terça-feira, 1 de outubro de 2019

VIDA MARIA (ANIMAÇÃO)




Fonte: YouTube.

TÉCNICA


GRILHÕES


PRIMAVERIL


VENTOS


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)



O que traz o vento

repleto

recoberto

pela poeira

no estertor


do ocaso



o vento traduz

o tempo

rápido

em retrospectos

e revoltas



avança e retrocede

vidas escamoteadas

no corpo dolente contra a parede

onde os olhos se refletem



o sexo ligeiro como contados os versos

em recorrentes correntes: os olhos sentem

o cansaço e o corpo espera: venta.

TRAIÇÃO


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)



Poderia ser o início da tempestade

insidiosa em que os amigos são trocados

por favores ignóbeis. Rochas partidas

de insípidas mensagens. O outro lado

estabelece as regras. O viés da marcha

desmanchado na estrada e o calor do corpo.

Cessam os lamentos em mentiras

e do nada - o restante - ressurgem

as glórias: por isso são brancos os panos

das entregas. Desonrosa, matemática

em centavos milimetricamente

esperados sob o agasalho. A arena

irrompe mãos apaixonadas pela justiça.

Não eram deles as vitórias em lendas

ouvidas dos mais velhos: o rancor precede

o campo de batalha na ironia do cardo

penetrado em sangue. Olhar tenso

com que se despede na vida destroçada

e a certeza - sim a certeza - do condenado

na tristeza permanente com que olha o amigo.

AMOR FIEL

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Que sofrimento...
Sem a tua presença!
Que horas vazias,
E dias longos...
Ao me maltratarem!
Com a tua presença...
Eu não percebia...
As horas passarem,
E os dias e meses...
Em meu calendário.
*
Agora sem a tua presença!
Como custa o tempo passar.
As horas não passam.
Os dias e meses também.
Mas uma coisa...
Quero que saibas,
Que depois de ti...
Eu não vou amar ninguém.
*
Pois o amor!
É algo sublime...
Nunca poderá ser substituído!
Pode-se até juntarmos...
A outro alguém,
Para preencher espaço!
Mas o amor fiel...
Jamais poderá ser substituído,
Ou esquecido.

PRIMAVERA IV

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Quando chega a primavera!
Com seus jardins encantados,
Exalando seus perfumes...
Num ambiente sagrado.
*
Pela manhã nossos pássaros!
Demonstrando seu valor...
Formam uma sinfonia,
Cantando um hino ao amor.
*
Primavera é a estação!
Muito bela e colorida...
Estação que nos da paz,
Estação que nos dá vida.

NÃO EXISTE MAIS DIÁLOGO

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Já não te quero como antigamente!
Pois o presente mostra,
O que tu és...
Mudaste como nunca imaginei...
Hoje estas querendo.
Que eu o tempo todo!
Viva ajoelhado aos teus pés.
*
Mas estas enganada...
Se pensas que isso irá acontecer!
Até porque na minha vida e na tua,
Nenhum de nós...
Tem muito a perder.
*
Hoje te convido a pensar!
E acredito até ser melhor...
Para nós...
Pois na nossa casa!
Não existe mais diálogo...
Já cansei de escutar!
A tua voz.

NEM TODOS OS TÊM

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)  

Amor é a essência!
Que nasce na alma...
E no coração de alguém,
Nem todos podem amar...
Porque nem todos os têm.
*
O amor é a alegria...
É sentimento profundo,
Que nasce no fundo...
Da alma!
E se espalha pelo mundo.
*
Ah! Quem tem este privilégio.
De por alguém ser amado!
Agradeça sempre a Deus...
Pois o amor é sagrado.

