Por Paccelli José Maracci Zahler
RCC.Onde o senhor nasceu?
LC. Em um
hospital em Marília, SP, há muitos anos.
RCC.
Como foi a sua infância ?
LC. Com algumas mudanças de casa. Alegre e
domiciliar, sem intercorrências dignas de nota.
RCC.Em que momento da sua vida o senhor
sentiu que iria dedicar-se à literatura?
LC. Sempre li
muito. Meu pai incentivava e fornecia sempre bons livros. Na escola sempre gostei
de matérias dissertativas e,bem jovem, já colaborava com em jornal. Com dezesseis anos construí minha primeira poesia. Foi
neste ponto que senti que dedicar-me-ia a literatura, se não profissionalmente,
amadoramente sim. Lecionei Português e Francês, ainda estudante.
RCC.Alguém ou algum autor o influenciou?
Poderia falar sobre ele?
LC. Não
especificamente. Li todos os autores, de todas as correntes. Gosto muito de
José Maria Rilke, José de Alencar, Paulo Coelho, Gonçalves Dias e Castro Alves. Devo ter um, pouco de Gonçalves
Dias e José de Alencar.
RCC.A partir de 1966, o senhor passou a
dedicar-se ao ensino. Que disciplina o senhor lecionava?
LC. Neste ano
comecei a estudar Medicina e, para ajudar meu pai na minha manutenção na escola,
comecei a lecionar Português, como suplementarista ( eu cursara o colegial -
hoje curso médio - e o magistério ao
mesmo tempo e já havia lecionado alguns meses em escola primária, como
professor que sou ). No ano seguinte, continuei lecionando Português em um
ginásio (fundamental segundo grau de hoje) e dei aulas de Francês em outro
estabelecimento. Dois anos após, deixei o Francês e dei aulas particulares de
Química e Matemáticas e Português em um cursinho parta vestibulares. Depois
lecionei em uma faculdade Educação Física: Biometria, Higiene e em uma Escola
Normal, deixando as anteriores.
RCC. Em 1973, formado pela Universidade
de Londrina, PR, o senhor iniciou a sua
vida profissional. Em que especialidade da medicina?
LC. Ginecologia
e Obstetrícia.
RCC. Como foram os seus primeiros anos
como médico?
Muito
intensos. Dedicação exclusiva. Diurna e noturnamente. Foram gratificantes meus
contactos com as gestantes. Para auxiliar as pacientes em suas perguntas sobre
rugas, estrias, cursei Mesoterapia e assisti a uma clínica de estética.. Casei-me
dois anos depois de formado.
RCC. O que o levou a fazer pós-graduação em Fitoterapia, em Ribeirão
Preto, em 1977?
LC. Minha
passada pela Mesoterapia pôs-me em contato com
a Homeopatia, [Medicina] Ortomolecular e Fitoterapia e, em gostando
destas filosofias, procurei conhecê-las. Sempre gostei destas técnicas mais
naturais e hoje as pratico bastante.
RCC. Por que a Fitoterapia faz efeito
em algumas pessoas em outras não ?
LC.Porque
estas medicinas não tratam as doenças, e sim os doentes e eles são diferentes
uns dos outros e até consigo mesmo, em
momentos diferentes. Por isto o tratamento
médico ( até o alopático) deve ser individualizado.
RCC.Pode-se
dizer que o organismo se habitua com o tratamento alopático?
LC. Não, em geral. Teoricamente todo distúrbio
da saúde, doença ou moléstia pode ser tratada,
desde que se saiba a causa da injúria ao organismo e das condições dos
dois no momento.
RCC.Desde
março de 2000, o senhor é diretor do Centro Brasileiro de Saúde Holística. A
sua formação foi baseada na Alopatia, então , ao mudar o foco,o senhor percebeu
que o tratamento das causas é mais eficaz que o tratamento dos sintomas?
LC. Meu objetivo sempre foi a causa, na
alopatia também. Resolvendo-se a causa a patologia
se cura, o que nem sempre acontece quando se acaba com os sintomas só,
mas é preciso que se os ( sos? )
resolvam que são incômodos ao portador .
RCC.É
possível fazer um tratamento holístico nesta vida agitada, conectada, plugada,
rápida, dos dias de hoje ?
LC. O organismo sempre trabalha para se
melhorar.
RCC. Como o senhor compartilha o
trabalho profissional com o literário?
LC. O
nictêmero tem vinte e quatro
horas. Como sempre é possível aplicar o triângulo em todas as situações,
divido as vinte e quatro horas em três e tenho três momentos de oito horas cada: oito eu
trabalho para o mundo onde vivo (no caso como médico), outras oito horas eu
dedico a mim ( aqui entra os textos literários) e no último período eu descanso
dos outros dois.
RCC. Machado de Assis admitiu que, no
Brasil, o escritor precisa de outra profissão para sobreviver. O senhor
concorda com isso?
LC. Concordo. Há
uns poucos que conseguem viver dos escritos (pelo menos dizem). No mundo todo é
assim, não só no Brasil. Em uns países isto vale mais, em outros menos, mas em
todos a literatura não é prioridade. E
não deve ser mesmo, Há coisas mais importantes para a vida.
RCC. Qual a sua opinião sobre a
profissionalização do escritor?
LC. Todo trabalho deve ser profissional. Os
que não o são devem ser executados como se fossem. Penso que o escritor dever
ser tratado como um professor, um jornalista, um desenhista, um cartunista ou
outro que trabalha as letras. Por que não?