quarta-feira, 1 de julho de 2020

CAMINO DE LOS QUILEROS (OSÍRIS RODRIGUEZ CASTILLOS)

 Fonte: YouTube, canal de Marcelo Muniz Silva, gravado em 1978, em um teatro do Uruguai.

Osíris Rodriguez Castillos foi um poeta, escritor, pesquisador, compositor, cantor, instrumentista, folclorista e luthier uruguaio (Montevidéu, 21 de julho de 1925 — 10 de outubro de 1996). A canção "Camino de los Quileros" foi inspirada no contrabando de pequenas quantidades de mercadorias na fronteira do Brasil com o Uruguai, mais especificamente em Aceguá, que até 14 de abril de 1996, quando foi emancipado, era um distrito de Bagé, RS. A música me traz muitas lembranças porque na fronteira do Brasil com o Uruguai praticamente não há fronteira. Somos um único povo. Tanto compramos no Uruguai como os uruguaios vêm comprar mercadorias no Brasil. Somos fiéis ao ditado: "En la pampa, no hay frontera".

CECÍLIAS




Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

As cecílias fecharam seus cadernos onde registravam, não em forma de diário, mas diariamente, seus poemas. Às cecílias é dado o direito e o poder de registrar poemas, trançando entre todos - se um dia pudessem ser reunidos - o que chamamos de poesia. Mas, na seqüência do que foi escrito, as cecílias haviam fechado seus cadernos, como gesto de abandono ou de desistência.
Se as cecílias não mais escrevessem seus poemas e não os deixassem registrados em seus cadernos, a poesia sumiria das nossas vistas e nossas vidas não teriam mais a magia decorrente. Estaríamos presos em eternas correntes cecilianas e arrastaríamos nossas mágoas e nossas incertas horas de não adormecer ou de nos alimentar, que as letras são a primeira e a última refeição de cada dia. Não podem as cecílias por isso ou por aquilo, de repente e nas razões indiretas do que todas pensam em uníssono, ter tal desistência, adormecimento ou esquecimento. As raivas não se coadunam com as cecílias e delas tomam distância, para não serem transformadas em bonitas figuras decorativas, em amores conquistados entre manchas sobre as toalhas de mesa, ou naquelas pequenas marcas sobre as roupas. As cecílias têm - ou tinham - consciência do que representam - nos seus textos, muitos entremeados com figuras ou desenhos de flores ou animais de estimação, recortados e colados em seus cadernos -, para as demais pessoas que se chamam álvaros, américos, marthas, clarisses e possuem segundos nomes, como pedros antônios, pedros josés, tânias reginas ou marias antônias, anas marias e paulos cesários; as cecílias transitam sós em seus nomes e aceitam apenas únicos sobrenomes, escolhidos para que sejam confortáveis aos poemas e deles não se destaquem nem os atrapalhem quando forem lidos ou lembrados.
Os cadernos das cecílias estão fechados. Uns foram guardados em gavetas, sob coisas ou livros, outros ficaram sobre as mesas, escrivaninhas ou nas mesinhas de cabeceiras (desses, temos esperanças de reencontros ou revoltas) entre contas e breviários, despertadores e luzes menores. A maioria foi colocado em lugares secretos, fechados à nossa imaginação e conhecimento. Nesses repousa o mais grave: o nunca mais serem manuseados, nem sequer lembrados e terem seus poemas consumidos pelos tempos em que as cecílias, completando as cenas, também forem se esquecendo deles e elas, trocando de nome e esquecendo que eram cecílias, se transformem em pessoas como nós, com os nossos nomes e as nossas artimanhas, desconsiderando os poemas guardados no esquecimento com que as letras vão esmaecendo até que nos cadernos sobrem apenas alguns rabiscos em cada folha e não se possa recuperar o que foi escrito, nem ao menos saber que naquele caderno repousou uma vez uma cecília. A