quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

SEM LUTAR

Por Clarisse da Costa (SC)

Somos moradas daquilo que guardamos.
Tão jovem
E ao mesmo tempo velho
Guardou a chance de fazer algo;
Ele parou no tempo
Enquanto o tempo do mundo se renova
Todos os dias.
O sofá ficava ali sempre a sua espera;
Nem podia sequer reclamar
De alguma coisa,
Não lutou não sonhou não idealizou;
O sistema tomou conta da sua vida
E este homem se deixou
Acomodar-se pelo sistema;
As flores do seu quintal eram
O reflexo de si mesmo,
Uma beleza seca
Que morre lentamente
E quando vemos não existe mais flor;
Não existe mais vida.
Passou a primavera
E o homem nem amou de verdade
Não sentiu o perfume da mulher,
Ou sequer sorriu para a sua vitória;
No inverno não teve razões para abraçar
E ser abraçado.
Era um homem negro
Largado
Desempregado
Um morto vivo em suas indefinições!


Clarisse da Costa é poetisa em Biguaçu SC
Contato: clarissedacosta81@gmail.com


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