Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)
Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
PRIMAVERA
Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)
Brisa suave
Acariciando a face
Gotas de orvalho
Irrigando a terra
Flores se abrindo
Exalando perfume
Na manhã fresca
De primavera.
E o frescor de tua pele,
Teu perfume e carinho,
O calor do teu beijo
Superando os espinhos,
Quando te abraço
Buscando conforto,
Me dizem, com certeza:
-Primavera é teu corpo!
LATINAMÉRICA
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Vívida Latinamérica:
América solar
Iracema menina
Tupamara Caraíba
Tupamérica
Tapuiaimoré
Nhambiquara
Tupinambárbara
Americantropofágica
Tropicanibal
Maiasteca tupinca
América tupiniquim
Afro-brasilíndia
Jamaicuba
Caribela
Regaee Mar-Ley
Tosh Cliff
Quetzal Manco
Mama Ollo
Mu Sumé
Zumbi... Ohana Manitu
Americabralina
lusibaiana
Americastelhana
colombina
Amerititi(ca)ca
AmentInti
Navegatlântica-pacífica
Não podes ser
cativa:
"Libertas quae sera tamen"
Americamazônica ecológica
Da Hiléia Pampa Chaco-Pantanal.
Não à Ameri.cativa!
Façamos a Americósmica!
PoeticArtisticAtiva
Régia América Latina
Platina Castelhandina
Luxafro-Brasiliana
Revolte América!
Desarme o oficial terror
Libertando Brasil-Haiti-Peru
Guatemala-Panamá
Cuba-Nicarágua-U.$.A.
Granada-El Salvador
Salve o Deus Meru-Tupã
Os povos Gês-Tapuias
Tolteca Zapoteca Inca
Xavante
Tupinambá Yanomami
Tupi-Guarani
Navajo Moicano
Todo o povo Xinguano
Os povos das Missões
O gaúcho Martim Fierro
O bravo sertanejo Lampião
Chico Mendes seringueiro!
A-GRAMATICAL
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Quero versonoros agramaticais
Fonemastigando a morfologia da língua
Lingüisticando o sexo dos anjos...
Lingüodentando morfemas consonantais
Alfabeto: analfabetandores de viver
Índice de indeterminação do sonho
Partícula apassivadoravante aventureira
Nomenclatura gramaticulta fria
Pretérito imperativo do presente futuro
Estilistétikamikase opus poesy...
Pytecantropicalíndia Tupi-Guarani
Oxente! Uai! Sô! Tchê...
Homuié sacumé seu Zé... Maria.
BEIRUTE MAGIA
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Em Brasília há uma esquina
Onde divertem-se "meninos e meninas"
O Beirute é o termômetro de Brasília
Artistas, poetas, intelectuais,
Musas, performáticas, bailarinas
Loucos, eróticos, transcendentais
Desfilam na passarela beirutiana...
Concretizam-se amores
Afogam-se mágoas
Realizam-se desejos
Berirutesão: esquenta o ser,
Beirutempera o prazer
O Beirute fez (faz) história
Ouvindo estórias
Inspirando versos
Ampliando universos
Beirute: meia-noite: sexta-feira
Agito a semana inteira.
No Beirute, Brasília acontece
Sorri, ativa, acende, aquece
Beirute! Tu és magia
Poesia sempre quente
Energia à flor da pele
Orgasmo Permanente
FORÇAS
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
Nossa força reside em estarmos em pé
achatados contra a superfície
na velocidade com que o planeta
mantém o equilíbrio entre os astros
ficamos em pé e caminhamos
nosso cérebro troca impulsos
subimos em árvores
e escalamos montanhas
submergimos e nos locomovemos
corremos na água saltamos e giramos
em piruetas aproveitamos o embalo
do vento no impulso e sustentação
nossa força no terrestre movimento
nos faz vivos a desenvolver os músculos
e ativar a circulação e a respirar
opostos à força terrestre esquecemos
sobrevivermos e organizarmos nossas vidas
em que o amor
flutua e permanece etéreo.
