segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

GAIA VENCEU (AUDIOCONTO)

Por Paccelli José Maracci Zahler (Brasília, DF)

O CAUSO DO COURO SECO (3º LUGAR NA FESTLENDA)

Por Severino Moreira (Bagé, RS)

Se estou bem lembrado, eu já contei o causo de uma cobra, bicho cuiudo de tão grande, que de certa feita comeu uma ninhada de pintos e, ainda, matou um galo “nanico capão”, que tomava conta dos bichinhos, mas se por acaso algum vivente não se lembrar disso é só dar de rédeas pra trás, na direção do começo desses escritos, que na cabeça do lombilho eu fiz, que por certo há de achar o causo que hora lhes falo.

Por outro lado não preciso nem olhar pra trás, para lembrar que dessa feita eu cortei o couro da tal cobra, bem de contra a cabeça, e saquei fora prometendo pra quem quisesse ouvir, que n’outra hora que me pegasse com tempo sobrando, eu haveria de contar pra que serviu.

Acontece que o dia de hoje, me pega mais devalde do que bichará em tarde de janeiro, de modos que vou lonqueando tentos do meu próprio pensamento, e desencravando esse pedaço de história, já quase morto e enterrado, para aqui relatar.

Engraçado, me saiu até algumas palavras bonitas, bem diferentes desse bagualismo medonho, que já é de minha marca, deve ser por certo palavras saídas desses trechos escritos por índios de língua sovada e idéias desembaraçadas, como Apparício Silva Rillo, Simões Lopes, Pedro Wayne e outros tantos a quem forcejo pra seguir o rasto, embora sabendo que as léguas que nos separam são muitas.

Bueno, mas isso não faz parte do causo, de maneira que a meu jeito. Voltemos ao “couro da cobra”.

Pois haveria de ser, que eu na minha santa ignorância de guri tinha passado algumas noites em claro. Imaginava que as cobras fossem veneno desd’o dente até a ponta da cola, de modo que não era pouco o meu sestro de estar meio envenenado, por ter passado a mão de ponta à ponta no couro daquele bicho asqueroso, e só findei por sossegar depois de algumas horas de prosa com o falecido tio Artur Afonso, que era o entendido nas “meopatias”, lá naqueles confins de Santaninha, e olhem que não foram poucas as horas de prosa. O velhito gastou uma “carreta lotada até os fueros” de paciência, até me convencer que o veneno do bicho era só nas presas, que, grosseiramente, falando eu entendi que seriam aqueles dentes mais pontudos, parecidos com aqueles primeiros que aparecem quando um cachorro está “rosnando”. Disse que depois da cobra haver picado o galo, levaria um certo tempo pra acumular veneno de novo, assim imaginei ”grosseiramente falando”, e não mal comparando, que nem vaca depois de tirar leite, leva algum tempo pra encher o “ubre”, outra vez.

Pelo menos foi desse jeito que eu entendi, isso se levasse em conta o fato da cobra estar viva, mas é claro que não estava.

Isso me tranquilizou, e me acendeu a idéia de fazer um cinto desse couro. Seria sem dúvidas o único cinto de couro de cobra naqueles grotões, um motivo de inveja, que fazia muito bem a minha vaidade, de guri sotreta.

Bueno, o couro dessa cobra que mais parecia um saco que se afunilava, na medida em que chegava pra ponta da cola, terminou por ficar pendurado lá no galpão, esperando ”para quando” eu crescesse, então, fazer o tal cinto. Afinal, eu não era bobo de fazer uma obra de arte para em dois ou três anos não me servir mais.

Ficou por lá algum tempo, até que pelas tantas sumiu, e eu como sempre acontece nessas horas, imaginei que me tivessem roubado, pois apesar da cobra ser feia o couro até que era bonito, e não era de duvidar que alguém o levasse.

Passaram-se um lote de anos, e certa feita eu retirava uns feixes de Santa-fé de um canto do galpão, quando de repente eu encontrei o couro da cobra, ou melhor dizendo o meu couro de cobra, amontoado num canto, duro e seco.

