sábado, 1 de fevereiro de 2014

O QUARTO "F" DE D. PEDRO

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)

Após o Imperador do Brasil haver abdicado a favor do filho, reuniu na ilha de S. Miguel, sete mil e quinhentos homens. Obtido o apoio da Inglaterra e da França, rumou às amenas areias de Mindelo - povoaçãozinha do concelho de Vila do Conde, - no intuito de destronar o irmão, D. Miguel, e seus correligionários.
Sentindo fome, deambulou pela localidade, e avistou modesta locanda. Entrou, e perguntou ao taberneiro, se havia coisa que se coma.
Prontamente, este, esclarecendo-o; disse que tinha: peixe de três “Fs”.
Admirado com o que ouvira D. Pedro, interroga-o.
- Que quer você dizer com os três “Fs”?
O vendeiro, que não conhecia o Imperador, apressou-se a esclarece-lo:
- Há: faneca, fresca e frita.
Veio a faneca e veio o pão, e também o bom e saboroso vinho verde.
Abancou-se o Imperador diante de larga e sólida mesa de pinho, escrupulosamente esfregada, e comeu com sofreguidão.
Ao terminar o frugal, repasto, que lhe soube divinamente, o Imperador, para sua desdita, verifica que não trazia dinheiro.
Volta-se, então, para o taberneiro, e sorrindo:
-Estava bom!; estava ótimo!; mas agora a faneca fica com mais um “F”.
- Como assim!? - Interroga, atónito, o vendeiro.
De lábios a transbordar de risos, D. Pedro dispara:
- Faneca, fresca, frita e … fiada!
Não posso asseverar se o taberneiro perdoou a divida, ao reconhecer o Imperador, mas creio que sim, ao saber que na praia havia sete mil e quinhentos homens armados.
Também não sei esclarecer se D. Pedro liquidou o que devia. Sei que os liberais chegaram a Lisboa, após diversas escaramuças, e Mouzinho implantou as reformas que considerou necessárias; mas com tantas nomeações políticas, que o funcionalismo público cresceu exageradamente.

Então, como agora, os oportunistas e os desonestos, são, quase sempre, os únicos que beneficiam das revoluções, que se fazem em nome do povo., e da liberdade.

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