Por Pedro Du Bois (Itapema, SC)
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
segunda-feira, 27 de junho de 2011
segunda-feira, 20 de junho de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
CHALEIRA PRETA
Por Antonio Francisco de Paula (Brasília, DF)
Ao te ver chaleira preta
Carcomida , encascurrada
Esquecida ,abandonada
Junto aos trastes no galpão
Num instante brota a lembrança
Da minha feliz infância
No meu querido rincão
Em pensamento te avisto
Enganchada na corrente
Pendurada junto a trempe
Chiando sobre o tição
Sempre cheia de água quente
Servindo nossa gente
Na roda de chimarrão
Entreverada no borralho
Com caldeirão e panela
Entre espetos de costela
Batata doce e pinhão
Lambuzada de graxa
impregnada de fumaça
envernizada de carvão
No seu formato bojudo
De bico longo envergado
Cabo firme remanchado
Para aguentar o repuxo
A quentura dos braseiros
Nos fogões galponeiros
Dos ranchos simples sem luxo
Rude utensílio campeiro
De ferro bruto fundido
Forjado no tempo antigo
Nos idos da escravidão
Que trás entranhada na estampa
A hospitalidade do pampa
Do povo do meu rincão
Quantas vezes viajastes
Enfurnada em bruacas
Ouvindo tropel de patas
Duetando com as tralhas
Sacolejando nos cargueiros
Entre aboios de tropeiros
E rangidos de cangalhas
Nos pousos das comitivas
Nos ranchos abandonados
Nos fogões improvisados
Com pedaços de cupim
Sovando chapas e grelhas
Chamuscada de centelhas
De brasas de guamirim
Te recordo chaleira preta
Bordada de picumã
No aconchego das manhãs
Nas mãos do cozinheiro
Preparando com carinho
Um café forte quentinho
No velho estilo campeiro
Regando a cuia morena
De topete levantado
De mate amargo cevado
Num ato de comunhão
Nos dias frios de geada
Na tertúlia com a peonada
Ao pé do fogo de chão
Lendária chaleira preta
Relíquia de estimação
Rainha da tradição
Que o tempo não deu fim
Herança dos ancestrais
Dos avôs de meus pais
Que guardo dentro de mim
Ao te ver chaleira preta
Carcomida , encascurrada
Esquecida ,abandonada
Junto aos trastes no galpão
Num instante brota a lembrança
Da minha feliz infância
No meu querido rincão
Em pensamento te avisto
Enganchada na corrente
Pendurada junto a trempe
Chiando sobre o tição
Sempre cheia de água quente
Servindo nossa gente
Na roda de chimarrão
Entreverada no borralho
Com caldeirão e panela
Entre espetos de costela
Batata doce e pinhão
Lambuzada de graxa
impregnada de fumaça
envernizada de carvão
No seu formato bojudo
De bico longo envergado
Cabo firme remanchado
Para aguentar o repuxo
A quentura dos braseiros
Nos fogões galponeiros
Dos ranchos simples sem luxo
Rude utensílio campeiro
De ferro bruto fundido
Forjado no tempo antigo
Nos idos da escravidão
Que trás entranhada na estampa
A hospitalidade do pampa
Do povo do meu rincão
Quantas vezes viajastes
Enfurnada em bruacas
Ouvindo tropel de patas
Duetando com as tralhas
Sacolejando nos cargueiros
Entre aboios de tropeiros
E rangidos de cangalhas
Nos pousos das comitivas
Nos ranchos abandonados
Nos fogões improvisados
Com pedaços de cupim
Sovando chapas e grelhas
Chamuscada de centelhas
De brasas de guamirim
Te recordo chaleira preta
Bordada de picumã
No aconchego das manhãs
Nas mãos do cozinheiro
Preparando com carinho
Um café forte quentinho
No velho estilo campeiro
Regando a cuia morena
De topete levantado
De mate amargo cevado
Num ato de comunhão
Nos dias frios de geada
Na tertúlia com a peonada
Ao pé do fogo de chão
Lendária chaleira preta
Relíquia de estimação
Rainha da tradição
Que o tempo não deu fim
Herança dos ancestrais
Dos avôs de meus pais
Que guardo dentro de mim
O JOVEM TRADICIONALISTA
Por Antonio Francisco de Paula (Brasília, DF)
O jovem tradicionalista de agora
É o espelho que reflete
Os estudantes de quarenta e sete
Paixão Cortes e companhia
Que tiveram a idéia um dia
Lá no pátio do Julinho
De trilhar o mesmo caminho
E beber água na cacimba
Do major João Cezimbra
Patrono do tradicionalismo
Na data comemorativa
Da semana farroupilha
Montaram piquete, acenderam a pira
Com a chama do fogo sagrado
Que se alastrou por todo o estado
Reaquecendo os corações
Despertando emoções
No seio de nossa gente
Fazendo germinar a semente
Do amor as tradições
Desde a bendita façanha
O tradicionalismo se enraizou
Se fortaleceu, se organizou
E saiu cravando bandeira
Por toda a pátria brasileira
E nos rincões estrangeiros
Mostrando pro mundo inteiro
O nosso patriotismo
O amor ao tradicionalismo
Do gaúcho brasileiro
Caberá sempre aos jovens
A grande responsabilidade
De manter com lealdade
E espírito de civismo
