Por Ildefonso
de Sambaíba
Já está à disposição dos leitores o
novo livro de Meireluce Fernandes da Silva, “Rumo a uma Nova Estratégia
Espacial para o Brasil”, que acaba de ser editado. Alguém poderia argumentar: o
título é tão longo que até parece o de uma tese acadêmica. Quem assim viesse pensar,
não estaria equivocado. A origem da obra é exatamente a tese de doutoramento da
escritora, pesquisa recém-apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Faculty of Arts in Earth Sciences, da
Bircham International University
(BIU), União Europeia. Com esse
trabalho, Meireluce – ou simplesmente Meire, para os amigos mais íntimos – dá
uma guinada em sua verve criativa. Mostra que é perita na literatura científica
tanto quanto já o é,
reconhecidamente, na literatura de criação.
Pois bem, para se entender o “Rumo a uma Nova Estratégia...”, alude-se
o bom tom de reconhecer um pouco da atuação da escritora, uma das mais ativas nos meios culturais e
intelectuais do Distrito Federal. Meireluce é professora universitária, tem
vasta obra publicada – poesia, memorial, conto, crônica –, já esteve à frente
de importantes instituições culturais de Brasília, como na presidência do
Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, além de ter viajado para missões
culturais, em outros países. Recentemente, esteve em Portugal, onde proferiu
palestra para intelectuais daquele país.
Quanto à nova obra da autora,
independentemente da leitura, ou das leituras, que se venha fazer, é indubitável
que estamos diante não só de um novo livro, mas de um documento valioso,
referencial para todos os brasileiros que se queiram certificar quanto as
instigantes particularidades do mundo espacial. Especialmente aqueles que
talvez nem saibam que o Brasil tem um programa de naipe tal, já tendo inclusive
produzido um astronauta, Marcos Pontes, em parceria com a NASA, a agência
espacial Norte-Americana. Em assim sendo, ninguém melhor do que Meireluce para
apresentar-nos o que é, ou o que deveria ser o Programa e suas tratativas.
Bom ressaltar, que não se trata de
uma publicação formal, presa apenas às situações históricas, como seria praxe em
obras do gênero. Meire tem um texto aquecido pelas suas opiniões que resultam
em um estudo com solução utilitária. Propõe-se e consegue, a autora, apresentar
uma pesquisa prenhe de sugestões para um planejamento viável, certamente. Para tanto,
não omite sua visão crítica, quando reconhece que “o nosso Programa Espacial,
pelo seu tempo de vida [desde 1994], se comparado com o de outros países, ainda
é ineficiente e necessita de um Planejamento Estratégico mais focado em
resultados”.
Percorrendo as páginas da obra,
verifica-se que os focos argumentativos da autora se embasam em dados, tais a
estes: “Hoje é difícil explicar porque a estrutura da AEB é constituída por
quase 80% de funcionários pertencentes ao quadro administrativo, assim também
que os 20% restantes sejam preenchidos por profissionais com capacidade técnica
que pouco satisfaz às necessidades de implementos e coordenação de programas
espaciais”. Meireluce, neste particular, aparece mais do que como uma
acadêmica. Mostra-se, sobretudo, uma técnica, exímia especialista nos assuntos
de sua Tese.
Não obstante o veio crítico, no
livro transparece os bons propósitos que Meireluce assume para com a AEB. Em
assim sendo, ela dedica um capítulo inteiro a sugestões que podem ter
aplicabilidade naquela Instituição, ao Programa Espacial Brasileiro. Não vamos
aqui entrar no detalhamento das sugestões, melhor ler o livro, para, dele,
conhecer a inteireza. Também para não desperdiçar a oportunidade de conhecer
sobre temas como cooperação
internacional, programas espaciais de outros países, quanto à vida espacial
brasileira. A escritora milita em todos esses temas e outros similares.
Em tempo, Meireluce Fernandes da
Silva fez (ainda faz) parte da primeira equipe que foi constituída para a Agência
Espacial Brasileira. Se a AEB fosse uma pessoa, poder-se-ia dizer que ambas são
boas amigas, e confidentes, há 18 anos. Não por acaso, “Rumo a uma Nova
Estratégia Espacial para o Brasil” tem prefácio do Ministro da Ciência,
Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp. Em suma, a obra tem uma face histórico-documental
indispensável à consulta de todos que se queiram aprofundar nessa área de
conhecimento. Portanto, é recomendável para todas as boas bibliotecas.
Ademais, registramos nossa
satisfação de ter passado pelos mesmos “bancos” e bancas da pós-graduação que
acolheu a pesquisa de Meire, na Bircham International University. Esse prazer
se expande na medida em que se confere ao livro um significativo contributo à
comunidade científica, com todo mérito.
Sobre o autor: Ildefonso de Sambaíba é jornalista (coluna "Ciência ponto Consciência, jornal Ciência e Cultura), poeta, membro da Academia de Letras de Taguatinga.
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