Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
terça-feira, 1 de agosto de 2023
DOM PEDRO V: O REI DA CAIXINHA VERDE
Por
Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Não é a primeira vez que me
refiro à figura de D. Pedro V, Rei cultíssimo e de elevada sensibilidade.
Mas só depois de se ter
descoberto, na livraria do Paço Ducal de Vila Viçosa, o famoso " Livro
Negro", que se pensava ter sido destruído pelo seu irmão, o Rei D.
Luís I, é que se conheceu, verdadeiramente, o carácter desse jovem Rei,
semelhante a D. Pedro II, Imperador do Brasil, ambos amigos e admiradores de
Alexandre Herculano.
Durante os curtos anos que
dirigiu a Nação, inaugurou-se os primeiros quilómetros da linha-férrea do Norte
– 1856 (Lisboa - Porto); fundou-se o Curso Superior de Letras (1859);
lançaram-se as primeiras linhas telegráficas (1855); e deu-se início ao primeiro
cabo submarino, entre Lisboa, Açores e Estados Unidos.
Mas, a meu ver, o que é
merecedor e de se exaltar, foi o cuidado de se manter sempre atualizado, e
principalmente, o esforço que realizou em defesa da liberdade, que para ele, era:
"O sentimento mais nobre
do homem."
(Escritos de el-rei D. Pedro V, vol 2º. pág.170)
A 24 de março de 1856, D. Pedro V escreveu no
seu diário:
"...Não sou tão tolo que goste de meu ofício,
mas hei de trabalhar por ele com zelo e com perseverança, e fazer bem e
florescer um pouco a moralidade."
(Lembranças, fól.141 v)
Os escrúpulos extremados, e o amor à verdade, levaram-no a tomar atitude
inédita na política.
Diz Oliveira Martins, que: "
Tinha em tanta conta os que o rodeavam, cria tanto neles, que mandou pôr à
porta do seu palácio, uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo
pudesse falar-lhe com franqueza, queixasse e acusar os crimes dos
governantes."
Dizem que foi obrigado a
retirá-la, porque o povo ou os políticos (?) lançavam em lugar de pedidos e
queixas, insultos e palavras incongruentes.
É bem verdade – quando se
pretende dar voz a quem a não tem, os "democratas" não gostam...
Aos dez anos D. Pedro V teve
como mestre D. Maria Carolina Mishisch,, seguiu-se Martins Basto. Aprende latim
e com seis meses de estudo, traduz: Eutrópio e Fedro; aos doze, consegue verter
para língua pátria, textos de: Virgílio, Tito Lívio e Cícero.
Aprende, também música,
pintura, filosofia e línguas vivas. Era admirador de Alexandre Herculano, que
foi seu preceptor.
"
O Papá deu-me conta duma interessante conversa que tivera com A.
Herculano."
(10 de outubro de 1856 -Volume VI, fól. 65)
Aos dezassete anos
(1854) viaja para Inglaterra, Bélgica, Alemanha, França, e no ano seguinte,
Itália e Suíça.
Não viaja para se
divertir, mas para aprender e contactar políticos e homens da cultura.
Lê imenso: livros e revistas
generalistas, mas mormente, de economia, para se manter sempre atual.
Era de sensibilidade
delicada. Quando o pai (Papá - como escreveu no diário) adoecia, ficava grande
parte do dia junto do leito, lendo-lhe artigos publicados nos jornais:
" Estive
no quarto do Papá, que está doente. Estive conversando com ele, e lendo-lhe
artigos da Revue des Deux Mondes."
(Diário de D. Pedro V. - 28 de novembro de
1855)
Durante a epidemia de
Cólera (1855-56) que se espalhou em Lisboa, seguido da Febre-amarela (esta
iniciou-se no Porto,) parte da população da cidade foge para a província. D.
Pedro V não só não recusa abandonar a Capital, como visita hospitais, entra nas
enfermarias, e conversa, afetuosamente, com doentes.
Fiz Damião Peres:
" Quando deixavam Lisboa, aos cardumes, todos quantos fazê-lo podiam, o
Rei não desertou, como é sabido. Podia, porém, e já não era pouco, limitar-se a
permanecer na capital, dando exemplo de indefetível civismo; mas não, pois
inúmeras vezes afrontando corajosamente os riscos de contágio, visitou os
hospitais, detendo-se à cabeceira dos doentes e levando-lhes com o consolo da
sua presença, o doce alívio duma animadora palavra."
Sabendo que muitas
crianças ficavam órfãs, auxilia-as, correndo as despesas do seu próprio bolso.
