Por Luiz Carlos Leme Franco (Curitiba, PR)
Era um “tipo” todo diferente dos demais. Um homem de mais ou menos 1,70m de altura, ligeiramente gordo, moreno, com cabelos pretos já com algumas mechas esbranquiçadas. Tinha as têmporas e o farto bigode agrisalhados. Aproximando-se, embora longinquamente da calvície, tinha duas profundas entradas na testa. Seus olhos eram meigos e o nariz arredondado. Fumava aproximadamente trinta cigarros (onze letras, quase sempre) por dia. Era um beberrão inveterado ( de café, heim !).
Andava com trajes simples, porém de bons tecidos, que conhecia como ninguém.
Trazia as algibeiras sempre cheias de papéis. Até parecia a filial da Companhia Melhoramentos.
Na cinta portava uma caixinha para óculos de aumento, pois carecia deles para leitura. Falando em leitura, ele era pouco lido. Lia geralmente só, “os ossos da profissão”.
Era bancário de respeito e por esta ocupação fazia tudo o que podia. Daí a razão do pouco tempo que lhe sobrava, e que era preenchido quase que integralmente em seu pequeno sítio rural.
Possuia uma “ Vemaguet” e com ela caminhava para todo lugar, não andando quase a pé.
Era calmo e brincalhão. Às vezes, saindo da rotina, mostrava-se impaciente e nervoso.
Inteligente, tudo o que possuía era fruto de seu trabalho perseverante.
Admirava a beleza e a simplicidade das cousas.
Era leal, honrado, sincero e tinha por lema a honestidade.
Gostava de conforto. Também lhe agradava a quietude e o ar campesino.
Apesar de meia idade tinha um espírito jovem e idealizador.
Esse era o “Luiz Sênior”, era meu pai.
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