Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
quarta-feira, 3 de abril de 2019
O ATREVIMENTO NÃO TEM LIMITES
Por
Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Quando frequentava o liceu
Alexandre Herculano, no Porto, tinha como companheiro, rapaz de olhos tímidos,
que se isolava da restante turma.
Mal a sineta tocava, indicando
que era hora de recreio, saia, calmamente, e logo se encostava ao balcão do
vestuário, a conversar, ou melhor, a ouvir, a senhora Olívia, mulher baixinha,
de meia-idade, responsável pela roupa, e demais utensílios dos alunos.
Era, na ocasião, o “urso” da
turma. Sempre tinha resposta pronta, na ponta da língua, e indicador alçado ao
céu de estuque, da sala.
Mais tarde, inexplicavelmente,
foi decaindo, chegando a reprovar, uma ou duas vezes, o mesmo ano.
Lembrei-me desse infeliz ao
falar com o amigo Zé; e no que me disse, em dia de confidências: “ - Raras
vezes aceitam as minhas ideias! …”
É que, muitos anos depois de
ter deixado os bancos liceais, encontrei-o, como balconista, numa livraria da
minha cidade.
A fisionomia era a mesma, assim
como o aspecto físico, mas logo pressenti, que dentro daquele corpo franzino,
de olhos tristes e acabrunhados, havia espírito de invulgar capacidade.
Durante a curta conversa que
travamos, disse-me: que ninguém o levava a sério, porque: “ humilde
trabalhador, nunca tem razão…”
Até descobrir meio eficaz de
ser escutado, com atenção, e com muito respeito.
- Como? - Perguntei,
curioso.
- “ A maioria das
pessoas, são como livros encadernados, de folhas brancas: bonitos por fora,
ocos por dentro; mas prezam-se de serem considerados cultos…Quando
se quer impor opinião, sempre se deve, esclareces: que a ideia não é nossa, mas
de iminente figura: filósofo famoso; teólogo sapiente; político considerado;
economista reconhecido; ou psicólogo iminente.”
E prosseguiu:
- ” Ao citar frases inteiras
(falsas) e opiniões de homens célebres (que apenas se conhece o nome), sobre
este ou aquele assunto, o interlocutor, que não quer ser considerado ignorante,
engole em seco, e “ acredita”, admirando o saber e a cultura do amigo ou
subordinado.”
Assim, segundo disse, passou de
néscio, a sapiente; de “analfabeto” a “doutor”.
Não sei se a esperteza do meu
antigo condiscípulo, é original; mas receio, que haja “eruditos” de cafetaria,
que empreguem o estratagema com sucesso.
A fraude, só pode ser
descoberta – julgo eu, – se a citação é escrita, e acompanhada do nome da obra,
onde se encontra inserida.
O atrevimento não tem limites…
O QUE ACONTECEU A MARIA MATOS, NO CONSERVATÓRIO
Por
Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Maria Matos era uma menina
talentosa, mas muito tímida, e muito introvertida.
Quando se apresentou, ao exame
de admissão, ao Conservatório, tremia como varas verdes.
Perante o jure, que a ia
examinar, não era capaz de articular, fosse o que fosse.
Tudo que decorara e ensaiara,
cuidadosamente, se varrera, inexplicavelmente, da memória.
Os membros do jure,
pacientemente, aguardavam que recitasse poema, à escolha, ou trecho de texto,
por ela escolhido. Mas nada. Tomada de medo, sua boca, era completamente muda.
A menina, agitando nervosamente
a saia, ofegando, de olhos vagos, muito abertos, brilhando de ansiedade,
esperava a sentença… A reprovação era certa…
Presenciava aquela
confrangedora cena, D. João da Câmara, e apiedou-se da angústia daquela
candidata, e, em tom meigo e paternal, disse-lhe:
- “ Reze a Avé - Maria…”
Ao escutar a voz amiga do
dramaturgo, Maria Matos, como se fosse impelida por força misteriosa,
aprumou-se, ergueu a cabeça, com altivez, e começou a declamar, diria melhor: a
rezar, a oração, com tanta sensibilidade, de forma tão bela, que o jure, por
unanimidade, não hesitou aprová-la.