O nosso tradicionalismo
De rédea firme nas mãos
Conservando o mesmo padrão
Que sempre foi cultuado
Por nossos antepassados
Com amor no coração
Ajoujar o passado ao presente
E cavalgar no futuro
Defender com muito orgulho
Com civilidade e nobreza
A nossa maior riqueza
O legado dos ancestrais
Dos avôs de nossos pais
A legítima tradição
Que de geração em geração
Vai cumprindo seus ideais
Conservar os bons costumes
A educação e o respeito
O amor dentro do peito
No fundo do coração
O apego a tradição
A pureza e a simplicidade
A nata hospitalidade
Da gente do meu rincão
O carinho pelo chão
E a eterna liberdade
Juventude tradicionalista
Comungue na mesma cartilha
Dos valentes coronilhas
Que lutaram com afinco
Na criação do trinta e cinco
O CTG da capital
Que foi o marco inicial
Do nosso tradicionalismo
Que com bravura e heroísmo
Se tornou imortal
Gurizada do meu pago
Não deixe cair o estandarte
O folclore e a nossa arte
Os costumes a nós legados
Que continue enraizado
Por todo o nosso país
Fazendo a gente feliz
Pela fé e a união
Por que um povo sem tradição
É uma árvore sem raiz
O jovem tradicionalista de agora
É o espelho que reflete
Os estudantes de quarenta e sete
Paixão Cortes e companhia
Que tiveram a idéia um dia
Lá no pátio do Julinho
De trilhar o mesmo caminho
E beber água na cacimba
Do major João Cezimbra
Patrono do tradicionalismo
Na data comemorativa
Da semana farroupilha
Montaram piquete, acenderam a pira
Com a chama do fogo sagrado
Que se alastrou por todo o estado
Reaquecendo os corações
Despertando emoções
No seio de nossa gente
Fazendo germinar a semente
Do amor as tradições
Desde a bendita façanha
O tradicionalismo se enraizou
Se fortaleceu, se organizou
E saiu cravando bandeira
Por toda a pátria brasileira
E nos rincões estrangeiros
Mostrando pro mundo inteiro
O nosso patriotismo
O amor ao tradicionalismo
Do gaúcho brasileiro
Caberá sempre aos jovens
A grande responsabilidade
De manter com lealdade
E espírito de civismo
O nosso tradicionalismo
De rédea firme nas mãos
Conservando o mesmo padrão
Que sempre foi cultuado
Por nossos antepassados
Com amor no coração
Ajoujar o passado ao presente
E cavalgar no futuro
Defender com muito orgulho
Com civilidade e nobreza
A nossa maior riqueza
O legado dos ancestrais
Dos avôs de nossos pais
A legítima tradição
Que de geração em geração
Vai cumprindo seus ideais
Conservar os bons costumes
A educação e o respeito
O amor dentro do peito
No fundo do coração
O apego a tradição
A pureza e a simplicidade
A nata hospitalidade
Da gente do meu rincão
O carinho pelo chão
E a eterna liberdade
Juventude tradicionalista
Comungue na mesma cartilha
Dos valentes coronilhas
Que lutaram com afinco
Na criação do trinta e cinco
O CTG da capital
Que foi o marco inicial
Do nosso tradicionalismo
Que com bravura e heroísmo
Se tornou imortal
Gurizada do meu pago
Não deixe cair o estandarte
O folclore e a nossa arte
Os costumes a nós legados
Que continue enraizado
Por todo o nosso país
Fazendo a gente feliz
Pela fé e a união
Por que um povo sem tradição
É uma árvore sem raiz
TAPERA
Por Antonio Francisco de Paula (Brasília, DF)
Quem passar naquela estrada
Empoeirada de chão batido,
Barranco todo florido
Com a ramagem de São João,
Vai avistar lá na baixada
Uma tapera abandonada
Na beirada de um capão.
À direita de quem chega,
Entre as sombras das palmeiras,
A porteira de tronqueira
Ao relento escancarada,
Onde não se ouve mais
Tropel de cascos de baguais
Nem mugido de boiada.
Nem o grito da peonada,
Nem rangido de carreta,
Nem tilintar de rosetas
Das esporas da bugrada,
Nem badalo de cincerro,
Nem os berros dos bezerros
No silêncio das madrugadas.
Nem latido de cachorros,
Nem aboio de tropeiros,
Nem relinchos no potreiro
Da tropilha abagualada,
Nem estalo de açoiteira,
Nem estampido de cartucheira
Nas encostas da invernada.
Bem na frente do terreiro
Com o tabuado carunchado
A mangueira grande sem gado
Ainda resiste os janeiros,
Ao lado de uma cocheira
Rodeada de costaneira
Onde dormiam os terneiros.
Entre o valo e a paineira
Os coqueiros e o alambrado,
O chiqueiro esburacado
Divisando com o galpão,
Meio torto e destelhado
Com os esteios oitavados
Escorando o travessão.
Entre meio o arvoredo,
Lá no fundo do quintal,
O engenho velho de pau
Com as moendas desdentadas,
A fornalha de tijolo
E as peças do monjolo
Enterradas na palhada.
E debaixo da figueira,
Junto aos trastes amontoados,
A carroça sem rodado
Com o eixo corroído,
Amarrados entre os fueiros
A cangalha e o cargueiro
E um corote ressequido.
