Por Cassiane Schmidt
A valorização do conhecimento está mais do que nunca, em evidência na sociedade hodierna. Acredito que em tempo algum de nossa história, a busca pelo conhecimento científico a ser produzido e desenvolvido nas escolas e faculdades do Brasil necessitou de tamanho apoio, de mais completo incentivo no combate da triste realidade do plágio no meio acadêmico e escolar.
A busca pelo conhecimento faz parte da realidade de milhares de estudantes, a internet disponibiliza uma infinidade de recursos para pesquisas escolares. O que preocupa, contudo, é a falta de critério nos limites estabelecidos, Que critérios adotar na obtenção das fontes de informação? O que é considerado plágio? O que a lei prevê nos casos de violação dos direitos autorais? Qual o papel do professor na conscientização dos alunos?
Nunca foi tão fácil o acesso à informação, o conhecimento é algo instantâneo. O Google é um dos sites mais procurados para fins de pesquisa, a Wikipedia também entra no ranking dos mais procurados, estudantes buscam nos sites, trabalhos das mais diversas áreas do conhecimento, o que importa destacar, é a falta de critério, a falta de ética de alguns indivíduos. Pessoas há que, de maneira irresponsável, copiam textos na íntegra assinando como se fossem de sua autoria.
Os alunos desde o ensino fundamental devem ser orientados na elaboração de seus trabalhos escolares, a discussão acerca do plágio deve ser algo permanente nas escolas. Muitas faculdades sofrem com as sombras do plágio, estudantes simplesmente reproduzem trabalhos alheios, sem menção do autor, sem a bendita citação.
A grande facilidade a textos acadêmicos na internet, vem sendo considerada uma espécie de “salvador da pátria” para alguns estudantes que optam pelas facilidades do Ctrl+C e Ctrl+V. A palavra plágio, como define o dicionário Aurélio, quer dizer: oblíquo, indireto, astucioso. A Constituição prevê a Lei nº 9.610/98 - Direitos Autorais, esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se, que os direitos de autor e os que lhes são conexos devem ser preservados.
O Código Penal em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, prevê o crime de violação de direito autoral – artigo 184 – que traz o seguinte teor: Violar direito autoral: Pena – detenção, de (3 três) meses a 1 (um) ano, ou pagamento de multa. Além disso, há também casos de processo por danos morais, muitos processos já foram instituídos a favor de vitimas de plágio no Brasil.
Seja um poema, uma letra de música, uma fotografia, até mesmo uma simples frase, deve vir acompanhada do nome do autor. Infelizmente o resultado da disseminação de conteúdos na internet, está gerando uma crise na educação, um atraso na produção intelectual dos estudantes. A educação está sendo ultrajada diante da desfaçatez de alguns estudantes que subestimam a inteligência dos professores, e pior, subestimam sua própria capacidade de produção. Os professores precisam ficar atentos, e jamais compactuar com casos de cópias de trabalhos alheios, trabalhos com indícios de cópia, sem a devida citação, deve imediatamente ser recusado pelo professor. Apropriar-se da produção intelectual de outrem é um ato de covardia, quem pratica esse vandalismo intelectual, está assinando seu atestado de incompetência; é querer as pernas do atleta para ganhar a corrida!
O plágio, portanto, deve ser encarado de maneira rigorosa nas escolas e universidades, os professores representam um forte aliado no combate a prática ilícita da apropriação intelectual alheia. A pesquisa educacional é altamente recomendada na realização dos trabalhos propostos em sala de aula, contudo é preciso compreender, caros leitores, a abissal diferença entre buscar referências bibliográficas que venham a fundamentar o conteúdo proposto, e a simples cópia da opinião de outro autor como sendo a sua.
A internet é um mecanismo relativamente novo, sua utilização vem sendo realizada de maneira irresponsável! Pais e professores precisam ajudar os alunos a lidar com esse recurso de maneira satisfatória, orientando pesquisas, impondo critérios, explicitando a condição indispensável de citar autoria na obtenção de qualquer texto.
É preciso conscientização, é preciso ética! Nada mais contraproducente que a cópia, pois ela em nada acrescenta no desenvolvimento das habilidades cognitivas, ao contrário, ela alimenta a preguiça intelectual de nossos alunos! Se algumas medidas não forem tomadas, estar-se-á caminhando para uma nova era, onde nada se cria, tudo se copia.
A pirataria intelectual precisa ser freada, pois ela contamina todo o campo do saber, corrói a engrenagem do conhecimento!Cada indivíduo precisa desenvolver suas próprias habilidades, buscar estudar, ler muito, para conseguir desenvolver sua capacidade intelectual, ou seja, andar com suas próprias pernas! Assaltar a produção intelectual do outro, é perder a maravilhosa experiência do saber fazer, aquilo que o outro, trabalhando fez!
(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 10/2008)
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