sábado, 1 de agosto de 2015

CORDEL PARA OSWALD DE ANDRADE

Por Gustavo Dourado (Taguatinga, DF)

(Homenagem ao mestre do Modernismo Brasileiro e da Semana de Arte Moderna de 1922)


1890:
Dia 11 de janeiro
Nasceu Oswald de Andrade
Paulistano por inteiro
Escritor tupiniquim
Vanguartista brasileiro

1905:
Ano de formatura
No ginásio de São Bento
O grito pela cultura
1909
Jornalismo e leitura

1911:
A criação de um jornal
Fundação de "O Pirralho"
Manifesta-se o literal
Poeta a germinar
Dissemina o cultural

José Oswald de Sousa Andrade
Foi poeta e pensador
No Diário Popular
Trabalho de redator
"Penando", série de artigos
Pulsante lado criador

1912:
Europa na trajetória
Contata Landa Kosbach
Com Kamiá fez história
Nonê seu primeiro filho
A construção da memória

Um poeta viajante
No continente europeu
Falecimento da mãe
A dor, jovem padeceu
Retornou em setembro
Sua poesia se ascendeu

Escreveu poema livre
Logo depois é rasgado
De uma jovem parisiense
Foi poeta enamorado
Trouxe-a para São Paulo
Com o coração apaixonado

1917:
Conheceu Mario de Andrade
Com o pintor Di Cavalcanti
Tem início a amizade
Defende Anita Malfatti
Com sua vivacidade

No C. A. XI de Agosto:
Oswald foi orador
Formatura em direito
Expansão do pensador
A obra de Brecheret
Impulsiona o criador

1920/1921:
Prenúncio do modernismo
Lançou Mario de Andrade
Deu início ao ativismo
Tropicalismo literário
Desperta o nacionalismo

1922:
Eclosão do movimento
Oswald na liderança
Holofotes do momento
Com Tarsila do Amaral
Renovou o sentimento

Da “Trilogia do Exílio”
O primeiro lançamento
O eco da modernidade
Sopra ao sabor do vento
Um furacão cultural

E a arte como alimento
Semana de Arte Moderna
Repercute em fevereiro
Dinamismo oswaldiano
Mário é seu companheiro
Literatura, arte e música
De um luminoso candeeiro

1923:
Conclui o João Miramar
Com Tarsila do Amaral
Novo tempo para amar
O amor à flor da pele
Sentimento a comandar

1924:
Lança o livro Miramar
Manifesto Pau Brasil
Causa polêmica no ar
Sacode a pasmaceira
Treme a terra, geme o mar

1925:
Pau Brasil em edição
Publicação em Paris
Poesia em exposição
Ilustrações de Tarsila
Artista de elaboração

1926:
Com Tarsila, casamento
Viagem ao Oriente
Poética do sentimento
Europa, escrita e arte
Vanguarda em movimento

1928:
“O Antropofago” em ação
Batiza o “Abaporu”
Tarsila em exposição
Poesia como imagem
Arte em transmutação

Rompe com Mário de Andrade
Novo tempo se anuncia
Bopp e Alcântara Machado
Revista de Antropofagia
Renovação da linguagem
O temporal se oswaldia

1929:
Nova crise mundial
Segunda antropofagia
Em dentição literal
No Diário de S.P
Uma página especial

Oswald de Andrade
Sofre abalo financeiro
Grandes perdas no Brasil
Crise pelo mundo inteiro
Em tempo de mudanças
O coração sofre primeiro

1931:
Adesão ao comunismo
Um romance com Pagu
Nuance do socialismo
Flor Patrícia Galvão
Musa do pós-modernismo

1933:
Romance em edição
Serafim Ponte Grande
Prosa de renovação
Prefácio e autocrítica
De extrema concepção

1934:
Completa a “trilogia”
Edita “Escada Vermelha”
Refina-se na ironia
Lapida a sua linguagem
Transmuta-se com alquimia

1934/37
Escreve tese teatral
Une-se a Julieta Bárbara
Busca o amor fraternal
Oswald em produção
Escritor fenomenal

1939:
Na Europa novamente
O Pen Clube na Suécia
A guerra vem de repente
Retorna para o Brasil
Reencontra a sua gente

1940:
Candidata-se à Academia
Em uma carta-desafio
Propaga a filosofia
Defende suas ideias
A verve da Antropofagia

1942:
Dedica-se ao casamento
Com Maria Antonieta
Refina seu sentimento
Cria “Cântico dos Cânticos”
Tece o amor em movimento

Volume I de Marco Zero
Segunda Guerra Mundial
Em 1943
Mercado Editorial
Dedica-se à leitura
E ao trabalho literal

1945:
Marco Zero em ação
Publica o volume II
Tese em elaboração
Torna-se livre-docente
Dedica-se à educação

Universidade de São Paulo:
Literatura Brasileira
Exerce a livre-docência
Com a sua fala certeira
Rompe com o Partidão
Poesia é a sua bandeira

1948:
Congresso Paulista de Poesia
Crítica a geração de 45
Defende a antropofagia
Continua na esquerda
Com sua ideologia

