domingo, 1 de dezembro de 2019

DESPREZO E INGRATIDÃO


Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)


Não sei o que dói mais: se a ingratidão se o desprezo.
Durante anos, considerei: a maior afronta que se pode fazer, a quem nos fez bem, é a ingratidão.
Lembrava-me da passagem evangélica, dos dez leprosos:
Uma vez curados, afastaram-se alegremente. Todavia, um, veio atrás, e agradeceu, a Jesus, o ter sarado.
Prostrando-se a Seus pés, com o rosto em terra, deu-Lhe graças.
Respondeu-lhe Cristo:
- “Não foram dez os curados? E só um voltou, para agradecer?
E voltando-se para o samaritano, disse-lhe: “ Levanta-te. A tua fé te salvou.” - Luc 17:11,19.
O nosso clássico, D. Francisco Manuel de Melo, em “ Relógios Falantes” conta o curioso caso de alguém, que tendo recebido um favor, não mais procurou, quem lhe tinha feito mercê, nem lhe tirava o chapéu:
“ Toparam-se um dia na Rua Nova de Palma, que é longa e estreita e sem travessa.
“ Um vinha, outro ia. Tanto que o requerente ou despachado viu o valido, voltou o cavalo. O valido apressou o seu. O requerente trotou; trotou o valido, também. Ele correu; correu o valido do mesmo modo e dizia, gritando:
“ - Parai senhor Fulano, e dizei-me se isto é verdade!
“ O requerente sem parar, lhe dizia, correndo:
“- Sim senhor; isso agora é verdade, que o passado era mentira.”
Comportamento igual, têm muitos, que recebido a mercê, se afastam: Estão servidos; para quê ficar grato?
Por vezes, chegam a dizer: “ Não preciso dele para nada! …”Mas precisaram….
Está sepultado no Brasil, Professor, notável político, que antes de morrer declarou não desejar, que, após o falecimento, o trouxessem para o Pátria.
Porque compatriotas, a quem fizera enormes favores, vendo-o em desgraça, esqueceram o dever da gratidão. Fizeram como o homem, que corria, a bom correr, pela Rua Nova de Palma…
Mas, se a ingratidão, fere, o desprezo, parece-me, agora, ainda mais cruel.
Em “ Reflexões Sobre a Vaidade”, Matias Aires (escritor do séc. XVIII), assevera: “Não há maior injúria que o desprezo; e é porque o desprezo todo se dirige, e ofende a vaidade.”
Desprezar, é o mesmo que dizer: Não mereces qualquer respeito; és insignificante…
Além de falta de educação, ofende fortemente o orgulho, o íntimo da alma.
Tive companheiros de infância, que por terem subido na sociedade ou por terem nome aburguesado, deixaram de serem amigos… passei a conhecido! …
Recordo, o pensar de Francisco, personagem de: “ Mistérios de Fafe” de Camilo, referindo-se ao facto do fidalgo, não dar confiança à mulher, companheira de infância, comentava:
“- Criança como criança e homem como homem. Bem vês quem ele é, o Senhor fidalgo, e tu és a Rosa, mulher do espingardeiro…”
Conhecido rapaz, filho de modesto trabalhador, que foi estudar para Coimbra, quando se licenciou, deixou de acompanhar o pai. Mudava de passeio se o encontrava, na rua.
Envergonhava-se. Era, então, advogado, casado com menina de Papá…
Desprezo e ingratidão, são, para mim, as maiores afrontas que se pode fazer.
Mas, o mundo é assim: a amizade é, quantas vezes, meio de usar amigos e conhecidos, como escada. Uma vez no topo…não precisam deles para nada…
Será que não?

O PRAZER DA LEITURA


Por Humberto Pinho da Silva (Porto, Portugal)