D. João da Câmara, reconhecida
por todos, que tiveram o privilégio de o conhecer, como Homem bom, prestável e
amigo de auxiliar os que necessitavam, salvou aquela menina de reprovação
certa.
Mais tarde, já famosa,
considerada, pela crítica, como uma das melhores atrizes do seu tempo, sempre
que lhe surgiam dificuldades, dirigia-se ao cemitério, e diante do jazigo de D.
João da Câmara, pedia-lhe intercessão, perante Deus, e conselhos amigos.
“ Faz ternura…Não faz? …”
Escrevia a D. Emília da
Câmara Almeida Garrett, a sua mãe, em missiva, enviada de Castelo Branco, em
28/6/1910, acrescentando, que ouvira, o que acabei de narrar, da própria boca
da atriz, quando a visitou, ao passar, em tournée, por aquela cidade.
MEU AMIGO MANEL
Por Humberto Pinho
da Silva(Porto, Portugal)
Conheci-o
na antiga Escola Académica, no Porto, onde fui parar, após ter sido o melhor
aluno da turma, no “Alexandre”
O
Manel, era um adolescente, franzino, elegante, de estatura meã. Tinha rosto
moreno e na boca, permanente sorriso gaiato e camarada.
Certa
manhã, manhã doirada, marchetada a tons rosáceos, estava a caminhar no gracioso
jardim, fronteiro ao edifício da escola, quando vi o Manel, a conversar,
animadamente, com colegas. Falavam do Porto e de figuras portuenses.
Pé
ante pé, avizinhei-me, e intervi na acalorada conversa.
Olharam-me
surpreendidos; mas ele, escutou-me com muito atento e interesse, mormente,
quando comecei, a determinado passo, a citar o Conde d’Aurora.
Em
breve seríamos inseparáveis. Raro era o dia, que não trocássemos confidências.
Contava-me, com graça - era excelente conversador, - as aventuras do pai, que
adorava; e as “ diabruras” da irmã - menina encantadora e meiga, segundo dizia.
Uma
tarde, por sinal chuvosa, mostrou-me sebenta escolar, onde esboçara, a lápis,
complicada mecânica, de carro movido a água.
Tinha
sido a sua última invenção…
Debatemos
o funcionamento da engenhoca, recorrendo aos parcos conhecimentos de física e
química, que tínhamos.
Nos
longos passeios, que dávamos, falava-me de mundo, que não conhecia: de Bento de
Amorim, e seu famoso automóvel; do Conde de Campo Belo; de Sousa Guedes; de
Alberto Pinheiro Torres; Condes de Alpendurada; Magalhães Bastos…; e de amigos
e amigas do higt-life.
Havia
duas meninas, que não saiam dos seus olhos: uma, vivia na Avenida Rodrigues de
Freitas; outra, perto do antigo liceu “ Carolina”. Mas, os olhos brilhavam de júbilo,
ao referir-se à última. Seria namorada? Não sei…Certamente era…
Semanalmente,
realizávamos curiosas e instrutivas excursões pelas velhas e típicas ruas e
ruelas, do velho Porto. Nessa recuada época, alguns bairros, estavam infectadas
de fartum enjoativo, bafiento, que nos obrigava a estugar o passo.
Juntos,
calcorreávamos locais pitorescos da cidade. Não havia monumento, museu ou
jardim, que não fossem visitado e apreciado, por todos os ângulos…
A
vida militar separou-nos. Ainda recebi correspondência da Guiné; mas, por
motivos que desconheço, cessaram os aerogramas…
Os
anos passaram…Passou, também, a juventude…
Encontrei-o,
mais tarde, já casado. Era o mesmo Manel, alegre e folgazão; mas, os olhos, brilhavam,
agora, de tristeza e desanimo.
Ainda
demos um passeio pela baixa gaiense. Visitamos a igreja de Santa Marinha, e
armazéns de vinhos; e recordamos, com terna e profunda saudade, os felizes
tempos, do passado, já longínquo…
Na
despedida ficou de me telefonar…
Soube,
pouco depois, que falecera. Desaparecera, assim, o meu melhor amigo da
juventude…Nunca mais tive amizade, como a dele…
QUANDO PARTIRES
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Quando tu partires
Boa parte de mim
Irá com você
Só me restará
Esse amor negro
Numa dor silenciosa;
Trêmula de choro
E completamente só
Sem sequer poder
Pedir que não me deixes;
Fecharei meus olhos
Para dormir
E mais uma vez
Sonhar com você;
Ficar ali esperando
Que alguém me busque
E livra-me
Dessa penumbra de amar-te!
