sábado, 7 de julho de 2012

HOJE

Por Luiz Carlos Leme Franco


foi um dia de se tomar ciência,
um dia de  muito sucesso,
um dia de grande experiência,
um dia cheio de alegria,
um dia de  enorme progresso.

Neste dia problemas surgiram sim,
Mas foram  logo resolvidos, ora.
Hoje houve dissabores,
claro,mas passaram sem demora.

Ouvi pássaros, senti fome,
manifestaram-me amores,
incomodei-me com um e outro,
mas ... quem disse que desconforto não some?
Foram um a um, todos, embora.

O dia encarregou-se de não deixar p’ra depois
os  grandes empecilhos do agora.
Apareceu-me problema,
distressei-me alguma vez,
mas recompus-me logo,
pois tenho a calma como lema.

Curti  vários ruídos e muitos silêncios
e até ausentei-me materialmente,
fugi deste mundo um pouco,
descansei a minha mente.

Percebi cores, cheiros e sons de várias matizes.

Neste dia completei mais um ano na minha existência.
Estou ainda vivo e tenho passado tempos felizes.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

FUTURO

Por Pedro Du Bois (Itapema, SC)



Não havia o traço esbranquiçado
rasgando o firmamento, nem a britadeira
e o caminhão misturando cimento e areia:

manualmente transportados
manualmente contados
manualmente colocados
blocos de pedras
superpostos
sobrepostos
erguiam paredes
em pequenos arcos
de telhados

sobre o topo o homem
sonhava traços de fumaça
cortando o firmamento.

domingo, 1 de julho de 2012

PROF. ERNESTO WAYNE (LITERATURA)


Por Paccelli José Maracci Zahler


O Prof. Ernesto Wayne foi nosso professor de Literatura em 1974. Caracterizou-se por incentivar a leitura e a criatividade. Ele costumava recomendar livros e pedir que fizéssemos análises críticas.Nunca repreendeu, nem reprovou ninguém. Procurava mostrar o lado prático da Língua Portuguesa, longe do formalismo tradicional.
A ele devo meu gosto pela Literatura e pelas Letras, razão pela qual o escolhi para patrono da cadeira nº 09 que ocupo na Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal - ALB/DF.
Reproduzo abaixo uma matéria do Jornal Minuano, Bagé, RS, sobre sua vida e carreira.

"Há 10 anos, Bagé perdia o poeta maior

Frases como “o mago das palavras”, “a maior expressão cultural e“o poeta maior de Bagé” foram algumas das manifestações lidas e ouvidas na cidade em junho de 1997.

Todas elas expressões de pesar quando da morte repentina de Ernesto Wayne, ocorrida no dia 17, há exatos 10 anos, em sua casa, na rua Líbio Vinhas, 43.
A irreverência foi uma de suas marcas pessoais. Costumava dizer: “O Registro Civil não fez minha certidão de nascimento corretamente. O tabelião estava distraído e botou 14 de abril de 1929, quando o certo seria não 14, mas 1.4.1929, tornando minha vida um primeiro-de-abrilança”. Wayne iniciou os estudos em março de 1935, no então Grupo Escolar Silveira Martins, transferindo-se, seis anos depois, para o Colégio São Luiz Gonzaga, do professor Peri Coronel. Realizou o antigo admissão ao ginásio e ingressou no Auxiliadora. Em nível superior, tornou-se mestre em Letras na área de Teoria da Literatura. Foi docente da antiga FunBa (Faculdades Unidas de Bagé), depois Universidade da Região da Campanha e professor-assistente no Departamento de Letras Vernáculas no Centro de Artes da Universidade Federal de Santa Maria. Antes da atuação universitária, havia trabalhado no Correio do Sul e foi funcionário da Previdência Social.