Ao contrário do que se possa pensar, não tenho muitos amigos. Também não são muitos os conhecidos.
Como a maioria dos idosos, vivo em silêncio e solidão; e em solidão e silêncio, decorrem as minhas horas.
Verdade é, que todos os dias, vou tomar o cafezinho, acompanhado de minha mulher, na cafetaria da nossa avenida; e passeio, quase diariamente, pela baixa, observando tudo: casas, montras, viaturas, pessoas…
Possuo, todavia, nas minhas estantes punhado de bons amigos mudos, prontos a revelar-me novos horizontes.
Passo horas esquecidas a lê-los, a dialogar, a refletir, a anotar os pareceres, que me transmitem.
São ilustres amigos, escolhidos na floresta dos livros: famosos cientistas, sociólogos, historiadores, evangelistas, filósofos, psicólogos, escritores e poetas, que abrem-me janelas ao pensamento, que só por si, não podia alcançar.
São companheiros fiéis, de infinita paciência. Ensinam-me, como professores, alimentando-me espiritualmente; tão bondosos são, que admitem discórdia, sem enfado, por duvidar da sapiência.
Em companhia de tão ilustres, dia e noite, vou-me enriquecendo, em conhecimento, fornecendo elementos, para exprimir-me melhor e com mais clareza.
Por vezes, sentado comodamente, na banca de trabalho, delicio-me com a prosa saborosa e vernácula, de clássicos; ou embebido nos fabulosos enredos de novelas, vivo outras vidas e outros mundos.
Outras ocasiões, fico em silêncio, refletindo e divagando num proveitoso monologar. Chegando a pensar, se sou eu ou eles, que falam por mim.
Não há, para mim, nada que se compare ao prazer da leitura. O livro, dá-nos o que o cinema e TV, não nos dão.
O romancista, sugere, permitindo ao leitor, fantasiar: cenário, a luz, a beleza da paisagem, a cor…
No cinema, a participação do espectador, é passiva. O prato é servido pronto. Não há imaginação!
Criar, fantasiar, adivinhar a fisionomia das personagens, as reações, os sentimentos, dos que se encontram encerrados no livro, concede-nos liberdade e encanto.
Como disse, não tenho muitos amigos, mas, nas minhas estantes, encontro uma imensidade de intelectuais, que me permitem horas de prazer, revelando-me conhecimentos e experiências de vida.
A todos estou grato; a todos sou devedor.

SEGREDOS


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)


após a sedução

degreda o segredo


em palavras

que não deviam ser ditas

desditas

dizem os anjos

sobrevoando os destroços



a reconstrução se faz lenta

alenta

o tanto perdido

em novas paredes

metálicas

onde os sons

permanecem calados


PIOR CEGO


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)



Olha ao redor

o que conhece

na imagem

  a imaginação

  de servir ao propósito

  da visão



não ver o acontecido

sem a detenção do ocorrido

nem a ardência significativa

com que a lágrima explode

e lava: leva o saber

           e a dúvida

           dissipada



piscam suas luzes

e a brisa ajuda

no que olha

e não lê.


COMPROMETIDA

Por Vivaldo Terrres (Itajaí, SC|)

Que sonho louco!
Que loucura imensa...
Apesar de seres comprometida...
Um beijo teu!
Um só carinho...
Já modificava a minha vida.
*
Vem minha amada,
Sonho dos meus sonhos.
Que eu te espero o tempo que for!
Apesar de louco de desejo...
Quero demonstrar-te o meu amor.
*
Ó bela que ainda distante te vejo...
Como se estivesse junto a mim!
Eu contigo no meu leito...
Desfrutando tudo de bom...
Que pertence a ti.
*
Afagar os teus cabelos lindos!
Beijar-te a boca...
Sugar o mel por mim desejado!
Ficar estático...
Diante da tua face linda!
E dos teus belos olhos esverdeados.
Mesmo sabendo ser pecado

PALAVRAS

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

Chega de viver de palavras, quero senti-lo
Quero sentir se és verdadeiro esse seu Amor
Não quero falas confusas nem tampouco
Qualquer súbita dor..
***
Me mostrarei ser aparente é intensa à ti
Não quero relacionamento sádico, egoísta
quero viver de flores sempre contigo…
Quero entregar-te todos meus sentimentos
Que no coração sempre guardei!
***
Preciso de lucidez não desventuras
Então escute-me!
Nunca serei Alma prolixa e nunca padecerei,
Jamais irei te deixar!
Porém, não transgrida esse Amor, então
Serei tudo que queres! se acaso for sonho,
No sonho viverei desse abstrato Amor!