Boa parte de mim
Irá com você
Só me restará
Esse amor negro
Numa dor silenciosa;
Trêmula de choro
E completamente só
Sem sequer poder
Pedir que não me deixes;
Fecharei meus olhos
Para dormir
E mais uma vez
Sonhar com você;
Ficar ali esperando
Que alguém me busque
E livra-me
Dessa penumbra de amar-te!
DIVINO SER
Por Pedro Barcellos (Bagé, RS)
Oh, bela Afrodite,
com teus olhos
esmeraldas e pele perfumada,
entrego meu amor a ti,
mulher de poder.
Vênus encantada, da
concha perolada,
do voal dos mistérios
perdidos.
Hey... Calipso, deusa
da vida e da morte,
feiticeira do mar,
ninfa de Ogígia,
com teus olhos
amendoados e pele reluzente,
entrego as chaves de
minhas prisões a ti, mulher de poder.
Donzela da gruta
azulada, das águas da cura abençoada!
Atena, Helena, Hebe,
Iris e Gaia: mulheres de força,
de beleza, de
intensidade,
de verdade, de caça e
de esperteza.
Ouçam meu
agradecimento,
minha certeza com a
voz ao vento,
retumbando no relento,
dos pagos às ilhas,
das florestas às
inúmeras e distantes milhas.
Mulheres de intuição,
fases da lua
refletidas nos lagos da compreensão,
sussurros místicos no
íntimo do meu EU.
Mulher da terra, do mar, do fogo e do ar,
obrigado por tudo ver, ter e reter.
Agraciados por ensinarem, do princípio ao fim,
a simplesmente...SER
TE AMO
Vivaldo Terres (Itajaí, SC)
Tu
és uma mulher meiga e bonita,
Teus
carinhos são tão grandes como a tua calma,
Às
vezes quando não estas contente...
É
porque motivos outros te feriram a alma.
***
Alma
tão boa de bondade eterna,
Bondade
esta que a todos encanta,
Te
amo tanto, que quero que um dia,
Tu
sejas minha, muito minha, oh Santa.
***
Vives
no mundo com objetivo...
De
acabar com a senda da maldade,
Nascestes
mesmo para praticar o amor,
Para
mostrar a tua dignidade.
***
És
para todos nós que te rodeiam.
O
anjo bom, a fada da bondade,
Isto
porque em toda tua vida,
O
que mais fizestes foi à caridade.
ENTREGAR SEU CORAÇÃO
Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)
Neste mundo tão
bonito
Mas de tanta
incompreensão,
Como pode o ser
humano,
Entregar seu coração.
***
Nesta época de
incertezas,
E de tanta desilusão
De tamanha desventura
E tanta insatisfação!
Como pode o ser
humano
Entregar seu coração.
***
Neste tempo de
angustias,
E de tanto dissabor
De problemas não
resolvidos
E de muita tristeza e
dor.
***
O ser humano esqueceu
De exercitar o amor!
Esta essência
divina...
Pregada pelo Senhor!
VOZES DAS RUAS
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Andam dizendo…
Por ai!
Que moras nas encostas!
Que traficas drogas.
Que não alimentas teus filhos.
***
Dizem...
Que cantas bem!
Que cultuas teus Deuses...
As escondidas!
Dos olhos vorazes de todos
E todas
***
Dizem...
Que andas se amontoando...
Na cidade dos motores!
A cantar músicas profanas!
***
Dizem...
Que estampas as páginas…
Das colunas policiais
Dos jornais!
***
Dizem...
Que andas por ai...
A clamar por justiça!
Por ai!
Que moras nas encostas!
Que traficas drogas.
Que não alimentas teus filhos.
***
Dizem...
Que cantas bem!
Que cultuas teus Deuses...
As escondidas!
Dos olhos vorazes de todos
E todas
***
Dizem...
Que andas se amontoando...
Na cidade dos motores!
A cantar músicas profanas!
***
Dizem...
Que estampas as páginas…
Das colunas policiais
Dos jornais!
