Revista literária virtual de divulgação de escritores, poetas e amantes das letras e artes. Editor: Paccelli José Maracci Zahler Todas as opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores. Aceitam-se colaborações. Contato: cerrado.cultural@gmail.com
sexta-feira, 1 de abril de 2016
SEM PALAVRAS
Por Jorge Amâncio (ALB, Brasília,
DF)
vestiu-se
para um adeus
elegantemente
chegou ao velório
decorou o ambiente
silencioso
sentou à cabeceira
de corpo presente
rezou o rosário
chorou longamente
levantou-se
para o último beijo
solenemente
fechou o ataúde
caminhou lentamente
amoroso
partiu para a vida
com a metade ausente
reaprender a morre
sossegadamente
só
Dieffenbachia amoena
Por Jorge Amâncio (ALB, Brasília,
DF)
quarta feira: dia de reis
natal e ano novo
desempregado
os pequenos
pele e ossos
trapos e preces
o passo lento cabisbaixo
nem diamba para distrair
desolado uma solução
o silencio é a resposta
mãos nos bolsos
dureza no rosto
última refeição
quinta feira sete de janeiro
manchete dos jornais:
Três corpos sobre a mesa: pai e
filhos
Melchior (31), Gaspar (3) e Baltazar
(2)
Na mesa um resto de salada de
Comigo-Ninguém-Pode.
BREVE ENCONTRO
Por Jorge Amâncio (ALB, Brasília,
DF)
ele entra
passa a roleta
senta no corredor
ela na janela
segura a bolsa
com um tesouro
ou
sete corações
transplantados
ele
sorri para ela
ela
desagua em suor
a tremer os lábios
a querer falar
a apertar a bolsa
a sufoca-se
ele a toca
preocupado
cuidadoso
ela
num suspiro
assustador
desfalece
ela
morre de negrofobia
EM HIALINAS PALAVRAS
Por
Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)
(Para
Izabella Silva)
É
muito tarde
Para
pedir desculpas
Veneranda
amada minha
Para
dar-te beijos inflamados
E
fraternais abraços infindos
Proferir
juras eviternas
Em hialinas palavras de amor
***
Mas
agora é muito tarde
Para
nós dois
Luz
da minha vida
Pois
o nosso tempo já passou
E
não volta mais
***
É
muito tarde para nós dois
Meu anjo bom
NÃO! EU NÃO QUERO MAIS SER NEGRO!
Por
Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)
Cansei
de ser negro
De
ser parado pela polícia
Ser
confundido com um bandido qualquer
De
ter relações promíscuas com os políticos
Sendo
sempre massa de manobra
Na
mão de algum abnegado...
Não!
Eu não quero mais ser negro
Ser
minoria nas universidades
Ser
tachado de preguiçoso...
Ser
o primeiro de lista dos desempregados
Não
quero ficar para trás
De
tudo
De
todos
Das
oportunidades
De
um futuro melhor
Não
quero mais ser negro
Ser
excluído de todas as formas
De
todas a maneiras
Definitivamente
estou casando de celebrar
Meus
ritos escondidos
Dos
olhos da sociedade
Não
quero mais ser negro
E
ter a responsabilidade de ser:
No
melhor no futebol
Ser
bom no pagode
Não...
Não
quero mais ter um passado
negro
Que
cheira a escravidão
Que
cheira a dor
Quero
renunciar ao meu futuro
De
dor
Não
quero mais ser negro
Chega
de sofrer
O
banzo pós-moderno
COM LICENÇA, EU VOU À LUTA
Por
Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)
(Para
Tais Carolina Rita)
Meu
senhor vai bem!
A
colheita foi boa!
Este
ano...
Este
século...
Para
o meu senhor tudo vai bem!
Alguns
negros fingiram!
Outras
negras pariram,
Muitos
outros...negros!
Meu
senhor a colheita foi boa!
Este
ano!
Este
século...
Foi
boa
Os
Negros?
Os
negros!
Alguns
morreram...
