sexta-feira, 1 de julho de 2016

A VOZ DO AUTOR: RIDAMAR BATISTA (ALB, ANÁPOLIS, GO)

LUZ DE VELA

Por Ridamar Batista (Presidente da ALB, Anápolis, GO)

Eu gosto da luz de vela
 tem cor de penumbra
 lusco-fusco, por de sol
 é assim meio lacunosa incerta,
 cheia de mistérios dança leve,
 suave e sinuosa
 brinca com a mente da gente
 parece idas e chegadas
 tardezinhas e madrugadas
 amarelada a chama sem graça
 pede desculpa por ser assim
 toda desconfiada, meio abandonada.
 Eu gosto da chama da vela
 faz voltar no tempo do faz de conta,
 belas histórias contadas

 meu mundo do nunca mais.

DOCE CONDENAÇÃO (A VIDA)

Por Ridamar Batista (Presidente da ALB, Anápolis, GO)

Já fui moca, manca, gaga
já andei descalça, sem calças, sem graça
conectada e desconexa
aries, leão e sagitário
já fui até peixes, que tormento
um pouco homem carregando peso
mulher carregando barriga
já fui até miss
bonita, menina-moça
cheirando a flores de laranja rosa
já fui leprosa, andrajos rotos
já atravessei os mares e as marés
já me cortaram os pés
tudo isso envolta neste mesmo traje
a carne, o corpo o sopro
de Deus!
Gosto de cozinhar
inventar temperos
ervas e cheiros
gosto de viver a vida
sem ser sabatinada
viajar todos caminhos
ir sozinha pelas estradas

andar por dentro de mim.

CHUVA DE OUTONO

Por Ridamar Batista (Presidente da ALB, Anápolis, GO)

A chuva de outono
é diferente, imprudente
esfria os pés, a cabeça
o coração fica gelado
é fina, sem graça e sonsa
vem sem avisar
abre caminho, faz rota
deixa o inverno chegar
e depois vai embora
leva o sereno, o orvalho,
o chuvisco e deixa a seca
bebendo o restinho da água
que a chuva trouxe
e se arrependendo

levou consigo de volta.

DOS MEUS GOSTARES

Por Ridamar Batista (Presidente da ALB, Anápolis, GO)

Então! vou lhe dizer
do que mais gosto
Fácil assim simples demais
tomar um copo de garapa gelada
de vez em quando
Comer pamonha pura
quente, morna ou fria
com café quente
Licor de pitangas
mais pelo cheiro que pela cor e sabor
chupar picolé de cajá com sal
conservar amigos e cantar
andar descalça, tomar banho de chuva
olhar para o céu e contar estrelas
assobiar para ouvir o Bem-te-vi
respondendo-me e rindo
de meu desafinado som
nadar em águas mornas, frias ou quentes
gosto de cerveja, muita
peixe frito pescado por mim
Comer pequi em novembro
fazer filhos em fevereiro
beijar meus netos o ano inteiro
ver o por do sol, a lua cheia
chuvas de estrelas
relâmpagos e trovoadas
rancho de palha, fogão de lenha
muita gente querida, dar risadas
fazer doce de tudo
não fazer nada
ler, ler e ler
porque amo as letras tanto
que sou grafóloga
fechar meus olhos para ver
tão longe e tão claro
que nunca consigo
sem esta proeza, enxergar
brincar com tintas e cores
enfeitar a casa, deixar tudo limpo

e depois fazer bagunça.

SUBSTANCE

By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

(Marina Du Bois, English version)

I translate (words are gifts)
the immortality (collected works)
in result (illusion of hope)
of rythimic verses (eloquence)

in understanding I redo gestures
and designate myself the first (only species)
to expand articulated sound

I know nothing: I know from the planet
digged fragments (history
in superimposed spaces: remains)

opposed in coordinated efforts
I am condemned to endeavor (bellicose
lying warrior stregth

from failure before the eyes).