“Agora é luz, agora é essência”
Jornalista ensaísta, poeta e exímio sonetista, Ernesto Wayne publicou muitas obras, entre as quais O Anjo Calavera, Os Ossos do Vento, Momentos do Modernismo em Bagé, Lagoa da Música, Nossa Geração, Álbum de Poemas Ilustrados, Noite nos Andes, Panela do Candal, Passeio Poético por Bagé e Baile na Ponte na Noite de Chuva.
Sempre que indagado sobre o melhor texto que produzira, era taxativo: “Era data de 12 de abril de 1930, tratava-se de um risco a lápis, sobre um fragmento de papel sobre o qual meu pai, Pedro Wayne, escreveu: o primeiro risco que Ernestinho deu em sua vida, com 11 meses e 28 dias”.
Um texto publicado na edição de 19 de junho de 1997 do Jornal MINUANO e intitulado “Agora é luz”, dizia: “Foi-se o poeta, ficou o poema. Volatilizou-se a alma, transpondo as barreiras corporais; espírito soltou, voou ao infinito, deixando letras pelo caminho, versos pela estrada, frases soltas pelas estrelas. Flores, quem sabe, enfeitaram esses momentos. Pássaros, talvez, chilriaram de saudade. Alma de menino em corpo gasto, poesia viva em metamorfose ambulante pela trilha da vida. Figura inconfundível pelas ruas de sua Bagé, em simbiose com os monumentos e prédios históricos, Ernesto Wayne não foi apenas homem, habitante, munícipe. Foi mais. Seu texto firme em mão poética deixará marcada, de forma indelével, sua obra quase sem glória. Homem de letras mágicas, que escreveu traços de experiência, de vivências, de esperanças. Foi ceifado de maneira calma, quase imperceptível, talvez premiado pelo Universo, tão sábio para com suas partículas, pois sabe quais são as especiais.
Agora é luz, agora é essência”

Ampla participação comunitária
Ernesto Wayne teve presença marcante em entidades culturais de Bagé e mesmo nacionais. Por exemplo, foi sócio da União Brasileira de Escritores, presidente do Núcleo do Conselho Estadual de Desenvolvimento Cultural, fez parte da Associação Riograndense de Imprensa, integrou a Academia Bageense de Letras e, juntamente com Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti, fundou o Grupo de Bagé, que conquistou renome internacional.Wayne, em 1999, foi escolhido como uma das 100 personalidades bajeenses do Século 20, com direito a ter seu nome gravado numa placa colocada em monumento erigido na frente da Catedral de São Sebastião.Do casamento de Ernesto com Vitória nasceram os filhos Pedro, Ramon, Valmir, Cláudia, Naira, James e Dolores.

O mercador do poente

Encosta vara junto ao firmamento,
Para colher a nuvem do poente
Como se fosse fruta refulgente,
Pra que escorar escada rente ao vento?

Será que quer comer o sol morrente?
Do crepúsculo tira seu sustento,
Com paladar de floco ruivacento?
Pois saí a apregoar a toda a gente

A alta mercadoria a baixo preço:
Os pedaços do acaso eu ofereço,
Venha lamber o espaço esfiapado!

Boto o outono na conta do fiado.
Vendo o céu com açúcar... Tal a prosa
Do homem do algodão doce cor-de-rosa

Lugares

O outono voltará
voltará todos os anos
pela trilha de aroeira
nas tardes de céu marfim
no vento alisando a pedra
nas árvores desplumadas
ao lento cair das folhas
sobre os canteiros de junho

O outono voltará
voltará todos os anos
sobre os plátanos da praça
no chá amarelo-cobre
onde versos andarilhos
e uma boina azul deixada
fazem roda, sina e símbolo
permanência no fugaz
como a videira e o trigo"


(Matéria Especial do Jornal Minuano,Bagé, RS, de 16/06/2007, disponível em http://www.jornalminuano.com.br)

A ENTREVISTA PERDIDA DE ERNESTO WAYNE (vídeo)

Entrevista com o escritor bageense Ernesto Wayne gravada nos anos 90 e recentemente restaurada. Apesar de estar rodeado de amigos e familiares, Ernesto já demonstra um misto de cansaço e ao mesmo tempo interesse. Fonte: YouTube. O poeta Ernesto Wayne é patrono da cadeira nº 09 da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal - ALB/DF;