Fabiane Braga Lima é poetisa em Rio Claro, SP
Contato: bragalimafabiane@gmail.com


FOI TÃO FUGAZ

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)


De repente senti uma saudade
Daquele Amor, tão fugaz
Veio aquela vastidão de sentimentos
Saudade do seu Amor instigante
Nossos corpos se queimando
Naquele sede de se entregar
Seu corpo se envolvendo sob’ o meu
Sua mão percorrendo minha pele,
Seu olhar contemplando meu corpo,
Seu modo de Amar tão incógnito,
Seus fetiches mais ousados……..
Sinto falta desse Amor
Me faz sentir ousada é delirar….
Na ardência do seu corpo,
Me deslumbro sob’seu olhar
……………………………
Fabiane Braga Lima é poetisa em Rio Claro S.P
Contato: bragalimafabiane@gmail.com


SILÊNCIO É ALMA!

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

No silêncio de nossos dias é noites,
Conseguimos ver às varias intensidades
Da nossa Alma, insistimos incoerente
dizendo estarmos certos é coerente
 Mas permanecendo no erro.
A Alma é o nosso
Profundo não erro há na Alma, nossos vários
Propósitos estão lá,
Os diversos erros, acertos.
Mas mora lá, no silêncio no vagar
Das ilusões utópicas na qual confundimos
Com verdades! O que nos resta e termos
Esse encontro com silêncio, nós acertamos
Com a Alma termos um acerto conosco.
É nesse encontro entre Alma e silêncio
Nós concretizarmos que jamais podemos
Perder nossa essência, o silêncio
 E Alma se conecta
Para às realizações reais e vitais
O sentido figurado da metamorfose humana!
……………………………
Fabiane Braga Lima é poetisa em Rio Claro S.P
Contato: bragalimafabiane@gmail.com

MINHA ALMA É DOCE

Por Fabiane Braga Lima (Rio Claro, SP)

Meu corpo ferve
Meu coração e grande
Tenho desejos intensos
Meu corpo arde, queima
Sou cheia de fantasias
Sou cheia de requisitos
Tenho sangue quente
Desejos guardados
Sou feita de muito Amor
Cuidado! eu sei envolver,
te deixar louca…..
Não gosto de mistério
Quero Amor verdadeiro
Nada de Amor tresloucado
Comigo e tudo ou nada.
Sou furacão de sentimentos,
Meu sangue e quente.
Quero Amar com fervor
Me sentir desejada, amada.
Tenho a arte de Amar,
Tenho o fogo do querer.
-quieto!
Te levo à loucuras...

DESIGUALDADE SOCIAL NA VIDA MULHER


Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)

            A mulher se capacitando é um cala boca na velha frase machista da sociedade brasileira, ‘’lugar da mulher é na cozinha’’. Não lugar da mulher é a onde ela se sentir melhor estar. Mulher tem sim que ser dona da sua vida, se estruturar é o primeiro passo.
            Em 2016, segundo as estatísticas 73,5% das mulheres frequentavam o ensino médio escolar. Mulheres brancas tinham freqüência de 23,5%. Enquanto isso mulheres negras tinham freqüência de 10,4%.
            No mercado de trabalho segundo dados do IBGE, em 2016 tivemos a percentual de 44% de mulheres trabalhando. Um número bastante significado, mas a desigualdade social permanece.
            Em 2019 as mulheres são a maioria no mercado de trabalho, mas com a taxa salarial super baixa. Enquanto em média elas ganhavam R$772,13 os homens ganham R$1.055,49. E para quebrar essa desigualdade social é que afirmo que nós mulheres temos sim que nos qualificar.
            O nosso papel na sociedade não começa na cozinha e termina na cama fazendo sexo. Nós podemos ir além dos nossos limites.

Clarisse da Costa é poetisa e articulista em Biguaçu SC
Contato: clarissedacosta81@gmail.com

