Certa vez escutei, em
entrevista a Manuela Ferreira Leite, esta asseverar: “ Qualquer boa dona de
casa sabe governar um pais”. A fórmula é simples: Não gastar mais do que se
recebe.
A nação não é mais que uma
grande família. E, se a dona de casa deve cuidar para que nada falte,
governando-se com o orçamento que tem, o mesmo deve fazer o Governo.
Ninguém, que não sabe governar
bem sua casa, devia ser político, e muito menos ministro.
O que acontece, em alguns
países, mormente no Sul da Europa, não é só devido à crise financeira
internacional, mas ao facto de terem gasto o que tinham, com despesas, muitas
desnecessárias, e não se precaverem para situações inesperadas.
Muitas famílias encontram-se em
péssimas situações, porque quiseram ter tudo: o necessário e o supérfluo, de
imediato.
Endividaram-se, recorreram ao
crédito, para comprar: casa, carro, eletrodomésticos, roupas e viagens… e não
tiveram cuidado de se precaverem para eventualidades.
Dizem que Calouste Gulbenkian, o
multimilionário, após a saída dos empregados, andava à cata de toquinhos de
lápis, que estes tinham deitado fora, para reutilizá-los no aproveita lápis.
Contaram-me que no tempo de
Salazar, após este ter pago a colossal divida, saiu uma ordem imanada dos CTT,
para que os fios que atavam os maços de cartas, fossem reutilizados.
Amarrando-os uns aos outros, fazendo novelos.
Parece-me exagero, quase
sovinice, mas Salazar, talvez por saber como custa pôr as contas em dia, chegou
a esse extremo.
Escritor francês, cujo nome
esqueci, conta que havia em certa localidade, castelão rico, apelidado der
avarento, porque aproveitava papelinhos e fósforos queimados e outras
extravagâncias.
Uma vez houve um grande
incêndio na aldeia, que deixou famílias na miséria. Fez-se peditório, e este
doou quantia volumosa.
Perante o pasmo de muitos,
explicou: “Foram os papelinhos e fósforos queimados e outras ninharias que
permitiram, agora, ser tão generoso.
Sem economia, sem poupança, sem
limitar gastos, sem investir bem, sem pé-de-meia, como faziam nossas avós, não
há país ou família que progrida.
A crise abalou apenas economias
deficientes, os que não imitaram o eleito de Deus, José do Egipto, os que não
souberam investir corretamente, os que não puseram a render dinheiro e
talentos.
Agora quem paga esses erros são
as “formiguinhas” que veem os celeiros espoliados pelas cigarras, que passaram
o Verão a cantar, não pensando no Inverno que se aproximava.
São as “formiguinhas, que
labutaram uma vida para terem velhice tranquila, que pagam os erros das
cigarras, que cantaram, dançaram e desbarataram dinheiro a rodos, no tempo das
vacas gordas.
É sempre assim: quem poupa,
quem amealha, quem trabalha para ter vida melhor, ou é espoliado por financeiros
ou Estado.
As cigarrinhas, quando lhes
falta alimento, assaltam os celeiros cheios e ainda reclamam e insultam quem,
grão a grão, lhes vai enchendo o papo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário