domingo, 1 de junho de 2025

O PERIGO DE CATIVAR

 

Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)

 

No início da tarde de domingo, de 31 de julho de 1944, o escritor e aviador, Antoine de Sant- Exupéry, desapareceu, para sempre, no mar Mediterrânico. O avião, incendiado, caiu entre a baía dos Anjos e Saint-Raphael, ao meio-dia e cinco minutos.

O P 38, for abatido pelo piloto alemão Robert Heichele, perto da costa de Saint Raphael. - Estávamos em plena Grande Guerra.

Várias buscas se realizaram, mas o corpo nunca foi encontrado; apenas nas cercanias de Marselha, o pescador Jean Claud Bianco, encontrou, no mar perto da cidade, correnteinha gravada com o nome de Sant- Exupéry e de sua mulher, Consuela Suncin

Ao encetar a crónica não pretendia, nem pretendo, abordar a biografia do autor de: " O Principezinho", famosa obra que se encontra traduzida em 102 línguas e dialetos, considerada best-sellers da literatura mundial.

A passagem do livro que me despertou maior interessa, foi a da raposa, quando esta explicava o que significa - "cativar":

É criar laços? - Pergunta-lhe o menino

-Isso mesmo, disse a raposa. Para mim não passas, por enquanto, de um rapazinho. Eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti não passo de uma raposa, igual a cem mil raposas. Mas se me cativares, precisamos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei única no mundo, para ti".

Conheci dois colegas de trabalho, de sexo diferente, que eram camaradas. Por mero acaso, a menina descobriu que o rapaz podia ser um bom partido, e tentou cativá-lo.

De início, o jovem, que era tinido, não parecia perceber, mas aos poucos a moça começou, para ele, a ser única, e apaixonou-se.

A jovem, talvez, receando que o "namoro", não terminasse no altar, como interesseiramente pretendia, afastou-se repentinamente, argumentando, que já namorava, e pretendia casar. Deixando o colega, que cativara, destroçado e humilhado, por descobrir que foi usado.

Namorar para encontrar companheira de jornada, não deve ser divertimento juvenil, porque pode advir dai, consequências desastrosas, como: depressões, psicoses nefastas, e até suicídio, se a vítima verificar que foi enganada e usada, como se fosse simples objeto

Quem cativa voluntariamente ou involuntariamente, fica responsável moralmente, pelo mal que vier a causar, se a vítima, por ingenuidade, acreditar, nas boas intenções do namorado.

QUANTAS SENHORAS HÁ?

 

Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)

 

Entre as numerosas mensagens que recebi pelo Facebook referentes a Sua Santidade, o Papa Francisco, encontrei uma, que me chocou, pela estupidez crassa que representa

No rodapé da fotografia do Papa, ostentava a seguinte legenda: " Francisco é mais santo que Jesus Cristo."

Quem a escreveu, e quem a compartilhou, é de grande ignorância, rondando blasfémia.

Recordo, que estando a assistir ao programa de Ana Maria Braga, na TV Globo, esta entrevistou conhecido ator, que ao referir-se a Maria, declarou:

- " Tenho grande devoção à Senhora Aparecida, mas para mm, a Santa Forte, é a de Fátima."

Será que para essa notável figura do teatro brasileiro, as diferentes invocações a Maria, são devoções a várias Senhoras?!...

Estando no mês de agosto a veranear na Póvoa do Varzim, fui A-Ver-o Mar, para participar nas festas em honra de Nossa Senhora das Neves. Assisti, na praça dos Emigrantes, a sermão, em que o sacerdote, utilizando termos severos, alertava para o erro de fiéis ainda crerem que cada invocação a Maria, representam várias " Santas"

É triste saber, que decorridos tantos anos, existam crentes, que assim pensem!

É desconsolador saber que, volvidos cem anos, após a morte do escritor Eça de Queirós, existam ainda fiéis, que pensam como os crentes da época de Eça:

Em " Notas Contemporâneas, o escritor escreveu:

"O povo em Portugal, na província, não é católico – é padrista. Que sabe ele da moral do cristianismo? Da teologia, de ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja,"

Felizmente a Igreja descobriu, nas últimas décadas, a necessidade de evangelizar os cristãos, criando catequese para adultos. Muito se tem feito, mas muito falta ainda por fazer...

Necessário é enviar missionários para África e América, mas é bom não se descorar a velha Europa, onde abusões e crendices, para nosso mal, se colaram ao cristianismo. Há, em certos casos, folclore e não culto a Deus...

