Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)
A vida do escritor
é uma coisa muito difícil e gratificante. Há aqueles períodos em que nada se
consegue escrever, quando a sensibilidade fica embotada, a imaginação falha, o
cérebro torna-se pequeno e opaco, e então a vida perde o colorido, o brilho,
fica tão difícil viver! Não adianta ter tempo disponível, material de pesquisa
à disposição, todas as facilidades do mundo, porque é época de não se escrever,
e como é frustrante esse tempo!
Mas depois vem o período em que a criatividade anda à
solta, e então, como é bom! Não há momento em que a gente viva tão plenamente,
tão intensamente quanto naquele momento em que, com uma caneta na mão,
conquista-se o mundo, o universo todo, todos os sentimentos que as pessoas
podem sentir, todas as situações possíveis. Ah! O milagre do desabrochar de uma
ideia que vai transformar-se em um livro! É um universo todo novo que se
descortina, e passar a ideia para o papel é como mergulhar de cabeça na doce
loucura desse universo.
E então a vida é gratificante, como é! Fica-se
desejando que o tempo da criação nunca termine, para que seja mais fácil carregar
o fardo de se ser um escritor, já que é um fardo do qual
a gente não pode se desfazer. Afinal, as pessoas não escolhem ser escritoras –
elas nascem escritoras!
Escrito em 23.07.1985.
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