MATÉRIA

Por Pedro Du Bois  (Balneário Camboriú, SC)

Traduzo (palavras são presentes)
a imortalidade (obra reunida)
na consequência (ilusão da espera)
de versos ritmados (eloquência)

no entendimento refaço gestos
e me digo primeiro (única espécie)
a expandir o som articulado

nada sei: conheço do planeta
fragmentos desenterrados (história
em espaços sobrepostos: restos)

contrário em esforços coordenados
estou condenado ao esforço (força
belicosa guerreira mentirosa

do fracasso ante os olhos).

TIMES

By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

(Marina Du Bois, English version)

I stifle the will
drowned in tears
I dissemble the hour
                         broken

stateless I recognize in space
the cummer: I do not settle myself

I drown my will
disguised in silence

suffocated from wait.

TEMPOS

Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Sufoco a vontade
afogada em prantos
disfarço a hora
                 partida

apátrida reconheço no espaço
a companheira: não me instalo.

afogo minha vontade
disfarçada no silêncio

sufocado da espera.

RETREAT

By Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

(Marina Du Bois, English version)

I back off: the amateur song
                vainly resonates

where is the defined sound
in the song?

Song from the bind earth
in turns: the fall from an angel
on the illuminated building

I fear not finding the promissed land
to the prophet. Through the body insolation
        I review rough edges
        and from the minor building

        I plummet remembrances.

RECUAR

Por Pedro Du Bois  (Balneário Camboriú, SC)

Recuo: a canção amadora
ressoa em vão

onde o som definido
na canção?

Canção da terra amarrada
em giros: a queda do anjo
sobre o prédio iluminado

receio não encontrar a terra prometida
ao profeta. Na insolação do corpo
revejo arestas ásperas
e do prédio menor

despenco lembranças.

NEGRA EM SUA PREGAÇÃO

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Vasculhei os rascunhos das minhas lembranças e ali estava negra jovem. Não a cantar cantigas africanas, nem a balbuciar orações para Oxalá, ou a girar na roda de samba com sua saia rodada, mas sim com um livro nas mãos a pregar. Negra portadora de boas novas! Tal moça, de mãos calejadas pregava a palavra de Deus.
Em sua pregação seus olhos brilhavam como estrelas da noite iluminando a minha sala. Pode parecer exagero meu, ou o meu olhar poético para aquela cena, mas seu olhar era mesmo puro brilho quando estava a pregar! Cada palavra em sua prega à certeza de coisas boas por vim, se não a profecia da vinda de Cristo a esperança por dias melhores.
 Consigo queria me levar com a promessa de uma nova vida. No entanto o que conseguiu foi apenas a minha atenção. Palavras e mais palavras entravam em meu ouvido de uma forma totalmente diferente do que ouvida por mim a ler aquele livro. Não o livro ‘’Século XX do meu querido Samuel da Costa’’ e sim aquela que por anos a fios, não envelhece se renova: a Bíblia! A negra ao fechar o livro, fez uma oração, nenhum ‘’Pai Nosso, ou uma Ave Maria’’, simplesmente algo do tipo: - Que Deus esteja nesse lar! Ao partir deixou em minha sala um breve silêncio. Depois de sua partida fiquei a perguntar-me: O que é uma nova vida senão tentar consertar os seus erros e recomeçar por si mesmo?

PERDIDO ÉDEN

Por Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)

(Para Liege Vicentthe)

 Embrenho-me em ti
Deusa mística pagã
Portadora de abissais e infinitos mistérios
Imortais e profanos segredos
***
És nebulosa safira 
Incrustada no adro
Do céltico palácio mítico
Que arde em chamas ad æternum
***
És um devastador cataclísmico
Enfurecido
A se formar no horizonte perdido
Em almas alquebradas
Que urram em desespero
Em tempos imemoriais
***
És o negro pelágio de divinais loucuras
 Toda nua em Hallstatt
Despida em La Tène
Pronta para me amar
 Sedenta por me devorar
A ciciar diante da lua em sangue
 No mais puro e negro luar