UM CRENTE DE CORAGEM

Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)

 

Em 21 de Março de 1999, faleceu com 98 anos de idade, o Professor Jean Guitton, membro da Academia de França, que lesionara na Universidade de Sourbone. Era um dos maiores pensadores, ensaístas e filósofos do século XX.

Teve o privilégio de participar no Concilio Vaticano II, apesar de haver publicado: " A virgem Maria, Uma Releitura da Figura de Nª Sª Para os Não Crentes", que lhe valeu alguma censura da Igreja.

Entre os livros que publicou, destaco: “O Livro de Sabedoria e das Virtudes Reencontradas", editada, em Portugal, pela Editorial Noticias, onde aborda, entre outros temas, a:" Arte de Envelhecer"; " Diálogos Com Paulo VI" e: " O Trabalho Intelectual", publicado pele Editora Logos, livro imprescindível para o jovem intelectual.

Mas, para mim, o que mais o enobreceu, foi a fé inabalável, e a coragem - invulgar de crente adolescente, ao cumprir o serviço militar:

Quando Guitton foi incorporado, tinha, por hábito, fazer as orações da noite, de joelhos, junto à cama. Na caserna parecia-lhe impraticável esse procedimento, receando possíveis achincamentos.

Consultou sacerdote amigo, que lhe disse: "É dever do crente mostrar sua fé em publico; mas compreendo o se receio..."

Na primeira noite que passou na caserna, Guitton, antes de se deitar, ajoelhou-se e orou, perante a estupefação dos camaradas.

Ninguém o chaqueou, nem troçou. Ficaram mudos perante a inédita atitude.

Duas décadas se passaram, Guitton, conhecidíssimo Professor Universitário, soube que antigo amigo e companheiro de camarata, falecera, e prestou-se no velório.

Foi recebido pelo pai do falecido - diretor da Faculdade de Ciências e convicto anticatólico, - que agradeceu sensibilizado a presença do ilustre colega, e confessou-lhe comovido:

" Meu filho, muitas vezes, abordava o gesto nobre de se ajoelhar junto à cama, para orar, na caserna. Dou-lhe o meu sincero abraço de admiração. Você é um verdadeiro católico, sincero discípulo de Jesus!..."

Belo exemplo deu Guitton, digno a ser seguido por todos os crentes!

ABSURDOS

Por Dias Campos (São Paulo, SP)

 

Foi lendo Moby Dick que o tema para esta crônica surgiu. Acredita, leitor amigo, que o seu autor, Herman Melville, homem culto e habituado às agruras do mar – ele foi baleeiro –, comparou, argumentou e concluiu em seu clássico que a baleia não era um mamífero, mas, sim, um peixe que esguichava e tinha cauda horizontal?! Seja ou não justificável a sua conclusão ante os rudimentares estudos acerca dos cetáceos daquela época, o fato é que esse absurdo me saltou aos olhos.

Daí que outro disparate irrompeu em minha mente. E voei ao computador, ávido por contá-lo.

Era um domingo frio e chuvoso, ideal para bate-papos, macarronada fumegante, pão italiano e dois tintos encorpados.

Conforme o combinado, chegamos à casa da nonna por volta das 13h munidos da sobremesa, um respeitável Tiramisù.

Ocorre que minha sobrinha escolheu esse mesmo almoço para apresentar o novo namorado...

Diante dessas reticências, suponho que você esteja se perguntando se o despropósito que anunciei estaria próximo de acontecer?

Com efeito, depois que nos servimos do mais caseiro dos espaguetes à bolonhesa; após o primeiro brinde, o dedicado à união familiar; e tão logo começamos a enrolar nos garfos a deliciosa massa, passamos a ouvir um ruído que a todos estacou.

Como não estivesse habituado com a nossa tradição, e uma vez que minha sobrinha jamais imaginara tamanha gafe, o seu namorado simplesmente ignorou a colher que serviria de apoio àquela etiqueta e cortava o macarrão com a faca destinada ao frango!

Ora, para uma família de descendentes de italianos, tradicional, essa atitude só poderia ser definida com um verdadeiro assassinato!

Com o passar dos segundos, porém, o pobre moço percebeu o silêncio que o rodeava. E foi parando de cortar... e foi levantando os olhos...

Acho que nunca rimos tanto quanto nesse dia!

Devidamente esclarecido pelo patriarca sobre o absurdo que acabara de praticar, o jovem pediu milhões de desculpas e prometeu nunca mais cortar outro punhado de espaguete, no que foi aplaudido por todos. E o almoço prosseguiu prazeroso até o cafezinho, como deve ser a uma família que se ama.