A AGRICULTURA BRASILEIRA SOB A ÓTICA DE POLICARPO QUARESMA

Por Paccelli José Maracci Zahler

O funcionário público Policarpo Quaresma, subsecretário do Arsenal de Guerra e conhecido como major Quaresma, foi um idealista apaixonado pelo Brasil. Todos os seus atos sempre visaram a solução dos problemas nacionais.
Não foi à toa que ele se dedicou a estudar a fundo os costumes nacionais, as raízes, o folclore, sempre como autodidata. E, partindo do princípio que os índios foram os primeiros habitantes do Brasil, concluiu que o idioma nacional não deveria ser o português, mas o tupi-guarani – “o único capaz de traduzir as nossas belezas!”
No requerimento que enviou ao Congresso Nacional, justificava que “o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se vêem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos donos da língua”, acrescentando que “em nosso país, os autores e escritores, especialmente os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma”.
Sua proposta virou motivo de chacota em todos os jornais e alguns passaram a considerá-lo louco.
Sua situação ficou ainda pior quando, por descuido, um ofício, por ele traduzido para o tupi-guarani, foi assinado pelo diretor do Arsenal de Guerra e enviado para o ministro. Como resultado, recebeu uma suspensão disciplinar e foi internado em um hospício.
Tempos depois, já tendo recebido alta, inspirou-se novamente e decidiu provar a todos que a agricultura brasileira tinha solução.
Não cansava de dizer que “a nossa terra tinha todos os climas do mundo e que era capaz de produzir tudo o que era necessário para o estômago mais exigente”.
É interessante notar que, mesmo sem ter tido uma formação superior, Policarpo Quaresma se dedicava de corpo e alma às pesquisas que empreendia. Assim, antes de investir suas economias na compra do Sítio Sossego, no município de Curuzu, RJ, fez um estudo completo de viabilidade técnica.
Pesquisou o preço das frutas e legumes, buscou informações nos boletins da Associação da Agricultura Nacional, estimou a produção média de cada hectare cultivado, os salários e as perdas inevitáveis. Pesou a relação custo/benefício, “não por ambição de fazer fortuna, mas por haver nisso mais uma demonstração das excelências do Brasil”.
No momento da compra do sítio, escolheu um bem maltratado e abandonado só para ter a oportunidade de demonstrar “a força e o poder da tenacidade, do carinho, no trabalho agrícola”. Do seu exemplo, “nasceriam mil outros cultivadores, estando em breve a grande capital [na época a cidade do Rio de Janeiro] cercada de um verdadeiro celeiro, virente e abundante a dispensar argentinos e europeus”.
Ao estabelecer-se no sítio, seu primeiro trabalho foi fazer um inventário dos minerais, dos vegetais e dos animais lá encontrados. Isto foi possível porque estudara a fundo, como autodidata, a Botânica, a Zoologia, a Mineralogia e a Geologia.
Reuniu amostras de arbustos em um herbário, colecionou madeiras em pequenos tocos seccionados longitudinal e transversalmente, e catalogou animais e minerais.
Organizou uma biblioteca agrícola com livros nacionais, franceses e portugueses, e adquiriu termômetros, barômetros, pluviômetros, higrômetros e anemômetros para estudos agrometeorológicos.
Sua preocupação em aplicar conhecimentos científicos à agricultura logo se chocaram com os conhecimentos práticos de seu empregado, o qual havia nascido e crescido na roça. Este costumava dizer que lá todos sabiam “de olho” quando iria chover muito ou pouco. Depois, era “só capinar, pôr a semente na terra, deixar crescer e apanhar”.
Policarpo levava em conta as observações práticas de seu empregado, mas procurava aproveitar racionalmente o terreno cultivado. Como entre uma linha e outra da lavoura de milho ficava um espaço, ele plantava batata-inglesa nos intervalos. Fazia uma consorciação de culturas, hoje recomendada pelos engenheiros agrônomos.