AO PROCURAR-TE NA SIDÉREA ALCOVA TUA

Por Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)

(Para Liege Vicentthe)

Saio em desespero
Parto em tua procura
Em uma jornada sem fim
Amada minha
Não te encontrei
***
 Deixo um bilhete
Na sidérea alcova tua
‘’ No cair da noite eterna
Quero-te por inteiro
Use aquela lingerie vermelha
E não se esqueça de por na boca o carmim’’
***
Ao cair da nevoenta noite
Da lua em sangue
Nossos corpos incorpóreos
 Mais uma vez
Urram
Gemem
Ciciam
Choram e dançam freneticamente
***
Ao cair da noite encantada
Seduzo-te dona mística
Possuo-te por fim

MADONA DE PEDRA (EM UM SONHO PERPÉTUO)


 Por Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)

(Para Vanessa Martins DA Maia)

Não! Não partas
Antes da minha triunfal chegada
Antes do alvorecer da minha vida
Madona minha
Deusa mística
Que reina soberana 
No sacrossanto Eden crepuscular
Morada dos deuses imortais
***
Não, não penses nunca
 Em me abandonar
Não me deixe só
Neste quasímodo universo
Mais que imperfeito
Que construí somente para mim
O meu vergel liquefeito
Paraíso sintético
 Pós-moderno e mecanizado 
***
Fique estática
Madona de pedra
Na espera eviterna
***
E no cair da noite
Unimo-nos por fim
E provamos juntos o absinto
Embriagamos-nos
Sagramos juntos
O clarão negro do saturno luar

NOSOTROS, AMERICANOS

Por Urda Alice Klueger (Blumenau, SC)