Alves Mendes, em: "Orações e Discursos", na
"Oração Fúnebre". Proferido nas exéquias do Rei D. Pedro V, a 11 de dezembro
de 1861. Mandada celebrar pela Câmara Municipal da Figueira da Foz",
afirma a determinado passo:
“(...) E em balde
alguém o aconselha para que mudasse de sistema. Não! Dizia ele a seus ministros:
diante da crise que dizima meus povos, não será meu coração que descansa, nem
meu braço que deixe de trabalhar!..."
A 29 de Setembro de
1861, o rei desloca-se a Vila Viçosa, com os infantes D. Fernando e D. Augusto.
Após curtíssima estadia percorre várias localidades, sendo recebido
acaloradamente pelo povo.
Chega a Lisboa,
senta-se mal, vindo a falecer decorridos dias (11 de novembro de 1861, pelas
19H00).
Existe no Porto, na
Praça da Batalha, estátua de bronze, com três metros de altura, e peso de
noventa arrobas. O monumento tem a legenda, em bronze: " Os artistas
portuenses por gratidão a D. Pedro V, em 1862.
Foi oferecido á
Sociedade Portuguesa de Beneficência do Rio de Janeiro, réplica do monumento,
em prata, com o peso de nove quilos.
A ESTATUETA CÉLEBRE
Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Quem não conhece a famosa
caricatura de Eça, que no início do século XX foi apelidada de: "
Estatueta Célebre"?
Por certo já a viram em
revistas de arte ou na capa das obras de Eça, editadas pelos: " Livros do
Brasil".
Mas aposto que poucos são os
que conhecem, como e porquê, Gouveia, a modelou.
A estatueta permaneceu, durante
semanas, recoberta por pano preto, no atelier de Francisco da Silva Gouveia, em
Paris.
Qual a razão de tanto recato?
Por ser a genial caricatura do nosso embaixador, em Paris. Ridicularizar o
representante de Portugal, sendo ele Eça, não era nada fácil, para singelo
plebeu, filho de armazenista da Rua de S. João, no Porto.
Eça era muito conhecido e
respeitado, figura de destaque na literatura do nosso país, bem aparentado, e
amigo de gente ilustre.
Conta-se a verídica história,
em duas palavras:
A embaixada de Portugal ia dar receção,
em Paris. Foram convidados artistas lusos, residentes na capital da Luz, e
entre eles, Gouveia.
Desconhecendo que era receção
de gala, Gouveia apresentou-se de rabona.
Eça, quando o viu rodeado de
"senhores de casaca", acercou-se, e disse em alta e bom-tom: "
Quem é este gigante que parece ter engolido um touro e deixado os cornos de
fora?"
Fraseado nada elegante para um
escritor, e menos ainda para político educado.
Ouve-se gargalhada escangalhada,
e sussurros chocantes.
Humilhado, Gouveia, regressa ao
atelier e nervosamente modela o Eça, na mesmíssima posição ridícula, quanto
pronunciou o chiste.
Depois, receoso, escondeu o
gesso. Decorrido dias, mostrou-o a compatriotas seus que o aconselharam a
partir a estatueta. Prometeu..., mas não o fez.
A obra chegou ao conhecimento
do Conde Paçô – Vieira, através de Caetano Pinho da Silva, tio de Gouveia.
Depois, a nova foi conhecida
pelo Conde de Sousa Rosa. A Duquesa de Palmela, quis adquirir um exemplar, e
por aí adiante, chegou aos reais ouvidos de D. Carlos…
Esperem; ainda não cheguei ao
fim:
Ao visitar Dona Emília Cabral,
neta do Eça, para a entrevistar, vi pousado numa mesinha, a Célebre Estatueta.
Virando-se para ela, disse-me: " Nunca conheci o avô, mas ao
perguntarmos, eu e minha mana, à avó: Como era o avô? Apontava e dizia-nos:
" Olhem para esta estatueta, era tal qual assim."
Junto, não foto da estatueta,
mas precioso desenho (quase desconhecido,) feito pelo Gouveia.
Por ele, pode-se avaliar,
perfeitamente, como é a " Estatueta Célebre".
POEMARIA
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Quando ela passa
A natureza se ilumina
Com seu olhar ela fulmina
Quem a vê, logo se engraça
Bailarina dança garça,
Calliandra sempre-viva
Pitonisa deusa musa
Mulher-gata... Ave-flor
Girassol na primavera
Relampeja luz-amor
Inspira uma obra-prima:
De repente... Um hai cai
Um soneto além da rima
O amor em nós
Um ímã...
PRIMAVERE-SE
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
À frente o futuro nos espera
Nas curvas do passado
Seres, planetas, galáxias
Artimanhãs da quimera
Que venha a vida, bela, suave
Musa, fauna, bailarina
Na dança das cores, das aves
Em flores de primavera
A LUTA CONTÍNUA
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
É preciso lutar
Pra se chegar à vitória
Lutar com ânimo
Pra vida não ser inglória
Conquistar com suor
Dá mais sabor
Ultrapassar os perigos
Vencer a dor
Dar cada passo a seu tempo
Pois viver não é passatempo
Viver é deixar morrer o medo
Decifrar os mistérios de cada segredo
CRIANÇAR
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Há uma criança em nós que não morre:
Mesmo quando velha ela nos socorre.