SAGA
Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
impulso sufocado: comer
dormir
mundo como vontade: crescer
andar
vértice das descobertas: estudar
comportar
última estrada aberta: trabalhar
casar
renúncia anunciada:
sente e coma a refeição
sorria amigavelmente
reclame de alguma dor
último impulso:
a queda é viagem
que o desconhecido se descortina
na fração de liberdade.
ALMA ILUDIDA
Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)
Como é bela a juventude,
Nos áureos tempos da vida.
Enche-nos de esperanças,
E nos deixa a alma iludida.
***
Pensando que essa alegria,
E plena felicidade...
Seguira por toda vida,
Sem tristeza e sem saudade.
***
Pobres jovens desconhecem.
O transcorrer da existência,
Depois de muita alegria.
Dos amores do passado,
Vem-nos a melancolia...
A angústia e o desagrado.
***
Ah! Se a vida nos fosse sempre,
O fulgor da juventude.
De alegria e felicidade,
Sem tristeza e sem saudade.
Nos áureos tempos da vida.
Enche-nos de esperanças,
E nos deixa a alma iludida.
***
Pensando que essa alegria,
E plena felicidade...
Seguira por toda vida,
Sem tristeza e sem saudade.
***
Pobres jovens desconhecem.
O transcorrer da existência,
Depois de muita alegria.
Dos amores do passado,
Vem-nos a melancolia...
A angústia e o desagrado.
***
Ah! Se a vida nos fosse sempre,
O fulgor da juventude.
De alegria e felicidade,
Sem tristeza e sem saudade.
A LONGA MARCHA CIVILIZATÓRIA
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Para Éder Martins
Tem uma divisão Panzer
Patrulhando as ruas
Da minha cidade
***
Há milicianos enfurecidos
Desfilando em desalinho
Em tempo e espaço
Pelas ruas do meu pais
***
Há uma imensa negra sombra
impossível
Que cobre
Os meus lânguidos olhos
Em chamas
***
Elevo as mãos
Ate a minha algibeira
E em descompasso
Com o tempo liquefeito presente
Acendo um cigarro surrealista
***
E tudo que posso pensar
Nesta hora extrema
É na minha negra ninfa
Que habita a nevoenta
Floresta negra em chamas
Para Éder Martins
Tem uma divisão Panzer
Patrulhando as ruas
Da minha cidade
***
Há milicianos enfurecidos
Desfilando em desalinho
Em tempo e espaço
Pelas ruas do meu pais
***
Há uma imensa negra sombra
impossível
Que cobre
Os meus lânguidos olhos
Em chamas
***
Elevo as mãos
Ate a minha algibeira
E em descompasso
Com o tempo liquefeito presente
Acendo um cigarro surrealista
***
E tudo que posso pensar
Nesta hora extrema
É na minha negra ninfa
Que habita a nevoenta
Floresta negra em chamas
CONSCIÊNCIA NEGRA
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
A
minha consciência negra tem voz e luta. Não apenas por mim. Luto por um bem
maior. Luto pela população negra.E assim deveria ser entre nós negros. Não
podemos lutar sozinhos e somente pelo eu. Precisamos nos armar pelo coletivo.
Lutar por nossos direitos não contra nós mesmos.
Não
podemos depois de anos de luta contra o racismo e os nossos direitos violados
por uma falsa democracia que há no Brasil ser a favor do fascismo. Pessoas
estão morrendo diariamente. É hora de fazer valer a nossa luta na hora do voto,
votando certo dia 28 pela paz, pelo direito e liberdade de lutarmos de nos
expressarmos...
Não podemos nos calar. Por séculos tivemos a nossa história contada pela metade nas escolas, nossos sonhos roubados e a cor da pele pesada na balança. É hora de lutarmos com honra. Vamos fazer valer a pena a luta de nossos ancestrais.