Alguns
Forros
Mas
outros ficaram
Meu
senhor
Meu
amo...
Meu
sinhô
A
colheita foi boa!
Mas
as correntes enferrujaram
Sinhô
E
os negros e negras
Forros
Não
estão mais aqui
Contudo
preferiram
Ficar!
Livres!
Dispersos!
Por
ai em qualquer lugar
NO VALE DO ESQUECIMENTO PERPÉTUO
Por
Samuel da Costa (ALB, Anápolis, GO)
Quando
a malta passar
Não
vão me encontrar
Pois
há tempos não me encontro
Onde
eles pensavam que eu estaria
***
Faz
muito tempo que parti
Fui
até o Vale do esquecimento perpetuo
Colher
negras flores
Para
o meu negro funeral de ontem
***
Quando
a turba ensandecida passar
Sedenta
por sangue inocente
Não
vão me encontrar
Pois
há séculos
Não
estou mais estático
Como
eles pensam que estava
DENOUEMENT
By Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
In denouement
I close the door
and inside
I forget
the time
allowed
to philosophical
thinking
I care and zeal
my granted time
in random disillusion
of mistakes
I close the notebook
and rest the hand
above time
the lifeless graffiti
on confessed reasons
in
judgments.
(versão
Marina Du Bois)
DESFECHO
Por Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
No
desfecho
fecho a
porta
e dentro
esqueço
a hora
permitida
aos
pensamentos
filosóficos
o desvelo
com que cuido
meu tempo
permitido
na
desilusão aleatória
dos
enganos
fecho o
caderno
e repouso
a mão
sobre o
tempo
o grafite
inerte
sobre
razões confessadas
em juízo.
SCUNNERS
By Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
I dislike the nausea expressed
feelings: the water level raised
to the disgust endeavor.
The body pushed to the bottom
of resumption in another way: feelings transiting in
informality
odiums and loves outworn in negative
tastes linked to the memory. I realize the
imperceptible mistake and I amplify thee
in exernal knowledge
where the established gesture
recovers the sense: the retiring
disgust gives the space
where I retract myself: the scunner
hinders the cobbles movement
in unthought memories.
(versão Marina Du Bois)
DESGOSTOS
Por Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
Não gosto
do sentimento expressado
em
náuseas: ondas elevam o nível
d’água ao
extremo desgosto.
No
afogamento o corpo levado ao fundo
do
recomeço em outra forma: informalidade
com que
sentimentos transitam
ódios e
amores desgastados em gostos
negativos
atrelados à memória. Reparo
no erro
imperceptível e o amplifico
em externo
conhecimento
onde o
demonstrado gesto
recupera o
sentido: retraído
o desgosto
gera o espaço
em que me
recolho: o desgosto
tolhe o
movimento empedrado
em
irrefletidas lembranças.
EQUAL
By Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
The multiplied little: the everlasting trait
of a time lost kinship: forgotten.
Death available in alternatives:
war disintegrating the body
leading to unknown.
The mistreated little in demonstration
equality's atavistic.
(versão Marina Du Bois)
IGUAIS
Por Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
O pouco
multiplicado: marca permanente
do
parentesco perdido no tempo: esquecido.
Morte
disponibilizada em alternativas:
guerra
fragmentando o corpo
conduzido
ao desconhecido.
O pouco
maltratado na demonstração
atávica da igualdade.
TO WAIT
By Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
the unfinished building, the blocked road,
the time covert: the wait reduces
life
to mistery.
Yearn the blessed moment
and accomplish on the trice
of conquest.
Review the discovered ground, the pioneered
path,the mornings’ bright space
in the winter. The luminosity highlights
the wait’s inconvenient
touch of nostalgia.
(versão Marina Du Bois)
ESPERAR
Por Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
o prédio
inacabado, a estrada bloqueada,
o tempo
encoberto: a espera reduz
a vida
ao
mistério.
Ansiar o
momento aventurado
e se
realizar no átimo
da
conquista.