Que se quebrem
As correntes do medo:
Cresçam asas de borboletas beija-flores.
Que os girassóis
Floresçam primaveras
Que desperte a arte
Da vida em mil cores
NOITE DE POESIA
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Anoiteço dormente
Notívaga fantasia
Alquimia dos sonhos
A noite acorda o dia
Ressurge a madrugada
Pássaros em sinfonia
Bêbados equilibristas
Driblam o amanhecer
Poetas e musas
Navegam no ar
Estrelas do tempo
No voo do amar
A alvorada desperta
Os raios da luz solar...
AMADA
Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)
Flor bem-amada mulher
Inspiramor luz-sapiência
Desperta o sentimento
O prazer na sua essência
Amorosa: flui amor no nome
E na raiz da consciência
Amada e linda flor do mar
Por onde passa semeia poesia
Bela mulher que nos encanta
Nutre o sonho e a fantasia
Floresce amor com arte
Pulsa o coração em sinfonia
Amada que o amor germina
Estrela brilhante pela manhã
Frutifica o ser, cultiva paz
Exala o perfume da romã
Romanceia a dança dos signos
Planta esperança para o amanhã
ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA TAGUATINGUENSE DE LETRAS
Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)
Academia Taguatinguense de Letras,
Orgulho de nossa cidade,
Há 37 anos a promover,
A Literatura com dignidade.
Seus escritores e poetas,
Deixam sua marca na história,
Com obras e palavras lúcidas,
Constroem a nossa memória.
Em Taguatinga, cidade querida,
A Academia é um tesouro,
Um farol que ilumina a vida,
E inspira novos escritores.
Que siga por muitos anos,
A brilhar na comunidade,
Academia Taguatinguense de Letras,
Tradição da nossa cidade.
É CADA UMA QUE PARECE DUAS!
Por Leandro Bertoldo Silva (Padre Paraíso, MG)
Tem coisa que acontece e parece mentira. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer isso? Eu mesmo já ouvi muitas vezes. Ouvi e presenciei.
Outro dia estava na varanda da minha casa com a Rocinante – minha bicicleta de livros. Para quem não sabe, Rocinante é uma bicicleta cargueira retrô, usada como bancada de trabalho, onde, além de escrever, confecciono livros e cadernos em uma prensa de madeira, a qual chamo de “Paula Brito” em homenagem a Francisco de Paula Brito, tipógrafo do século XIX, contemporâneo de Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho. Para isso, adaptei em sua garupa uma mesa também de madeira com gaveta, pois serve não apenas para guardar linhas, agulhas e outros apetrechos de artesania, como dinheiro, sim, dinheiro, já que é também uma loja itinerante graças à mala aberta cheia de livros prontos cuidadosamente dispostos para venda na parte da frente da carga. Com ela eu vou às feiras literárias, praças de eventos e onde mais é possível.
Mas nesse dia estava mesmo era na varanda de casa. Iria receber uma turma de alunos de uma escola com mais ou menos 40 jovens, moças e rapazes, ávidos por conhecerem o processo de fabricação de um livro, coisa rara, só possível mediante a ação de uma boa professora.
Preparei a Rocinante com todo o cuidado sem deixar faltar nada, nem mesmo o pano bordado de tecido fino debaixo da mala, o chaveirinho de filtro dos sonhos no guidom e o lencinho amarelo com uma rosa vermelha para dar aquele charme poético e especial, afinal ela não é qualquer bicicleta, é a Rocinante e precisa ficar bem bonita.
Hora marcada e lá chegavam os alunos com a professora naquela algazarra tradicional e prazerosa dos adolescentes, principalmente ao saírem de sala de aula e estarem em um lugar diferente.
O momento era simples: consistia em mostrar aos meninos e meninas todo o processo de confecção dos livros na “Paula Brito”, desde a colagem da lombada e, principalmente, a costura à mão com linha e cera de abelha para receber a capa de papel ecológico. Assim estava eu nesse trabalho minucioso ao explicar cada detalhe. E como cada detalhe é de fato minucioso a justificar até mesmo a redundância, pois vai agulha e vem linha, torna a passar e torna a ir, os alunos, agora atentos em silêncio raro, se aglomeraram bem perto da bancada com olhos e ouvidos atentos. Pela posição da bancada todos olhavam para baixo com a atenção total em minhas mãos. Nisso entra uma senhora manhosamente do nada a pedir passagem em meio aos jovens. Vem com um arrastar de chinelas e um pescoço esticado a fazer companhia aos olhos compridos. Mas tal foi sua surpresa ao constatar a razão da reunião, que soltou em alto e bom som:
— Ah, não! Pensei que fosse um velório…
E saiu tão desapontada quanto brava, pois onde já se viu aglomerar tanta gente em silêncio em uma casa a olhar para baixo em torno de uma mesa se não fosse para ser um velório e dos bons? Alguns jovens seguravam para não rir, outros não se davam a esse sacrifício e riam à solavancos enquanto a pobre senhora, decepcionada e sozinha, se afastava irritada por não ter uma boa historia para contar sem imaginar que deixava uma muito melhor para trás.