Lá no canto da cozinha,
Assim meio atravessado,
O fogão de lenha barreado
Chamuscado de tição,
Com a chapa enferrujada
Sobre a taipa desbeiçada
Envernizada de carvão.
Entulhados na despensa,
Entre os vãos da prateleira,
A cambona preta e a chaleira
E os avios do chimarrão,
E na mesa debruçado
O tacho de fazer melado,
A gamela e o pilão.
A varanda e a sala
Com o assoalho desgastado,
O candeeiro enfumaçado
Em riba da cantoneira,
E, no quarto, estendido
Um couro de boi curtido
Sobre um catre de madeira.
Patrício, como é triste
Olhar para aquela tapera
Com as paredes amarelas
Carcomidas de cupim,
Janelas e portas fechadas
Com a soleira e a calçada
Encobertas de capim.
Num adeus de despedida
Vou repontando lembranças
Da minha querida infância,
A morada onde nasci,
Chego até ouvir o lamento,
Resmungo do próprio vento,
Que eu nunca esqueça de ti.
Quem passar naquela estrada
Empoeirada de chão batido,
Barranco todo florido
Com a ramagem de São João,
Vai avistar lá na baixada
Uma tapera abandonada
Na beirada de um capão.
À direita de quem chega,
Entre as sombras das palmeiras,
A porteira de tronqueira
Ao relento escancarada,
Onde não se ouve mais
Tropel de cascos de baguais
Nem mugido de boiada.
Nem o grito da peonada,
Nem rangido de carreta,
Nem tilintar de rosetas
Das esporas da bugrada,
Nem badalo de cincerro,
Nem os berros dos bezerros
No silêncio das madrugadas.
Nem latido de cachorros,
Nem aboio de tropeiros,
Nem relinchos no potreiro
Da tropilha abagualada,
Nem estalo de açoiteira,
Nem estampido de cartucheira
Nas encostas da invernada.
Bem na frente do terreiro
Com o tabuado carunchado
A mangueira grande sem gado
Ainda resiste os janeiros,
Ao lado de uma cocheira
Rodeada de costaneira
Onde dormiam os terneiros.
Entre o valo e a paineira
Os coqueiros e o alambrado,
O chiqueiro esburacado
Divisando com o galpão,
Meio torto e destelhado
Com os esteios oitavados
Escorando o travessão.
Entre meio o arvoredo,
Lá no fundo do quintal,
O engenho velho de pau
Com as moendas desdentadas,
A fornalha de tijolo
E as peças do monjolo
Enterradas na palhada.
E debaixo da figueira,
Junto aos trastes amontoados,
A carroça sem rodado
Com o eixo corroído,
Amarrados entre os fueiros
A cangalha e o cargueiro
E um corote ressequido.
Lá no canto da cozinha,
Assim meio atravessado,
O fogão de lenha barreado
Chamuscado de tição,
Com a chapa enferrujada
Sobre a taipa desbeiçada
Envernizada de carvão.
Entulhados na despensa,
Entre os vãos da prateleira,
A cambona preta e a chaleira
E os avios do chimarrão,
E na mesa debruçado
O tacho de fazer melado,
A gamela e o pilão.
A varanda e a sala
Com o assoalho desgastado,
O candeeiro enfumaçado
Em riba da cantoneira,
E, no quarto, estendido
Um couro de boi curtido
Sobre um catre de madeira.
Patrício, como é triste
Olhar para aquela tapera
Com as paredes amarelas
Carcomidas de cupim,
Janelas e portas fechadas
Com a soleira e a calçada
Encobertas de capim.
Num adeus de despedida
Vou repontando lembranças
Da minha querida infância,
A morada onde nasci,
Chego até ouvir o lamento,
Resmungo do próprio vento,
Que eu nunca esqueça de ti.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
domingo, 5 de junho de 2011
ESCRITORES: PERIGOSOS E MALDITOS
Por Paccelli José Maracci Zähler
Para Marshall Mcluhan, teórico canadense da literatura e da comunicação (1911-1980), a arte, assim como o radar, atua como se fosse um verdadeiro sistema de alarme premonitório, capacitando-nos a descobrir e a enfrentar objetivos sociais e psíquicos com grande antecedência.
A arte literária enquadra-se perfeitamente neste conceito de Mcluhan, pois escrever é uma forma de provocar sentimentos, de criar, de descrever o mundo, de fazer as pessoas pensarem sobre o que está expresso através da palavra escrita.
Dessa maneira, a escrita passa a ser um fenômeno artístico e o texto uma obra de arte. Entre os dois, está a figura do escritor.
O escritor pode ser entendido como o artista que cria e se expressa através da palavra escrita.
Segundo Ezra Pound, poeta e crítico literário norte-americano (1885-1972), os bons escritores são aqueles que mantêm a linguagem eficiente, precisa e clara. No seu entender, os escritores podiam ser classificados em :
1. Inventores: aqueles que descobriram um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo;
2. Mestres: aqueles que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor que os inventores;
3. Diluidores: são os que vieram depois das duas primeiras espécies de escritor e não foram capazes de realizar tão bem o trabalho;
4. Bons escritores sem qualidades salientes: são os que nasceram em uma época em que a literatura de seu país está em boa ordem e seguem o bom estilo do período;
5. Beletristas: são os que não inventaram nada, mas que se especializaram em uma parte particular da arte de escrever; e
6. Lançadores de moda: aqueles cuja obra se mantém por algum tempo (décadas ou séculos) sendo, posteriormente, deixadas de lado.