Rever o
terreno descoberto, o caminho
desbravado,
o espaço brilhante das manhãs
de
inverno. A luminosidade destaca
a
contrariedade com que faz da espera
o toque de saudade.
FLAMES
By Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
The lit candle holders
an open window at night: strange feelings
crossing spaces. On the moist earth the road
crumbles into steps. The trembling flame
offers itself to the wind. The air rarefies
consumed by the fire. Closed window
offers inner landscape.
(versão Marina Du Bois)
CHAMAS
Por Pedro
Du Bois (Balneário Camboriú, SC)
Candelabros
acesos
janela
aberta à noite: estranhos sentimentos
cruzando
espaços. Na terra úmida a estrada
se desfaz em passos. A chama trêmula
se oferece
ao vento. O ar se rarefaz
consumido
pelo fogo. Fechada a janela
oferece a
paisagem interior.
CORDEL DA MULHER
Por
Gustavo Dourado (Presidente da Academia Taguatinguense de Letras, Taguatinga,
DF)
Homenageio
a Mulher
E
faço deferimento
A
mulher é nossa luz
Estrela
do pensamento
Multigaláxia
infinieterna
Nas
ondas do firmamento
Sem
mulher não tem História
Nem
arte nem nascimento
Da
mulher nascem homens
E
o Deus do sentimento
Nasceu
Jesus, Gandhi, Einstein
E
muita gente de talento
A
mulher é gen.semente
Que
germina a humanidade
Dá
mulher brotam os deuses
Fecunda-se
a sociedade
Sem
mulher não há graça
Se
tem mulher… há liberdade
Da
mulher nasceu Cristo
Luther,
Lennon, Maomé
Santos
Dumont, JK
Castro
Alves e Pelé
A
mulher faz a História
Com
amor, trabalho e fé
Da
Mulher tudo provém
Até
mesmo a divindade
Des.confio
que em Deus
Haja
feminil.idade
Na
costela da mulher
Nasceu
a felicidade
No
umbigo da mulher
Germina
a panaceia
No
olhar da pitonisa
Na
boca de Amalthea
No
coração do planeta
Palpitalmãe
de Rhea
Salve
a mulher todo sempre
Minuto-hora,
dia e ano
Na
mulher eu me inspiro
Nas
sereias do oceano
Nas
amazonas dos rios
Mulher
em primeiro plano
Mil
flores às mulheres
Por
tudo o que elas são
A
Mulher é Natureza
É
a beleza em ação
A
Eternidade é Mulher
Num
infinitom coração
SABER INGLÊS, É SER CULTO?
Por
Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
Em 1891, dois anos após o falecimento de
Cruz e Silva, foi editado em Paris “O Hissope”, obra-prima do poeta.
No Canto V, narra a visita que o deão da
Sé de Elvas, José Carlos de Lara, fez ao Convento dos Capuchos.
Ao percorrer a cerca do mosteiro, deparou
com espanto com estatueta. Na base havia o nome de alguém, antecedido de Monsieur.
Interrogou curioso a padre jubilado, que repousava no claustro, se tal
individualidade era francesa.
Responde-lhe, solicitamente o
padre-mestre:
“ (…) Não se
admire.
Que isto está
sucedendo a cada passo:
Ao pé de cada
esquina, hoje, sem pejo,
Se trata de
monsieurs os Portugueses.
Isto, senhor,
é moda; e, como é moda,
a quisemos
seguir; e sobretudo
mostrar ao mundo que
francês sabemos.”
Passaram mais de duzentos anos e a mania
do estrangeirismo, agora anglicanismo ou americanismo – será complexo de
inferioridade?! – continua. A diferença é que o francês deu lugar ao inglês.
