quarta-feira, 3 de setembro de 2014

MAL SECRETO

Por Raimundo Correia (1859-1911)

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

Um comentário:

  1. Este soneto foi o tema principal, na seção dedicada à Literatura, da prova de Português da EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército), de Campinas, SP, em Dezembro/1974.
    O Colégio N. S. Auxiliadora também esteve representado naquela ocasião, pois estávamos, o Lucinei e eu, na cidade de Santa Maria, RS, testando nosso conhecimento em busca de uma oportunidade na carreira militar.
    Milhares tentaram, mas somente um candidato, em todo o Rio Grande do Sul, foi aprovado naquela primeira etapa do concurso.

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