Estivera vinte dias em África, onde tudo fora ótimo, onde só recebera gentilezas, onde todas as pessoas tinham sido simpáticas, inclusive os lindos negros da África do Sul, que têm todos os motivos para não gostar de branco, mas que me sorriam com doçura e calor, ao me saberem brasileira, da terra de Pelé. Nesses vinte dias, falara português o tempo todo, com a minha família que vive lá, com seus amigos portugueses e brasileiros, e com o doce povo moçambicano, e tudo correra tão bem, que eu não sabia que estava sentindo falta da América, desta nossa forte América na qual a gente presta pouca atenção no dia-a-dia.
Dai, chegou o dia de voltar. Eu viajara com a Malásia Airlines, e vale aqui falar um pouquinho dela: por 580 dólares, essa empresa leva e traz a gente de Buenos Aires a Joanesburgo, enquanto que o preço da Varig, de São Paulo a Joanesburgo, é de 1.300 dólares. Estupenda empresa, a melhor em que já viajei, com superaviões e excelente atendimento a bordo, duas vezes por semana ela parte de Buenos Aires em direção ao Oriente. Seus preços e sua qualidade são tão bons, que os argentinos estão indo, em penca, passar as férias na Malásia, lotando cada vôo de 450 lugares. Ao nos pegar em Joanesburgo, para a volta, o avião já estava viajando há 12 horas, desde a Malásia, e duas horas e meia depois, fez demorada escala no aeroporto da Cidade do Cabo para abastecimento e higiene da aeronave. Saltamos todos, naquele último ponto da África que pisaríamos.
O aeroporto da Cidade do Cabo é relativamente grande, e o pessoal se dispersou por ele. Mas dali a pouquinho as coisas começaram a acontecer. Um grupo de argentinos, sentados na parte central do aeroporto, desencantou um violão e começou a cantar. Dois deles, um senhor e um moço, tinham possante voz, apropriada às nossas músicas latinas, e a música da América começou a rolar em plena África, acompanhada pelo coro de mais umas duas dezenas de outros argentinos.
Gente, eu não sabia, até então, o quanto a América tinha me feito falta! Na doçura do convívio das gentes de língua portuguesa em África, sentira-me tão bem que não parara para pensar no assunto. Ao ouvir, porém, as nossas canções latinas, meu coração se derreteu de amor por esta nossa esplêndida América, e então eu soube o quanto sentia saudades dela, o quanto sentia a sua falta!
Nossos irmãos argentinos continuaram tocando por mais de uma hora, até o vôo sair de novo, e foram o sucesso do aeroporto. Árabes com seus olhos de águia, indianos com seus turbantes, europeus de passagem, negros e brancos sul-africanos, todos paravam ao redor de nossos irmãos americanos, atraídos pela sonoridade daquela música que nos fala tão de perto ao coração, decerto intrigados com aquela estranha língua que subia aos céus africanos, e com aquela gente de uma cor que eles não sabiam definir, aquela gente que tinha, cada um, sua parcela de sangue do antigo povo americano, do nosso índio que marcou aquelas caras com jeito de espanholas, mas que, apesar do jeito de Espanha, tem uma cor nova, uma cor mate que eu chamaria de cor americana.
Naquele país onde brancos e negros não conseguem se entender, a presença de uma gente de uma nova cor, de uma coisa nova no seu mundo, cantando lindas e dolentes músicas numa língua estranha, decerto causava profundas indagações. A estranheza, porém, não impedia a admiração, e depois das primeiras músicas, aquelas gentes não-americanas, todas, começaram a aplaudir a cada final de música, e um calor humano muito latino se espalhou pelo aeroporto daquele país extremamente racista. O som profundo, dolente e alegre ao mesmo tempo, que tinha suas raízes nas florestas da América, conseguia reunir todas aquelas etnias ali presentes numa união inesperada. E então eu soube da nossa força, da nossa força de americanos, da força deste continente grávido de sonhos, onde tudo está para acontecer, onde se vive voltado para o futuro, da força desta América que é capaz de reunir toda a gente em torno de um símbolo como a sua música.
E, mais que nunca, lá longe, lá distante, amei esta nossa América tão cheia de vida! Nunca poderei esquecer daqueles hermanos argentinos que, lá longe, lá do outro lado do mar, me devolveram a minha América da qual eu nem sabia que estava sentindo tanta falta!


EUROPA BRASILEIRA 4 - ASCO

Por Urda Alice Klueger (Blumenau, SC)