Reencontrando o couro, de pronto me atinou a idéia de fazer o meu cinto, seria por certo o primeiro peão a usar um cinto de couro de cobra, até já imaginava, com fivela de prata, guaiaca do mesmo couro virado pelo avesso e pra acompanhar eu faria uma tarca com guizo de cascavel.

Iria por certo ficar um cinto de respeito, mas eu só não contava com um inconveniente, pois depois de todos esses anos amontoado, o couro estava tão duro e seco que não ouve faca que cortasse. Era pior que esfregar no osso da canela de um boi velho.

 Acreditem, mas tentei, até serrar, e se debulharam os dentes do serrote velho, que tanto osso e guampa de touro havia cortado, e no couro...nem móça fez.

Mas, sou teimoso e já tinha botado na cabeça que faria meu cinto, então, atravessei o couro no picador de lenha e sentei o machado, com vontade, “e lhe digo” o cabo partiu em três e o fio remachou, ficando igual bolquete de arado. E olhem que era um “Colin”, legítimo. No couro... nem móça fez.

Não atinando outra forma de amaciar aquele tróço resolvi botar de molho, e passando a presilha do laço por um buraco, não sei se do olho da cobra ou feito pelas “punilhas”, atirei para dentro do açude, deixando a parte da argola enfiada numa trama do alambrado.

          Uns dias depois, principiava escurecer, quando montei no sogueiro e fui dar uma bombeada lá no açude pra ver se tinha amolecido o couro, e pode até ser vergonhoso, mas não vou negar, que levei um “cagaço” medonho, pois a água se mexia e de quando em vez destapava o lombo do que me pareceu uma cobra. Bicho “munaia” de tão grande, por certo, era pra mais de palmo só o pedaço do lombo que se podia ver, entre uma onda e outra.

         Quanto ao comprimento não se via direito por causa dos aguapés, mas não era por certo coisa pouca, a julgar pela onda e o aguapezal que deitava, quando o animal se mexia.

Cheguei a pensar que fosse uma cobra, buscando acasalamento, sem saber que a outra não era mais do que a casca d´uma “cobra defunta”.

Dei uma procurada no resto de coragem que me sobrava, já que com cobra não se facilita, fui soltando a argola da trama e puxando o couro pra fora, usando para isso os encontros do cavalo, pois o desgraçado pesava tanto que até pensei que se tivesse enredado em alguma raiz ou pedra no fundo do açude.

Lhe digo, não foi com pouca “luita” que o couro saiu pra fora, e só então descobri, que a razão do meu susto era o próprio que tinha dentro nove traíras, cada uma com um jundiá na barriga e cada jundiá com um lote de lambari, o que me fez entender, que os peixes embretavam uns aos outros dentro do couro, e como o couro se afunilava no sentido da cola e o peixe é bicho que não se dobra terminaram ficando todos entalados, assim que nem mundéu de caçar tatu.

Bueno, para encurtar o causo eu digo, que é assim que tenho pescado ultimamente, o único inconveniente é que precisa ter óleo de capincho pra dar uma azeitada no couro de vez em quando, senão o índio morre seco e não desentala os peixes de dentro.

 

UMA PAIXÃO "VÉIA" ASSOMBRADA

Por Severino Moreira (Bagé, RS)

O cemitério do Rodeio Velho estava entupido de gente, ao ponto de não se saber se havia mais sobre a terra ou nos sete palmos abaixo do chão pois o pessoal era tanto que se cruzavam por entre as paredes brancas e as cruzes plantadas no solo, tomando o maior cuidado pra não pisar por cima daqueles, que por infortúnio não haviam tido sorte na vida e nem na morte e descansavam as “ossamentas” ali na terra úmida e fria, coberta de pasto e “mal-me-quer”.

Engraçado, alguns dizem mal-me-quer, outros dizem bem-me-quer, de maneira que, não sei qual dos dois é o nome real dessa florzinha tão bonita, acho até que é o estado de espirito e o momento que definem qual dos dois usar.

Era costume naquelas campanhas lá de Santaninha, o pessoal se reunir no dia de finados e entre choramingos de saudade, velas acesas, flores e terços, também, tratavam negócios, atavam pencas e até algum namoro se ajeitava por lá.

Posso até afirmar que não foram poucas as “percantas” que arrumei no cemitério, embora, também, possa afirmar que nenhuma fosse tão bela quanto a que deu origem a esse causo.

A dona Telícia, que até hoje eu não sei se esse era o nome ou algum apelido que tinha, era a pessoa mais procurada para puxar os terços, em razão da simpatia, e a voz suave e compassada que tinha a velha senhora.

Rezava-se na hora de um terço em memória da minha falecida avó Severina, pra quem ainda não falei, meus avós paternos tinham o mesmo nome por herança de avô já que eram primos e foi deles que herdei o nome que me batizaram.

Os “Pai Nossos” e as “Ave Marias” iam saindo encarreraditas que nem teta de mulita, uma atrás da outra, e umas vinte ou trinta pessoas, quase numa só voz repetindo, “Santa Maria, Mãe de Deus ... Rogai por Nós”.

Eu, entre uma oração e outra, olhei o retrato de minha avó, já desmerecido pelo tempo, que descansava ao lado de um cocho improvisado como vaso, onde estava plantado um pé de onze horas. Vi que as flores principiavam a se abrir. Devia ser mesmo umas onze horas e julgar pelo sol que já começava a me queimar o “coco” da cabeça.

“Coringuei” p´ra minha direita e enxerguei uma cabeleira ruana, quase escondida por trás de outra pessoa que na hora não lembro quem era, me encantou o brilho daquela cabeleira, de uma cor assim igual barba de milho branco, ainda, “verdolengo”, que caía por sobre os ombros da moça, como se tivesse, um raiozinho de sol guardado em cada fio.

Eu estava tão encantado com aquela cabeleira que, quando me dei conta a chinóquinha, também, me olhava. Olhava e sorria, de uma maneira que lhe digo, a boca era, ainda, mais bonita que os cabelos e os olhos, ainda, mais bonitos que a boca, e o resto...

Bueno, o resto era, ainda, mais bonito que as três coisas juntas.

Por certo, não era dali. Naquelas campanhas, não havia quem eu não conhecesse e aquela chinóquinha, não era do tipo que passasse despercebida, nem pelos mais descuidados e eu por certo não era um deles, principalmente se tratando de uma moça tão bonita.

O que me deixava “deverasmente” espantado era o fato da chinóquinha andar solita, pois se compromissada fosse, o índio seria por certo igual a um quero-quero, com os olhos cravados em cima, e se descompromissada fosse, seria por certo como uma borrega arrodeada de sorros de tão linda que era.

Eu me encontrava em pé, com o “mata piolho” da mão direita enfiado na fivela do cinto, e em cima da mão direita descansava a esquerda, de maneira que o meu chapéu, meio sobre o peito, meio sobre a barriga, tinha cada braço meu apertando uma ponta da aba, ficando, portanto, a copa entre os dois.

Lembro que cocei o nariz, com a borla do barbicacho, e a moça que ainda me olhava fez o mesmo com o crucifixo do rosário branco, que trazia nas mãos, depois desceu o crucifixo até a boca, beijou e me sorriu, de maneira que fiquei sem saber se o beijo era para a imagem de Cristo no rosário ou para mim.

Terminei por fazer o mesmo com a borla do barbicacho e ela riu de novo.

Nessa hora, a Dona Telícia rezava a última Salve Rainha, em seguida fez o sinal da cruz e o pessoal foi se dispersando aos poucos, até ficar só ela me olhando com o mesmo ar de doçura nos olhos e aquele sorriso que me trazia as “frussuras” pra boca.

Me aproximei e tentei puxar uma prosa, mas não tive resposta, parecia um bicho-do-mato com medo de gente e foi com aquele silêncio de “túmulo”, que deu as costas e se foi, sem que eu a tocasse ou sequer lhe ouvisse a voz.

Foi a primeira e a última vez que a vi, pois logo se foi montada num tordilho, que por mais estranho que pareça, eu não tinha visto que estava com a rédea arrastando no chão, ali no portão do cemitério, com aquela mansidão própria dos animais que, quando o dono apeia, ficam no mesmo lugar até que venha a montar de novo.

E foi assim que lhe vi sumir no horizonte, no rumo da costa do Camaquã, como se fosse uma nuvem de fumaça que se apagava aos poucos.

Às vezes, ainda penso nesta china, sem saber se seria alguma surda-muda ou quem sabe alguma fazendeira, se julgando merecer algo mais do que um pobre peão que nem eu.

Às “deveras” não sei e isso de quando em vez, me tira o sono.

Mas de tudo, o que acho mais estranho é que de todo o gentirío que por lá esteve, inclusive as quase trinta pessoas que acompanhavam o terço; eu fui a única “viva alma” que enxergou a moça.

Também, não entendo porque uma moça tão bonita usava roupas tão fora da moda, tão antigas, quanto as que eu via nos retratos dos meus antepassados.

Teria eu, me apaixonado por uma assombração?

 

 

CÁLCULO

 


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)




RESPOSTAS




Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)




 

POLÍTICOS À FORÇA

Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)

Pedro de Moura e Sá, no seu precioso livro póstumo: “ Vida e Literatura”, ensaio excelente, que nos dá visão perfeita da sua geração, escreve, a determinado passo, asserção, que está sempre presente, para nosso mal: 

“ Quando dizemos: João é bom, queremos dizer que ontem ele nos afirmou a sua admiração pelas nossas qualidades; quando dizemos: João é estúpido, queremos realmente significar que ele ontem não nos tirou o chapéu com amabilidade suficiente. Exatamente da mesma maneira que, dizemos: este poema é mau, queremos muitas vezes afirmar: que o autor pensa, em matérias politica, de maneira diferente da nossa.”

Se o prosador ou articulista, tem opinião igual à nossa, e tem credo político semelhante, declaramos: é genial: escreve bem, pensa bem, e é claríssimo, como água.

Tecemos-lhe, então, louvores, nos meios de comunicação social

Enquanto se avaliar desse modo, venham as revoluções que vierem, venham mudanças e andanças sociais, que tudo ficará como dantes.

Os nossos pareceres, as nossas opiniões, sobre as crônicas, enferma sempre do prisma político, como se analisa o texto; mormente o “clube”, em que se inscreve o cronista ou escritor.

Este por sua vez, sente a obrigação de entrar numa “capelinha”, de pertencer a causa, para ser lido, apreciado, e ter fácil acesso à mass-media.

Eis a razão por que há tantos ilustres desconhecidos, independentes, de grande valor, que escrevem para a gaveta; porque não possuem meios económicos para editarem a obra, nem conhecem distribuidor camarada, que a coloque a preços módicos, e muito menos editor, que as publique.

Sem mecenas, sem apoio dos amigos e críticos do partido, nada ou pouco se consegue.

Há, por isso, escritores e poetas, que são políticos à força. Defendendo ideologias que não são as suas, só para alcançarem possível estrelato. O que se passa com os letrados, passa-se, igualmente, com quase todas as profissões.

Muda-se tudo, menos o homem. Esse, é que necessitava de eminentíssima e reverendíssima reforma, como disse o santo Arcebispo de Braga, aos reverendíssimos e eminentíssimos cardeais.

O que escrevo é pura verdade… mas não é politicamente correto…

 

 

 

 

INSULAR (O TEATRO MÁGICO)

 Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

Para a atriz Sabrina Viana

 

Um prelúdio imagético apenas

Do que será a belas-letras

A beira da atroz

 Sombra do novo milênio

***

O primeiro ato em belas-artes

Do eu-ser eu mesma

Enclausurada

Em um monólogo infindo

Que ninguém sequer entenderá

***

O segundo ato

Em artes-plásticas

A luz do pós-modernismo

***

O ato final

Do eu-ser eu mesma

Em contemporâneas artes-cênicas

***

Um prólogo fluído

O eu-ser em múlti-plos eu’s 

Na coxia

No palco

***

Um epilogo sôfrego

No hiper-texto

Em um espetáculo fabril

Sem fim


 

 

CONSCIÊNCIA E LIBERDADE

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

O preço da cana-de-açúcar era a mão do escravizado sendo decepada. A cana-de-açúcar era moída em máquinas a vapor caso sua mão se prendesse ali o capataz com um facão nas mãos cortava o pulso. A mão saia e a produção de açúcar continuava. A Europa precisa de açúcar. Eles estavam fascinados com a combinação de café amargo com açúcar. A cana-de-açúcar foi a desgraça dos povos africanos. Eles não imaginavam que uma coisa tão rica no seu continente fosse tirar a sua liberdade.

Então entenda não se trata se uma simples história se trata das nossas origens por dolorosa que seja. Os donos das plantações plantavam nas suas fazendas cactos com espinhos para os negros não fugirem correndo nas plantações. O processo do corte cana-de-açúcar ainda continuo o mesmo, a mão de obra humana, nada de máquinas e se você perceber ainda existe muitos negros nesse trabalho.

Pare e pense os negros africanos que foram escravizados por brancos, esses sempre fizeram questão de ocultar toda a história nos livros escolares. Provavelmente para ficarem no papel de vítimas e nós de culpados. Então não entre nessa ideologia de racismo recesso que tentam colocar na nossa mente. Por acaso você já viu nas delegacias de polícia brancos e brancas fazendo queixa contra crime racial sofrido por conta de um negro?

O negro nunca passou de mercadoria e a igreja católica foi responsável também desse processo de escravidão. O papa naquele período assinou o documento permitindo a Espanha escravizar africanos. Para a igreja católica os africanos eram pagãos e por serem pagãos não mereciam liberdade. A igreja sempre teve os povos africanos como não cristão por causa da sua cultura e rituais religiosos. E própria igreja católica era proprietária de escravos  

Clarisse da Costa é poetisa e militante do movimento negro em Biguaçu, SC. 

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

O AMOR, O DESEJO E A PAIXÃO EM TRÊS ATOS

 Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

 

TENHO TANTO AMOR

Tenho tanto amor para dar-lhe.

Guardo no íntimo, tenho receio.

Nítido, veja meu corpo sedento,

Estremece ao querer. Tormento!

***

Nessa ânsia de almejar sem poder.

Faz-me doidejar, ao querer lhe ver.

Não vivo sem teu cheiro, impregna,

Diga que nunca foi mentira?!...

***

Nada oculto ou confuso, foi toque!

Acalentei-me nos teus fortes braços,

Minh’alma sentiu teus ternos abraços.

***

E no meio desse amor emaranhado.

Olhe em olhos! Sinta-me, sou tua,

Peço! Seja meu eterno namorado…!

 

 

ESSE AMOR TIRA-ME DO SÉRIO

Sabe que te amo imensamente

Meu corpo não mente!

És o homem de minha vida

Respiro esse Amor dia a dia

Tira-me do sério, cura minha dor

Mas mata-me de angústia,

Oferecendo-me espinhos!

Pois,

de tanto amar-te mudou minha vida

de tal maneira que quero senti-lo!

Quero tê-lo no calor de nossos corpos...

Não

quero viver sobre cárcere da amargura!

Minha Alma já o eternizou!

Estou acessível ao nosso Amor

Coração que antes era incauto,

Te buscou

Descobriu o verdadeiro Amor,

E te fiz a mais bela poesia,

POESIA DE AMOR....!

 

AMOR SINGELO

Como viver sem teu amor?!

Loucura! Minha mente oscila.

Beija-me, tire toda súbita dor,

Não fuja, fique aqui, tudo cintila.

Bendito é esse querer, infinito.

Tua força, acalenta meu coração.

Repudie essa dor, eterna paixão

Toda demência, desejo omitido.

Veja! Como anseio teus beijos.

Amo-lhe, será que não mereço?!

Apenas, seja reciproco, sem receio.

Prometo, o versejar mais belo...

Desejo intenso acobertado êxtase,

Meu corpo grita, geme, amor singelo…!

 

Fabiane Braga Lima é poetisa em Rio Claro, SP.

Contato: bragafabiane95@gmail.com.br

"TITANIC" E A LUTA DE CLASSES

Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Ao assistirmos o [filme] "Titanic" vemos muitas situações que se formos reparar são bem atuais. O pobre que não podia se misturar ao rico, ficava sempre na terceira classe. Se estivesse bem vestido era um bom cavalheiro e uma boa dama. A roupa e o dinheiro eram status, não importava o caráter da pessoa. Se você levar isso para um relacionamento entre homem e mulher o que conta na maioria das vezes é o corpo perfeito. A moça mais bonita é a que está usando um bom decote.

As mulheres da área nobre não podiam contrariar os homens ou sequer abrir a boca para expor suas opiniões, isso era falta de educação. — Olha os bons modos minha filha. — Diziam as velhas senhoras. Ela tinha que estar impecável nas vestimentas e sentar corretamente.

Quando os homens iam conversar as mulheres não podiam fazer parte das conversas, para elas só cabiam o trivial, coisas de moças como diziam mães e tias.

A sociedade era feita por homens e para homens.  Muitas dessas mulheres eram prometidas à homens ricos para que a família não perdesse o pouco que tinham. Quem era rico tinha medo de ser pobreza, então faziam de tudo custo que custar para que isso não acontecesse.

E se você tiver um olhar mais profundo verá que todos são brancos. O negro sequer tinha a oportunidade de desfrutar um pouco dessa vida cheia de luxo.

Clarisse da Costa é cronista e militante do movimento negro, em Biguaçu, SC. 

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

A VIDA DO DEFICIENTE NO BRASIL

 Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

Vivemos num mundo muito visual. Para muitas pessoas a aparência está em primeiro lugar e isso inclui o corpo perfeito. A estética é do padronismo não   importando o caráter e os sentimentos da pessoa.  Quero deixar claro que eu escrevo essa matéria com base a minha realidade e a realidade de muitas pessoas.

Eu sou deficiente físico, assim como costumam me falar. Eu superei muitas coisas, até o supermercado. Consigo comprar coisas para mim. Eu uso um andador para caminhar na rua e talvez por isso a rejeição de muitas pessoas. Eu fui rejeitada em 2018 por um homem que dizia me amar por conta disso.

Eu sou escritora, faço cursos, tenho conhecimento e mesmo assim a minha capacidade é sempre testada. Mas eu nunca tive vergonha de mim sempre me aceitei. Porém, o meu maior desafio é namorar. Eu sou linda demais como dizem as pessoas, mas não aceitável por conta das minhas limitações físicas. 

          Nas fotografias eu sou a mulher perfeita. Como eu disse no início dessa matéria vivemos num mundo muito visual. O preconceito é tão grande na humanidade que já existe aplicativos para pessoas com deficiência arrumarem namorado.

Tudo isso porque os ditos normais não aceitam não assumem. Querem perfeição e não amor. Muitos que topam se relacionar é por curiosidade. Nada algo sério, apenas uma noite. Normalmente é sempre as escondidas, nada algo em público para as pessoas não verem.

Meu pai sempre me conta que na sua adolescência as pessoas eram presas dentro de casa pelas suas famílias, pois tinham vergonha de seus filhos.

Infelizmente a deficiência ainda é relacionada à incapacidade. Eu percebo como as pessoas me tratam principalmente os homens. A maioria dos homens buscam uma mulher que não existe eles gostam da beleza externa. O corpo da mulher é sempre símbolo de prazer.

Como podemos perceber a deficiência não é encarada com normalidade. No passado as pessoas com deficiências, seja física e mental, eram tratadas como indivíduos possuidores de demônios e por consequência eram queimados como bruxas.

Mas com o passar dos anos isso foi mudando um pouco com o surgimento de hospitais de caridade e asilos. Ali eles eram abrigados e cuidados. No período do final da década de 70 deu-se início ao movimento das pessoas com deficiência. Até meados de 1979 as pessoas eram consideradas invisíveis. Elas eram dignas de caridade e não de cidadania.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), dados de 2020, no Brasil temos mais 12,5 milhões de brasileiros com deficiência. Isso corresponde 6,7% da população no país. Mas não tem como falar de deficiência sem falar de inclusão. A inclusão social traz oportunidades. No entanto, enquanto a pessoa com deficiência não for tratada com naturalidade, como indivíduo capacitado a inclusão não será posto em prática no país todos.

É muito chato ter que depender da piedade das pessoas! Muitas vezes a ajuda oferecida não vem de bom coração. E ainda nos perguntam: Você consegue? Nem sequer nos dão a oportunidade de tentar.

Clarisse da Costa é cronista, poetisa e artesã, em Biguaçu, SC

Contato: clarissedacosta81@gmail.com