criança a quem for dado o caderno terá noites de insônia, o sono agitado de quem recebe a visita de cecílias; em cada amanhecer terá a tentação do grafite e, como ainda não sabe das palavras, preencherá folhas e folhas daqueles cadernos com figuras, traços e rabiscos e, mesmo que o que faça também possa ser poemas, não serão os poemas originais deixados pelas primeiras cecílias. Mesmo que essas crianças perdurem em suas vontades, não alcançarão a glória dos escritos cecilianos. Serão apenas traços e rabiscos, depois letras mal enjambradas, palavras mal escritas, versos tortos de desanimados seres que vieram depois do quando as cecílias pontuavam seus poemas no final das tardes e com cuidado guardavam seus cadernos para que as noites lhes fossem leves e seus sonos fossem calmos e não sonhassem além do que haviam escrito naquele dia e no outro e assim sucessivamente, até que o caderno fosse completado e, na verdade, para que ficassem completos, as cecílias escreviam nas contracapas, nas terceiras capas, antes e após as últimas linhas, nas capas e nas últimas capas. Nem um espaço poderia sobrar, mesmo que para isso tivessem que diminuir as letras, juntar palavras, mudar sentidos e, finalmente, antes de passar para o próximo caderno, lançar como despedida uma última frase poética sobre o tanto que lá estava escrito, ou sobre o rapaz conhecido naquele dia, ou sobre a tristeza de ele estar completo e nele não poder ser lançado mais um verso categórico ou oscilante sobre a vida, a obra, o dia e a noite cecilianamente encerrada em nuvens e estrelas alternadas.
O fechar dos cadernos das cecílias correu mundo; mesmo as pessoas mais broncas, mais ríspidas, mentirosas ou fascinantemente comprometidas com a escuridão e a maldade, sentiram os movimentos ritmados com que os cadernos foram fechados. O abandono da idéia que a todas permeava na certeza com que seus versos não eram entregues em cada tormento, a maneira singela e clara com que seus poemas nos consolavam. Estávamos órfãos, cada pedro, cada paulo, cada regina ou tânia, cada marina ou mariana, cada um que carregava dois, três ou mais nomes, porque as cecílias de simples nomes haviam decidido sem falar umas com as outras, sem ao menos serem conhecidas entre si, que os cadernos não eram mais necessários e que a poesia (antes de se transformar em outras letras que não aquelas) havia terminado. Os cadernos, mesmo os incompletos e até mesmo aqueles que as cecílias mais jovens estavam começando, foram fechados, assim como passa o vento diante das nossas janelas e só o sentimos se abrirmos os vidros e pusermos os braços para fora, e se encerraram sem barulhos, sons ou o mero farfalhar das folhas. São discretas as cecílias com suas obras, com os invólucros e com os gestos. São discretas como seus olhos captando os movimentos vindos de dentro e de fora de cada uma delas: são discretas quando escondem suas lágrimas.
Estamos aqui, desceciliados, na orfandade dos versos e dos poemas completados ontem, antes e por todo o sempre. Não haverá palavra que nos defenda ou que nos arremeta ao amanhã; os amanhãs serão iguais ao ontem e cada um de nós será sua própria palavra: fúnebre, alegre ou triste, desencontrada ou arranhada em paredes. Nossos grafites estarão quebrados, nossas lanças estarão partidas, nossos sonhos estarão acordados. Ainda nos sobrarão as lâminas das facas e com elas, em último e desesperado gesto, faremos nos troncos das árvores mais próximas entalhes de corações atravessados por setas e dentro deles escreveremos com a força resultante, sempre e em cada um, o mesmo nome, repetido e no plural, pois plurais são as cecílias que escreveram em nossas vidas os poemas mais belos.