AMOR PONTO COM

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Amor ponto com.

É um site?

Ou endereço?

É um blog para

encontrar um amor?

 

É uma trilha para

trilhar-se.

É o verdadeiro

amor encontrar.

Amor ponto com.

 

Tem ponto no www.

Tem ponto antes

do com.

No amor ponto com.

É um site ou um blog.

 

É amor ponto com.

É uma página ou rede?

É amor ponto com.

É amor ou paixão.

É amor ponto com.

 

AMORES LÍQUIDOS

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Cada dia que se passa.

Às pessoas não sabem amar.

Amores líquidos tem em toda praça.

 

Alguns só sabem usar.

Prazeres tem a qualquer

momento e lugar.

 

Estou cansada

desses amores.

Amores líquidos causam dores.

 

Amores líquidos

estou cheia de dor.

Liquidez sem amor.

 

De amores líquidos

meu coração só tem dor.

Amores líquidos não quero.

ESCOLHA SEU ESPOSO

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Meu amor eu guardo

o meu coração.

Ele será inteiro

só para você.

Eu quero amar você.

 

Eu escolho você.

Você escolhe a mim.

E juntos escolhermos

á cristo.

 

Quero um amor

cristão viver.

A santidade vai

nos seduzir.

A castidade vai

nos unir.

 

Eu escolho um

esposo assim.

Como José você

deve ser para mim.

Escolho você.

UM AMOR PERFEITO

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Um amor sem brigas.

Com as mesmas ideologias.

De mesma fé.

Princípios e propósitos é.

 

Um amor perfeito.

Com zeros defeitos.

Um amor perfeito.

Sem muitos erros.

 

Um amor onde

ambos ouvem e escuta.

Um amor com passeios,

lazeres e paz.

 

Um amor perfeito.

Com Deus no centro.

Um amor perfeito

com um homem de Deus.

 

Um amor perfeito

servo de Deus.

Um perfeito amor.

Um elo de amor.

 

UM NAMORADO, MIL SONHOS

 Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Um namorado dos sonhos.

Com postura de cavalheiro.

Inteligente e romântico.

Sereno e criativo.

Esse namorado é mil sonhos.

Por esse namorado eu

rezo tanto.

Namorado é um sonho.

Um namorado que traga

cem mil rosas para mim.

Sem eu mandar é o

namorado mil sonhos.

Esse namoro é mil sonhos.

Namorado mil sonhos.

Namoro dos sonhos.

Mil sonhos é o namoro.

Quanto mais o tempo

Passa.

Mais os namoros rasos

Ficam.

Um namorado ou anjo.

Um namorado mil sonhos.

Mil sonhos é esse namoro.

AMOR CONFUSO

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Coração confuso

é o seu.

Cheio de mi, mi, mi,

sem fim.

 

Não quero um

coração assim para mim.

Sem entender o que sente.

É o que quer para si.

 

Amor confuso é o seu.

Cheios de pretextos meu Romeu.

Não me venha com

desculpas.

 

O amor não é

uma disputa.

Amor confuso dói demais.

Destrói minha alma e me faz não querer mais.

 

NÃO TENHA PRESSA PARA NAMORAR

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Não tenha pressa

para namorar.

Essa juventude

nem sabem amar.

Só sabem usar.

 

Não se apresse

para casar.

Onde os casamentos são

quase todos de fachada.

Para que essa pressa toda?

 

Divórcios nos altos estão.

Casamento é mais de imagem.

Os namoros tem fogo na palha.

É os sentimentos e verdades

tem é quase nada.

 

É o amor não

se sente nada.

Olham os exemplos,

dos lados.

Os casais são todos fake.

 

Nesses aí nem

Se tem respeito.

É melhor ser solteira

e seletiva.

Do que aceitar esses tipos.

 

Não tenha pressa

para namorar.

Vai se cuidar.

Você é linda Liécifran.

É, o melhor amor vai chegar.

AI, EU QUERO UM NAMORADO!

Por Liécifran Borges Martins (Cariacica, ES)


Ai, essa vida de

solteira me cansa.

Perturba a minha

doce alma.

 

Quero um namorado para

meus lindos versos partilhar.

Ser sozinha às vezes cansa.

Sinto falta de uns abraços e cafuné.

 

De um calor de um

corpo suado.

Até mesmo de um

beijo molhado.

 

Ai , eu quero um

namorado.

Cansei de está solteiro.

Quero cafuné a noite inteira.

 

Aonde está meu namorado?

Ai, eu quero um namorado.

Cadê meu namorado?

Vida me dar um namorado.

 

 

 

Instagram: @liecifranborgesmartins

ARRANHA-CÉUS! SIM, EU TE AMO!

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

‘’Quem é você?

Juro que não te conheço!

E nunca sei onde você está...’’

Fabiane Braga Lima

O mundo está ruidosamente barulhento

Os estrondos das ondas oceânicas

Quebrando na expandida orla atlântica

Se misturam com o caos urbano

A poucos andares abaixo

De onde vivo

***

Voz desconhecidas em idiomas estranhos

Advindas das maquiarias eletrônicos

Espalhados pelo meu apartamento

De repente ficam mais maviosas,

Audíveis e amáveis!

***

Vou me resguardar

No meu espaço preferido

Guardar-me-ei dentro de mim

Eu a absoluta afra-deusa

Reinarei para todo o sempre

Entre as brumas na cidade das nuvens

***

Adoro este momento presente!

Este é o meu ano favorito!

Ser eu a subcelebridade em belas-letras

De um midiático lugar paradisíaco

E artificial fabricado

***

Desvencilhou-se do mundo das fantasias!

Encarou a hirta realidade!

Não gostou do que viu!

E alcance voo!

Mas quem mais fez isto?

Nos dias de hoje?

***

Eu não tenho mais dúvidas

As pessoas não leem nas entrelinhas

E eu amo ver as coisas

Com filtros em preto e branco

E lembrar do crítico local

Não que foi tão simpático assim comigo

***

Mas desde quando

As minhas negras linhas

Tem sinuosas curvas sedutoras e suaves

Das passantes meninas do job praiana?

E das morrarias vizinhas dos arranha-céus?

Estribilhos espremidos no vai e vem

De duas movimentas avenidas

Eu sou então sou a papisa suprema

Mergulhada em delirantes devaneios nevoentos

Sufocada defronte ao oceano Atlântico

Segregada em uma cidade sazonal

***

Só posso dizer que quando

Eu vejo na rua um ser estranho

Que sorrateiramente aproxima de mim

Eu mostro o meu lado mais suave

E quando os outros passam

E não me notam, não me reconhecem

Conforme as estações passam e não ficam

 

Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

 

A LUZ

Por Germain Droogenbroodt (Altea, Espanha)


Amanhece

o sol surge

do nada

acende

o que só aparentemente

vem de longe

embora esteja próximo

e dentro de nós


a luz.


MEDITAÇÃO

Por Germain Droogenbroodt (Altea, Espanha)


Ouvir o silêncio durante tanto tempo

até o silêncio

se despojar de si

e falar com palavras

que só o silêncio

sabe expressar.


ARCANJO MIGUEL



Por Manoel Ianzer (São Paulo, SP)

 

Todos nós temos um “Anjo da

Guarda”

ele está sempre pronto para nos

ajudar

são necessários nossos pedidos

diários

porque temos o livre arbítrio

precisamos

autorizá-lo a entrar em ação

para o nosso bem-estar

a proteção

de um anjo não tem preço

é uma relação de empatia

de confiança mesmo

onde nos tornam fortes

e vibrantes

florescendo a verdade

e a amizade

ainda temos a força

o Grande Arcanjo Miguel

reforço

para as batalhas  

do dia a dia

meu pensamento - reconhece

meu corpo - agradece

minha alma – penhora o meu

amor a ti

grande mensageiro

força do Criador! 

ANJO DA GUARDA

Por Manoel Ianzer (São Paulo, SP)

 

Representante do Criador

Celestial

guardião da minha vida

 

ilumina meus passos

livrando do desequilíbrio

 

protege minha mente

e meus pensamentos

 

cuida de minha cabeça

e de todo o meu corpo

 

abrace meu coração

e minha alma

 

anjo de luz

está autorizado

venha sempre me livrar

do medo e do perigo

 

pedindo perdão

pelas minhas falhas

gratidão com amor!