Não foi fácil retomar a
atenção. Ora, também pudera! O fato havia sido inusitado por demais para fingir
normalidades. Uma senhora não se sabe quem, surgida não se sabe de onde a falar
uma patuscada daquelas. Ainda bem estarmos no final da apresentação. Quando os
alunos foram embora, fiquei eu e a Rocinante a refletir o acontecido durante um
tempo e a certeza de um velho ditado: É cada uma que parece duas… Já ouviu isso
também?
MENINO IRRITANTE
Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)
Seu jeito
é irritante,
Sua
cara me espanta.
Não
tem como sentir amor,
por um
cara que só me causa dor.
Não
tenho sentimentos.
Nem
mesmo atração.
Você
está bem fora
dos
meus padrões.
Não
sinto atração.
Só
mesmo irritação.
E isso
não é amor,
é só incompatibilidade.
Nossos
sentimentos não
transbordaram
mil primaveras.
Me fizeram
ficar mais irritada,
agitada e fatigada.
Não
existe amor
Com mil
irritações.
Eu
estou cheia
E farta
de confusões.
Liécifran
Borges Martins é uma compositora, escritora, poetisa e
parodista,
brasileira.
Nascida em Vitória, no Espírito Santo. Começou a escrever poemas
ao redor dos 14 anos de idade. É Técnica em Química pelo Instituto Federal do Espírito
Santo (IFES).
Instagram:
@liecifranborgesmartins
PRECISAMOS FALAR DA SOLIDÃO DAS PESSOAS IDOSAS
Por Paulo Cezar S. Ventura (Nova Lima, MG)
A
rápida conversa com Maria fez-me pensar sobre a solidão dos humanos, mais
particularmente a solidão das pessoas idosas.
Ao
atender um chamado no portão de minha casa, encontrei uma senhora idosa que
trabalha como faxineira em uma casa vizinha, onde se reúnem alguns senhores uma
a duas vezes por semana. Ela aparece quase todos os dias para fazer a limpeza,
com sua morosidade crônica. Quase oitenta anos, com um braço semiparalítico,
seu trabalho é, na verdade, uma forma dos frequentadores da casa cuidarem dela.
Porque ela é sozinha.
Ao
vê-la perguntei:
—
Maria, você não está de férias?
Ela
retrucou, divertida:
— Você
pensa que preta, pobre e puta velha sozinha tem férias?
Com um
sorriso ela escancarou vários de nossos preconceitos em uma frase só: racismo, aporofobia,
misoginia e etarismo. E ainda acrescentou a solidão.
O que
contam na vizinhança é que ela tinha uma casa conseguida com seu trabalho na
prostituição e com a ajuda de algumas organizações, inclusive da Igreja. Mas
que suas filhas, quando adultas, entraram em sua casa e a expulsaram. Hoje ela
aluga um quarto na periferia e se cuida sozinha e com a ajuda de alguns,
inclusive dos cidadãos de uma entidade que tem a casa onde ela trabalha.
A
rápida conversa com Maria nos permitiu sorrir aquele sorriso irônico, divertido
pela graça de sua maneira de contar, mas que de engraçado nada tem. Fez-me
pensar sobre a solidão dos humanos, mais particularmente a solidão das pessoas
idosas. Como um pensamento sempre puxa outro, ao abrir o meu Instagram li, na
primeira tela, um artigo publicado online versando exatamente sobre a solidão
da pessoa idosa.
O
artigo comenta sobre um estudo brasileiro sobre a solidão entre pessoas idosas
e suas possíveis relações com as condições de saúde, a prática de exercícios físicos
e até indicadores sociodemográficos, como sexo, idade, escolaridade e moradia.
Em uma
pesquisa baseada em entrevistas a pessoas com mais de cinquenta anos, uma das
perguntas foi com qual frequência a pessoa se sentia sozinha. Quase dezessete
porcento delas responderam que sempre sentem solidão. O que mais nos chama a
atenção nos resultados da pesquisa, é que as pessoas que mais sentem solidão
são mulheres como a Maria da conversa que relato acima: em torno de oitenta
anos, baixa escolaridade, moram sozinhas e têm uma saúde avaliada como ruim. E
com um quadro depressivo grande. Elas são deprimidas por causa da solidão, ou a
depressão as afasta da companhia de outros?
