sexta-feira, 1 de junho de 2012

LÁGRIMA

Por Armando C. Sousa (Canadá)


Vi a face alongar-se; os olhos serrarem; coração tremer
O pensamento chocou com o rancor ou saudade
No poço; fonte dos sentimentos; água principia a nascer
Desliza a escorrer na face; a cor da natureza invade.

Se forem de alegria as lágrimas; bendito seja o padecer
A lágrima é de mãe; ouve filho chorar; não tem pão
Está à janela; é tarde; não o vê chegar; sente alargar a dor
Mais uma vez sente o pensamento partir em emoção.


É mãe; o sangue fervilha; quem como ela sente o amor?
As lágrimas correm; precisa lavar o dorido coração
Lágrima pode ser gota ou rio que invade a face sem pedir
Pode nascer do pensamento; medo do momento então.


Mãe ouve seu filho cantarolando; abre-se num sol a sorrir
Lágrima será de dor? Acusação muda? Saudade ou alegria?
De certeza é água que corre; do coração ou pensamento
Será chicote? Alívio? Quase sempre termina em nostalgia.


Inquietude; incerteza; impossível amor acaba em lamento
Lágrimas sem compasso; são o antídoto da dor; nesse dia
Quantas vezes lágrimas são os juízes do sofrimento
Se a fonte seca, corpo desidratado não terá outra via.


Sem interesse ao trabalho; aos amigos; alegria de escrever
Principiam soluços secos sem compasso; sem magia
Servo descontrola; sem forças; procura doçura no morrer
Lágrima se a vejo deslizar sem motivo; me arrepia.


Procuro estancar o lacrimejar com mentiras bosta e lama
Atirando chapadas de alegria inventada; é o destino
Mas prefiro ver os lábios em arco dentes brancos a sorrir
Digo-te amor; abraça rola e beija e volta a ser menino.


Tão belo; será doce o futuro; a felicidade volta a vir
Lágrima; esconde-te; não voltes a marejar o lindo olhar
Não voltes; nem tão pouco para exprimir a saudade
Fica no poço do pensamento; não exprimas falta de pão
Bate o tacão; veste o fato de banho; sorri de vaidade
Vive a vida que vale a pena; veras que tenho razão.

(Toronto, Ontário, Canadá, 03/05/2012)

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