sábado, 1 de dezembro de 2018

SER ESCRITOR


Por Urda Alice Klueger (Enseada de Brito, SC)

              A vida do escritor é uma coisa muito difícil e gratificante. Há aqueles períodos em que nada se consegue escrever, quando a sensibilidade fica embotada, a imaginação falha, o cérebro torna-se pequeno e opaco, e então a vida perde o colorido, o brilho, fica tão difícil viver! Não adianta ter tempo disponível, material de pesquisa à disposição, todas as facilidades do mundo, porque é época de não se escrever, e como é frustrante esse tempo!
              Mas depois vem o período em que a criatividade anda à solta, e então, como é bom! Não há momento em que a gente viva tão plenamente, tão intensamente quanto naquele momento em que, com uma caneta na mão, conquista-se o mundo, o universo todo, todos os sentimentos que as pessoas podem sentir, todas as situações possíveis. Ah! O milagre do desabrochar de uma ideia que vai transformar-se em um livro! É um universo todo novo que se descortina, e passar a ideia para o papel é como mergulhar de cabeça na doce loucura desse universo.
              E então a vida é gratificante, como é! Fica-se desejando que o tempo da criação nunca termine, para que seja mais fácil carregar o fardo de se ser um escritor, já que é um fardo do qual a gente não pode se desfazer. Afinal, as pessoas não escolhem ser escritoras – elas nascem escritoras!

              Escrito em 23.07.1985.

              

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