CARTA Nº 9 - DE ATAHUALPA PARA KATTY


Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)
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Querida Katty:
Amanhã vai fazer três anos que a gente se acordou a última vez na nossa casinha rosa e branca. A Urda foi comigo dar a voltinha de sempre e depois eu tomei café na minha janelinha de espiar para a mata. Então fomos para o carro, eu, Manuelita Saenz, uma mala e uma caixa com coisas de camping e descemos a rua. Paramos na casa da Terezinha para nos despedirmos e ela entrou em casa chorando e trouxe o vestido vermelho dela e deu de presente para a Urda. Então, partimos. Eu ia deitado nos meus travesseiros e Manuelita ia dentro de uma caixa de gatos, no chão do carro. Sabe como é, gatos são sempre mais chatos, e a Urda tinha que ficar conversando com ela o tempo todo, para que ela se sentisse segura. Às vezes dizia coisas assim: “Conforme Michael Foucauld, a análise do discurso...”, coisa que eu não entendia, mas que acho que Manuelita entendia, porque parava de miar.
                                    O trânsito estava bom, e em duas horas e meia chegamos a esta enseada e à casa aonde íamos morar. Era uma casa alugada, muito antiga, cheia de quartos e quartinhos, e acampamos lá dentro para Manuelita se acostumar com ela antes de a mudança chegar, e começou nossa nova vida! Havia um grande espaço de jardim e pomar e íamos passear na praia ao menos três vezes por dia. Eu era ainda um cachorrinho assustado, criado em apartamento, que não se afastava da Urda, mas era muito bom viver ali! Havia diversos outros cachorros e gatos nas casas ou nas ruas, e quatro horas depois que chegamos, a Urda já tinha uma nova amiga, a Cida. E outras e outras pessoas foram entrando na nossa vida, como a Dona Julita, a Dona Juracy, a Sheila e o Willy, o Gui e a Mara... nossa, como é diferente e bom morar aqui! Uns dias depois veio a Maria Antônia, e a Celina, e a Izabel, e a Raquel, e a Dona Nilza, e o Nei e a Dona Nega... até perco a conta de contar quantos amigos temos agora!
                                    Quem não se deu bem foi a Manuelita. Ela ficou muito assustada quando a mudança chegou e se enfiou no forro da velha casa. No princípio, descia à noite, quando ouvia o barulhinho da TV e a Dona Julita aparecia para uma visitinha. A gente estava há um mês naquela casa aonde fomos tão felizes quando apareceu um carro com uma mulher estranha e um cachorrinho. A maré estava muito alta, e a mulher jogou o cachorrinho muito longe, para que ele morresse afogado. As pessoas da comunidade que estavam ali brigaram com a mulher e ela se mandou – quando nós chegamos à praia, o cachorrinho estava justamente conseguindo sair da água a salvo. Katty, ele só tinha pelos, pulgas e fome. Quando a Urda o levou até nossa casa para ver se ele comia, ele avançou numas sobras de dois dias atrás, que eu abandonara na varanda e que estavam cheias de formigas, e comeu tudo, inclusive as formigas. Tinha tão pouca carne que teve que esperar quinze dias para poder tomar vacinas. Ele parecia uma raposinha preta, e acabou sendo o nosso Zorrilho.
                                    Um mês depois, o Chapéu, morador daqui, encontrou uma gatinha abandonada na Cachoeira e a trouxe e a deixou na entrada da nossa rua. Acabamos ficando com ela também, e como eu a AMAVA, mas a Urda não deixava eu brincar com ela porque poderia machucá-la com o meu peso, tão minúscula ela era. Nem desmamada estava. Era uma gatinha de carinha diferente, parecida com os gatos daqui, e ganhou o nome de Domitila Chungara. Quando ela cresceu um pouquinho, ficou muito amiga do Zorrilho, com quem dormia abraçadinha.
                                    Bem, a chegada de Domitila foi como veneno para Manuelita. Abandonou-nos de vez, só a víamos vez ou outra bem longe, no pomar ou na mata, e o resto do tempo ficava enfurnada no forro da casa. A Urda botava comida para ela num lugar onde havia uma prateleira bem alta, e não sei como ela sobreviveu. No total, ela ficou escondida por um ano e oito meses, e aí no meio também chegou Tereza Batista, uma cachorrona de 25 quilos, alaranjada e branca, que vivia na rua e andara mordendo algumas pessoas. Ela veio se esconder conosco na noite em que a comunidade iria matá-la. Com a Tereza Batista, completou-se a família de cinco bichos que vivem com a Urda, e então...
                                    Então ela comprou esta casinha aonde vivemos todos felizes agora! Manuelita relutou um bocado em ser nossa amiga de novo, mas acabou dando tudo certo. Somos uma grande família, com tantos amigos e mais alguns cachorros de rua, que são o TIjucano, a Loba e o Paçoca, mas quem cuida mais deles é o nosso vizinho Moisés, que dá até vermífugo e põe coleiras antipulgas neles. Mas comida, quase toda a rua dá. Eles são bem amigos da gente e gostam de correr à frente do carro da Urda a cada vez que ela sai - só que não vão muito longe, pois lá adiante tem outra família de cachorros que a gente chama de A Turma da Zona Norte e que fá-los voltar.
                                    E amanhã faz 3 anos que este tempo maravilhoso começou, e a Urda e a Maria Antônia, vão comemorar num restaurante que se chama Nossa Senhora Aparecida, onde, além da boa comida e da gentileza no atendimento, ganham pacotes de deliciosas sobras para nós!
                                    Meu, Katty, já está na hora de ir dormir. Muitas lambidas para você e não esqueça de nós. Vamos ficar esperando que você venha aqui um dia.
                                    Muito, muito carinho,