A DINASTIA VERMELHA (A NEGRA ARTE SUBJETIVA)

Por Clarisse Cristal (Balneário Camboriú, SC)

 

Belíssimo trabalho manuscrito

Lindas belas-letras pós-modernistas

Compôs o ser celestial

Exilado nos subsolos

***

A consciência da real beleza

Do tangível ali não há

Todas as tristezas deste mundo

Correu rio abaixo

As alegrias momentâneas

E as turvas correntezas caudalosas

Levaram-lhe todas as dores

***

Assim dizia o alfarrábio digital

Envoltos em vermelhas mantas sagradas

Sacrossantas e místicas

Figuras de ébano se movendo

Entre o passado idílico, o presente trágico

E o futuro especulativo

Carregando as musselinosas essências

Dos afro-deuses e as afro-deusas

Os guardiões e as guardiãs

Do espírito sagrado celeste

***

Maviosas melodias

Que fluem para as negras almas torturadas

Os espíritos que nunca se vão

E sempre permanecem

Vigilantes, indomáveis e eviternos

Pontes cósmicas do entres mundos

E fantasiosos reinos fantásticos

***

Eu a lúgubre perdida literata da noite

Adentrei a luz do dia

Li e reli os estros nevoentos

Do negro poeta em dores eviternas

E dores nos estribilhos não há

Tristeza não existe

Somente um sidéreo brilho vago

Míticos e evasivos lançados

Aos ventos solares


Fragmento do livro, Sustentada no ar por negras asas fracas, texto de Clarisse Cristal, poetisa, cronista, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

 

ELIZA

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP) e Samuel da Costa (Itajaí, SC)

 

 Eliza, mulher alegre e carinhosa, com sua beleza exuberante, chamava a atenção de todos à sua volta. Mulher simples, sempre muito integra, repudiava qualquer tipo de maldade e preconceito. Com um sentimento bem comum, de quem sai dos interiores afastados, rumo aos grandes e médios centros urbanos, ela acreditava que um dia, poderia melhorar de vida e ajudar a família!

Ela trabalhava no turno da manhã na recepção de um hotel requintado, onde passava seus dias e noites, quase sem folgas e toda sorridente a receber passantes ocasionais e acidentais turistas de veraneio. O público, que muitas das vezes, falava um o idioma que ela sequer compreendia.

Eliza cursava turismo e hotelaria na parte da tarde, com uma bolsa de estudos integral, pois boa parte do parco salário, que recebia, mandava para a família. Eliza sentia muitas saudades das simplicidades afetivas, da sua terra natal. Mas prometeu para si mesmo e, para aos seus pais, voltar um dia para onde nasceu, para dar uma vida mais digna para os seus, longe da miséria.

A recepcionista nutria uma paixão idílica por Ezequiel, sócio e gerente do Hotel que ele trabalhava. Ezequiel, era um homem de meia idade e de posses, vivia rodeado de atraentes e jovens mulheres, que simplesmente gravitavam ao seu redor. Ele, imerso nas idas e vindas de hóspedes sempre exigentes, mal dava pela mera existência opaca de Eliza, quanto mais da idílica paixão da moça por ele.         

Certo dia ao fim da tarde, Eliza chegou a pé da universidade, que não era muito distante do hotel em que trabalhava. Ela encharcada e passando frio, pela forte e repentina chuva de verão, que caia torrencialmente. Ela em um rompante, autopreservação, decidiu usar o hall de entrada do hotel, ao invés da entrada lateral de serviço. A recepcionista, decidiu ignorar todo o treinamento que lhe passavam e repassavam, por várias e várias vezes, a entrada principal era somente para hóspedes e o público afim. Eliza, a recepcionista, pretendia subir rapidamente para a dependência dos empregados do hotel às pressas e passar incólume, para evitar embaraços e constrangimentos com quem quer que seja.             

E lá estava ele, o gerente Ezequiel, postado no hall de entrada do hotel, recebendo uma leva de turistas, que falavam uma língua estrangeira, um idioma que Eliza não compreendia. E como sempre, o elegante e jovial gerente, estava rodeado de uma gama variada de mulheres, enquanto os homens, estavam debruçados no balcão de recepção. Eles, confirmando as reservas dos quartos, eles às voltas, com as muitas bagagens, que estavam no meio do hall do hotel, ladeados dos carregadores de bagagens.

Então aconteceu, em instante apenas, os olhares da recepcionista Eliza e do gerente Ezequiel se cruzaram, como se os dois mundos, avessos e alheios um do outro, se chocassem de forma explosiva. Parecia que ambos nunca tinham se visto anteriormente. Enquanto lá fora, um relâmpago cruzou o céu cinzento e atingiu o chão, um forte estrondo foi ouvido, assustaram a todos e a todas sem distinções. E as luzes se apagaram por instantes, até que o gerador auxiliar do hotel, entrou rapidamente em funcionamento e reestabelecendo às luzes. Ezequiel, correu intempestivo até a preocupada Eliza, pois o que ela não sabia, nem mesmo o próprio Ezequiel, se dava conta do fato em si. Ele sempre esperava a jovem recepcionista retornar da universidade ao fim da tarde. Eliza passava, sempre no mesmo horário, pela frente do hall de entrada do hotel e ela rumava para a entrada lateral, a entrada de serviço. 

