Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
- “ Depois de
casado, ele modifica-se…” – dizia certa mocinha a sua mãe, convencida que o matrimónio
era uma espécie de varinha de condão, que tudo transforma ao nosso belo prazer.
Mas não é.
Realmente modifica;
mas não é repentinamente. Essa modificação, demora anos, por vezes décadas…
A personalidade do
conjugue foi formada pela: educação recebida; ambiente em que viveu;
experiências que teve; traumas que passou na infância e na adolescência.
É preciso, quantas
vezes, realizar esforço, quase titânico, para aceitar o parceiro.
Se é verdade que a
personalidade dos casais, pouco a pouco tende a assemelharem-se, porque recebem
influências idênticas; também é verdade, que a personalidade não é estável.
Está sempre em constante evolução: por vezes para melhor, outras, infelizmente,
para pior.
A mocinha que dizia à
mãe, que o noivo, depois de casado, modificava, falava verdade… mas não toda.
No caso apresentado, o
casamento não alterou – a não ser no inicio, – o carácter do marido nem o
espírito de Dom Juan.
Decorridos anos,
conquistou os favores de mulher elegante, de boa posição social. Com ela
vangloriava-se diante dos amigos, e entrava de braço dado nas festas que
frequentava, enquanto a mulher ficava no lar com os filhos…
Alertada pelas amigas,
fez de conta que não entendia; até que a melhor amiga, interrogou-a: “-
Não tens vergonha de ser assim ultrajada?! …”
Abriram-se, então, os
olhos, e vendo a situação ridícula em que vivia, pediu divórcio, apartando-se
daquele que lhe havia feito promessas de amor eterno.
A vida conjugal é
feita mais de pequenas renúncias, que de grandes conquistas…
Para haver harmonia no
lar, é mister que ambos tentem agradar-se mutuamente, privando-se, por vezes,
de desejos e prazeres, para que o outro se sinta feliz e retribua.
O amadurecimento da
personalidade de cada um, realiza-se lentamente, muito lentamente, e depende
muito da escolha que se fez:
Se ambos tiverem
gostos semelhantes, religião, cultura, e principalmente forem crentes convictos
e tementes a Deus, a harmonia surge facilmente, porque a vida conjugal não é
apenas física, mas espiritual.
Problema sempre
difícil de solucionar, que se agudizou nos dias de hoje, é o facto de, a mulher,
usufruir rendimento superior ao marido.
A mente masculina
custa-lhe aceitar a situação de inferioridade, seja cultural ou monetária.
Jovem médico desistiu
de casar com colega, porque esta, além de ser considerada competentíssima,
recebia vencimento superior ao seu…
Dificuldade – que não
é difícil de ser ultrapassada, desde que haja compreensão e boa vontade de
ambos, – mas que sempre foi problema para a felicidade do lar.
Na “ Carta de Guia de
Casados” o nosso clássico, D. Francisco Manuel de Mello, recomenda, igualdade: “
no ser, no saber e no ter.”
Em suma: o casamento
não resolve todos os problemas, por vezes, complica; mas os conjugues, que
buscam a felicidade, não devem descurar pequenos grandes conselhos, que
suavizam as relações:
Não criticar; ser
atencioso; interessar-se pelos sucessos do conjugue; e sobre tudo: aceitá-lo
como é: com os defeitos e limitações…
Não há ninguém perfeito…
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