                                    Atahualpa Klueger

Sertão da Enseada de Brito, 03 de novembro de 2019.


sábado, 2 de novembro de 2019

DIVERSIDADE


Por Amanda Machado Mugica (Bagé, RS)


Enfim, o que é ser diverso?
É ser diferente?
Que mundo é esse ao qual sou pertencente?
Meus anseios e desejos, quero-os respeitados!
Somos seres humanos de fato
e, em nossa completude,
mostramos as minúcias.
A cada detalhe expressado,
evidenciamos do que somos capazes...
É a diversidade expressa em cada detalhe!
Os cinco sentidos ganham
uma espécie de “olho mágico” do conhecimento.
Enfim, também, idealizo meu pensamento
e o que mais transborda  em mim,
é a diversidade do meu ser,
que verte a incompletude buscada
em dias de infinito superar-se.
Nesta diversidade, é que está
o completar-se do SER  que, com sensatez, é HUMANO!

( A autora é membro do Movimento dos Escritores Bageenses –MEB )

DESTINOS


 Por Magda Cristina Silveira Gehres (Bagé, RS)

Quatro mulheres,
quatro destinos
ligadas  por laços divinos...
Pilastras de vidas
intensas  e interrompidas.
Quatro mulheres, decisões tomadas,
mudaram  rumos,
transformaram  jornadas.
Na infância, foram  constância...
Na adolescência, mostraram prudência.
Na maturidade, passaram paciência.
Na velhice, nada mais que sapiência...
Quatro mulheres que andaram juntas
e, às vezes, por caminhos diferentes,
mas jamais estanques.
Quatro mulheres
que venceram obstáculos,
quebrando  barreiras,
enfrentando  a morte – terrível companheira.
Quatro mulheres de imensurável valor
provaram que o amor
prevalece à dor.
Quatro mulheres de vivência sofrida,
inseparáveis até na partida.
Mãos entrelaçadas, unidas
sinalizando a todos
que a morte é breve despedida.

(A autora é membro do Movimento dos Escritores Bageenses – MEB. Segundo ela, o poema produzido para homenagear as mulheres de sua família, por ocasião da morte da matriarca, sua avó Dinorá Charão; as netas, Simone Rossi, Magda Gehres e a bisneta Amanda Gehres )


DIFERENÇAS


Por Marilene Figueiredo Nunes (Bagé, RS)


Diferenças há em todos os lugares!
A vida e o mundo não são feitos em única forma.
As flores, as cores, os animais, os lugares
são diferentes em sua dimensão.
Nas pessoas?  São enormes e indiscutíveis!
Gestos, olhares, comportamentos e pensamentos...
Cada um é absoluto!
Cada um na individual célula familiar...
Atitudes, hábitos, costumes, pensamentos e sentimentos são diferentes!
No casulo da família, são definidas a essência e a índole.
Quando saem, lançam seus vôos bem ou mal formados...
A sorte é lançada para o convívio social !
Então, percebemos a capacidade, talentos e dons,
através das atitudes.
Percebemos emoção e razão;
sinceridade e falsidade;
verdade e mentira;
confiança e temor;
amor, amizade e bem querer;
amargura e crueldade;
inveja e ciúmes
e o afeto que faz a diferença nos desafetos.
O céu e a terra demarcam as diferenças em seus espaços:
os astros, no firmamento;
a água nos mares, nos rios, córregos e lagos.
A vida tem seus inícios e fins.
E o maior desafio humano é confrontar seu semelhante.
Viva as diferenças?
Cuidado com as diferenças!
Cautela!  Conviver com elas, é a maior prova de resistência.
Fácil? Nem um pouco!
Impossível?  Possível !  Se houver cautela e bom senso...
Diferenças sim!
Igualdades nem sempre!
Nas diferenças, aprendemos.
Na igualdade, estacionamos!
Vida é igualdade versus diferença!