— Eliza o que aconteceu contigo?! — disse Ezequiel, não disfarçando a preocupação, pois a respiração ofegante, o denunciava o gerente, estava a poucos centímetros da jovem funcionária do hotel. Ansiava por abraçá-la.

— Nada senhor! Apenas peguei chuva no caminho! — Respondeu a recepcionista de forma cautelosa, trazendo ambos a realidade que os rodeava.

— Então suba e vá se trocar! — A ordem que era geralmente seca agora tinha um certo tom leve e suave.

A cena passou despercebida por muitos, que estavam ocupados demais com a forte chuva, os relâmpagos e com a repentina queda de energia.

Eliza, ficou um pouco assustada, com a coisa toda, por uns instantes, mas retomou a realidade e partiu com presa rumo a ala dos empregados. Mas não demorou muito e Ezequiel bateu de leve, na porta do modesto quarto de Eliza. A recepcionista, ainda estava encharcada e com frio, em um misto de hesitação e normalidade abriu a porta pois ela já sabia quem era no outro lado da porta.  

— Estava preocupado...

Eliza, bateu com força a porta, sem nada dizer, na cara do seu chefe e patrão. Não muito tempo depois do ocorrido, a recepcionista recomposta e devidamente uniformizada, ela arrependia do como tinha agido, com Ezequiel foi procurá-lo. Eliza saiu à procura do gerente, pelos corredores do hotel. Foi encontrá-lo olhando profundamente para o teto, ele estava deitado no sofá no vestuário, reservado aos empregados do hotel, ele parecia muito cansado. Eliza confusa ficou parada a poucos metros dele, decidiu voltar à realidade cotidiana e ocupar o seu posto de trabalho no turno da noite. No outro dia ela pretendia pedir desculpas para Ezequiel!

No dia seguinte pela manhã, ao retomar a rotina diária, ambos não se encontraram, não se falaram e não se olharam. A agenda das atividades do dia chegou pelas mãos de um dos subgerentes, em invés das mãos do gerente do hotel. Pois Ezequiel, perfeccionista que era, fazia questão de pessoalmente acompanhar toda a funcionalidade do hotel, que ele gerenciava, a cada passo a cada detalhe. E o dia se passou sem atribulações maiores.

 Ao final do dia, ao retorno de Eliza da universidade, ela passou pela frente do hotel, virou à esquerda e passou pela entrada de serviços. Cruzou o pequeno corredor, ignorou as muitas portas de acessos, subiu a escadaria, subiu para o segundo andar. E ao divisar o final do corredor, viu Ezequiel, parado e esperando por ela no limiar da porta do quarto da recepcionista. Eliza não se conteve e correu até Ezequiel. Ofegante e nervosa ficou a poucos centímetros dele.  

 — Dê-me a tua mão e venha sem medo! — disse Ezequiel que olhava para os olhos delas. A paixão crescia cada vez mais entre os dois.

Ezequiel levou delicadamente Eliza até a suíte particular reservada para os donos do hotel!  Lá chegando a recepcionista sequer notou o deslumbrante da decoração do quarto. Ezequiel, vendou os olhos da jovem, a beijou na boca, correu em sua cama para saciar seus prazeres. Madrugada a fora e lhe serviu com a luxúria mais requintada! Ezequiel era um homem maduro, e lhe ensinou os prazeres mais profundos! Insaciados de amor!

E, assim as noites foram ficando cada vez mais excitantes, ele a torturava, e acalentava em seus corpos, despidos livres, era dominada por aquele homem.

Mas Ezequiel, já não vivia sem ela. Eram dois corpos e um só destino.

— Eu sempre cuidarei de você! — Disse Ezequiel, então pegando na mão de Eliza. E tirou de seu bolso um presente, era um anel de noivado...

— Elizabety aceite?!

— Sou sua!...

Fragmento do livro: Duas lágrimas, duas vidas e dois sorrisos. Texto e argumento de Fabiane Braga Lima, novelista, poetisa e contista em Rio Claro, São Paulo.

Texto e revisão de Samuel da Costa, novelista, poeta e contista em Itajaí, Santa Catarina.