sábado, 10 de setembro de 2011

HOJE ACORDEI RECORDANDO...

Por Vânia Moreira Diniz

 
Posted by Picasa


Hoje acordei propensa às reminiscências. Sentindo vontade de percorrer o quintal da minha casa na Rua Barata Ribeiro em Copacabana, onde na infância eu apostava corridas, tentando um campeonato de patins com minhas amigas e caindo da gangorra enquanto meu irmão pulava antes do tempo.
A bola não parava levando-se em conta que nessa época minhas irmãs não haviam nascido, os da minha idade eram apenas homens e eu gostava de disputá-la com eles , deixando muitas vezes que ela caísse na vizinha que não estava disposta a participar das brincadeiras e imediatamente fazia queixas à minha mãe.
Quando estava cansada de brincar com meus irmãos ou primos corria para dentro de casa e sentada no escritório de meu pai, procurava livros naquela biblioteca imensa e acabava descobrindo um mundo que sempre adorei,imergindo nas páginas que me deixava concentrada , esquecendo por vezes os deveres da escola. Ler era meu mundo encantado e esquecia tudo que me cercava para fazer parte do conteúdo dos livros que eu curtia compulsivamente.
Escrevia com prazer imenso em qualquer momento da minha vida. E deixava que as palavras saíssem sem censuras espargindo meu coração que precisava transmitir com veemência. Parecia que eu só tomava consciência do que escrevera algum tempo depois de concluir o texto e aí sim, entendia o que quisera dizer.
Quando estava entediada ou queria ficar sozinha ia até à praia que era pertinho da minha casa e deixava que meus pés ou meu corpo fossem molhados pelas ondas brancas e nem sempre mansas. Falava com o mar, contava meus desejos e sonhava inexplicavelmente com o infinito que se me apresentava inatingíveis .como as faixas coloridas do horizonte e sabendo da impossibilidade de alcançá-las deixava que o sol queimasse devagarzinho minha pele clara.
Muitas vezes alguém da minha casa vinha me buscar sabedoras desse passeio quase constante nos dias de sol intenso. O mar, a areia clara, e o horizonte distante sempre foram as mais encantadoras formas de poder transmitir minhas emoções. E continua a ser , só que parece-me que esse mesmo horizonte está mais perto e sinto-o como algo que se aproximou em dias subseqüentes em que aprendi a conhecer a vida e a forma de procurar sobrepujar os obstáculos. Será isso que nos faz mais compreensivos em relação à passagem do tempo?
Quando eu tinha dez anos soube que minha mãe esperava outra criança e tive certeza que seria uma menina. Estava cansada de compartilhar as brincadeiras de cinco irmãos sempre em discussão constante e sentia necessidade de olhar e amar uma irmãzinha e foi o que aconteceu. Nasceu uma mulher e fiquei entusiasmada com o rosto delicado e bonito amei-a instantaneamente , compreendi mesmo ainda muito cedo a necessidade de defendê-la levando em conta que era mais frágil do que eu. Em seguida nasceu outra menina que também foi algo muito importante para mim, mas Cristina e eu estávamos sempre juntas e apesar da diferença de idade nos compreendíamos muito. Até hoje estamos profundamente ligadas e somos confidentes inseparáveis.
Ainda revejo os tempos de criança há muitos anos quando olhava deitada num canto do jardim minhas estrelas brilhantes algumas das quais eu e meu irmão mais velho nomeávamos à noite nos dias de verão
O colégio Sacré Coeur de Marie onde estudei, foi algo que marcou tanto que até hoje me revejo e jamais poderei deixar de lembrar cada dia que passei lá. E olhe que foi um longo período desde muito pequenina.
O tempo passou, tive uma adolescência conturbada, mas o que me incentivou profundamente foram as lições que aprendi nesse caminho e a certeza que a única forma de sermos realmente felizes é saber estender a mão sempre e entender que por vezes as coisas que nos perturbam nos fazem compreender a vida , ser feliz e desenvolver um amadurecimento sadio e compreensivo.