Vocês
sabiam que o maior índice de suicídio no Brasil ocorre exatamente entre as pessoas
com mais de setenta anos? São dados do Ministério da Saúde que produzem esse
alerta e que precisam provocar mudanças no acolhimento a essas pessoas. Vivemos
mais, porém com pior qualidade de vida e sozinhos.
Tudo
isso me faz pensar, evidentemente. Que escolhas posso fazer para não ter um
futuro de solidão e sem qualidade de vida? Por mais que afirmamos que somos o
que pensamos, ou que nossas ações definem o que seremos no futuro, temos também
uma grande sensação de impotência e que nós, pessoas idosas, não somos capazes
de resolver essa situação sem a ajuda de terceiros e sem a ajuda do Estado.
Não
estou sozinho. Envelheço em boa companhia. Minha companheira está a meu lado,
passamos vinte e quatro horas por dia juntos. Apesar disso, nosso destino será
vivermos como dois ursos velhos solitários? Seremos capazes de cuidarmos um do
outro dentro de nossa caverna habitável? Que nem é nossa porque temos dois
históricos de perdas consideráveis, que se somam em uma conta não matemática,
onde um mais um só dá um e meio. Nós dois, somados os meus e os dela, temos
cinco filhos, nenhum “nosso”. Os cinco já existiam e já eram adultos quando nos
conhecemos. E vivem longe de nós física e/ou afetivamente. E, em minha opinião,
eles não são obrigados a cuidarem de nós, por mais que a legislação diga o
contrário. Porque as soluções a esses problemas coletivos não podem ser
individuais, elas precisam ser coletivas também.
As
soluções, ou respostas, individuais aos problemas do envelhecimento são apenas
paliativas. Podemos e devemos nos preparar para o processo com os cuidados com
a saúde através de boa alimentação, bom sono, atividades físicas, atividades
intelectuais, tudo, enfim, que as cartilhas do envelhecimento saudável tentam
nos ensinar. No entanto, como fazer tudo isso se às vezes nos falta o básico?
“Vidas
Idosas Importam” precisa ser mais que um slogan. Precisa passar de mantra a
programa de governo e de Estado.
Paulo
Cezar S. Ventura
Graduado
(UFMG) e Mestre (USP) em Física, e Doutor em Ciências da Comunicação e da Informação,
pela Université de Bougogne, em Dijon, França. Exerceu a profissão de
professor, no CEFET-MG, onde dirigiu o LACTEA – Laboratório Aberto de Ciência,
Tecnologia, Educação e Arte. Hoje se dedica à literatura e se identifica como
poeta, cronista, contista e editor da Rolimã Editora Ltda. Autor de diversos
livros. Participa do Movimento Vidas Idosas Importam e é membro da Academia
Novalimense de Letras. pcventura@gmail.com -
A EPÍSTOLA DE CAMILLA: A FAUNA, A FLORA E O CONCRETO!
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Cassilda
minha querida irmã, espero do fundo do meu coração, que estejas bem. Eu não
poderia começar esta carta não sendo irônica, mas realista, pois a realidade
sempre se impõe. Pois a realidade é o pior de todos os pesadelos noturnos, pois
de um pesadelo noturno a gente acorda com raiar da luz do dia.
Estou
sendo irônica, por te mandar uma carta, neste tempo de avalanche tecnológica,
de comunicação instantânea digital em que vivemos. Agora uso a velha
tecnologia, papel e caneta, te envio uma simples carta selada. Para nós que
chegamos nos grandes centros urbanos. E que nos embriagamos pelas ofuscantes
luzes da cidade, os arranha céu, com os seus vai e vem de veículos motorizados,
gentes andando por todos os lados.
Sim Cassilda, eu não confio nas novas
tecnologias digitais, não por hora, mas não amaldiçoo estas novas ferramentas.
Mas o tempo presente pede que eu utilize estas ferramentas arcaicas. Lentas,
inocentes e orgânicas, como era no nosso tempo travesso de meninices, de pés descalços,
nas nossas brincadeiras de amarelinha e subidas em árvores, na nossa pobreza
interiorana em tempos da infância.
Cassilda minha irmã, eu não tenho boas
notícias para te dar, você já sabe o que encontrei aqui no centro urbano, aqui
no litoral? É a mesma história que estávamos acostumadas a ouvir. Pois é sempre
assim, com os nossos parentes e amigos próximos e distantes, quando migram e
emigram, para longe, nos grandes centros urbanos e para fora do país. E voltam
para casa, para visitar somente, ou cansados depois de se aposentarem ou mesmo
em fracasso total.