Estou aqui a lembrar do que me contou o João. Claro que o nome dele não é João, pois não sou tansa o suficiente para botar o nome verdadeiro dele e fazer com que ele incorra no desagrado dos poderosos que poderão se armar com represálias e acabar com o pobre trabalhador blumenauense, oficial pedreiro, que ganha a vida com dignidade construindo as casas e os edifícios para a burguesia. João é jovem, é casado, tem três filhinhos – com seu suado salário comprou um terreninho numa encosta e construiu uma bela casinha também para si, fez varanda, garagem, a mulher dele botou cortinas nas janelas, plantou roseiras na frente – a vida ia que era uma beleza, João pensando em arranjar um cachorrinho para brincar com as crianças, quando veio o Desastre, a Desgraça – e numa tarde de chuva, em novembro de 2008, a casinha e o terreno dele escorregaram morro baixo, e mal e mal ele conseguiu salvar a família. Faz algo como 105 dias que tal ocorreu, e João teve a grande sorte de não ter que ir com a família para um dos muitos abrigos da cidade, onde ocorreram coisas que nem se acredita – um cunhado dividiu com ele a casinha onde morava, e lá também havia duas crianças.
                                   Tá, há 105 dias atrás esta minha cidade estava em tal caos que só estando aqui para acreditar, e faltou comida na casinha onde João se abrigara. Tal não seria problema, claro, as estradas de acesso à cidade mal davam conta de deixar passar os caminhões e caminhões de donativos que chegavam de todo o país e do exterior, tanta comida que agora, passados os tantos 105 dias, o responsável pelo assunto na cidade andou informando que ainda há 200 TONELADAS de donativos estocados. E João foi em busca de comida para a sua gente.
                                   - Amiga – ele me disse – perdi a conta de quantos cadastros tive que fazer aqui e ali para ganhar algo para trazer para as crianças. Se eu conseguisse um quilozinho de arroz que fosse já ficaria feliz – não havia mais nada para as crianças comerem.     
                                   Pois vocês acham que João ganhou um quilozinho de arroz? Ganhou nada! E tinha gente ganhando carros tão cheios de comida que as rodas ficavam meio arriadas de tanto peso! Quem será que levou tanta comida para onde?
                                   Sei que João e sua gente nada ganharam, tiveram que se virar com a fome, vendo gente com carros de rodas arriadas de tão lotados passarem defronte da casinha onde estavam abrigados. João é preto, sua família também. Será que isto tem algo a ver? Talvez tenha, talvez não, pois também ouvi diversas pessoas brancas me contando histórias muito parecidas.
                                   Daí fico lembrando de outras histórias ouvidas nestes últimos 105 dias, como o daquele homem que estava num abrigo, e ajudou a descarregar de um caminhão caixas e caixas e mais caixas de sobrecoxa de galinha desossada, pitéu caro e raro, e ficou com água na boca, esperando para comer ao menos umazinha, quando ela fosse servida, só que naquele abrigo nunca se comeu sobrecoxa de galinha desossada. Para onde foram aquelas caixas todas? Para um supermercado, ou talvez para os amplos congeladores de burgueses que fedem?
                                   E lembro mais: da minha amiga Janete (claro que também não sou tansa o suficiente para dar o nome verdadeiro da Janete!), que é da APP de uma escola, e que faz poucas semanas estava na escola e veio uma mãe buscar uma lata de leite para seu bebê. Ela atendeu à mãe, deu o leite para o qual aquela criança estava cadastrada, e juntou ao leite algumas caixinhas de água de coco. Nunca estive naquele abrigo e não sei quem o dirige, mas foi o tal diretor (ou diretora) quem partiu para cima da Janete: não era para dar a água de coco. Janete já teve suas crianças, sabe que elas precisam de suplementos além do leite, e rebateu a proibição – por que não podia dar, se era coisa de doação? Levou uma bronca – não era para dar e pronto. Fico pensando em qual supermercado deve estar sendo vendida aquela água de coco proibida, ou em qual geladeira de qual burguês ela está...
                                   São pequenas amostras do que acontece por aqui por esta cidade de Blumenau. Se fosse contar cada história que acabo sabendo, mil folhas talvez não fossem suficientes.
                                   E agora estão jogando comida fora, comida cuja validade venceu! Quantas toneladas estão jogando? Não sei, mas desta vez não tenho como passar por mentirosa, pois antes de mim a imprensa radiofônica e televisiva noticiou, com as devidas imagens e tudo – disseram-me também que saiu em jornais de papel, mas eu, pessoalmente, não botei os olhos neles, e então não faço afirmações a respeito. Mas o quilo de arroz que foi negado às crianças de João está lá no lixão da cidade, e tantas outras coisas, tantas outras! Quando a imprensa começou a noticiar, as autoridades disseram que era coisinha de nada, comidas que já tinham chegado vencidas há 105 dias atrás. Uma ova que era! Era a comida que foi negada a tantos Joões e tantas crianças, brancas e pretas, decerto para se ver quem podia levar maior vantagem com o que sobrasse.
                                   Sei que você doou, e você também, e você outro decerto também – e não me esqueço daquele homem de Salvador que apareceu na televisão, ganhador de salário mínimo, mas que também conseguiu doar um pouquinho...
                                   Sinto asco de certa parte da humanidade que é capaz de deixar criancinhas sem um quilo de arroz ou uma água de coco, para jogar comida no lixo depois. Ai, que asco que sinto!