12 comentários:

  1. Mana,emocionada... Bem, o que falar deste texto? Primeiro a foto da casa, já traz um impacto e me leva para bem longe. Depois imaginando, por suas palavras, quando ainda não estava aqui. Mas nasci e te encontrei. Como você bem o diz, inseparáveis. Nunca em minha vida precisei de você sem encontrar o apoio, o carinho, o amor. E viveremos assim... trocando, partilhando e eu... lendo seus escritos que me fazem crescer, amadurecer e amar cada vez mais as pessoas. bjs mana

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  2. Querida Vânia,

    Que texto maravilhoso! Apreciei-o muitíssimo. Parabéns por tanta
    sensibilidade, emoções e afetos aí descritos de modo tão vivenciado e claro. Obrigado pelo carinho de me enviar tal riqueza.
    Beijos da
    Mère Menino Jesus

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  3. Manamiga Vaninha, a reflexão que trazes no texto sobre a influência da infância sobre toda jornada e aprendizagem, experimentação, é excelente. Tuas reminiscencias tem cheiro de mar, pude ver-te mirando o horizonte e entre as alvas ondas do verde mar de copacabana e o azul do céu sobre teus pensamentos distantes.
    Agradeço compartilhares conosco que a construção de uma personalidade que atinge a maturidade inicia-se desde os primeiros passos . Tens um caráter admrável, exemplos e mãos amigas estendidas ensinaram que é este o modo de andar e perseverar.
    Abraços de admiração por teu talento literário e escolhas!
    Com afeto, virgínia fulber * além mar poetinha

    Virgínia Fulber

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  4. Lindo, lindo, lindo... Sempre é muito bom recordar, amiga querida... uma verdadeira catarse; e escrever é uma arte que você exerce com maestria.
    Que Deus continue a abençoá-la!!! Abraços
    Desio Cafiero Filho
    Fiscal e Consultor Ambiental

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  5. Olá, Vânia:
    Que doces lembranças e que bela casa na Barata Ribeiro. Feliz e abençoado é quem pode lembrar de passagens
    tão bonitas - claro que nem tudo foram flôres, tiveste também o teu quinhão de sofrimentos, as perdas mais tarde, mas parece que hoje resolveste fazer a contabilidade da felicidade. Que bom, isto me alegra, porque prova que continuas a mesma apaixonada pelos teus lugares e pelas tuas pessoas amadas.
    Que sempre seja assim, Vânia!

    Obrigada pela oportunidade que nos dás de rever contigo esses momentos.
    Grande beijo da
    Scyla

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  6. PARA ESCRITORA: VÂNIA DINIZ
    COMENTÁRIO: Vania querida, adoro seus textos com uma linguagem delicada, cheia de poesia! Clevane Pessoa e Eliane Accioly, sempre me falaram tão bem de você! Continue escrevendo mais e mais, para nosso deleite Um grande abraço de Maria J Fortuna

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  7. ... Estimada Escritora Vânia Diniz, ler seu texto saudoso,
    foi um momento elevado, onde a gente volta no tempo, e realmente sente muita saudade dos tempos idos,
    obrigada por tão significativo momento de suas recordações,
    com admiração,
    Efigênia Coutinho

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  8. Vânia , adorei viajar pela sua infância .
    Gostei muito do texto ,muito obrigada por compartilhar
    o mesmo comigo .
    Um lindo domingo e linda semana a seguir para voces .
    Bjs . gezeuda

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  9. Parabéns, amiga,
    Belíssimo texto!!!
    Grande abraço,
    Meire

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  10. Querida Vânia,
    páginas como esta devem estar juntas com outras tantas formando um volume esperando ser editado.
    O passado, a infância de uma poetisa sensível como você,
    uma infância muito próxima no tempo à minha, a mesma mania de escrever e de sonhar olhando o céu... Sentindo o infinito. Senti saudade por você... conheço aquela casa, que deve ser a sua de criança... conheci o Rio quando criança, as casas (havia casas) eram deste feitio...essas recordações nunca passam, fazem parte da nossa vida.
    Querida amiga, receba
    um grande abraço da Stella

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  11. Estimada Vânia, boa tarde

    Que memória excelente e texto maravilhoso.
    Fiz uma viagem com você!

    Abraços e parabéns,

    André

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  12. Aplausos!!! Muitos!

    Meu carinho, admiração, irrestrita confiança e incondicional amizade, ao lindo casal, Paulo Diniz e Vânia Diniz.

    Mário Carabajal

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