Não podemos nos calar. Por séculos tivemos a nossa história contada pela metade nas escolas, nossos sonhos roubados e a cor da pele pesada na balança. É hora de lutarmos com honra. Vamos fazer valer a pena a luta de nossos ancestrais.
CARTA NR 6 – DE ATAHUALPA PARA KATTY
Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)
Oi, Katty,
Depois de amanhã eu vou
fazer 11 anos. A Urda esteve me contando de novo, nesta semana, o que
aconteceu: onze anos atrás eu era um bebezinho todo molhadinho, dentro da
barriga daquela mamãe da qual não me lembro, e aí chegou o dia de eu nascer e
eu nasci, com outros irmãozinhos. Fico todo bobo quando a Urda me conta como eu
era, beiçudinho e já com fome, andando pela barriga da mamãe à procura de uma
fonte de leitinho quente, e fico muito emocionado e paro tudo para prestar
atenção enquanto ela conta tais coisas, pois deve ter sido muito fascinante
mesmo fazer mommm mommm mommm tomando o leite da mamãe, e a Urda imita tão bem!
Gosto mesmo de ouvir essa história – e também a continuação dela. Um dia eu já
não precisava mais mamar e então fui levado para aquela agropecuária onde a
Urda me achou e me levou para a vida dela. Daí para a frente você já sabe.
Tirando algumas coisas graves, como quando a caminhonete passou em cima de mim
no estacionamento do Angeloni, e eu não quebrei nenhum osso e nem furei qualquer
órgão interno, acho que tenho sido um cachorro bem feliz, que já passeou por
muitas cidades, escolas e universidades, e até foi a um lugar longínquo como o
Rio Grande do Sul. Agora ando pouco por aí, pois aos 11 anos já não sou mais um
cachorro novo e tenho algumas manias, além de ficar muito cansado quando faço
muitas coisas. Nem às reuniões do PT eu tenho ido mais.
A nossa casa nova é
muito legal e tem uma porta de cachorro, e eu e os manos podemos ir para fora e
para dentro quantas vezes queiramos, até mesmo em dias de chuva. Aqui, além da
praia e dos dois pomares, tem uma floresta contígua, e se está muito quente, ao
invés de ir para a praia vamos passear na floresta, onde a Urda aproveita para
comer amorinhas silvestres vermelhas, e nós fazemos xixi por tudo. Outros
cachorros da rua vão junto, e é uma festa ir lá!
Estaria tudo 100% se
não fosse o sumiço da Manuelita Saens, já faz uns 12 dias. Nós sempre temos
alguma esperança de que ela volte, mas a Urda até já conversou com a
veterinária e não há muito o que esperar. A veterinária descartou a
possibilidade de que pudesse ter sido veneno, e falou em coisas como infarto e
até predadores. Sabe como é, aqui é a beirada da Reserva Ecológica do Parque da
Serra do Tabuleiro, e Manuelita sempre foi uma gata muito independente, andando
preferencialmente nos matos. Ouvi a Urda dizer: “Que tenha sido rápido e sem
dor”, mas depois ela chorou uma tarde inteira. Ainda bem que ficou o livro
dela.
Katty, era só para
contar isto. No mais, tenho visto todo o mundo um pouco nervoso por causa das
eleições, e a Terezinha de Blumenau veio aqui e trouxe um pacote de ossos de
churrasco de igreja para mim. Que querida, né?
Minha amiga Antônia vai
bem e andou até comprando brinquedos especialmente para mim, que ficam lá na
casa dela. É uma fofa, e quando vou lá, volto entupido de tanto biscoito!
Fiz exames por causa da
idade mas continuo um cachorro jóia, brincador, corredor, galopador e até
nadador. Todos os cachorros da redondeza me obedecem. Sou um cão feliz!
Deixo um abraço e
muitas lambidas,
Atahualpa Klueger
(Escrito no Sertão da Enseada de Brito em 30 de
setembro de 2018, por Urda Alice Klueger)