Seja qual for a classificação, os escritores influenciam a sociedade por
serem formadores de opinião. Isso os torna vulneráveis à ação de governos ditatoriais, grupos conservadores, xenófobos, terroristas e religiosos fundamentalistas.
O caso mais conhecido provavelmente seja o de Salman Rushdie, escritor inglês de origem indiana, cujo livro “Versos Satânicos” foi considerado ofensivo ao Islamismo, resultando em sua condenação à morte, em 1989, pelos líderes religiosos do Irã.
Há também outros casos, como o do albanês Bashkim Shehu, que redigiu um manifesto com outros intelectuais denunciando fraudes nas eleições parlamentares de seu país em maio de 1996 e, como conseqüência, foi obrigado a emigrar para a Espanha; o do poeta vietnamita Nguyen Chi Thien, condenado à prisão por escrever poemas que denunciavam a miséria do povo; o do escritor Wole Soyinka, ganhador do Prêmio Nobel de 1986, acusado de traição em 1997 por criticar a ditadura militar da Nigéria; sem falar no poeta cubano Ricardo Alberto Perez que, desde 1995, quando publicou uma carta aberta contra a censura em Havana, foi impedido de publicar, participar de eventos ou trabalhar em qualquer entidade.
Tais fatos corroboram a afirmação feita por Ezra Pound (1990) de que "os partidários de idéias particulares podem dar mais valor a escritores que concordem com eles do que a escritores que não concordem; podem dar - e usualmente dão - mais valor a maus escritores do seu partido ou religião do que aos bons escritores de outro partido ou igreja".
O escritor não deve submeter-se, nem ser subserviente à ideologia dos opressores ou de quem quer que seja. Ele deve ser livre para se expressar através da sua arte, a qual é um instrumento para promover a reflexão da sociedade e permitir que ela encontre seu próprio caminho.
Como dizia Ezra Pound, "se a literatura de uma nação entra em declínio, a nação se atrofia e decai".
Bibliografia
1. Mcluhan, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem.
São Paulo: Cultrix, 1969.
2. Pound, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1990.
3. Graieb, C. Fugindo do perigo. Revista VEJA, 32:136-137.1998.
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
Para Marshall Mcluhan, teórico canadense da literatura e da comunicação (1911-1980), a arte, assim como o radar, atua como se fosse um verdadeiro sistema de alarme premonitório, capacitando-nos a descobrir e a enfrentar objetivos sociais e psíquicos com grande antecedência.
A arte literária enquadra-se perfeitamente neste conceito de Mcluhan, pois escrever é uma forma de provocar sentimentos, de criar, de descrever o mundo, de fazer as pessoas pensarem sobre o que está expresso através da palavra escrita.
Dessa maneira, a escrita passa a ser um fenômeno artístico e o texto uma obra de arte. Entre os dois, está a figura do escritor.
O escritor pode ser entendido como o artista que cria e se expressa através da palavra escrita.
Segundo Ezra Pound, poeta e crítico literário norte-americano (1885-1972), os bons escritores são aqueles que mantêm a linguagem eficiente, precisa e clara. No seu entender, os escritores podiam ser classificados em :
1. Inventores: aqueles que descobriram um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo;
2. Mestres: aqueles que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor que os inventores;
3. Diluidores: são os que vieram depois das duas primeiras espécies de escritor e não foram capazes de realizar tão bem o trabalho;
4. Bons escritores sem qualidades salientes: são os que nasceram em uma época em que a literatura de seu país está em boa ordem e seguem o bom estilo do período;
5. Beletristas: são os que não inventaram nada, mas que se especializaram em uma parte particular da arte de escrever; e
6. Lançadores de moda: aqueles cuja obra se mantém por algum tempo (décadas ou séculos) sendo, posteriormente, deixadas de lado.
Seja qual for a classificação, os escritores influenciam a sociedade por
serem formadores de opinião. Isso os torna vulneráveis à ação de governos ditatoriais, grupos conservadores, xenófobos, terroristas e religiosos fundamentalistas.
O caso mais conhecido provavelmente seja o de Salman Rushdie, escritor inglês de origem indiana, cujo livro “Versos Satânicos” foi considerado ofensivo ao Islamismo, resultando em sua condenação à morte, em 1989, pelos líderes religiosos do Irã.
Há também outros casos, como o do albanês Bashkim Shehu, que redigiu um manifesto com outros intelectuais denunciando fraudes nas eleições parlamentares de seu país em maio de 1996 e, como conseqüência, foi obrigado a emigrar para a Espanha; o do poeta vietnamita Nguyen Chi Thien, condenado à prisão por escrever poemas que denunciavam a miséria do povo; o do escritor Wole Soyinka, ganhador do Prêmio Nobel de 1986, acusado de traição em 1997 por criticar a ditadura militar da Nigéria; sem falar no poeta cubano Ricardo Alberto Perez que, desde 1995, quando publicou uma carta aberta contra a censura em Havana, foi impedido de publicar, participar de eventos ou trabalhar em qualquer entidade.