PROCURA

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Ando a procura de alguém!
Que saiba me entender,
E me compreender...
Nas minhas horas...
Tristes e incertas,
Amenizar os meus sofrimentos!
E consolar o meu coração,
E a minha alma de poeta!
*
Ah!Como seria bom...
Se esse alguém...
Eu já tivera encontrado,
Tenho certeza...
Que a minha vida seria outra.
Isso porque o meu coração!
E a minha alma,
Já estariam consolados.
*
Mas continuo nesta procura.
Não sei até quando chegara,
Não importa o tempo que leve!
O importante é encontrar.

EU QUE NÃO PREFERI AS ALEGRIAS EXTERNAS

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Espero que algum dia te arrependas!
De tudo que fizeste,
Para mim...
Eu que te dei,
O que demais precioso existe...
Que era o grande amor,
Que ainda existe em mim!
*
Eu que não preferi as alegrias...
 Externas!
Pois a minha maior alegria,
Estava em ti...
Que a cada beijo!
E a carinho trocado,
Aumentava mais e mais...
Este amor que existe,
Em mim por ti.
*
Mas quem sabe um dia...
Voltes a lembrar!
Do passado maravilhoso...
Que tivemos,
E trilharas o meu caminho!
E me darás essa alegria...
Como prêmio!


TRISTE E SOLITÁRIO

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Ela passou tão triste!
E solitária,
Seu lindo rosto...
Expressava o sofrimento.
De sua alma e coração...
Que nesta hora mostrava!
O tormento.
*
Por que tão bela e cativante alma...
Sofria assim?
Talvez se merecer...
Seria alguém...
Que ela amava tanto!
Que a deixou...
Fazendo-a sofrer.
*
Pobre menina solitária...
E triste!
Se que o amor,
É faca de dois gumes...
Muitas vezes nos trás alegria...
Imensas!
E em outras não poucos queixumes.
*
Mas não desanimes.
Pois o amor é assim!
Hoje sofres por ele...
E se me amasses como te amo.
Eras incapaz de sofres por mim!


MENINA DE PELE ESCURA

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Menina de pele escura!
Com seus belos predicados,
Tua pele é divina teus cabelos enrolados...
Após conhecer tantas outras,
Compreendi que por ti desejava ser amado!
*
Tu és bela e atraente!
O teu coração tem magia!
Quando conversas com a gente...
 De ti sai boa energia que nos dá aquela!
Força pra luta do dia a dia.
*
Sentir-me-ia feliz!
E por sinal muito honrado...
 Se um dia te aproximas-te de mim...
Com teu sorriso encantado!
E dos teus lábios saíssem palavras entre outras,
Dizendo: - Venha cá meu namorado!
Juro-te que me sentiria alguém já realizado.


RENASCER O AMOR

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Porque fizestes renascer o amor,
Num peito já tão amargurado.
De tanto sofrer de amor,
Meu coração está magoado.
Por uma existência de lutas e fracassos,
De tanto amar estou virando trapo,
Sempre sem nunca ter sido compreendido.

A minha vida já não tem mais sentido,
Porque tu eras a minha única esperança,
Fingiste amar-me,
E eu, como criança,
Agradecido com belo presente,
Pus-me a sonhar feliz sorridente.

Mas como o sonho não é realidade,
Agora, sinto que foi tudo ilusão,
Por que brincar com um pobre coração?
Se tu sabias que irias fazê-lo sofrer.
Tu te divertes, com meu padecer,
Alegrarás-te com sofrimento meu?
Se for assim até ficarei feliz,
Por saber que agindo assim, tu tens felicidade,
E em troca do meu amor, tu me devolves maldade.


QUANDO TE BEIJO

Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Sinto-me feliz por seres,
Tu a mulher por mim amada.
Teu corpo bonito,
Tua tez branca,
Fico alegre de após o amor
Sentires-te realizada.
*
Pois tenho certeza,
Que também me amas.
E que o nosso amor...
Não se confundi.
Até porque ele é maravilhoso,
E porque não dizer:
É ele uma das maravilhas,
Desse mundo.