Cassilda minha querida irmã, só
posso dizer por hora, que aqui em meio ao aço e o concreto e passeios em bem
cuidados jardins floridos, aqui aprendi que grandes catástrofes, precedem por
pequenas e ínfimas tragédias. Falo de uma infestação, de uma praga, que começou
não nas altas rodas sociais, de gente endinheirada, da burguesia, dos
abastados. Não ganhou as páginas digitais dos grandes jornais e revistas, de
portais de notícias e canais de TVs, rádios pequenas e grandes e nem nos
pequenos jornais impressos de bairros. Chamaram de Novo Éden, Sonho Amarelo,
Nuvem branca e tantos outros nomes estranhos aos nossos ouvidos, uma nova droga
sinctética e muito barata. Logo depois tivemos as mortes repentinas, os
internamentos forçados, em retiros, em clínicas, hospitais psiquiátricos,
comas, as prisões arbitrárias, os suicídios e toda a sorte de agressões
violentas, dentro e fora de casa.
Tudo aqui na porta da minha casa Cassilda,
vizinhos próximos e distantes, penso em sair daqui logo e voltar para casa.
Escrevo esta carta, minha irmã, pois não sei do amanhã, mas me parece que uma
nuvem negra, que se avizinha no horizonte. Vem uma tempestade terrível por aí.
Da sua querida irmã Camilla.
Fragmento do livro: Sono
paradoxal, de Samuel da Costa.
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
A EPÍSTOLA DE CASSILDA: CALIBOR, O DOUTOR SONO!
Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)
Camilla minha querida irmã! Digo que
fiquei alarmada, com a tua última carta, eu bem queria te responder de outra
forma, tamanha a minha aflição. Mas por fim uma carta é a melhor forma para nós
duas.
Infelizmente a praga que você mencionou,
também chegou aqui! Tu bem sabes, que por aqui a vida e o tempo se arrastam de
forma lenta e com poucas mudanças. E hoje tenho saudades, do bom tempo em que
as nossas únicas preocupações, eram com os roubos de bicicletas e passarinhos
furtados.
Li
e reli a última carta, que você me enviou e não pude fazer ligações com casos
isolados, que ocorreram por aqui, as nossas pequenas tragédias. Lembras do
Sebastião? O velho Tião, da nossa meninice, sempre bêbado e sempre andando e
caindo pelas ruas. Inofensivo, pedindo dinheiro para mais um trago, pois bem
depois de muitos tragos o velho Tião um dia cai no meio da rua. Pois bem
pensamos que por fim tinha morrido, mas não morreu e a história é um pouco
estranha. Um policial que fazia a ronda na praça da cidade que viu o caindo no
chão verificou os sinais vitais e percebeu que o Sebastião ainda estava vivo e
o policial chamou uma ambulância. E assim foi o maltrapilho e barbudo Tião
parar no hospital. Camila, minha irmã, foi um fato trágico, embora mais que
esperado. E poucos deram mais atenção ao fato em si. E outra tragédia veio para
abalar a nossa calmaria, longe dos grandes centros.
Camilla você sem lembrar do
Luide? O nosso amigo de meninices faceiras! Pois bem, você bem sabe dos
problemas mentais que ele teve quando ficou mais moço, andando sem rumo pelas
ruas da cidade e indo e voltando pelas cidades vizinhas até ser reconhecido e
alguém o trazer de volta para casa. Ele sempre falava sozinho, interagindo com
gente e coisas que não existiam. Pois um dia ele ficou mais agitado, gritava,
chorava, ria, esbraveja, se encolhia em desespero e por fim era agressivo. Até
que por fim também caiu no meio da rua, no mesmo lugar e na mesma hora que
Tião. Também foi socorrido, os socorristas notaram que estava desacordado, e
mais uma vez, mais um dos nossos foi socorrido ao hospital.
Estas duas tragédias, não
chamaram a atenção de ninguém com muita profundidade, e Camilla nem o jornal e
rádio da nossa cidade mencionaram os dois casos. O padre da nossa paróquia na
missa de domingo pediu para rezarmos pelos nossos irmãos convalescidos. E nas
pequenas igrejas neopentecostais e protestantes pastores oraram pelas duas
pobres almas.
Camilla o mais trágico vem
depois, Artur, que tu não conheceste, era filho da Glória a nossa amiga da
escola, você bem sabe que ela era minha amiga, éramos inseparáveis. Se lembra
dela estudando? A Glorinha sempre na nossa casa e às vezes ela está dormindo na
nossa casa! E do papai nunca me deixava dormir na casa dela, era sempre uma
briga com papai e mamãe e eu a Glorinha sempre chorávamos.