Tais fatos corroboram a afirmação feita por Ezra Pound (1990) de que "os partidários de idéias particulares podem dar mais valor a escritores que concordem com eles do que a escritores que não concordem; podem dar - e usualmente dão - mais valor a maus escritores do seu partido ou religião do que aos bons escritores de outro partido ou igreja".
O escritor não deve submeter-se, nem ser subserviente à ideologia dos opressores ou de quem quer que seja. Ele deve ser livre para se expressar através da sua arte, a qual é um instrumento para promover a reflexão da sociedade e permitir que ela encontre seu próprio caminho.
Como dizia Ezra Pound, "se a literatura de uma nação entra em declínio, a nação se atrofia e decai".
Bibliografia
1. Mcluhan, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem.
São Paulo: Cultrix, 1969.
2. Pound, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1990.
3. Graieb, C. Fugindo do perigo. Revista VEJA, 32:136-137.1998.
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
CORDEL DA FOME
7) CORDEL DA FOME
Por Gustavo Dourado
(à medida do homem)
Em Memória de Josué de Castro, Betinho, Jorge Amado, Raul Seixas e
João Cabral de Melo Neto...
Aos Mártires do Brasil e do Mundo...
Aos que lutam por um mundo melhor...
Geografia da fome
É um livro universal...
Disseca a realidade
Da terra do carnaval...
Da sub-desnutrição
Via multinacional...
Josué lembra os Sertões
O Quinze, a Bagaceira
Vidas Secas-Lampião,
Patativa, Zé limeira...
Repente-Cordel-Cangaço
Xaxado... Mulher–Rendeira
Josué mártir–guerreiro,
A fome nos violenta,
Tortura a população
Desnutre desorienta.
Fome de Educação...
É oito ou é oitenta...
Mestre da geografia
Médico e pensador
Diplomata e filósofo
Cientista-escritor
Homem público-honesto
Inteligente-criador...
Foste profeta da fome,
Perseguido-exilado
Embaixador em Genebra,
Na ONU foi destacado...
Por sua capacidade,
Ao Nobel foi indicado...
Pobres homens-caranguejos,
Comendo lixo e lama...
Seres sem-terra, sem-teto,
Vítimas da grande trama
Tornam-se anões-gabirus
Sem escola e sem cama...
Humanidade faminta,
De amor, prazer e pão
Falta escola, falta paz...
Só não falta exploração
Falta o feijão com arroz,
Na novela da opressão...
Fome global no mundo
No Brasil: calamidade...
Desemprego-desgoverno
Subnutrem a verdade.
A fome devora a vida,
No campo e na cidade...
Fome histórico-geográfica,
Neste Brasil continente.
Devora o trabalhador,
Com salário deprimente.
Carcome a vitalidade
E a luz de nossa gente...
A corrupção impera
No coração do Brasil
Alibabás e lalaus
multiplicam-se por mil
Entregam o patrimônio
Ao estrangeiro hostil
Guaribas e Cearás
Vitimados pela fome
O terror massacra o povo
Analfabeto sem nome...
Gringos comem caviar
Lá em Londres e Maiame...
A fome assola a terra...
O Brasil de sul a norte
Saara... Afeganistão...
La fome é irmã da morte
Xangô Cristo Alá Tupã
Como fica nossa sorte?
O que será do Brasil?!
Tanta renda concentrada!
A fome matando a plebe...
Amazônia devastada...
O que será do planalto?
Terá luz na alvorada?
Até quando o descaso?
A grande massa espoliada
Trabalhadores com fome,
Sem salário, na estrada...
Sem-terra, sem esperança,
se alimentando do nada?!
A fome é um dilema
Neste país continente
Falta lastro e competência,
Pra elite dirigente,
Que mata o povo de fome:
Raiva dengue dor de dente...
Severinos retirantes,
Favelados na miséria,
Governantes! Olho vivo...
A situação é séria...
O povo já virou gado.
Nessa vida deletéria.
O povo vive inchado
por falta de nutriente...
O povo está calado,
Porém, não está contente,
Quer mudar o paradigma,
Da gestão incompetente.
Valei-nos Santa Quitéria,
São Cristóvão, São Joaquim,
São Lutero, São Calvino,
Na inquisição do fim...
Varrei a fome do mundo...
São Miguel, São Serafim.
Valei-nos Nossa Senhora,
Nosso Senhor do Bonfim
Minha mãe Aparecida...
O que é que será de mim?!
Com o salário congelado,
será que será o fim?!!
Valei-me meu Padim Ciço
São Pedro e São João
A fome devora o povo
Com tanta corrupção...
Impera dor no palácio:
Acuda... Frei Damião...
Lá na Vila Estrutural,
Sombria desnutrição,
Nos recantos-samambaias,
Nas favelas da ilusão...
Valei-me Santa Maria
E meu São Sebastião
Está na hora de mudar
Repartir melhor a renda,
Com aluno bem nutrido
Qualidade na merenda
Espero chegar ao dia
Que a fome seja lenda...
O latifúndio esfomeia
Traz o êxodo rural
Faveliza o cidadão
Dilacera o social
Reforma agrária urgente...
Grita a plebe marginal
Na luta, na resistência,
Zumbis e Conselheiros
Quilombos e contestados,
Nos Canudos brasileiros
Escreveram a História
Patriotas verdadeiros...
Exportam o alimento
Pra Europa-pro Japão,
O povo fica faminto
Comendo luz-ilusão
Maqueiam fome-novela
Mascaram na televisão...
Revolucionar o estado
E a nação transformar
Conquistar soberania
E a fome exterminar...
Fazer o povo feliz
“Cante lá, que eu canto cá” ...
Ao jovem Mestre Rodrigo
Nosso vate comandante
Aos colegas de Escola...
lutadores, sempre avante
Gente que combate a fome,
Faz Josué triunfante...
Vida na linha de frente,
Luminosa, radiante...
Amor, uma obra-prima,
Universal transmutante
A Arte nos alimenta,
Com a leitura de Dante...
A todos, nossa amizade...
E nossa admiração...
É preciso consciência
Em uma Nova Gestão...
Desejo paz e sucesso
Mundo em Revôolução...
(Apresentado como Trabalho no Curso de Pós-Graduação Em Gestão Pública 2001/2002 ONU/ESCOLA DE GOVERNO)
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
Por Gustavo Dourado
(à medida do homem)
Em Memória de Josué de Castro, Betinho, Jorge Amado, Raul Seixas e
João Cabral de Melo Neto...
Aos Mártires do Brasil e do Mundo...
Aos que lutam por um mundo melhor...
Geografia da fome
É um livro universal...
Disseca a realidade
Da terra do carnaval...
Da sub-desnutrição
Via multinacional...
Josué lembra os Sertões
O Quinze, a Bagaceira
Vidas Secas-Lampião,
Patativa, Zé limeira...
Repente-Cordel-Cangaço
Xaxado... Mulher–Rendeira
Josué mártir–guerreiro,
A fome nos violenta,
Tortura a população
Desnutre desorienta.
Fome de Educação...
É oito ou é oitenta...
Mestre da geografia
Médico e pensador
Diplomata e filósofo
Cientista-escritor
Homem público-honesto
Inteligente-criador...
Foste profeta da fome,
Perseguido-exilado
Embaixador em Genebra,
Na ONU foi destacado...
Por sua capacidade,
Ao Nobel foi indicado...
Pobres homens-caranguejos,
Comendo lixo e lama...
Seres sem-terra, sem-teto,
Vítimas da grande trama
Tornam-se anões-gabirus
Sem escola e sem cama...
Humanidade faminta,
De amor, prazer e pão
Falta escola, falta paz...
Só não falta exploração
Falta o feijão com arroz,
Na novela da opressão...
Fome global no mundo
No Brasil: calamidade...
Desemprego-desgoverno
Subnutrem a verdade.
A fome devora a vida,
No campo e na cidade...
Fome histórico-geográfica,
Neste Brasil continente.
Devora o trabalhador,
Com salário deprimente.
Carcome a vitalidade
E a luz de nossa gente...
A corrupção impera
No coração do Brasil
Alibabás e lalaus
multiplicam-se por mil
Entregam o patrimônio
Ao estrangeiro hostil
Guaribas e Cearás
Vitimados pela fome
O terror massacra o povo
Analfabeto sem nome...
Gringos comem caviar
Lá em Londres e Maiame...
A fome assola a terra...
O Brasil de sul a norte
Saara... Afeganistão...
La fome é irmã da morte
Xangô Cristo Alá Tupã
Como fica nossa sorte?
O que será do Brasil?!
Tanta renda concentrada!
A fome matando a plebe...
Amazônia devastada...
O que será do planalto?
Terá luz na alvorada?
Até quando o descaso?
A grande massa espoliada
Trabalhadores com fome,
Sem salário, na estrada...
Sem-terra, sem esperança,
se alimentando do nada?!
A fome é um dilema
Neste país continente
Falta lastro e competência,
Pra elite dirigente,
Que mata o povo de fome:
Raiva dengue dor de dente...
Severinos retirantes,
Favelados na miséria,
Governantes! Olho vivo...
A situação é séria...
O povo já virou gado.
Nessa vida deletéria.
O povo vive inchado
por falta de nutriente...
O povo está calado,
Porém, não está contente,
Quer mudar o paradigma,
Da gestão incompetente.
Valei-nos Santa Quitéria,
São Cristóvão, São Joaquim,
São Lutero, São Calvino,
Na inquisição do fim...
Varrei a fome do mundo...
São Miguel, São Serafim.
Valei-nos Nossa Senhora,
Nosso Senhor do Bonfim
Minha mãe Aparecida...
O que é que será de mim?!
Com o salário congelado,
será que será o fim?!!
Valei-me meu Padim Ciço
São Pedro e São João
A fome devora o povo
Com tanta corrupção...
Impera dor no palácio:
Acuda... Frei Damião...
Lá na Vila Estrutural,
Sombria desnutrição,
Nos recantos-samambaias,
Nas favelas da ilusão...
Valei-me Santa Maria
E meu São Sebastião
Está na hora de mudar
Repartir melhor a renda,
Com aluno bem nutrido
Qualidade na merenda
Espero chegar ao dia
Que a fome seja lenda...
O latifúndio esfomeia
Traz o êxodo rural
Faveliza o cidadão
Dilacera o social
Reforma agrária urgente...
Grita a plebe marginal
Na luta, na resistência,
Zumbis e Conselheiros
Quilombos e contestados,
Nos Canudos brasileiros
Escreveram a História
Patriotas verdadeiros...
