terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O BARBANTE QUE NOS UNE A DEUS

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Em pleno Inverno, em serena manhã, de cerrado nevoeiro, guri, de tez bronzeada, boca larga, olhos negros como azeviche, caminhava, descalço ao longo do extenso areal. Preso à mão direita havia fino e sólido barbante de nylon, quase transparente.
Corria, vindo do Sul, leve e fresca brisa, tão suave, tão delicada, que mal lhe acariciava o jovem rosto moreno.
A espaços, o garotinho, puxava o fio, sacudindo, energicamente, a mão, imprimindo rápidos e fortes puxões, ao barbante, que vibrava, distendendo-se.
Pacatamente, sentado em banquinho de madeira, coberto a esmalte azul celeste, homem, esquelético, seco, entrado em anos, passeava a vista: ora para a cano de pesca, ora para o gurizinho.
Indiferente ao incisivo olhar do pescador, o petiz soltava sonoras risadas, que sumiam-se na densa serração, diluindo-se no sussurrante som embalador do oceano.
Atónito, surpreso com o que observava, interroga-o, intrigado:
-O que está você a fazer?! Puxando o que não se vê?!
O rapazinho, volta-se para o pescador. Fica, por momentos, pensativo. Depois, entortando ligeiramente a cabeça, diz:
- É certo que não se vê, mas eu sei que escondido no nevoeiro, está a estrela, que responde, com leve puxão, ao meu comando. - Respondeu espevitadamente a criança.
Esta curiosa história, contada por Billy Grahm, ilustra, perfeitamente a relação que o cristão deve ter para com Deus.
Como a pipa (papagaio) do caboclo, também não descortinamos o Senhor…mas sentimo-Lo, do mesmo jeito, como o gury sentia a estrela.
Ao longo das vicissitudes da vida, quem for crente - os agnósticos só têm acasos, - sente-se, muitas vezes, a Mão protetora de Deus.
Quantos problemas insolúveis, não se resolveram, a contento, por intervenção do Poderoso?
Deus conhece as nossas necessidades, antes de Lhe pedirem auxilio.
Ele sempre entrega o fio de Ariadna, para conseguirmos sair do tenebroso labirinto em que insensatamente nos metem.
O “fio” que nos une a Deus, chama-se: oração.

Como o rapazinho, que se divertia brincando com o papagaio, numa manhã de intenso nevoeiro, também nós, sabemos, mesmo sem O ver, que lá longe, em parte incerta, no Céu sem fim, está Aquele que tudo pode e tudo sabe, pronto a dar-nos o “fio” que une a nossa consciência a Ele.

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