Entre mãe e filha
Margô mãe de três meninas, ela a caminho da meia idade, trabalhava muito
para dar sustento para as filhas ainda pequenas. A família há pouco tinha se
mudado do interior para a capital, Margô, mãe solteira, pretendia dar uma vida
melhor para as filhas.
As
pequenas gêmeas Lara e Clara, de oito anos, eram alheias às muitas dificuldades
em que viviam, que as circundavam. Mas Luci, a filha mais velha de doze anos de
idade, era rebelde e não se conformava com aquela situação, com a penúria da
família. Entristecendo o coração ferido, da exausta Margô quando chegava do
trabalho tarde da noite. Luci perguntava com arrogância, o que a mãe tinha
trazido para o jantar. Tendo como resposta com poucas variações que aquilo era
que se tinha para comer graças a Deus! A mãe respondia para a Luci com os olhos
rasos de lágrimas. Logo depois, cansada, tomava um banho rápido e preparava o
jantar para as filhas.
Assim eram os dias de Margô se passavam, de muita tristeza pois, a sua
filha mais velha, não perdia as oportunidades de demonstrar que não suportava a
situação da família. Então um dia, a mãe de Luci, decidiu dar um basta na
situação! Estava mais do que na hora de mostrar para a filha tudo o que passa
nas ruas e no serviço. No outro dia chamou a filha mais velha, Luci.
—
Sabe filha! Tenho um dinheiro guardado, quero te levar pra comprar roupas
novas.
— Lógico que quero mãe, vamos se divertir muito.
— Claro que vamos! — Mal sabia a pobre garota o que a mãe estava preparando.
— Escuta filha, logo depois, vou lhe contar um segredo que é só meu. E você
verá com os teus próprios olhos.
— Então, vamos mamãe, estou louca para escolher roupas novas.
E assim pegaram o ônibus bem cedo, partiram rumo ao centro comercial da cidade
e foram a um shopping. Luci se espantou ao ver o ônibus enchendo de gente em
cada parada. A jovem também notou que alguns falavam rápido e outras línguas
estrangeiras e vestiam roupas estranhas. Algumas pessoas com cara de sono
bocejavam, outras dormiam e outras falavam sozinhos. Barulhos, sussurros, risos
e cheiros que se misturaram naquele microcosmo tão novo para a jovem.
O ônibus parou ao lado do shopping e pequena Luci mais se espantou com o número
de pessoas que desciam dos ônibus que não paravam de chegar e despejar pessoas
e mais pessoas. A jovem nem teve tempo de notar as estruturas em volta, o
enorme e moderno ponto de ônibus e nem a arquitetura envidraçada do shopping.
Duas ciganas, uma idosa e outra bem jovem, com suas roupas extravagantes que
liam a sorte, um senhor de idade avançada que vendia passes de ônibus e um
vendedor de doces e salgados em uma pequena barraca improvisada. O barulho do
trânsito também chamou a atenção da jovem mulher, subiram a rampa de acesso do
centro comercial, a mãe segurando a mão da filha, o que seria constrangedor
para Luci, mas não era.
—
Mamãe olhe!? Quero entrar nessa loja...
—
Fique à vontade minha filha!
A menina entrou na loja e logo foi barrada por dois seguranças, elas eram
monitoradas desde da entrada, no centro comercial, primeiro pelos atentos olhos
eletrônicos de câmeras ao alto e depois seguidas por seguranças.
Logo
chegou o falante subgerente seguido pelo arrogante gerente da loja, ambos bem
vestidos.
—
Aqui é uma boutique de roupas finas, não há nada que lhe sirva aqui! —
Bradou o gerente, da famosa loja, como se discursasse para uma multidão. Depois
olhou para a menina malvestida, com seu jeito superior, como se estivesse com
nojo da menina com leve tom escuro de pele e os cabelos encaracolados.
— Mas
senhor por que?
— Não
trabalhamos com crediário, sai daqui por gentileza.
Margô com
os olhos cheios de lágrimas viu o preconceito que sua filha passava naquele
momento. Mas, criou forças, sem nada dizer pegou a filha pelos braços e a
afastou da situação embaraçosa que estava passando. As duas mulheres caminharam
para longe da loja, foram parar em um local comum de descanso do shopping.
Margô teve a ideia de levar Luci ao seu local de trabalho, lá onde sua
filha poderia ver o desprezo e preconceito, no qual passava para poder
sustentá-las. Luci já estava entristecida, pois sentiu na pele o descaso
naquela boutique.
— Mamãe é aqui que a senhora trabalha?
— Aqui está o segredo que eu queria te contar.