***
Dizem...
Que andas por ai...
A clamar por justiça!
SEREIA
Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)
Chegou uma sereia a esta Enseada.
Não se sabe bem como chegou, como se desgarrou das outras sereias que viviam em
grupo em águas tépidas de um longínquo mar meio verde, meio azul – decerto foi
a febre que a desnorteou e fê-la perder-se dentre as correntes marinhas, a tal
ponto que já não sabia mais dar conta de si e se deixou levar pelas águas
batendo queixo, com tremuras de frio, até tão longe que já não sabia mais aonde
estava. Talvez tivesse morrido, pois sereias também morrem, caso não tivesse
encalhado aqui nesta Enseada. Marolinhas de nada fizeram com que sentisse que
ali era um mar com fundo raso, e ela se ajudou um pouco e encalhou na praia,
noite fechada, sem fazer ideia de onde estava. Reconheceu a forma de uma canoa
e se escondeu dentro dela, encolhida e infeliz, a febre alta a devorá-la,
espasmos de tosse a não lhe permitirem o descanso.
Foi o dono da canoa quem viu
aquela sereia encolhidinha ali e alertou ao moço bonito, que veio com cuidado,
sentiu a temperatura dela, ouviu a tosse, pensou nos chás que ela deveria tomar
e acabou por toma-la nos braços com o cuidado e a ternura com que se carregam
filhotes peludos. Levou-a para a sua casa, aquela casa que há muito ele
preparava com requinte à espera de uma sereia, toda arrumada e ajeitada por dentro
e por fora, pois quem espera sereias é muito cuidadoso em todos os detalhes.
Deitou a sereia na sua própria cama, fez-lhe os chás, diminuiu-lhe a febre,
aprontou um prato com a boa comida que os moços bonitos sabem fazer, e no outro
dia ele a tinha devolvido à vida.
Eu a conheci ontem, a essa sereia
de sobrancelhas cerradas como as que vivem ao norte do
Oceânico Índico, longos cabelos de pura seda que devem ondular muito lindo
dentro da água, mas que também são tão bonitos assim na secura do ar – usava
uma camiseta do moço bonito, pois aqui é terra de gente que usa roupa, e a luz
da tarde rebrilhava calidamente nas escamas do seu longilíneo rabo em tons de
negro e prata, como são os de tantas sereias. Estava sem febre e se deliciava
comendo algumas frutas. Achei que ela irá ficar morando aqui fora do mar e que
no futuro nascerão sereiazinhas na casa do moço bonito. Oxalá!
Sertão da Enseada de
Brito, 23 de março de 2019.
ICONOCLASTA
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Foi
de repente...
Depois de muito tempo,
Ela decidiu voltar para casa…
Sem qualquer explicação aparente!
Sem dizer uma palavra sequer...
Sem dar motivos para sua partida
Ou mesmo do seu retorno...
E eu afinal de contas,
Sem nada dizer!
Uma palavra sequer ao menos...
Sem saber o que fazer.
Acabei aceitando-a de volta!
Como se eu não fosse nada,
Uma mera figura decorativa apenas...
Bem ali parada!
Disponível...
Dispensável & artificial.
Contudo!
Já não poderia viver... Sem sua doce presença...
Na minha vida.
Tão inconstante & breve!
Não tinha como não aceitar,
As coisas são assim mesmo!
Inexplicáveis… inconstantes!
Irreais! Surreais.
Depois de muito tempo,
Ela decidiu voltar para casa…
Sem qualquer explicação aparente!
Sem dizer uma palavra sequer...
Sem dar motivos para sua partida
Ou mesmo do seu retorno...
E eu afinal de contas,
Sem nada dizer!
Uma palavra sequer ao menos...
Sem saber o que fazer.
Acabei aceitando-a de volta!
Como se eu não fosse nada,
Uma mera figura decorativa apenas...
Bem ali parada!
Disponível...
Dispensável & artificial.
Contudo!
Já não poderia viver... Sem sua doce presença...
Na minha vida.
Tão inconstante & breve!
Não tinha como não aceitar,
As coisas são assim mesmo!
Inexplicáveis… inconstantes!
Irreais! Surreais.
