO", de traição. O "Tribunal Vermelho" julgou-o culpado e perigoso para o movimento armado que se aproximava. O Secretário-Geral do PCB, ANTONIO MACIEL BONFIM, cujo codinome dentro do partido era "MIRANDA", decidiu executá-lo pessoalmente, com o auxílio de seu 'cunhado LUIZ CUPELO COLÔNIO.
Atraído para um lugar ermo, "DINO PADEIRO" foi atacado por "MIRANDA", que lhe desfechou uma coronhada e, a seguir, quatro tiros. Socorrido por populares, "DINO PADEIRO" sobreviveu e pôde contar o ocorrido.
- Após a derrota da Intentona, em 2 de dezembro de 1935,0 "Tribunal Vermelho" condenou à morte AFONSO JOSÉ DOS SANTOS, acusado por JOSÉ EMÍDIO DOS SANTOS, membro do Comitê Estadual do Rio de Janeiro,que foi incumbido de executar a sentença.
Em 5 de dezembro AFONSO foi morto. O crime somente foi esclarecido em 1941.
- Numa das freqüentes reuniões do PCB que aconteciam em sua casa, LUIZ CUPELO COLÔNIO notou que o Secretário-Geral ANTONIO MACIEL BONFIM, o "MIRANDA", estava interessado em sua irmã adolescente ELVIRA CUPELO COLÔNIO. Ante a possibilidade de subir no Partido e ter a "honra"
de ter sua irmã como amante do Secretário-Geral, LUIZ CUPELO não exitou em "entregar sua irmã" a "MIRANDA".
Em 1934, ELVIRA, moça de apenas 16 anos, tornou-se amante de "MIRAN DA" e passou a ser conhecida entre os militantes do PCB como ELZA FERNANDES, ou "GAROTA".
Com o fracasso da Intentona, as prisões e a apreensão de documentos, foi fácil para a polícia localizar e prender o casal, em 1936. De posse dos documentos apreendidos e das confissões dos presos, a polícia concluiu que a "GAROTA", além do fato de ser menor de idade, nada mais poderia acrescentar ao que já era sabido, resolveu libertá-la.
Ao sair da prisão, "MIRANDA" deu-lhe um bilhete em que pedia aos amigos que auxiliassem a "GAROTA" e mandou-lhe que fosse morar na casa de seu amigo FRANCISCO FURTADO MEIRELES, num subúrbio do RIO DE JANEIRO.
HONÓRIO DE FREITAS GUIMARÃES, um dos dirigentes do PCB, descobriu que "MIRANDA" havia caído e como alguns dirigentes foram presos, as suspeitas de traição recaíram sobre ele. Posteriormente, HONÓRIO soube que a "GAROTA" estava hospedada na casa do MEIRELES. De posse do bilhete, o dirigente concluiu que o mesmo havia sido forjado pela polícia, com quem ELZA estaria colaborando. As suspeitas transferiram-se de "MIRANDA para a "GAROTA".
O "Tribunal vermelho", composto por HONÓRIO DE FREITAS GUIMARÃES, LAURQ REGINALDO DA ROCHA, ADELINO DEYCOLA DOS SANTOS e JOSÉ LAGE MORALES, reuniu-se para julgá-la. LUIZ CARLOS PRESTES, Secretário-Geral do PCB, antecipando-se ao julgamento, decidiu-se pela eliminação sumária da ré, e o "Tribunal" acatou o parecer do líder condenando-a a morte.
 No julgamento, porém, não houve unanimidade: MORALES, com dúvidas, se opôs à condenação e os demais membros vacilaram em cumprir a sentença.
HONÓRIO DE FREITAS GUIMARÃES escreveu a PRESTES informando-o do impasse e sobre a dúvida de que o delator poderia ser o "MIRANDA".
 No dia seguinte PRESTES respondeu ao "Tribunal" exigindo o cumpri mento da sentença por ele proferida e chamando seus integrantes de medrosos.
 Para ilustrar a frieza com que os comunistas jogam com a vida humana, vamos citar alguns trechos da carta que o Sr LUIZ CARLOS PRESTES enviou ao "Tribunal vermelho" exigindo o cumprimento da sua -sentença:
" ... Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. Assim não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe revolucionária ... "
"Por que modificar a decisão a respeito da "GAROTA"? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima ao Partido? .. "
"Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar".
"Tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade ... "
Diante de tal reprimenda foi decidida a execução e ELZA foi estrangulada e enterrada nos fundos de uma casa na Estrada do Camboatá, no RIO DE JANEIRO.
Segundo a sabedoria popular, quem aqui faz, aqui mesmo tem que pagar, e LUIZ CARLOS PRESTES e LUIZ CUPELO COLÔNIO sentiram na própria carne o efeito da maldade que haviam praticado.
OLGA BENÁRIO, mulher de PRESTES, foi deportada para a ALEMANHA nazista, onde foi julgada e executada por sua origem judaica.
LUIZ CUPELO COLÔNIO, que,auxiliou "MIRANDA" na tentativa de assassinato de "DINO PADEIRO", teve sua irmã ELVIRA, justiçada pelo "Tribunal Vermelho".
No bilhete que escreveu ao amante de "ELZA", retrata toda a sua dor ao dizer: "Acabo de assistir à exumação do cadáver de minha irmã ELVIRA. Reconheci a sua dentadura e seus cabelos. Soube também da confissão que elementos de responsabilidade do PCB fizeram na polícia de que
haviam assassinado minha irmã ELVIRA. Diante disso, renego meu passado revolucionário e encerro minhas atividades comunistas".

6.      CONCLUSÃO
 A preocupação e o desejo de um mundo perfeito, de igualdade e de justiça social, remontam a tempos imemoriais, mas foi somente a partir do começo do século XVIII, com o advento da máquina e da revolução industrial, que os operários, mais concentrados, unidos e conscientes
de sua força, começaram a exteriorizar suas insatis
fações com as precárias condições de trabalho e a reivindicar melhores salários.
Assim como a queda da Bastilha acabou com o absolutismo real e proclamou os direitos universais do homem, o Manifesto Comunista de MARX e ENGELS fez com que os trabalhadores buscassem uma união que se estendesse além das fronteiras de seus países.
Os ideais socialistas que inspiraram a formação de partidos políticos de cunho internacionalista, se desenvolveram em duas correntes: a democrática, que advoga as transformações sociais pela via parlamentar como os partidos social-democráticos dos países nórdicos, escandinavos
e alguns europeus, e a revolucionária, que quer impor sua doutrina através da
violência, como aconteceu com o marxismo-leninismo implantado na RÚSSIA e dali se expandiu para os demais países sob sua influência ou por ela subjugados.
Devido a influência que o BRASIL exerce sobre os demais países vizinhos, quer pela extensão territorial, quer por seu relacionamento, julgaram os dirigentes do Kremlin que a implantação do regime comunista em nosso País levaria toda a AMÉRICA DO SUL a também adotá-lo. Ledo
engano!
 Esqueceram do nosso passado histórico, pois os nativos brasileiros nunca foram servos da terra nem escravos; que os escravos que aqui existiram vieram de outras terras; esqueceram nossas tradições de liberdade sem restrições, de democracia plena, de nossa fé; esqueceram o respeito que devotamos pela criatura humana, por sua vida e integridade física, quer seja amigo ou inimigo; esqueceram nosso devotamento por uma convivência pacífica entre os povos; esqueceram enfim, nosso amor pela paz.