Então, chegou a chefe de Margô arregalou os olhos e toda sorridente
— Mas quem é a garota linda!?”
— É a minha filha mais velha. — Margô era toda orgulho.
— Vou pegar uma cadeira, mais confortável para a mocinha linda, não quero que
suje o banco do shopping. — brincou a senhora que gerenciava o restaurante onde
Margô trabalhava
Luci tomou a sério a brincadeira e ia sair correndo, mas, Margô a pegou firme
pelo braço.
— Lembra do segredo que ia te contar!?”
— Lembro sim, pode me contar.
— Tudo isto que você passou hoje, estou mais que acostumada a passar.
— Me perdoa mãe…!? — Luci abraçando sua mãe, chorou.
— Escuta filha! Para eles somos diferentes. Sofremos preconceitos.
— Venha filha, não se culpe, erga a tua cabeça, estude muito. Tenha um outro
rumo na vida.
A partir daquele dia Luci viu o mundo totalmente diferente, mais cruel,
infelizmente. Mas aprendeu a valorizar sua mãe! A população brasileira é
miscigenada em razão da mistura de diversos grupos humanos. Indígenas,
africanos, europeus e asiáticos… O preconceito está na pessoa que nunca estudou
a história do Brasil!
Fabiane Braga Lima: texto e argumento
Samuel da Costa: texto e revisão
Renan Fillipi da Costa: revisão
Bem casados
— Onde vai minha querida?! —
Perguntou Heitor apreensivo.
— Trabalhar! Oras bolas! —
Heitor percebeu seu olhar dissimulado e seu jeito sarcástico.
A esposa de Heitor
pegou o sobretudo no cabideiro, vestiu a peça, andou poucos passos, pegou a
bolsa que estava em cima da mesa, sacou o espelho de mão, conferiu a maquiagem,
devolveu o objeto e saciou um perfume e deu pequenos borrifos no pescoço. E lá
se foi Margarety ganhar as ruas, sem ao menos se despedir do marido que estava
confortavelmente sentado em uma poltrona onde pretendia ler o jornal. Parou de
ler para apreciar o espetáculo particular da esposa.
Margarety andou por poucos
minutos e entrou num beco escuro. A esposa de Heitor era debochada e não
conhecia limites. Já o marido de Margarety era honesto e trabalhava para lhe
dar o melhor para a família. E ela nunca o valorizou o homem que tinha em casa!
Vestia sua melhor roupa, perfumava-se, dizia ir trabalhar e sempre no começo da
noite. A princípio Heitor não achou ruim ter poucos minutos de paz em casa, ele
pensou que a esposa ia fumar e espairecer um pouco longe da vida de dona de
casa. Depois que os minutos se alongava e as roupas da esposa encurtavam o
homem da casa ligou o alarme no total.
Em uma das noites Margarety deu sonífero para os dois
filhos pequenos, para não acordarem aos berros no meio da noite, assim Heitor
poderia dormir bem tranquilo. Logo depois de dopar os filhos, ela saiu como de
costume.
A esposa de Heitor chegou embriaga em casa, levemente
embriaga e cheirando a cigarros baratos na manhã seguinte! Até aquele momento
Heitor era tolerante, ou talvez estivesse disfarçando para não a perder. Pois o
homem da casa tive seus rompantes na adolescência e na juventude. Só sossegando
quando casou com a pura e casta Margarety!? Heitor não mensurava era o quanto
as crianças sentiam da falta da mãe. Mas a paciência tinha acabo.
— Vou resolver isto agora mesmo. —Heitor bradou para si
mesmo — Hoje acaba a festa.
Heitor viu a esposa passar ao lado dele trôpega, como se
ele não existisse. O homem da casa acompanhou a esposa até o quarto do casal e
capotar na cama.
Ao cair na noite a rotina segue normalmente, Margarety
adentrou no beco escuro, estava se encontrando com homens casados e homens mais
jovens. Mas Heitor a seguiu, e só se arrependeu de não estar armado. Heitor viu
a esposa amada entrar em uma casa decrépita! Heitor derrubou a porta com fortes
chutes. E, lá estava ela, despida com dois homens jovens.
— Mulher suma da minha vida, suma! — Heitor gritou e vendo
aquela cena dantesca
— Porque?! Pense! nossos filhos. — Margarety ria alto a
proferir estas palavras.
— Suma da minha vida mulher! E Não volte mais para casa!
Arrume um bom advogado.
Foi o momento mais difícil na vida de Heitor. Logo depois
foi preso acusado de agredir Margarety e ainda descobriu que os filhos não eram
dele. Lutou e amava as crianças e continua lutando. Heitor aceitou a vida
alternativa de Margarety. Embriagada vez ou outra levava homens estranhos para
dentro de casa. Nua, pervertida. psicopata, talvez!? Será!?
