Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Primeiro, que você perde
toda a sua mobilidade; segundo, que você vê a sua vida parar e depois de toda
transformação você se vê parado novamente, pois os amigos te abandonam. As
pessoas começam te tratar de forma diferente, em algumas pessoas é visível ver
essa indiferença através do olhar. Outras simplesmente querem saber o que houve
com a sua pessoa e começam a falar de Deus como se o tempo todo você pensasse
acabar com a sua vida. Algumas vezes parece que somos anormais, não porque nos
achamos anormais e sim porque as pessoas nos tratam assim.
Já tive taxista que
recusou a minha corrida. E isso é algo decorrente com qualquer pessoa que tenha
problemas físicos. Então você caminha pela cidade e não se sente incluso e vê
que muitas pessoas são excluídas pela sociedade e autoridades. Não há
acessibilidade e nem sensibilidade. Você tem o direito à vida, mas não o
direito de viver. O seu espaço de vida se limita do quarto até a sala. Mas essa
condição não é você que impõe e sim a sociedade.
O ser humano busca
entender e conhecer aquilo que lhe convém. Então o deficiente físico geralmente
fica de lado. Aí vêm aqueles questionamentos que muitas vezes é uma ofensa para
nós e nos machucam. Dói na alma.
— Você consegue fazer sexo com esse seu problema?
— Você consegue namorar de mãos dadas?
— Como você faz para beijar na boca?
O que falta para o ser
humano é se colocar no lugar do outro. Eu sou o estranho para você, mas o contrário
do que pensas o estranho é você mesmo.
Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, SC
Contato: clarissedacosta81@gmail.com
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