quarta-feira, 1 de outubro de 2014

TUDO DEPENDE DA EDUCAÇÃO

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Diz Alexis Carrel - Prémio Nobel da Medicina, - que todos sofremos: “ fatalmente a influência daqueles com quem vivem. Os que vivem, desde a infância, na companhia de criminosos e loucos, tornam-se criminosos e loucos. Não se pode escapar ao meio, senão pelo isolamento e pela fuga. “ - “ O Homem, Esse Desconhecido”.
Na verdade assim é. E o povo, que raras vezes se engana, costuma repetir: “ Tal mãe, tal filha” – (Já Ezequiel 16:44, tinha igual opinião).
São os primeiros educadores, os pais. Se souberem transmitir, pelo exemplo, valores morais e cívicos, certamente as crianças tornar-se-ão cidadãos honestos e justos.
Com esses princípios, os jovens, fortalecem-se e rejeitam pareceres e modos de vida nefastos, não só de outros jovens, mas, também, da má influência de alguns professores.
A sociedade em que nascemos e vivemos, exerce forte influência no modo de pensar e agir. Como pode, a criança, ser cidadã honesta se vive numa sociedade corrupta, onde o “ jeitinho” impera e o dinheiro manda?
Muitos são os que incutem nos filhos o conceito que tudo tem preço, inclusive o ser humano. Fazem crer, nos cérebros em formação, que tudo é valido, tudo é permitido – já que o pecado é coisa do passado, – para atingir o que se pretende.
As figuras publicas - já não falo da classe politica, - ao tomarem atitudes indignas e reprováveis, e ao transmitirem, pela mass-media, comportamentos perversos, “ envenenam” a juventude, lançando-a nas veredas da corrupção e do crime.
Por sua vez, a TV, com novelas amorais, tentando passar a ideia que tudo é preconceito e falsa modéstia, tornou-se escola do crime, da violência e da degradação da sociedade.
A principal responsável, pelo desvario juvenil, é, sem dúvida, a novela televisiva, visto incutir comportamentos desregrados.
Está a correr, na SIC (canal português) telenovela cuja personagem, após viver intimamente com a mãe, passa a namorar a filha, da que foi sua mulher. Tudo se passa com naturalidade e aprovação dos irmãos da jovem!
Como querem que a juventude tenha comportamento e actos responsáveis, se constantemente são metralhados com exemplos torpes?
Queixam-se, depois, e com razão, que nossas cidades transformaram-se numa selva, onde se depara, a cada canto, “ animais” depravadores, prontos a “ devorarem” a vítima: extorquindo: dinheiro, roubando roupa e ténis de marca; e delinquentes, que matam e incendeiam.
As cidades e estradas brasileiras, transformaram-se em campos de batalha, onde se morre, mais facilmente, que em guerras fratricidas.
Para além de ausência de policiamento eficaz e leis persuasoras, há necessidade de regressar à educação assente nos valores cristãos.
Enquanto a TV incitar à luxúria, os pais não souberem educar, devidamente, os filhos, e a mulher não for respeitada: como mãe, filha e esposa, as ruas das nossas cidades serão varridas pela violência e pelo crime.
Só povo que sabe educar os filhos, terá: paz, justiça e felicidade.

Tudo depende da educação, e essa começa em casa e termina com leis que defendam: a Família e respeito pelos idosos e crianças.

HOJE TODOS SABEM TUDO

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Sempre que abro o aparelho de TV e vejo entrevistas ou colóquios de entendidos, verifico que – não há médico que não conheça a cura certa para quase todos os males; político que não saiba resolver qualquer situação; economista que não consiga – quase por magia, – equilibrar as finanças; e intelectual que não discuta, de cátedra, todas as ciências.
E no entanto, com tanta sapiência, com tanta gente competentíssima, se precisamos de médico, este, muitas vezes, não nos sabe curar; o economista não consegue solucionar os graves problemas financeiros; e o político, só descobre caminhos fáceis, se está na oposição.
Jeracy Camargo, no curioso livro: “ Deus lhe Pague” pela voz do Mendigo, aborda o que acabo de afirmar:
“ Não há mais filósofos, meu caro. A sabedoria humana está muito espalhada. Hoje todos sabem tudo. O último dos ignorantes julga-se capaz de salvar a Humanidade. Todos ensinam.”
E prossegue, respondendo a Péricles, que assevera não haver quem não entenda de medicina:
- “ De tudo, meu amigo, de tudo. De Arte, então nem se fala! … E de política, ainda é pior. O senhor conhece alguém que não tenha ideias para salvar o Brasil!?”
A cada passo escuto conversas de quem possui ideias geniais para resolver os problemas de Estado; e não tenho amigo que não me dê conselho para sarar o achaque que me atormenta.
Até comentadores profissionais, que outrora abordavam temas da sua especialidade, opinam, hoje, sobre: economia, política, literatura, arte…até de futebol!
Esquecem-se, que o desenvolvimento de um dom, faz-se, quase sempre, em prejuízo de outros.
Certa vez, vi, conhecido político, a mostrar sua casa, na televisão. Ao chegar ao escritório, de paredes forradas de estantes repletas de livros, virou-se para o entrevistador, e disse-lhe:
- Tenho aqui os livros de economia. Ali de astrologia. Acolá de Direito. Mais abaixo de História… – e assim por diante, e concluiu:
- “ Como vê estou muito bem informado! ….”
Como Jacinto, que possuía, em Paris, trinta mil volumes, mas raramente os abria, pensam que pelo facto de terem estantes recheadas de livros, são sábios!”…
Desconhecem que a cultura se adquire após haver lido, relido… e meditado, as obras consideradas basilares. E ser culto ,não é saber de tudo…
Com o aparecimento da Internet, e com a facilidade de se encontrar tudo que se deseja, criou-se a ilusão que tudo se conhece.

