segunda-feira, 1 de junho de 2015

POR QUE SOMOS CASTIGADOS?

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Nos últimos anos do século passado, escrevi contareco, que alguns leitores consideraram verídico, porque localizei-o em Vila Nova de Gaia, mais precisamente no Mosteiro da serra do Pilar.
Como o considero de proveito espiritual, vou reconta-lo, revestido de outros trajos:
Residia no ano da graça de 1676, no Mosteiro de Santo Agostinho da Serra, frade, que passava o dia em santa contemplação.
O Prior, Dom Jerónimo, bem lhe recomendava que fosse até à cerca ou deambulasse pela quinta, mas o pobre monge mais parecia emparedada de S. Nicolau, do que filho de santo Agostinho.
Acertou de vir o imaginário Domingos da Costa armar o retábulo da igreja, que fora traça de Felipe Tércio, e o prior achou por bem, que a tarefa quotidiana de levar a refeição ao artista, fosse do cenobita.
Constrangido, por obediência, aceitou.
Andava o frade no passeio que o incumbiram, quando topa em pequeno arbusto, alegre chilreada de passarinho, que fabricava aconchegante ninho.
Observou o frade que o local era de fácil acesso a felinos, e tentou brandamente assustá-lo; mas renitente, o pardalito, não compreendeu a boa intenção do monge.
Na manhã seguinte, indo examinar os preparos do altar, ao perpassar pelo ninho, verificou, com angústia, que o passarinho tinha sido cruelmente morto.
Havia acontecido a tragédia que tanto receara.
Ao recolher-se em oração, meditando na funesta tragédia que presenciara, reflectiu que, por vezes, por piedade, causamos graves prejuízos aos que amamos.
Deus, em certas ocasiões, castiga-nos drasticamente, todavia a razão de tanta severidade é para nosso bem.
Se o frade tivesse destruído o ninho violentamente, o pardalito teria fugido e iria construí-lo em local mais seguro.

É que Deus, como bem diz o povo: escreve direito por linhas tortas…

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