( A autora é membro do Movimento dos Escritores Bageenses - MEB)

LAMENTOS


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)

Reclamamos estarmos juntos
ao renovarmos os gritos
e assinalarmos o silêncio
no sorriso das crianças 
que nos estendem o futuro: não
                        nos espelhamos
         e opacos recrudescemos 
no alvorecer: o tardio nos alcança
ao fecharmos a porta: no vento
         o calor aumenta a espera
em que esperta força avassala
povos entregues ao que está escrito 
     ndas ideias abandonadas na fuga.
  
Sabemos do retorno
e nos escondemos nas pedras
que a areia leva o recado do asseio
recusado à serpente que rasteja no solo
em que se reconhece espécie.

A carne - a carne se oferece - fecha
o momento em que a fuga se repete
no outro lado da nova imagem. 

Gritos em que o eco reclama
a passagem por sabermos imagéticas
as letras impróprias ao consumo.

AMORES


Por Pedro Du Bois (Balneário Camboriú, SC)


Desconheço no gesto
o hábito reproduzido na redação
do espaço: branco sentido
                               senso
                               sonso
rosto compadecido. Sem o sinal impedido
do início em nada à frente: sonhos
recomeçados de onde houve a interrupção.
O ontem das validades comprometidas
no cheiro da fêmea em sua chegada
transgressora de leis inócuas
em perdido contato: sentinelas adormecidas
e fadas madrinhas: no ódio inclemente
estaríamos de acordo com a sentença?

Senhores permanentes abaixam os olhos.
Na confirmação basta o silêncio: a condenação
exige o confronto e o assíduo convívio
entre as partes ao desconhecer no vício o cansaço
e dele servir-se com poucas inverdades.

Suas desculpas
nossas desculpas e o desconhecimento
ignoram as razões de ficarmos inertes
na intempérie e aceitarmos nos amores
a frivolidade do gesto desconhecido.


VIVO CONDENADO


Por Vivaldo Terres (|Itajaí, SC)

Ah! Que este amor!
Desencanta-me...
E me tira a alegria de viver.
É toda a causa do meu padecer!
*
Pois vivo a sofrer...
Desesperado!
Sem um alento, vivo condenado.
A amar!
Quem não nunca me quis...
Deixando-me toda vida infeliz.
*
Mas coração, por favor...
Pensa em mim!
Esquece ela,
Até porque fazes parte.
Do meu ser e não do dela!
*
Tenha pena de mim!
Por piedade.
Manda para bem longe,
Esta saudade...
Que em meu peito...
Se instalou!
Retira do meu coração este amor.


VENTO ORGULHOSO


Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Quando ela passou,
Fiquei deslumbrado.
Tal a beleza e tal encantamento,
O vento passou...
Cruel e ciumento.
Acariciou feliz e foi embora,
E ela acariciada,
Continuou andando,
Pela estrada afora.
*
E eu presenciando essa cena,
O vento orgulhoso.
Eu o vi passar,
Juro que o invejei.
Pois nela nunca,
Poderei tocar.
*
E ele sempre garboso,
E poderoso.
Por esta facilidade que possui...
 De quando quiser fazer mais.
E eu pobre mendigando,
O amor dela.
Nunca poderei fazer com ela,
O que ele faz.


CRIANÇA


Por Vivaldo Terres (Itajaí, SC)

Criança é a nossa alegria,
Com seu sorriso puro e inocente.
Nós traz paz e tranquilidade...
O que nós alegra ao coração e a mente.
*
Mas também há preocupação.
Pois Deus a colocou em nosso caminho.
 Sabemos todos que ela, hoje é flor,
 Mas amanhã poderá ser espinho.
*
Depende muito do ensinamento,
E da educação que dermos a ela.
Temos que regá-la,
 Com o liquido chamado amor e ternura!
Pois isso é essencial para que...
Permaneça o que existe nela.