Pois bem irmã, tu bem sabes
que eu dou aulas de inglês, português e literatura na escola que Glorinha era
diretora. A mesma escola, que a gente estudou e nós formamos. Pois minha
querida Camilla, por Deus Camilla, fui eu que escolhi o nome do primeiro e
único filho dela Artur, sempre adorei as lendas do rei Artur como bem sabes
Camila. Por Deus Camilla, não se sabe como e nem por quais circunstâncias, o
nosso jovem Artur, o nosso doce Artur professor, muito querido por todos e
todas. Ele sempre calmo, estudioso e bem-comportado, ele estava andando pelas
ruas da cidade. Estava encharcado de sangue, balbuciando palavras
ininteligíveis, era um idioma estranho. E ele caiu inconsciente no mesmo lugar,
por Deus Camilla, foi no mesmo lugar, na mesma hora, no final da tarde.
Assim como os outros casos,
ele cai desacordado e mais uma vez foi socorrido por uma ambulância e levado ao
hospital. E te confesso que não tive coragem de avisar a minha amiga querida, a
minha irmã de coração. Por Deus Camilla, me contaram depois que a nossa
Glorinha não estava mais viva, Artur a tinha matado. Pensei em uma briga entre
os dois, pois era sempre assim quando Artur perguntava pelo pai dele, quem
eram, se estava vivo e onde vivia. Eu mesmo nunca soube e nem perguntei, quem
era o pai de Artur. Mas os vizinhos não ouviram nada, pois eles dois sempre que
brigavam faziam muito barulho. Mas naquele sábado ninguém percebeu nada e
somente um estranho silêncio reinava na casa.
Pois bem Camilla, soube mais
tarde que Artur estava desacordado no hospital. Os três casos, em um intervalo
de três semanas. E nesta hora que tu passas os olhos nesta carta, você deve
estar se perguntando porque tu nada ficou sabendo. Pois bem, você tinha acabado
de sair daqui, para dar as tuas aulas de música e em meu amor infinito por ti,
não imaginava tu voltando para casa e não era justo para contigo. Aqui se
repetiu o mesmo silêncio que acontece por aqui, um hiato inexplicável.
O que aconteceu depois, minha
querida Camilla, algo muito estranho, para além das estranhas tragédias, que
abalaram a nossa calmaria interiorana. Uma equipe médica, veio ver os três
pacientes. Você sabe que poucas coisas escapam de um universo tão pequeno como
o daqui. Uma aeronave descendo em uma fazenda por aqui não passou
desapercebido. E quando sai de dentro da aeronave uma equipe médica, na luz do
dia, fica muito difícil de se esconder. Desembarcaram aqui e depois foram para
o hospital na cidade vizinha.
E um nome começou a circular
pela cidade, Calibor, o doutor sono, só depois fiquei sabendo que ele era um
neurologista estrangeiro, reconhecido pelo mundo da medicina. Eu gostaria de
não o ter conhecido, mas tive o desprazer de o conhecer, pois este homem era
tudo, menos o que se espera de um médico mundialmente renomado. Soubemos de
muitas coisas porque muitos médicos, médicas, enfermeiras e enfermeiras, que
trabalham no hospital, vieram viver por aqui na zona rural. Gente de fora que
vieram trabalhar no hospital.
Pois bem Camilla este sujeito
passou por aqui, na nossa cidade, deste fim de mundo, vi este homem de pele
escura, sem um filo de cabelo na cabeça, rosto fino, um cavanhaque, parecia um
egípcio. Não usava um janelo branco como os médicos e o povo da saúde usam, ele
estava usando um jaleco amarelo pálido.
E estava ele, analisando o
local onde os três tinham caído, ele o seu séquito, homens e mulheres bem
alinhados, e mais o diretor do hospital onde estavam os internados os infelizes
cidadão da nossa cidade.
Camilla, eu não queria ter
visto, mas vi, pois o alvoroço da cena que tinha mobilizado a cidade, eu não
escapei do canto da sereia. Eu vi quando o doutor tirou os óculos de redondo de
aro de tartaruga, as lentes eram espelhadas, os olhos Camilla, os olhos não
eram frios, e nem exalavam maldade eram olhos blasfemos. Eram profundos,
abissais e álgidos! Depois eles foram embora, como se nada fossemos, pois nem
os políticos locais conseguiram convencer aquele homem estranho ficar na
cidade. Foram embora em uma limusine, levantando poeira.
Camilla que cena, horrível vem
aquele homem ali, eu senti na minha alma, eu bem sabia que algo de ruim estava
por vir e veio. E o que passo a pensar que começou aqui, na nossa cidade,
Camilla vi nascer aqui a tempestade que te assola aí no litoral.
Da tua irmã Cassilda.
Fragmento do livro: Sono
paradoxal, de Samuel da Costa.