Treinador de futebol é mister;
fotografia tirada pelo retratado, é selfie; ama é baby-stter;
filme publicitário, é trailer; camisola de algodão, é T-shirt;
vaporizador, é spray; atraente, é sexy; passatempo, é hobby,
e por ai adiante…
Ao deambular pela minha velha cidade,
encontro tantas palavras estrangeiras, que chego a duvidar que esteja em
Portugal! … Em breve serei estrangeiro na minha própria pátria…
Outrora éramos afrancesados. Eça dizia que
a nossa cultura – inclusive a dele, – era francesa. De Paris vinha: a língua, a
moda e a civilização.
A obra do genial escritor está enxameada
de galicismos. Eça foi excelente estilista – o maior da literatura portuguesa,
– mas não purista da língua.
Ninguém consegue aprender a escrever,
correctamente, a nossa língua, lendo obras queirosianas.
A tendência de macaquear o que vem de
fora, é característico do povo português e brasileiro - ou não fossem irmãos…
Jovem paulistano pediu-me para comprar, na
Europa, relógio de marca. Os que eram fabricados em Manaus, não
prestavam…Segundo sua opinião. Eram feitos por brasileiros…
Em 1862 A .A. Teixeira de Vasconcelos, em crítica
ao livro “ Coração, Cabeça e Estômago “ de Camilo, afirmava:
“ Já não há portugueses. Essa gente que
por ai anda que elege e é eleita, que faz leis no parlamento, e que cumpre ou
se insurge conta elas, é gente estrangeira
“Pois são lá portugueses esses senhores
que dormem em camas de molas, cobertas com édradon, que almoçam chá peko e
uchon, que luncham paté de foie gras e sardinha de Nantes, que janta sopa à
julienne, boeuf à la mode, salmis de perdreaux auz truffes, e não sei quantas
outras francesices; (…)
Agora, para se ser culto, na nossa terra,
basta falar fluentemente o inglês; e dizem-me que será analfabeto, no futuro,
quem não aprender o mandarim! …
Vai o brasileiro em visita à Argentina, e
logo tenta balbuciar palavras castelhanas. Visita o Brasil, o argentino, e
exprime-se na sua língua pátria.
Parece haver vergonha de falar português.
Há emigrantes de língua portuguesa, em países europeus, que proíbem os filhos
de falarem a língua dos avós. Asseveram que é para não sofrerem vexames, na
escola! …
Futebolista, jornalista, escritor,
cientista, político, que visite ou viva no
estrangeiro, afadiga-se para aprender a língua da terra; todavia raros são os
estrangeiros, que residem em Portugal, que aprendem a nossa língua. Há
ingleses, que vivem há mais de vinte anos, no Algarve, e só falam inglês! …
Ao abordar este tema, num hotel de
Badajoz, com professora reformada, declarou-me: que é devido ao facto de sermos
mais inteligentes e mais capazes a aprender línguas! …
Sendo assim, por que somos tão
complexados?...
Quando chegará o dia, em que os
portugueses e brasileiros, sentirão orgulha na sua língua?
OS MEUS MORTOS...
Por
Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
Se me ponho a pensar no tempo que passou,
salta-me, com imensa saudade, à memória, infindável rosário de mortos.
Tantos, que fico pensativo, a refletir:
Como é possível, Deus meu, ter
desaparecido os que partilharam comigo: momentos felizes e infelizes da minha
existência?! … Como é possível, que familiares e amigos, que me acompanharam em
êxitos e fracassos, tenham-me deixado para sempre?!
Mas é verdade! …
Onde estará, agora, o meu companheiro,
inseparável amigo, que calcorreava, quase como peregrino, velhas e típicas ruas
da Invicta Cidade do Porto?
Sim; onde estará o fiel confidente, que
sem pejo, revelava-me, cenas episódios, preocupações, enquanto deambulávamos,
em sérias e eruditas visitas de estudo, e pesquisávamos as genealogias de
nobres e ilustres famílias portuenses?!
Na companhia amiga de Manuel Maria
Magalhães (Alpendurada), palmilhei antigas ruas e ruelas da Cidade da Virgem;
vielas e becos bafientos, evocativos de personagens camilianas, como Augusta,
moradora na rua Arménia.
