quarta-feira, 1 de novembro de 2017

SONETO DO MURO E DA GRADE

Por Ernesto Wayne (Bagé, RS)

 Eu certa vez fui preso (e estou preso),
Posto no cárcere só pelo meu sonho:
Ninguém sonha e sai do sonho ileso,
Grades do pesadelo não transponho

E quem quiser sonhar fica indefeso
Um muro cerca o sonho e é medonho
Como é medonho o fósforo que aceso
Sob as unhas me acorda em entressonho.

Para os que mandam o sonhar é tétrico
- Tétrico tanto como o torturar -
Termine com o sonho o choque elétrico:

É porque o sonho pode ser verdade
E não ser tão onírico o lutar
Que pode ser o sonho liberdade...


(Ernesto Wayne é patrono da Cadeira nº 09 da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal)


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