quinta-feira, 1 de outubro de 2015

PRIMEIRO A MÚSICA

Por Samuel da Costa (Anápolis, GO)

Primeiro a música tocada
Bem alto...
Para que todos ousam
Mesmo de longe
***
Depois vem uma breve recaída
Em uma viagem ignota
Para a terra dos sonhos
Um criar de asas
Para voar para além do infinito
Depois?
Bem depois cair na dura realidade
É claro!
***
Primeiro vem à música
Tocada ao extremo
Contada em uma língua estrangeira
É claro!
Para depois experimentar
A realidade na pós-modernidade
Aos poucos quero ser bem claro...
E de forma lenta!
***
Primeiro a música tocada
Bem alto...
Tocada no auto-carro último tipo!
Que roda em via pública a toda a velocidade...
Para depois experimentar
Todas as sensações possíveis
E inimaginável
***
Uma recaída...
Um simples suplantar
A façanha de Ícaro!
Um criar de asas
Para um soerguer-se aos céus
Irromper as brancas nuvens
E se perder no infinito
Por fim
***
Uma recaída e nada mais
E lá vem a deusa de novo
Como a Quianda
Que me embala com seu
Canto mais que sagrado
E eu sem saber
O que fazer
***
Primeiro a música sintética
Tocada bem alto
Um anticlímax
Para o que vem por ai
Pois ao longe a divina dama de Ébano
Linda como sempre
Olha-me ao longe
Dá-me um simples adeus
E nada mais
***
Primeiro vem a música orgânica
Pois ouso um músico solitário
Parado bem ali na esquina
Um fadista?
Quem pode saber!
***
E se foram todos embora
Todos os meus sonhos mais ignotos
Destruídos pelo tempo presente
Corroídos pela realidade liquefeita
Jogados ao vento
Por fim
***
Primeiro vem de forma estrondosa
A música contemporânea
Divorciada da realidade líquida
Um conjunto mal formado
Que não sabe nem tocar
Realidade televisionada
Em tempo real
***
Agora volta para a realidade
E dou um adeus eviterno
Paras as ninfas e fadas
Que habitam a floresta encantada
Volta para o real
Que não é real
Pois sou de uma geração entre séculos


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