Onde estará, igualmente, a boa brigantina,
que quase diariamente recebia-me na acolhedora salinha, de aconchegante
luminosidade, onde, nas tardes frias de Inverno, ardiam brasas enrubescidas, na
antiga braseira de cobre?
Era elegante, meiga, sempre com o acalentador
sorriso bailando nos bem delineados lábios, cor de morango.
Acolhia-me, carinhosamente, de coração
aberto; eu, rapaz despedaçado pelo turbilhão da vida, e receoso de incerto
futuro.
Tinha a bondosa senhora, três filhos; cada
qual o mais encantador; todos, me transmitiam, animo, frescura e alegria de uma
infância feliz.
Amavam-me – disso estou certo, – com a
intensidade e ternura das crianças de coração e alma pura.
Por que têm os jovens de crescerem?
Não seriam mais felizes, mais graciosos, e
até, para eles, melhor, ficarem eternamente crianças?
Aos poucos, lentamente, muito lentamente –
quase sem se sentir, – tornam-se adultos. Perdem a formosura, as linhas
juvenis, a espontaneidade, amolgados pela turbulência da vida e pela sociedade
hipócrita e injusta…
Onde estará, agora, também, a boa madrinha
Baptista, que tanto gostava de mim; e eu tanto gostava dela?
Visitava-a todos os sábados.
Foi no quintal, da sua casa, onde havia:
pessegueiro, que todos os anos se toucava de lindas e graciosas flores cor-de-rosa;
glicínia, de cachos roxos, que tudo perfumava; e maciço de roseirinhas-de-toucar,
abraçadas a grade de cor parda, que na Primavera desabrochavam em pequeninas flores,
aveludadas, brancas como cal, que oloravam, em ondas de perfume, todo o
quintal, que passei parte da minha infância… Esse quintalzito era o meu mundo…
Foi com a semanada da madrinha Baptista –
chamava-a assim, mas não o era, – que comprei os meus primeiros livros e os
meus primeiros chocolates.
Era padre o meu padrinho. Um dia, inesperadamente,
recebi um telefonema, convidando-me para passar o mês de Agosto, na sua
companhia.
Radiante, aceitei. Sempre desejei viver no
campo, entre flores silvestres e animais; entre árvores seculares e searas
maduras, prontas para a ceifa.
Nessa encantadora aldeia transmontana,
reconheci sobrinho seu. Esbelto rapagão, simpático e delicado.
Com ele, cavalguei entre muros xistosos,
por estreitos e agrestes caminhos, que nos levavam a verde prado, que marginava
singelo e plácido arroio.
Nele, havia uma vaquinha mansa, de olhos
meigos, frondosa figueira, que nos abrigava do sol ardente, e podia-se ver,
entre a folhagem, o azul transparente do céu transmontano.
Foram dias de descanso e fraternal
convívio.
Meu padrinho faleceu; e o jovem, também.
Morreu de morte trágica.
Ambos permanecem no meu coração;
sepultados dentro de mim.
Conto, ainda, no imenso rol dos meus
mortos, a Maria:
Conheci-a desde a puberdade. Passei,
talvez, os melhores momentos da infância, na sua companhia.
Certa manhã abalou para Africa.
Carteamo-nos durante meses. Depois casou, e a correspondência extinguiu-se.
Soube da sua morte pelo telefone. Teve
prolongada agonia, batalhando com doença, que não perdoa.
Muitas mais figuras partilharam comigo,
alegrias e tristezas, ao longo da minha longa existência; mas, as mencionadas,
foram as que mais me marcaram, deixando-me na alma, dolorosas cicatrizes, que
não desapareceram, porque as gravei dentro de mim.
EU TE AMO
Por Clarisse da Costa
(Biguaçu, SC)
Eu te amo
Numa forma tão simples
E fácil de dizer;
Te amo
Numa forma tão encantadora
E simples de escrever;
Amo-te
Numa forma incomum
E tão envolvente
No meu ser;
Eu amo
Porque te amar
Me faz viver!
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