O VALOR DE UMA OBRA



Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)


Naquela fria e sombria manhã de Inverno, do ano de 1967, estava à porta da “Livraria Silva”, na Praça de Sé, quando passa, de reluzentes divisas doiradas, o sargento Mário. Homem de Vinhais, de lábios grossos, estatura meã, rosto levemente queimado pelo abrasador sol de Bragança, que descia, despreocupado, em direção ao velho: “ Chave Douro”.
Cumprimentei-o com cortesia, curvando reverentemente o busto, lançando afetuoso e quase impercetível: “bom-dia! …”
Estacou. Mirou-me de cima a baixo, tomando expressão de espanto:
- Então ainda por aqui!? Pensei que estava no Porto?! …
- Parto dentro de horas, na automotora…Aproveito para examinarem o relógio. Dei-lhe corda…e nada! … - Disse, mostrando-o, na palma da mão.
Caía neve miudinha. Fazia vento gelado, vindo da Sanábria, que cortava impiedosamente a epiderme. O céu era sombrio, cor de cinza.
Deambulavam, melancólicos, pela Praça, vultos rebuçados, no aconchego de lúgubres gabões, arrastando e sulcando, a lentos passos, a fofa neve, que tudo embranquecera, em grosso rolão, na enregelada madrugada.
A cidade mergulhara em misterioso silêncio; dir-se-ia, que, a passarinhada, tolhida pela friagem, emudecera nessa triste e sombria manhã de Inverno.
Pouco depois, segurando a velha mala de cartão endurecido, comprada na Baviera, acomodava-me na automotora, a caminho do Tua.
Apressei-me a visitar a pequena relojoaria, que ficava nas cercanias da Sé do Porto.
Mirou-o com ar de entendido. Entalou a potente lente, sem aro, nas pestanudas pálpebras, e levou-o para a banca de trabalho, escarafunchando o mecanismo.
Decorridos escassos minutos, o Senhor Júlio – relojoeiro da família, – entrega-me, o relógio, com o tic…tac….bem cadenciado.
Por delicadeza, perguntei-lhe, quanto lhe devia.
E quando aguardava aperto de mão, e indicação, que nada era. Este, com rosto cheio de risos, declarou:
- Apenas cinco escudinhos…
Regressei amuado: cinco escudos, por cinco minutos! …
Já embarcado, no velho comboio do Douro, ainda remoía, indignado, o “atrevimento” do descarado relojoeiro.
O tempo passou. Decorreram mais de cinco décadas. Envelheci, sem dar por isso; e descobri o “atrevimento” ou a “sovinice” do pobre relojoeiro.
Ao ler Cruz Malpique, in: “ Vocação e Profissão “, encontrei o episódio, entre Vernet, pintor francês, e o dono de célebre cavalo de corrida.
Recebera o pintor encomenda de retratar o magnifico cavalo. Vernet completou a obra em dez sessões! …
Concluída, pediu: cinquenta mil francos…
- Cinquenta mil francos, por dez sessões?! - Disse o dono do cavalo.
- Não. - Retorquiu, empertigado, o pintor. - Nesta obra está o que aprendi durante quarenta anos! …

“QUEM VIVA?! …”



Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)




Contava meu pai, com elevada graça, que tivemos antepassado, muito desenrascado, que sempre encontrava resposta pronta, na ponta da língua.
Era no início do século XX, quando haviam muitas sarrafuscas. Ao passar nas mediações da Serra do Pilar, em Gaia, deparou, atónito, pequeno agrupamento de soldados.
Receoso, avizinhou-se muito devagarinho…Quando se encontrava a escassa distância, surge-lhe roliço sargento, de farta bigodaça, sobrolhos eriçados, que se postou, de mãos nas ilhargas, à sua frente, interrogando-o asperamente:
                  - Quem é vossemecê?! - Vociferou.
- Quero ir para casa… – respondeu temeroso, crispando nervosamente a testa.
- Não pode circular! …
- Mas…meu sargento, preciso de ir para casa…Tenho mulher e filhos. Estou preocupadíssimo
- Então vá! Mas antes, diga: Quem viva?!
O homem ficou assarapantado. Que havia de dizer? …; desconhecia de que lado estava o militar…
Voltando-se para o sargento, disse-lhe todo empertigado:
- Viva o meu sargento! Viva eu, e mais quem o senhor quiser! …
De sorriso agarotado, nos lábios grossos, o militar, deixou-o passar, sacudindo vagarosamente e complacente, a cabeça, como quem queria dizer: Este sabe-a toda…
Essa historieta, verdadeira, fez-me lembrar a que conta Agostinho de Campos, na: “ Língua e Má Língua”:
Perguntaram a Teófilo Braga, durante a Grande Guerra, se era francófilo ou germanófilo.
O escritor, não queria revelar a sua simpatia, e respondeu deste jeito:
- Eu cá sou Teófilo….
Nos conturbados tempos que correm, também muitos perguntam: “ Quem viva!?”
Se dissermos viva a “Esquerda”, somos pascácios para os da “Direita “; se dermos vivas à “Direita”, somos retrógrados, e anátemas…
Neste tempo democrático, de amplas liberdades, melhor é dizermos como meu antepassado:
- Viva eu! Viva você! E mais quem você quiser! …