1950:
60 anos de idade
Jubileu do Pau Brasil
Defesa da liberdade
Banquete antropofágico
Festeja a pluralidade

Universidade de São Paulo
Tese de Filosofia
Desiste do concurso
Pela metodologia
Tentou ser parlamentar
Ficou só na poesia

1953:
A marcha da utopia
1954
Memórias de cada dia
Congresso de escritores
Louva o mestre da poesia

Oswald de Andrade:
O gestual brasileiro
"A Estrela do Absinto"
Modernista timoneiro
A Escada e outros livros
Com seu toque pioneiro

Antropófago – Pau Brasil
Fala, Oswald de Andrade
“Canibalismo et Litterature”
Em nossa barbaridade
A dialética modernista
Gen da multiplicidade

Fetiche da negritude
Ruptura e ousadia
Picasso, Brancusi, Tzara
A expressão da rebeldia
Tupi-guarani, calungas
Trópicantropofagia

Apollinaire, Cocteau
Constante renovação
Cendrars, Valery, Romains
Vanguarda em exposição
Max Jacob e Braque
Oswald em trans.formação

Sociedades primitivas
Antropofagia ritual
O tabu que vira totem
A práxis existencial
Da era do matriarcado
Ao tempo patriarcal

Renovação e utopia
A violência verbal
Sátiras, provocações
O conflito cultural
A rebeldia constante
Transpõe o individual

A Morta, O Rei da Vela,
Criador em construção
Serafim, João Miramar
Oswald em ebulição
Marco Zero, Ponta de Lança
O Homem e o Cavalo, Chão

“Crise da Filosofia Messiânica”
Para ler “João Miramar”
Oswaldiar pela vida
Sem esquecer de amar
De São Paulo a Paris
Nos versos romancear

Oswald antropofágico
Um poeta canibal
“A Marcha das Utopias”
Pensador estrutural
Serafim Ponte Grande
Construção monumental

Um Rabelais aborígene
Ridente e sentimental
Panfletário, reflexivo
Crítico e experimental
Agitador inventivo
Um filósofo tropical

Oswald irônico-sarcástico
Fez a sátira social
Com estilo e narrativa
Corrosivo e fulgural
Ensaísta afirmativo
Terremotor literal

Antropofagia oswaldiana
Modernismo brasileiro
Experimentalismo, utopia
Influência do estrangeiro
Futurismo, cubo-dadaísmo
Nas vozes do mundo inteiro

Nas vanguardas europeias
Leitura da pluralidade
Poeta antropicanibal
O grito da liberdade
Inquietação literária
A busca pela novidade

Renovação criativa
Espírito de rebeldia
A avidez pelo novo
De Breton a Picabia
Naturezarte e cultura
Nos clamores da poesia

Oswald de Andrade encena
Teatro do modernismo
Il Negro de Marinettii
Cannibale e erotismo
Manifesto em Dadaphone
Eco do antropofagismo

Calligrammes, Apollinaire
Vanguarda em exposição
Terminologia digestiva
Oswald em devoração
Culinária tropicanibal
Metáfora da deglutição

A arte na natureza
Sangue e voracidade
A agressão dadaísta
Etnografia, saudade
Fisiologia expressa
Carnífera vivacidade

Ironia e narcisismo
A hipérbole gestual
O instintivo-pitoresco
Na figura tropical
Alimento para o ser
No cardápio cultural

Literatura de vanguarda
Na terra o primitivismo
Pré-história desvelada
Impacto no racionalismo
A mentalidade mágica
E todo o seu simbolismo

A imagem antropofágica
O conceito nietzscheano
Poesia ritualística
Inconsciente freudiano
No endocanibalismo
Do sacrifício humano

Psicanálise, etnologia
Técnica e primitividade
Os mitos dilacerados
Sonho, irracionalidade
O sentimento nativo
Voz da nacionalidade

Sintético e expressivo
Construtivo, fulgurante
Tropicalismo urbano
Pensamento delirante
A linguagem filosófica
Antológica, deslumbrante

Realismo auto-expositivo:
Romancista de invenção
Estilo cubista-paródico
Sempre com inovação
Humorismo eriçado
O riso como expressão

Nas leituras de Oswald
Kierkegaard e Platão
Camus, Sheller e Jaspers
Existencialismo alemão
Simone de Bauvoir/Sartre
Em filosófica paixão

Romance, poesia, teatro
Arte a se manifestar
Com Tarsila do Amaral
Expressou o verbo amar
Vanguardista da palavra
O verbo soube conjugar

Antropófago da linguagem
Espírito de insurreição
Agressividade verbal
Estilistética de ação
Crítica à sociedade
Estado de rebelião

1954:
Ano do falecimento
Dia 22 de outubro
Deu o seu passamento
Foi navegar no infinito
Nas ondas do firmamento

Oswald em cosmovisão
Crítica ao superficial
Vislumbre um novo tempo
Mundo existencial
Arte com ócio-lúdico
A felicidade social

Polemista e polígrafo:
Um pensador instigante
A prosa experimental
E a poesia radiante.
Complexo e coloquial
Deixou obra relevante...


Um comentário: