Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)
Pedro de Moura e Sá, no seu precioso livro póstumo: “ Vida e Literatura”, ensaio excelente, que nos dá visão perfeita da sua geração, escreve, a determinado passo, asserção, que está sempre presente, para nosso mal:
“ Quando dizemos: João é bom, queremos dizer que ontem ele nos afirmou a sua admiração pelas nossas qualidades; quando dizemos: João é estúpido, queremos realmente significar que ele ontem não nos tirou o chapéu com amabilidade suficiente. Exatamente da mesma maneira que, dizemos: este poema é mau, queremos muitas vezes afirmar: que o autor pensa, em matérias politica, de maneira diferente da nossa.”
Se o prosador ou
articulista, tem opinião igual à nossa, e tem credo político semelhante,
declaramos: é genial: escreve bem, pensa bem, e é claríssimo, como água.
Tecemos-lhe, então,
louvores, nos meios de comunicação social
Enquanto se avaliar desse
modo, venham as revoluções que vierem, venham mudanças e andanças sociais, que
tudo ficará como dantes.
Os nossos pareceres, as
nossas opiniões, sobre as crônicas, enferma sempre do prisma político, como se
analisa o texto; mormente o “clube”, em que se inscreve o cronista ou escritor.
Este por sua vez, sente a
obrigação de entrar numa “capelinha”, de pertencer a causa, para ser lido,
apreciado, e ter fácil acesso à mass-media.
Eis a razão por que há
tantos ilustres desconhecidos, independentes, de grande valor, que escrevem
para a gaveta; porque não possuem meios económicos para editarem a obra, nem
conhecem distribuidor camarada, que a coloque a preços módicos, e muito menos
editor, que as publique.
Sem mecenas, sem apoio
dos amigos e críticos do partido, nada ou pouco se consegue.
Há, por isso, escritores
e poetas, que são políticos à força. Defendendo ideologias que não são as suas,
só para alcançarem possível estrelato. O que se passa com os letrados,
passa-se, igualmente, com quase todas as profissões.
Muda-se tudo, menos o
homem. Esse, é que necessitava de eminentíssima e reverendíssima reforma, como
disse o santo Arcebispo de Braga, aos reverendíssimos e eminentíssimos
cardeais.
O que escrevo é pura
verdade… mas não é politicamente correto…
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