Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
Com relação às flores
Eu nunca pensei nelas além do que
elas são;
Hoje vejo que flores são mais que flores;
Nenhuma é igual à outra.
E cada flor tem sua
particularidade;
O silêncio da mulher que morre
lutando pela sua vida,
Por um pingo de dignidade e
respeito;
Ontem ela recebeu flores, hoje a
morte.
A expectativa da criança
Ao dar um vasinho de flores para a
sua mãe;
O sorriso de alegria e o abraço de
agradecimento...
O jardineiro que cultiva jardins
Sem sequer ter uma flor no seu
quintal,
Talvez pela fragilidade do solo;
Sua pequena casa na favela com suas
mazelas.
As recordações da bela mulher
Dentro de um livro,
Uma rosa que dantes fora vermelha,
O símbolo de sua esperança que
Hoje vaga perdida no tempo.
O tempo que passa e as flores novas
florescem;
Cada florescer uma espera.
Eu aqui custando acreditar
Dei a flor do amor e tudo que
recebi
Foram os espinhos das desilusões.
A vida escrita é tão bela e
perfeita...
O negro e o branco vivem de mãos
dadas na luta por igualdade;
Sinto muito, a realidade é cruel,
isto não passa de uma utopia!
Aquele homem
Perde a chance de ser feliz com uma
incrível mulher,
A falta de respeito para com ela
Trouxe-lhe insegurança;
Em uma de suas lembranças ele dizia
que
Odiava as flores,
Pois no seu pensar elas trazem a
morte.
E lá vai mais uma carta de amor,
rasgada;
Escrita por ter acreditado ser de
verdade.
Desde muito cedo,
Na dor e na alegria,
Tão belas, as flores atuantes na
vida!
Sobre a autora: Clarisse da Costa é poetisa,
artesã, agitadora cultural, militante nas causas negras em Biguaçu, SC. O texto em
questão é do livro que tanto escreve "Floreios da Alma".
Contato:
clarissedacosta81@gmail.com
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