sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A ROSA DO POVO

Por Samuel da Costa (Itajaí, SC)


            Só para ficar no óbvio, em tempos de graves crises, em tempos extraordinários, em via de regra, o mundo das artes eclodi em múltiplas cores, sons e infinitos sabores, em infindas possibilidades. Mas em tempo de realidade líquida, de cultura massificada, as coisas não funcionam bem mais assim. Acovardada, as belas artes e os artistas foram sequestrados pelo mercado neoliberal e pelo abraço forte do todo poderoso Estado.
            Foram tempo que grandes embates, no passado não muito distante, foram tempos de fabulosas contestações e de pura rebeldia. Mas e hoje? Bem hoje, com raríssimas exceções, Sobraram as curtidas, comentários e compartilhamentos em um oceano de códigos binários, em um mar de canais de fibras ópticas a arte e os artistas não vão para além disso. A praça não é mais do povo, a rosa do povo murchou aos olhos de todos.
            E para ir um pouco para além do óbvio, hoje a comunidade artística assiste de braços cruzados e olhos sonolentos, ver de longe a ignorância do fascismo florescer livre, leve e solto. Nos dias de hoje, em tempos de grave crise, os pensadores e contestadores parecem que dormem o sono eterno e interno, de quem no conforto do anonimato olha pela janela silício da vida na pós-modernidade e nada faz e esperando que simplesmente que as balburdias contemporâneas se dissolvam por si só pura e simplesmente.
            Nos dias de hoje, em tempos de crise extrema, murros nas mesas, bombardeios teleguiados, fraudes judiciárias, massacres televisionados, parlamentos comprados e notícias manipuladas, tudo em tempo real. Lamento profundamente o silêncio de quem deveria gritar e gritar muito alto. Hoje reinam as nulidades, impera as truculências, a ignorâncias gratuitas e as ofensas, dos dedos em riste dos donas da verdade.

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