Consultando o computador, pode-se, sem esforço, conversar sobre todas ou quase todas as matérias, não se sabendo nada ou quase nada, de nenhuma.

POEMA 3

Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)

o poeta que amo é comunista
não tenho dúvidas sobre meu coração anarquista
e assim seguimos de versos dados

apertamos o caudilho e disparo
meu pássaro negro vara a tempestade
num desespero libertário de vida
e de morte

rima no poente sangue de nosso povo sulamericano
as tintas sílabas em teu vermelho de oceano
rebelde que nunca se rende
não sei se somos
ou nos tornamos

tua poesia tem densidade de cobre
verve vulcânica aflora na altura dos andes
pura lava de copihue
que lavra
a brava terra mapuche













SIM E NÃO (POEMA)

Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)

O amor sim. Eles não.
...

O amor neles. Tesão.
O amor deles. Senão.
O amor reles. Paixão. 

POEMA 2

Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)

quero estar em algum canto da tua memória, em cada momento, em todo lamento
no teu poderia ter sido, onde possa ser um pouco tua dor, saber se sofri demais, ou se depois
por mim, você chorou, quero teu pranto, ser o espanto da centelha surpreendente
que se acende de repente, e como cicatriz deixa a certeza de que voltará
quando entre suas coxas, com os lábios assoprando meus verbos
e desejando seus arrepios, digo que já não sou mais o mesmo
afago seu rosto e bato a brasa no cinzeiro
anoiteço
não ignoro nossas revoluções, apenas as temo, explico isso com cuidado ameno
dizendo que te amo de qualquer jeito, tua lágrima deságua
debaixo da tua tempestade

adormeço

POEMA

Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)

preciso
dar ao delírio, quantidade
ao amor, profundidade
à vida, delírio e amor

preciso
dar aos beijos, romance
ao desejo, uma chance
dar sexo à liberdade

preciso
dar ao bem um tanto de mim
ao mal um pouco de sim

ao futuro, quem sabe...

XXIV (poema)

Por Bellé Jr. (São Paulo, SP)

[Domingo.
De manhã.
a geada
densa
Pinta.
Quadros.
impressionistas
com tinta de orvalho
pincel de sol nascendo
em cores de inverno
no lado de fora
do vidro
A aurora.
Do quarto.
Moldura.
Do mundo.

Domingo.
Nosso café. Da manhã.
ceva, a erva, acrescenta, a água, bebe
pila, a erva, acrescenta, o fogo, fuma
fumaça de vapor
fumaça de queimada
Uma. Esquenta o corpo.
Outra. Esquenta a alma.

Dormindo.
Um amanhã.
Desperta. Escondido. No travesseiro.
Nosso esconderijo.
escavado no vento
parede de lençol
céu de cobertor de lã
Temos. Um compromisso.
inadiável
Com o sono.
E outro.
Com a preguiça.

Nos atrasamos.
Nos atracamos.
Com as velas erguidas.]

Sobre o autor: Bellé Jr., 29, é poeta nascido em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná. Foi criado entre Curitiba e os Campos Gerais, mas acabou radicado em São Paulo, onde vive há sete anos. Em 2010 publicou de forma independente o primeiro livro de poesias, O Sonhador Que Colhe Berinjelas na Terra das Flores Murchas. Sua  terceira edição esgotou durante a Feira Plana 2, mas a versão digital segue gratuita. É também jornalista, autor do livro reportagem “Balaclavas & Os Profetas do Caos” (Livro Novo).



PAIXÃO

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Abraçado com sofreguidão
ao corpo da amante jura
                     amor eterno. Agrados
                     de paixão em gestos
                     de proximidades.

Chora a decisão de ir embora.
Oferece dinheiro cama comida
                o cinema e a boate

o corpo sôfrego na inexistência
do motivo se condensa na fumaça
do cigarro afastado em risos
de descobertas: aos amantes cabem

destemperos nas paixões diuturnas.

IR

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

(vou até o escritório e já volto)

como começa
como termina: o corpo
se ausenta do quarto
em direção ao escritório –
passos passos o interruptor
acionado discreta tosse –
acorda de madrugada
com a luz entrevista
no escritório. A cama ausente
ao lado. Chama pelo apelido
clama pelo nome. Chama
pelo segundo nome – odiado:
                       nada
                       nada
                       nenhuma resposta

(vou até o escritório e já volto

 diz antes de ir embora)

HERÓIS

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

No tempo vive segundos
de glória. O restante da façanha
conta em casa e no bar
da esquina:      focalizado
no instante do espetáculo.

Sorri o estado calamitoso
das essências: não é
                         o mesmo.

Nos estertores da glória

restam resquícios de histórias.