Apesar de todo o trabalho de abrir uma nova área de plantio com a enxada, não permitia o uso do fogo – as famosas queimadas! Dessa maneira, aproveitava os paus mais grossos como lenha e evitava que o fogo acabasse com a fertilidade do solo ao destruir a matéria orgânica e os microorganismos que nele habitam.
Não admitia o uso de adubos químicos em sua propriedade. Para quê, “se temos as terras mais férteis do mundo?”, perguntava.
Policarpo praticava a agricultura orgânica, aproveitando os restos orgânicos, as fezes dos animais, para adubar a terra e restaurar seu equilíbrio.
Seu pomar era um capricho só. Não descuidava de fazer uma poda de limpeza para tirar os galhos velhos e mortos e extirpar as ervas daninhas, conseguindo renovar as velhas árvores, há dez anos abandonadas.
Apesar de todo o cuidado, sua propriedade não escapou do ataque as saúvas e dos fungos. Neste caso, aplicou formicida nas principais aberturas do formigueiro e sulfato de cobre [até hoje usado pelos agricultores como fungicida] no milharal para controlar os fungos.
Chegou, então, o grande momento – a colheita!
“A sua alegria foi grande. Pela primeira vez, ia passar-lhe pelas mãos dinheiro que lhe dava a terra, sempre mãe e virgem”.
Em Curuzu, não havia mercado. Foi ao Rio de Janeiro oferecer abacates no Mercado [Público]. Encontrou comprador e voltou para casa contente.
Ao fazer os cálculos do dinheiro recebido, descontados os custos de produção e o frete, descobriu que o comprador havia pago “pelo cento [de abacates] a quantia com que se compra uma dúzia”.
Mesmo assim não desanimava. “Para o ano, o lucro seria maior”, dizia para si mesmo.
A história se repetiu com as abóboras, os aipins e as batatas-doces.
Para piorar, a peste atacou galinhas, perus e patos, devastando o galinheiro “ e não havia quem pudesse curar. Numa terra, cujo governo tinha tantas escolas que produziam tantos sábios, não havia um só homem que pudesse reduzir, com suas drogas e receitas, aquele considerável prejuízo”.
O golpe de misericórdia veio ao receber a intimação de que deveria pagar 500 mil réis de multa à Prefeitura de Curuzu “por ter enviado produtos de sua lavoura [para outro mercado] sem pagamento dos respectivos impostos”.
Surpreso, perguntava-se: “Como era possível prosperar a agricultura com tantas barreiras e impostos? Se ao monopólio dos atravessadores do Rio [de Janeiro] se juntavam as exações do Estado, como era possível tirar da terra a remuneração consoladora?”
Como se pode ver, a experiência de Policarpo Quaresma, brilhantemente narrada por Lima Barreto em folhetins do JORNAL DO COMÉRCIO em 1911 e em livro no ano de 1915, permanece atual.
Os problemas enfrentados pelos agricultores brasileiros no final do século passado e início do século XX permanecem os mesmos neste ano de 1998.
Tem-se a produção e não se tem mercado; tem-se mercado mas os impostos e os atravessadores ficam com a maior parte do lucro.
Hoje em dia, com a globalização da economia e a regionalização dos mercados, os pequenos e médios produtores como Policarpo Quaresma enfrentarão muitas dificuldades se não houver uma política governamental voltada para eles.
Não haverá maneira de competir com produtores estrangeiros cuja produção é subsidiada por seus respectivos governos. Aliás, no livro de Lima Barreto há uma crítica ao governo brasileiro com relação ao apoio dado, na época, aos imigrantes italianos e alemães: “Pela primeira vez, [Policarpo] notava que o descaso do governo era só para os nacionais; para os outros, todos os auxílios e facilidades, não contando com a sua anterior educação e apoio dos patrícios”.
Alguém pode estar curioso para saber qual teria sido o TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA. Com certeza, a causa foi o seu profundo amor pelo Brasil, mas é melhor deixar que Lima Barreto conte a história direitinho, não é mesmo?


(Publicado na Revista BRASÍLIA nº 77, maio de 1998, p. 12-13) 

PADRE ROBERTO GERMANO

Por Paccelli José Maracci Zahler

Quando entrei no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em março de 1969, no curso de Admissão ao Ginásio, já tinha ouvido falar do Padre Roberto Germano, o fundador daquele educandário. Lembro-me de vê-lo atravessar o pátio do colégio em direção à porta da sacristia, velhinho, encurvado, passos lentos.
O único contato que tive com o Padre Germano foi no dia 3 fevereiro de 1970, por ocasião do dia de São Braz. Embora fosse coroinha (sacristão), nunca ajudei uma missa rezada por ele.
Como desde criança eu sofria com crises de garganta, minha mãe sugeriu que eu fosse benzê-la no dia 3 de fevereiro, dia de São Braz, o santo que tirou uma espinha de peixe da garganta de uma criança que estava engasgada, salvando-lhe a vida. Desde então, é tradição benzer a garganta no dia desse santo.
Por uma dessas circunstâncias inesperadas da vida, o oficiante da missa das 18 horas da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora era o Padre Germano. Após a cerimônia, ele pediu àqueles que quisessem benzer a garganta, que se aproximassem da mureta que cercava o altar. Assim o fiz. Ele colocou duas velas acesas cruzadas encostadas à minha garganta e a abençoou. Daquele dia em diante, continuei com crises na garganta, porém, com menor intensidade. Minha febre chegava a 40 ºC, eu delirava e tinha que ficar de cama e tomar injeções a semana inteira. Após a bênção, tais crises foram bastante reduzidas.
Eu sempre quis saber um pouco mais sobre a vida do fundador do Colégio N. S. Auxiliadora. Por sorte, lá pela década de 1970, o Lions Clube Bagé-Centro publicou um livreto intitulado “Vida e obra do Padre Roberto Germano”, sem indicação de autor e data de publicação, nem mesmo editora. Dele, consegui extrair boa parte da cronologia elencada abaixo, somadas às consultas pela internet.
Cronologia da vida do Padre Germano
- 8.maio.1880 – Nasce o Padre Roberto Maria Germano, filho de Felix Germano e Maria Bássio Germano, naturais da Itália, em Rincón de Francia, Departamento de Paysandu, Uruguai.
- 1888 a 1891 – Freqüentou o Colégio N. S. do Rosário, colégio salesiano de Paysandu.
- 1892 – Faz o noviciado no “Colegio y Liceo San Isidro”, em Las Piedras, Departamento de Canelones, Uruguai, que havia iniciado uma Casa de Formação (Seminário Salesiano) em 1887.
-5.jan.1895 – Recebeu a batina das mãos do Monsenhor Juan Cagliero, que estabeleceu a primeira comunidade missionária salesiana no Uruguai, sob as ordens de Dom Bosco.
- 1897 – Ingressou na Congregação Salesiana.
- 1897 a 1898 – Fez seus estudos teológicos em Las Piedras.
-1900- Ingressou definitivamente na Ordem dos Salesianos de Dom Bosco.
- 1897 a 1901 – Realizou Tirocínio Prático ( Assistência) em Las Piedras.
- 1902 a 1903 – Trabalhou nos Talleres Dom Bosco.
-1899 a 1903 – Continuou seus estudos teológicos em Las Piedras.
- 8.maio.1903 – Foi ordenado Sacerdote por Dom Ricardo Issasa, nos Talleres(Oficinas) Don Bosco, em Montevidéu, Uruguai, que ministra cursos profissionalizantes para jovens.
- 15.fev.1904 – Chegou a Bagé, RS,acompanhado de mais sete salesianos uruguaios com a missão de fundar o primeiro ginásio da fronteira; e, por 15 dias, foram hóspedes do Cônego José Inácio Bitencourt na Casa Paroquial da Catedral de São Sebastião.
-2.mar.1904 – Foi aberto o Colégio Salesiano de Bagé, no prédio onde funciona hoje o Ginásio “Professora Melanie Granier”. Naquele prédio, o Padre Germano dormia no porão. Ali permaneceu por dois anos, enquanto era construído o Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora, na parte norte da cidade, onde existiam duas casas, pertencentes a um carpinteiro e a um comerciante, ambos espanhóis, ao redor de uma lagoa.
Além do Colégio Salesiano de Bagé, havia um outro colégio que funcionava na parte superior do prédio do Jornal “Correio do Sul”.
- 1918 a 1936 – Foi Vice-Diretor do Colégio N. S. Auxiliadora.
-24.maio.1953 – Dia de Nossa Senhora Auxiliadora, completou 50 anos de vida sacerdotal e recebeu o título de “Cidadão Bageense”.
-22.maio. 1964 – Recebeu o título honorífico de “Benemérito Municipal”.
- 20.out.1970 – Recebeu a comenda de Grande Oficial da “Ordem Nacional do Mérito Educativo” pelo Presidente da República, entregue pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Euclides Triches; e a “Medalha do Pacificador”, pelo Ministro do Exército, no Colégio N. S. Auxliadora.
-19.mar.1972 – O Padre Germano ficou enfermo.
-29.jan.1973 – Faleceu. Seu corpo foi velado na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora e sepultado às 10 horas do dia 30 no cemitério de Bagé.
O Padre Germano lecionava Geografia, História e Espanhol. Segundo relatos, durante o recreio brincava com seus alunos e se confundia com eles nas atividades esportivas. Foi Capelão da Santa Casa de Misericórdia durante 43 anos, e vigário de São Martim. Com 92 anos, atendia todos os dias o ministério sacerdotal e se dedicava aos pobres da Vila Vicentina. 

A SAGA DE CONSELHEIRO NOS SERTÕES

Por Gustavo Dourado



Retorno ao longo do tempo
Para poder recordar
Dos Sertões de Conselheiro
Com Euclides a narrar
A Epopéia de Canudos
Vou aqui rememorar ...

Mestre Euclides da Cunha
Jornalista e engenheiro
Escritor de obra-prima
E lida no mundo inteiro...
Os Sertões é grande clássico
Do pensamento brasileiro...

Euclides era rigoroso
Na elaboração textual
Militar e engenheiro
Jornalista social
Da epopéia de Canudos:
Fez registro magistral...

O levante popular
De Antônio Conselheiro
Deu-se pelo descaso
Do Governo Brasieliro.
Ignorância e miséria:
Tomam conta do terreiro...

Chacina sem precedentes
Sob comando estatal...
Todo um povo massacrado
Pela República tão brutal...
Por uma elite opressora
Corrupta e anti-social ...

O masasacre de Canudos
Retratou com evidência
O Estado que assasina...
Desgoverno sem consciência...
Os canhões contra os civis:
É barbárie e truculência...

Os Sertões é obra-prima:
Monumento nacional...
Retrata um episódio
Histórico e crucial...
O Estado contra o Povo:
Um escândalo sem igual...

A batalha foi sangrenta
O povo contra o poder
A República sanguinária
Fez a História perverter
Botou fogo e jogou água
Para o crime esconder...

Gemem as almas das crianças
No local abandonado...
Velhos e moribundos
Todos vítimas do Estado
Deu-se o bárbaro Holocauto
De um povo martirizado...

Ré...República criminosa
Hecatombe no Sertão...
Milhares exterminados
Pelas mãos da repressão
Do Estado que tortura
E castra a Revôolução...

Continua o mesmo drama
No Brasil de Sul a Norte
A miséria em todo canto
Exploração em grande porte
Fome, morte, espoliação:
Paus-de-arara no transporte...

Sertanejo sempre bravo
Corajoso...combatente...
Enfrentou com garra e fé
O veneno da $erpente
O Estado autoritário
Que massacra a sua gente...

Canudos é um exemplo
De um povo bem valente
Forte por natureza...
Sempre foi um resistente
Contra as agruras da vida:
De uma elite que só... mente...

O Estado tudo fez
Para a História esconder...
Inundaram o local
Para o fato perecer
Mas a seca de repente:
Faz tudo aparecer...

Os massacres continuam
Contra o povo sofredor
Um povo que não se curva
À miséria e a dor.. .
Que quer novo Coneselheiro:
Para ser seu Redentor...

Povo que não quer esmola
Quer saúde e educação
Quer crédito para o plantio
De arroz, milho e feijão...
É um povo que só recebe:
Imposto, fome, exploração...

Um povo que não se verga
À tirania do Estado...
Que vive no sofrimento
Faminto e espoliado:
Um povo que não agüenta:
A mísera vida de gado...

É um povo sonhador
Que quer o essencial
Terra, amor, casa e comida
Emprego e vida normal ...
Que quer paz e equilíbrio
Sem miséria no quintal...

A Insurreição Sertaneja
Em Os Sertões é retratada
Tudo está tão desigual
Sofrimento na jornada...
Um povo que passa fome
Sem escola, sem mais nada...

Euclides ecoou o Grito...
Do sertanejo, o degredo
Resgate-se nossa História
Desenrole-se o enredo...
Enalteça-se o Conselheiro:
Um brasileiro sem medo...

Os Sertões e sua gente
Euclides nos demonstrou
"O sertanejo é um forte"
O mestre salientou...
Foi além do científico:
Ao sertanejo: humanizou...

Mandacarus, xiquexiques...
Gravatás, surucucu...
Cactáceas e xerófitas
Cascavel, jaracuçu...
Cabeças de frade ao vento:
As sombras dos pés de Umbú...

O vaqueiro na paisagem
Na caatinga: imperador...
Espora e gibão de couro
Gigante desbrava-a-dor
No sertão tem seu destaque:
Nos versos do cantador...

Crianças abandonadas
Sertanejos destemidos...
O Estado sempre ausente
Naqueles mundos perdidos...
Um homem a resistir:
Lá nos sertões esquecidos...

Tudo continua igual
Pelas bandas do Sertão. ..
O Povo a passar fome:
Não recebe educação...
Na espreita os Conselheiros:
Pra nova rebelião...

MÃES NA MINHA VIDA

Por Armando C. Sousa (Toronto, Ontário, Canadá)


Uma mãe querida que me lavava a cara com beijos
No seu aventar me dava guarida; colo e maminha
Dava pão quando tinha; satisfazendo meus ensejos
Meu anjo; mãe protegia-me: dava-me tudo que tinha.

Cresci; nunca lhe agradeci o que fez por mim; mãe
Sou pai avo; envergonho-me mãe; penso neste dia
Quatro filhas adoradas e esposa; são mães também
Foram elas que me deram o fruto de minha alegria.

Canadá,  segundo domingo de Maio celebro teu dia
Agora mais que nunca; vejo que fazeis rolar o mundo
Sois mulher e filhas; nada que faça será em demasia
Sem vocês nada faria sentido; seria um vagabundo.

Esposa e mulheres de meu sangue; vamos celebrar
Vamos dar exemplo do amor; jantarmos em família
Cantarmos ao redor; do bolo e velas; beijar; abraçar
Abraçamo-las; damos meiguices às mães; nesta vigília.

Nesta viagem ao globo estou a pensar; obrigado mãe
Creio que esperas sorrindo minha vez; acordei na vida
Me juntarei em breve a ti mãe; vou viver no teu além
Toda a doçura termina; a morte nunca será vencida.

SEI


Por Luiz Carlos Leme Franco

o caminho do meu futuro
porque estudo  sem  trégua.

Sei o meu amanhã
porque me preparo hoje.

Sei da felicidade que desfrutarei
porque estou  de bem com a vida agora.

Sei do meu sucesso comercial  que virá com certeza
desde que eu trabalhe honestamente.

Sei da família que terei
quando educar meus filhos na ética.

Sei que  serei um espírito forte
porque alimento minha fé.

Sei que chegarei no fim  da jornada
Desde que trilhe  o caminho certo.

Sei que não viverei sozinho
Porque cultivo amigos leais.

Sei que serei eterno
Porque          EU VIVO.

DELICADEZA


Por Luiz Carlos Leme Franco

Uma palavrinha até  engraçada
que surge muitas vezes por aí,
alegre, gratificante, enfeitiçada
e que todos conhecem por aqui.

Conhecem mas não fazem dela uso
com a frequencia que se deveria.
O termo poderia até cair no abuso
por trazer, numa conversa, alegria

de uma pessoa  receber ou dar.
É uma palavra curta, benfeita
da qual poder-se-ia sempre usar
p’ra deixar uma pessoa satisfeita,

se ela ouvisse isto de alguém,
sempre que um favor acontecesse,
ou fosse prometido também
e mais tarde bem sucedesse.

Palavra  de amizade, elevada,
delicadeza também ela indica,
se no começo da frase for colocada
ou então se  no final dela fica.

Esta palavrinha exemplar,
desconhecida do mal-educado
nunca  nos deve faltar :
é a palavra obrigado.