Exportam o alimento
Pra Europa-pro Japão,
O povo fica faminto
Comendo luz-ilusão
Maqueiam fome-novela
Mascaram na televisão...
Revolucionar o estado
E a nação transformar
Conquistar soberania
E a fome exterminar...
Fazer o povo feliz
“Cante lá, que eu canto cá” ...
Ao jovem Mestre Rodrigo
Nosso vate comandante
Aos colegas de Escola...
lutadores, sempre avante
Gente que combate a fome,
Faz Josué triunfante...
Vida na linha de frente,
Luminosa, radiante...
Amor, uma obra-prima,
Universal transmutante
A Arte nos alimenta,
Com a leitura de Dante...
A todos, nossa amizade...
E nossa admiração...
É preciso consciência
Em uma Nova Gestão...
Desejo paz e sucesso
Mundo em Revôolução...
(Apresentado como Trabalho no Curso de Pós-Graduação Em Gestão Pública 2001/2002 ONU/ESCOLA DE GOVERNO)
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
AO SOM DOS MADRIGAIS
Por Márcia Sanchez Luz
No ocaso deste acaso em que me vejo,
me perco em muitas curvas longilíneas:
tuas mãos em meus cabelos, benfazejo,
ao som de madrigais nas noites minhas.
Prefiro o teu perfume ao meu incenso
de mirra ou de jasmim quando em teu colo!
Porém quando te afastas, te dispenso.
Não esperes que eu te queira, não me imolo!
E por não ser mentira é que profiro
que a noite não passou de uma cantiga
deixada ao léu depois de alguns suspiros.
Tampouco vou querer ver teu delírio
em busca de um prazer que não mitiga
a sede deste amor que em vão aspiro.
Sobre a autora:
Márcia Sanchez Luz é natural de São Paulo. Formada em Literatura Inglesa e Francesa, é escritora, poetisa, professora e tradutora. É Cônsul do “Movimiento Poetas del Mundo” (Chile) e membro efetivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores “Efigênia Coutinho. Seus trabalhos têm sido publicados no Brasil e no exterior. Mantém o blog: http://www.marciasl2001.blogspot.com
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
No ocaso deste acaso em que me vejo,
me perco em muitas curvas longilíneas:
tuas mãos em meus cabelos, benfazejo,
ao som de madrigais nas noites minhas.
Prefiro o teu perfume ao meu incenso
de mirra ou de jasmim quando em teu colo!
Porém quando te afastas, te dispenso.
Não esperes que eu te queira, não me imolo!
E por não ser mentira é que profiro
que a noite não passou de uma cantiga
deixada ao léu depois de alguns suspiros.
Tampouco vou querer ver teu delírio
em busca de um prazer que não mitiga
a sede deste amor que em vão aspiro.
Sobre a autora:
Márcia Sanchez Luz é natural de São Paulo. Formada em Literatura Inglesa e Francesa, é escritora, poetisa, professora e tradutora. É Cônsul do “Movimiento Poetas del Mundo” (Chile) e membro efetivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores “Efigênia Coutinho. Seus trabalhos têm sido publicados no Brasil e no exterior. Mantém o blog: http://www.marciasl2001.blogspot.com
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
ESCREVER
Por Márcia Sanchez Luz
Escrever é sorver a dor aos poucos,
é contar a si próprio o que bem sabe,
mas que aflige demais! Por ser tão louco,
faz que a alma, em torpor, logo desabe.
É cruel falar sobre o que machuca!
Mais cruel, entretanto, é não sentir
o que a vida oferece: pura luta
entre o ser complacente e o insurgir.
Se escrever é dar forma a certa ausência
na calada da noite ou mesmo dia,
vou seguir exaurindo a desavença.
Eis portanto o que faz a diferença
entre aquele que vive e contagia
e o que não sente a vida assim intensa.
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
Escrever é sorver a dor aos poucos,
é contar a si próprio o que bem sabe,
mas que aflige demais! Por ser tão louco,
faz que a alma, em torpor, logo desabe.
É cruel falar sobre o que machuca!
Mais cruel, entretanto, é não sentir
o que a vida oferece: pura luta
entre o ser complacente e o insurgir.
Se escrever é dar forma a certa ausência
na calada da noite ou mesmo dia,
vou seguir exaurindo a desavença.
Eis portanto o que faz a diferença
entre aquele que vive e contagia
e o que não sente a vida assim intensa.
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
AINDA É TEMPO DE LEMBRAR...QUEM SABE ATÉ DE SONHAR!
Por Lígia Antunes Leivas
(A um certo destinatário)
Ainda é tempo de lembrar... quem sabe até de sonhar!
Viver esse estranho amor no caminho que ainda percorro é o de repente que se posta na estrada, nos longes dos mesmos céus que nos cobrem e recebem o sol onde ele morre, estejamos nós em que ponto deste mundo estivermos.
Sabes?, hoje me senti fora do prumo... essas coisas que acontecem a qualquer um de vez em quando... me acomodei na proteção da beira do penhasco (...é...assim bem desse jeito... aquelas que não protegem ninguém de nada, mas ao menos servem de aviso...)
Senti medo... medo de que a esperança se vá, tome rumo desconhecido e eu não possa alcançá-la mais... medo que ela de mim
se esqueça... até deixe de brilhar e eu não mais possa te encontrar.