A NOVA ERA NOS EXTREMOS
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
As últimas eleições estabeleceram um
novo paradigma para a sociedade brasileira. Bem se sabe, que a onda
conservadora e extremista de direita não é um fenômeno exclusivamente
brasileiro e sim ocidental. E vem na esteira da falência das instituições e do
próprio sistema capitalista ocidental, uma crise de representatividade, uma
crise de representatividade acima de tudo. Assim o foi com a primeira era dos
extremos, onde o nazismo alemão e o fascismo italiano foram as suas expressões
mais cruéis, nos anos vinte, trinta e quarenta do século XX. E por aqui teve
forma mais visível com o grupo político Ação Integralista Brasileira,a AIB, a
prima pobre da extrema direita europeia.
Mas aqui em terras brasileiras o reflexo
é particularmente perverso, para não dizer cruel, onde a extrema desigualdade
social somada ao péssimo sistema educacional e uma estrutura do estado
carcomido por vícios seculares geraram, não somente um péssimo presidente da
república e uma péssima bancada de parlamentares. E sim uma gama de pequenos
ditadores e truculentos agressores outrora marginalizados pelo mito de uma
sociedade sem preconceitos, o mito de uma sociedade tolerante entre os seus
desiguais.
Em terras brasileiras pequenos
proto-fascistas guaiaram as ruas e as redes sociais com as suas convicção
racistas, elitistas, homofóbicas e misóginas fazendo vítimas toda a gama de
gente desassistida serem pobres, negros, gays, índios, imigrantes e
trabalhadores e mulheres. No Brasil tomaram cores diferentes até então. E por
ironia do destino foram os mesmos que ajudaram a eleger um falso Messias, seu
representante máximo, com as suas respostas simples para problemas complexo,
deu voz e vez para quem sentia a margem do processo político. Sim, se sentem
com o direito de agredir e matar livremente, em nome de Deus, da moral, da
propriedade privada e por patriotismo.
A nova Era dos extremos está apenas
no seu começo, e vai depender do aprofundamento da crise econômica, para se
espalhar, ainda mais, no ceio da sociedade. Se no passado tiranos, com seus
discurso populistas encantavam uma massa que desacreditava no sistema eleitoral
vigente para resolveram seus problemas imediatos. E marchavam com seus lindos
uniformes verde oliva, marrom e preto, nos dias de internet e sociedade
mundializada o papo é bem outro. Hoje reinam as notícias falsas online,
mentiras ditas mil vezes até tornarem realidades, e gestos imitando armas com
as mãos se tornaram moda fácil.
Se os
operadores do sistema capitalista ainda controlam seus tiranetes nas
pós-modernidade, é de se pensar na possibilidade dessas desastres anunciados
caíram nas mentiras que eles mesmos foram adestrados e contar. A história
recente já demostrou como terminou a primeira era dos extremos. E hoje há um
enorme campo aberto para novas desgraças, armamentos infindos de destruição em
massa em estoques guardados mundo a fora
MEU CONTÍNUO ATO
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Fico eu a pensar...
Nas minhas utopias.
E na nova geração que já não sonha mais!
E pensar nas múlti-plas razões...
Do meu contínuo...
Ato de escrever!
Textos que ninguém vai compreender.
Ai vem o desejo...
De revisar os meus textos!
E lembro-me também de ‘’re-visitar’’
Meus antigos mestres já mortos!
Então ensaio o meu Adeus às Armas!
Eu não consigo!
Ensaio o meu Motim!
Eu não consigo!
Ensaio o meu Boy-cote!
Eu não consigo!
Ensaio a minha Greve de fome!
Eu não consigo!
Ensaio o meu Retorno à vida.
Eu não consigo!
Ai tento escrever algo novo...
Eu não consigo!
Tento viver outra vida!
Eu não consigo!
Tento novos hábitos!
Eu não consigo...
Tento novos padrões de consumo!
Eu não consigo!
Tento ficar sozinho...
Eu não consigo!
Tento quebrar o silêncio sepulcral!
Em mim...
E não consigo!
Tento entender as pessoas!
Eu não consigo!
Tento compreender- te...
Eu não consigo!
Tento me esconder de ti...
Eu não consigo!
Tento te esquecer por completo...
Eu não consigo!
Ensaio me entender...
E eu não consigo!