DA SÉRIE AMOR EM VERMELHO:A MINHA NEGRA BELEZA NO DESERTO DO REAL

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)

Eu não posso ter medo algum
Em revelar minhas reais intenções
E falar livremente
Nem que seja para mim mesma
As minhas muitas verdades
Há muito sepultadas
No meu interior mais profundo
***
Eu passei um bom tempo
Vagando perdidamente
Pelo deserto do real
Refletindo sobre a minha real beleza
De mulher negra
Que vive na pós-modernidade
Liquefeita
***
Eu sozinha percorri
Livremente a vontade
No deserto real
Onde o sol artificial brilha
Intensamente durante todo o dia
Com uma intensidades implacáveis
E assim eu posso tornar-me
Insuportavelmente quente
Podendo chegar a temperaturas extremas frias
Quando ao noite cair
***
Eu não consigo ter medo algum
Em revelar para mim
A minhas reais intenções
E falar livremente
Aos quartos ventos
Para quem quiser ouvir
As minhas muitas verdades
Há muito sepultadas
No meu interior mais profundo



CRÔNICAS DO TEMPO:TEMPO


Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)                                                                                           
     
        Embora viver possa parecer difícil é o tema principal de nossos encontros. Pois tudo que nos move a vida é o assunto de nossas conversas. Amigos que se encontram através de uma telinha e uma rede chamada internet. Talvez Vanessa em sua cama, Michael sei lá, na cama ou no chão;  E eu no meu sofá, na sala, enquanto a personagem Juliano tenta salvar a todos esquecendo que o risco maior quem vive é ele vivendo a regra do jogo.                                                                                                    
        E nesse período, de tudo acontece no mundo lá fora. Não sei se nosso, mas particularmente, turbilhões de emoções! De certeza só a vida que segue lá fora. A minha segue conforme meu tempo, lento e chato! Agora as dos meus amigos de pressa demais, talvez até sem tempo. Tanta coisa acontecendo junto que provavelmente não haja em nenhum momento um suspiro, do tipo alívio ou do tipo cansei.                                           
        Mas claro que os dois têm histórias para contar. Porém em nenhum momento devem ter olhado as coisas nos mínimos detalhes, pois tudo acontece tão rapidamente.
Será que piscam? – essa é a questão. Vida meus senhores, apenas vida feita por nós mortais, que marcam os dias pelo tempo.
        O maldito relógio! O relógio fica naquele ‘’tic tac’’ e não para um só segundo. Borboletas aparecem o que é bonitinho se torna uma praga.  A paisagem vai mudando e de repente ouço o radialista dizer que morre um rapaz de 17 anos de idade ao atravessar a rodovia, mas o incrível é que foi por causa de uma árvore que caiu sobre ele.   O tempo está em todas as situações meus senhores, tanto na falta dele quanto na presença do se. E se eu tivesse feito assim…                                         
        Não há tempo pra pensar. Mas há tempo pra agir? E se, e se eu... Você para no tempo, ou o tempo para você. Aí aquele homem diante da sua janela, debruçado no batente a pensar traz o seguinte pensamento: poderia ser ela ali. Mas ela dorme em seu infinito silêncio, onde as estrelas nascem e o céu é mais azul do que visto aqui da terra.
        E o nada me aparece. Nada de inspiração, nada, e então o telefone toca. Uma amiga me pergunta se estarei em casa essa tarde e me veio à intensa vontade de conversar. E eu não parei no tempo o tempo é que me parou para curtir esse momento.
Tempo e mais tempo. Talvez seja esse um dos desejos de nós mortais para o ano que está por vim. E para mim tempo de ser feliz.                                                        
Clarisse da Costa é poetisa e cronista em Biguaçu SC
Contato: clarissedacosta81@gmail.com

TIA ALICE


Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)
                       
                        (Para Alice Klüger Hardt)
                       