CORDEL DO SÃO JOÃO


Por Gustavo Dourado (ATL, Taguatinga, DF)

(24 de junho de 1980)

São João de hoje em dia
Tudo está muito mudado
Show e festa em clube
Se perdeu o rebolado
Saudade do São João
No terreiro e no roçado 

São João é arrasta-pé
Forró, fogueira e baião
Xote, xaxado e quadrilha
Foguetes, bombas, balão
Caruaru-Campina Grande
São João bom é no Sertão

Arraiá, queima de espada
Milho, cará e animação
Festa junina e joanina
No Brasil é tradição
Santo Antônio, São Pedro
Mais quente é o São João

Sortes, fogos, adivinhas
Simpatias e acalanto
Pai-Nosso, Salve-Rainha
A festa é um encanto
Santo de cabeça pra baixo
Atrás da porta, num canto

Crisma, batismo de fogo
Dançar e pular fogueira
Assar batatas na brasa
Cantar a Mulher Rendeira
Baião de Luiz Gonzaga
Com forró à noite inteira

Latada, pamonha, canjica
Mel, cuscuz e macaxeira
Cachaça de alambique
Cana quente de primeira
São João é no Nordeste
Para curar a pasmaceira

Mês de junho, 24
O Dia de São João
É festa da cristandade
Bem antiga tradição
Até no Antigo Egito
Já tinha a celebração

Pular fogueira e dançar
Tão linda celebração
Sortilégio e buscapé
Chuva de ouro e rojão
Pistolágrimas nos céus
Nas noites de São João

Bandeirolas e balões
Claridades no Sertão
Barraquinhas de comida
Mungunzá, licor, quentão
Balinhas e amendoim
Como é bom o São João

São João no Cerrado
Na festa do interior
Taguatinga e Ceilândia
E lá no Rodeador
São João em Brasília
Sanfonarte, luz, calor

Meu São João de garoto
Nas festas do interior
Em Recife dos Cardosos
Ibititá e Tombador
No sertão de Irecê
São João de paz e amor

São João em minha infância
Não tinha eletricidade
A luz era à luz da lua
Tinha estrelicidade
Do São João de eu menino
Lembro e morro de saudade

JULHO...

Por Maria Félix Fontele (Brasília, DF)


A PRINCESA ISABEL, DO BRASIL, EM PORTUGAL


  
Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)



