Por Humberto Pinho
da Silva
Ainda que o neguem, afirmando serem independentes, os
meios de comunicação, além de informarem, formam a mentalidade dos leitores e
ouvintes.
O modo como são redigidas as notícias ou como as “
cozinham”, os pareceres dos redactores e cronistas, e até os títulos,
influenciam no jeito de pensar dos leitores, mormente os mais assíduos.
O actor João Reis, em entrevista concedida a “
Notícias TV” (29.06.12), assevera, igualmente, isso: “ Se quiserem, as
televisões conseguem manipular as pessoas. Aliás, basta ver, às vezes, o
alinhamento dos noticiários para ver que manipulam.”
Poderosos grupos económicos guerreiam-se para
adquirirem órgãos de maior audiência, e partidos políticos esforçam-se para
assenhoreiam-se de “títulos” ou conquistarem a simpatia de empresas
jornalísticas.
Político que crie laços de amizade com jornalistas,
homens de letras ou grupos importantes de comunicação, têm a actividade
facilitada, e pode, se o desejar, manipular notícias ou evitar que sejam
publicadas.
A TV, como órgão de informação por excelência, é entre
a mass-media, a que maior influência exerce no comportamento dos cidadãos.
A socióloga Helena Vilaça, em entrevista concedida a
Joana de Belém, publicada no “Diário de Notícias” ( Lisboa) de 24/08/12,
lembra, que: “ No Brasil houve um fenómeno muito interessante: os últimos
censos dão conta de um aumento de conversões ao Islão e os estudos indicam que estão
relacionados com uma telenovela que passava uma imagem positiva do Islão, o que
contribuiu para que houvesse mais conversões”.
Em poucos anos, a TV, pode alterar hábitos, modos de
pensar e até subtilmente influenciar resultados eleitorais.
Como se sabe, a maioria da população não pensa, repete
o que ouve ou insinuam, pela telenovela, mesas redondas, noticiários e blogues.
A publicidade conhece perfeitamente esse
extraordinário poder, vendendo produtos, lançando figuras públicas ou ideias,
com sucesso, em escassos meses.
Nem a literatura escapa. Cai bem aqui o que li sobre
livro de Mário Sá Carneiro, julgo ser “ Confissão de Lúcio”.
Lamentava-se o editor de não conseguir vender. Mário
Sá Carneiro manda retirar os volumes do mercado. Pede a amigos que escrevam
palavras elogiosas. Imprime páginas extras, com essas “críticas”, e cinta os
livros, indicando que é segunda edição. A obra esgotou-se em poucas semanas.
Por isso se vê muita coisa, que não vale um chavo, ser
best-seller, e obras dignas de serem lidas e relidas, como monos nas estantes
dos livreiros, enodoadas de humidade e empoeiradas pelo tempo.
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