                        Tia Alice é alguém que vem lá da minha primeira infância, antes dos quatro anos, quando minha mãe fazia uma cama no chão da sala com suas cobertas de algodão quando chegava visita e havia horas de conversas antes de ir dormir. Não me lembro do meu primo Nelson nessa altura, mas ele estava lá, já que é um ano mais velho do que eu, como também estava o querido tio Fridolin Hardt, que tão prematuramente nos deixou, quando eu ainda era jovem.
                        Vou lembrar do Nelson um pouco mais adiante, já na Praia de Camboriú, e isto quer dizer que eu já andaria ali pelos cinco ou seis anos. Nesse tempo, eu andava tão ocupada com a vida que acontecia lá fora, no entorno da lagoa que a especulação imobiliária depois secou, que já não lembro onde a minha mãe fazia as camas das visitas. Mas lembro bem de como tia Alice era genial com suas histórias: ela convencera o Nelson de que se ele não comesse bem, ficaria tão fraco que seria arrastado por uma pandorga num dia de vento. Acho que ela vira um desenho assim no Almanaque Renascim, e fizera suas adaptações.
 Mais ou menos por essa época fiz minha primeira viagem rumo ao Norte - com meu pai, fomos visitar a tia Alice em Joinville, pela estreita e sinuosa estrada sem calçamento que se enredava próxima do litoral, e que era chamada de Estrada Geral. Inesquecível aquele dia, aquela noite, onde seriam eu e meu pai quem dormiríamos numa cama arrumada no chão, e no jantar que foi coroado por uma totalmente incomparável compota de ameixa preta, daquelas coisas assim que eu pensava que só existiam nos reclames das revistas femininas que a minha mãe tinha!
Foi assim, pela vida afora, que meu caminho sempre foi se cruzando com o da tia Alice. Se não houvesse visitas, sempre havia os acontecimentos da família, como confirmações, aniversários, casamentos ou velórios, quando a família toda se reunia e a tia Alice estava lá.
Na minha juventude, diversas vezes tive que fazer cursos em Joinville e então me hospedava na casa dela. Era a antiga casa de madeira, e se calhava de estar lá no final de semana, tio Fridolin assava churrascos para nós todos lá atrás, inesquecíveis churrascos comidos sem pressa na mansidão em que a vida corria naquela casa.
Depois, tia Alice foi para a outra casa, que era como um palácio coberto pelas tapeçarias que ela mesmo bordara. Tio Fridolin já não estava mais, o Nelson se fora para Florianópolis e a grande companhia dela era aquele cachorro gordinho do qual já não lembro o nome. E os antúrios, e as outras flores do jardim, e a vizinha Elvira. Ir visita-la era sempre um acontecimento, e como eram chiques aquelas suas mesas de café, com a louça linda e a toalha bordada, luxos que ela reservava para as visitas! E depois a gente sentava na sala das tapeçarias bordadas e passava a tarde conversando, e não quero esquecer, aqui, que ela era a cunhada mais jovem da minha mãe e que as duas tinham sido muito amigas na altura da Segunda Guerra, e que assunto nunca faltava nessas conversas. Penso, agora, nas memórias da minha mãe, em como os três iam juntos tomar guaraná numa confeitaria do centro de Blumenau, meu pai com a namorada e a irmã, num tempo em que a juventude tornava tudo possível!
Um dia o tempo do tudo possível terminou e meu pai partiu, e o tio Fridolin, e minha mãe, e faz poucos dias em que tia Alice também se foi, quase centenária. Nascera a 14 de dezembro de 1923. Restamos nós, da geração seguinte, e memórias lindas, como a daquela noite com a compota de ameixa preta. Penso que os outros talvez tenham ficado a espera-la num caminho cheio de luz. Mais tarde a gente se encontra de novo!

Sertão da Enseada de Brito, 22 de setembro de 2019.
Véspera da Primavera

Urda Alice Klueger
Escritora, historiadora e doutora em Geografia