Contato:
samueldeitajai@yahoo.com.br
AGORA: EU, ENZO E JHON
Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)
Ao chegar em casa, lá estava ele, Enzo, batendo o cinzeiro, parecia estar nervoso. Subi as escadas, e fui me deitar, deixei de me preocupar com ele, afinal éramos como dois estranhos, num enorme casarão.
— Luna, já vai se deitar, está cedo!? — Perguntou-me com o tom suave na voz. — Como pode ser tão falso, tem um talento para se fazer de santo, na verdade, é um grande medíocre. — Disse para mim mesmo.
Logo ao amanhecer, tomei um banho, e me arrumei, estava louca para ver Jhon novamente.
— Até logo querido, aproveite a sua folga. — Liguei o meu carro, e fui até a esquina, parei e pelo retrovisor fiquei olhando se a amante de Enzo chegaria. Como estava demorando, fui trabalhar, afinal, já não me importava mais com Enzo.
Novamente, Jhon me esperava no portão da escola. Ele me viu parada a poucos metros dele e acenei, queria buzinar, mas não queria chamar a atenção. Ele veio até mim, estava quase correndo, abri a porta do carro e ele entrou e nos beijamos com direito a toques obscenos. Eu estava apaixonada!
Respirei fundo, e fui dar aulas, afinal de contas estava excitada. E assim se estabeleceu a nossa rotina. Enzo e eu! Certo dia, resolvi levar Jhon até a minha casa. Enzo estava no trabalho, não escutei gemidos. Por fim, chegou a minha vez de desfrutar um pouco. Puxei Jhon até o quarto, tranquei a porta, e nos saciamos de prazer. Foi maravilhoso!
— Luna, abra a porta agora! — Enzo gritava desesperadamente.
— Estou me trocando, querido. — Respondi rindo por dentro.
Mas Enzo escutou os gemidos. Suada desci a escada até a sala, ele já não batia o cinzeiro como de costume.
— Querido, esta senhora da foto, quem é? — Falei segurando o tablet de trabalho dele, a fotografia estava na galeria de imagens. Era uma jovem bonita mulher morena. Estava sorrindo para a câmera, estava usando roupas casuais de quem vai se encontrar com um amante clandestino, no meio da tarde
— A esposa do Lucas. O meu chefe! Somos almoçar juntos nós três. —Respondeu com um tremor na voz.
Então, foi que descobri a verdade, que a esposa de Lucas era sua amante. Lucas o dono da imobiliária onde Enzo era corretor de imóveis e sócio minoritário. Percebendo o meu olhar Enzo empalideceu, joguei o tablet com toda força em cima dele. O objeto vou acima da cabeça de Enzo e encontrou a janela que dá para a rua.
— Luna quer dizer... — Enzo perdeu a voz. — Desculpa Luna! — Respondeu Enzo com a voz trêmula.
— Enzo! Meu querido marido, eu também lhe peço desculpas. — Demorei um tempo para responder. — De repente, Jhon desce as escadas, ele estava seminu — Querido, este é Jhon! Falei dele pra você! O conheci nos tempos da faculdade.
O silêncio pairou sobre o casarão. Enzo saiu correndo, como de costume, pelo quarteirão da rua. Saía disparada todas as vezes que eu queria conversar sério com ele.
— Enzo, precisamos conversar, entre! — Falei para Enzo que estava no portão de casa.
Me aproximei de Enzo, eu era dona de mim novamente. Fiquei buscando palavras, não queria inventar, queria lhe dizer algo concreto.
— Sabe Enzo, há meses, sei do seu caso com a esposa do Senhor Lucas.
— Trouxe outro homem, para dentro da nossa casa? E quer me dar uma lição de moral.
— Chega! Escuta aqui, não somos casados no cartório e você sempre foi mulherengo. Eu não a amo mais, era apenas uma diversão. — Quis magoá-lo ao máximo — Como podes ser tão cínico? Que pena querido!
Jhon surgiu por de trás de mim e abraçou, me virei e segurei na nuca de Jhon e nos beijamos. Virei-me e olhei para Enzo, ele ficou sem saída, apenas fechou os olhos e tentou dizer algo, mas nada disse.
— Abra os olhos e me ouça. Estou completamente apaixonada, e ele irá morar conosco…
— Luna! Estás completamente maluca? — Esbravejou Enzo.
— Será que estou!? — Respondi com a voz firme e emendei — Enzo, o teu erro foi trocar o certo pelo incerto!
Enzo abaixou a cabeça, estava lacrimejando. E
assim, continuamos a viver juntos na mesma casa. Mas como simples amigos. Já eu
e Jhon, como um casal, apaixonado e insaciado. Nem sempre é lúcido, trocar o
certo, pelo incerto...!
Fabiane Braga Lima é poetisa e contista em Rio claro, São Paulo.
Contato: bragalimafabiane@gmail.com