Sabes?, o passado não se vai... nunca. Ele é tudo... é presente, é futuro, embora muitas vezes escuro... matizes, para mim, impossível distingui-los. Não se vai também porque o amor mantém no coração a tua presença no sempre presente em que estou. Mantém-te aqui, estreitamente enlaçado, fazendo balbúrdia e rebuliço e de soslaio me cuidando.
Mas te escrevo não é por isso: é para te contar que te fiz uma canção... Não!!! Não te enganes... não sou tonta nem maluca, não! Foi o jeito que inventei de cantarolar a minha história, a 'nossa' história. E é verdadeira, sim!... Tão bonita! Melodiosa! Até o canarinho que me faz companhia nas horas em que sou 'do lar', já aprendeu a entoá-la... ele também é lindo! Quisera eu que o ouvisses! Horas inteiras passamos assim... há uma sintonia diria perfeita entre nós os dois. Quando estamos juntos, parece que o mundo pára para ser feliz!...
Mas, apesar de tudo que invento, sei que nada mata o vazio da tua ausência... esse inevitável que não venço e que o tempo disso se vale para tentar me derrubar. Sei que é assim... como sei também que esses subterfúgios eu os preservo... a ferro e fogo...; pelo menos eles dissipam minha saudade em meio às lembranças que guardo de ti.
É... o passado não se vai... nunca!
Sobre a autora:
Lígia Antunes Leivas é natural de Pelotas/RS. presidente da Academia Sul-Brasileira de Letras para o Biênio 2007/09; diretora cultural do Centro Literário Pelotense; Cônsul dos “Poetas del Mundo” em Pelotas, RS; acadêmica e delegada regional do Clube dos Escritores de Piracicaba, (SP) no RS.
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
(A um certo destinatário)
Ainda é tempo de lembrar... quem sabe até de sonhar!
Viver esse estranho amor no caminho que ainda percorro é o de repente que se posta na estrada, nos longes dos mesmos céus que nos cobrem e recebem o sol onde ele morre, estejamos nós em que ponto deste mundo estivermos.
Sabes?, hoje me senti fora do prumo... essas coisas que acontecem a qualquer um de vez em quando... me acomodei na proteção da beira do penhasco (...é...assim bem desse jeito... aquelas que não protegem ninguém de nada, mas ao menos servem de aviso...)
Senti medo... medo de que a esperança se vá, tome rumo desconhecido e eu não possa alcançá-la mais... medo que ela de mim
se esqueça... até deixe de brilhar e eu não mais possa te encontrar.
Sabes?, o passado não se vai... nunca. Ele é tudo... é presente, é futuro, embora muitas vezes escuro... matizes, para mim, impossível distingui-los. Não se vai também porque o amor mantém no coração a tua presença no sempre presente em que estou. Mantém-te aqui, estreitamente enlaçado, fazendo balbúrdia e rebuliço e de soslaio me cuidando.
Mas te escrevo não é por isso: é para te contar que te fiz uma canção... Não!!! Não te enganes... não sou tonta nem maluca, não! Foi o jeito que inventei de cantarolar a minha história, a 'nossa' história. E é verdadeira, sim!... Tão bonita! Melodiosa! Até o canarinho que me faz companhia nas horas em que sou 'do lar', já aprendeu a entoá-la... ele também é lindo! Quisera eu que o ouvisses! Horas inteiras passamos assim... há uma sintonia diria perfeita entre nós os dois. Quando estamos juntos, parece que o mundo pára para ser feliz!...
Mas, apesar de tudo que invento, sei que nada mata o vazio da tua ausência... esse inevitável que não venço e que o tempo disso se vale para tentar me derrubar. Sei que é assim... como sei também que esses subterfúgios eu os preservo... a ferro e fogo...; pelo menos eles dissipam minha saudade em meio às lembranças que guardo de ti.
É... o passado não se vai... nunca!
Sobre a autora:
Lígia Antunes Leivas é natural de Pelotas/RS. presidente da Academia Sul-Brasileira de Letras para o Biênio 2007/09; diretora cultural do Centro Literário Pelotense; Cônsul dos “Poetas del Mundo” em Pelotas, RS; acadêmica e delegada regional do Clube dos Escritores de Piracicaba, (SP) no RS.
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
BUSCO CERTEZAS
Por Lígia Antunes Leivas
Busco certezas
de que não te amei em vão
de que na imaginação (realidade/ficção?)
tu me amaste em horas que não foram poucas
Busco certezas
de que este amor (hoje em nossa sozinhez)
não foi culpado das surpresas loucas
que a vida (por decisão?) nos fez
Busco certezas
na incerteza de que nas curvas lá do céu
possa haver (quem sabe?) outros caminhos
...em nenhum deles sentir-me-ei ao léu
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)
Busco certezas
de que não te amei em vão
de que na imaginação (realidade/ficção?)
tu me amaste em horas que não foram poucas
Busco certezas
de que este amor (hoje em nossa sozinhez)
não foi culpado das surpresas loucas
que a vida (por decisão?) nos fez
Busco certezas
na incerteza de que nas curvas lá do céu
possa haver (quem sabe?) outros caminhos
...em nenhum deles sentir-me-ei ao léu
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 09/2008)