Fabiane Braga Lima: texto e argumento
Samuel da Costa: texto e revisão
Renan Fillipi da Costa: revisão
Não corra Maria (as consequências da pandemia)
No
momento que ocorre o este drama o estado do Maranhão tem mais de mil e
seiscentos registros no interior em vinte e quatro horas e passa e dos mil
cento e um mil casos confirmados de Covid-19!
Maria segurava
firme nos braços seus dois filhos, ainda pequenos e ela estava amedrontada, caminhavam
pela mata afora na completa escuridão. A família, estava não muito longe da
favela onde viviam e pareciam fugir de alguém ou de alguma coisa. Muito cansada
Maria, sentou perto a um minúsculo córrego de águas cristalinas, estavam
famintos e sedentos. Beberam água e comeram o pouco do que tinham levado.
Logo depois, recomeçaram
a caminhar e chegaram em pouco tempo à beira de uma estrada deserta. Um carro
parou ao poucos centímetros da família em fuga e o vidro do carro baixou.
— O que
estão fazendo aqui? Este é um lugar perigoso! — A motorista parecia assustada e
preocupada com a cena que via. Uma mulher jovem vestida com roupas simples e
com dois meninos pequenos. Estavam maltrapilhos vagando no meio do nada.
— Por favor,
minha senhora! Sai daqui agora! Ele vai me ver, vai embora! — Maria sussurrou
aflita para a motorista.
Ela olhou com mais atenção e viu os hematomas no
rosto magro e sofrido de Maria, os olhos vermelhos e roxos.
— Mas ele
quem minha senhora? A senhora não quer mesmo uma carona?
De repente,
chegou um homem alto e forte e a puxou Maria pelos cabelos com força, a levando
novamente em direção a mata. Maria tropeçou e foi ao chão, levando as duas
crianças junto, a pequena bolsa que ela carregava se rasgou espalhando os
poucos pertences da família. O homem com tufos de cabelo de Maria na mão,
olhava ameaçador ergueu o pulho e jogou os tufos de cabelo em cima da
mulher.
— O que
pensa que está fazendo mulher, tu vai voltar pra casa agora! — Maria de
levantou, entrou mata a dentro, ela não chorava nem se lamentava. As crianças
choravam e corriam, tentando os acompanhar o casal.
— Larga
minha mãe, larga ou chamamos a polícia! — O filho mais velho gritava e chorava
alto.
A motorista
então, percebi que era o esposo e estava a violentando. Ela pensou em agir, mas
não saiu do carro, pois o homem poderia estar armado. Mas não podia ver tamanha
covardia e ficar quieta. Peguei o celular, mas não havia sinal no lugar ermo,
ela sai dali as presas e foi encontrar ajuda no posto policial não muito longe
dali. Ali ela descobriu que o homem era velho conhecido da polícia, cheios de
denúncias de pequenos delitos, agressões e violência doméstica.
Não demorou
logo em seguida, chegaram autoridades na comunidade onde Maria vivia! Algemaram
o agressor, ou seja, aquele monstro, e o levaram para delegacia, onde foi preso
pois tinha um mantado de prisão em aberto. Enfim, Maria descansou, sentou em
frente na casa e abraçou os filhos, vendo o marido aos berros ser levado pela
polícia. Além de ser violentada, sofreu durante anos pressões psicológicas.
Ao chegar
em casa a denunciante, que por anos trabalhou como escrivã em uma delegacia de
polícia, incomodado que estava foi pesquisar alguns dados sobre violências
domésticas e foi isto que ela descobriu: O índice de mulheres violentadas na
pandemia da Covid-19 aumentou em torno de cinquenta por cento. Mais de quinhentas
mulheres são agredidas a cada hora no Brasil. A perda ou diminuição da renda
familiar, pode ser um dos motivos. Como se não bastasse o aumento de bebidas
alcoólicas leva jovens fora da escola a consumir bebidas em exagero.
A
escrivã aposentada após a leitura da pesquisa deixou esta mensagem na rede
social dela: ‘’Vamos refletir! Se acaso não formos vítimas, mais vizinho, ou
parente, não devemos nos calar! Ligue, 180 ou 190’. Nenhuma mulher merece
sofrer violência doméstica, sexual, ou até mesmo psicológicas, causando danos
morais e diminuição da auto estima.
Enfim, não
corra Maria, dê um basta na violência física, psicológica, sexual e moral. Não
corra Maria
Fabiane Braga Lima: texto e argumento
Samuel da Costa: texto e revisão
Renan Fillipi da Costa: revisão