A Condessa Maria Droste Zu Vischering – nasceu em Munster a 8 de Setembro de 1863, (Alemanha.) Foi religiosa, no Convento do Bom Pastor, no Porto – Rua do Vale Formoso, – onde faleceu a 8 de Junho de 1899, no dia da festa do Sagrado Coração de Jesus.
A Irmã Maria – como é conhecida, carinhosamente, na cidade do Porto, – chegou a Portugal, a 24 de Janeiro de 1894, vindo a ser Superiora do Recolhimento do Bom Pastor.
 Era alegre e queria que todos, que com ela convivessem, fossem felizes.
Mantinha, no seu quarto – hoje transformado em capela, – intimas conversas com Jesus.
A seu pedido, com autorização de D. Teotónio Vieira de Castro – seu confessor, – escreveu a Leão XIII, para que consagrasse o Mundo, ao Sagrado Coração de Jesus.
Impressionada pelas cartas da Irmã Maria, e íntimas conversas com R. P. Lemius, Diretor Nacional de Montmartre, a Princesa Isabel, filha de D. Pedro II, resolveu vir a Portugal, no propósito de erguer basílica, em honra do Divino Coração.
O local escolhido, era a cidade do Porto, no Convento onde a Irmã Maria, vivera.
A ilustre e bondosa Princesa, deslocou-se ao Paço Episcopal do Porto, para expor, a D. António Barroso, o seu desejo. Partiu, depois para Lisboa, a fim de cumprimentar a Rainha D. Amélia.
Constatou, porém, que o projeto era inviável, nem necessário, visto já existir, em Lisboa, basílica consagrada ao Divino Coração.
Nos anais, da Congregação do Bom Pastor, no Porto, consta que a Princesa efetuou uma visita à Comunidade, para conhecer o local onde vivera a bem-aventurada.
Traslado do francês, para melhor compreensão, e quase formalmente, o que reza o velho manuscrito:

“ A Senhora Condessa d’Eu veio fazer-nos uma primeira visita, quinta-feira, 26 de Novembro (1903). Nesse dia conversou longamente com a Madre M. Jesus. Sua Caridade fê-la visitar toda a casa: as nossas classes e os nossos jardins. A Senhora Condessa pareceu muito satisfeita e pediu o favor de voltar no dia seguinte, sexta-feira, ouvir a missa na nossa humilde capela e receber a Santa Comunhão, querendo comungar no mesmo lugar em que a nossa digna Madre tinha recebido as suas graças do Divino Coração. No dia seguinte, pelas 8 horas a Senhora estava no Convento com a sua filha. Durante a Santa Missa a Comunidade executou alguns motetes de circunstância. Depois deixando a capela, dirigimo-nos ao locutório, onde foi servido modesto almoço e a Senhora Condessa deixou-nos, dizendo-nos quanto estivera feliz por ter visitado estes lugares, onde o Divino Coração se tinha manifestado e deixou-nos como lembrança uma generosa esmola”.

A concluir, devo ainda esclarecer: a Irmã Maria, foi beatificada, a 13/02/1964; e é venerada, por muitos portuenses, que recorrem a ela, como intermediária, junto de Deus.

SINTO TUA ESSÊNCIA

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

Meu coração chora de amor,
Me faz ser bruta, não flor.
***
Minha alma geme de dor,
Em silêncio fico, adormeço
No meu orgulho.
***
Tento te buscar, não consigo,
Me depara num penhasco,
Sinto medo.
***
Finjo estar tudo bem, mentira,
Existe uma fera dentro de mim,
Mas mansa, chora, nada faz.
***
E, este amor dentro de mim,
Me faz ser incapaz, ao mesmo
Tempo se aflora.
***
Todo este sentimento,
Me inquieta, desorienta-me,
***
Tento me refazer, me perco
Me escondo deste amor,
Por medo, incertezas, sofro.
***
Mas não dá, entrego-me,
Tua essência invade-me....
E, intensamente, digo:
-Sempre será, aquele que...
Tanto amo...!

Contato: bragalimafabiane@gmail.com

A BELEZA OCULTA DA MULHER


Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Toda mulher tem uma beleza oculta, basta ela encontrar. Muitas se escondem com medo de julgamentos. Porque a sociedade exige que a mulher seja bela com corpo escultural. Uma mulher com marcas da sua história é sempre questionada: O que aconteceu?
Raramente as pessoas questionam o homem. Raramente exigem do homem beleza. A beleza padrão é exigida a mulher. A mulher é cobrada, humilhada. A alta aceitação da mulher seria um basta a tudo isso. A mulher precisa aprender a não ter vergonha da sua história por mais dolorosa que seja.
O importante é seguir com a vida. A vida não se deve se resumir a corpos. O inimigo da mulher é a sociedade.
Eu sou negra, estatura baixa e gorda, não tenho cabelo liso. Para a sociedade eu não sou o padrão de beleza ideal. Aliás muitas mulheres negras estão fora do idealismo da beleza perfeita.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com