segunda-feira, 1 de maio de 2017

ACHEGAS PARA A HARMONIA NO LAR

Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)


- “ Depois de casado, ele modifica-se…” – dizia certa mocinha a sua mãe, convencida que o matrimónio era uma espécie de varinha de condão, que tudo transforma ao nosso belo prazer.
Mas não é.
Realmente modifica; mas não é repentinamente. Essa modificação, demora anos, por vezes décadas…
A personalidade do conjugue foi formada pela: educação recebida; ambiente em que viveu; experiências que teve; traumas que passou na infância e na adolescência.
É preciso, quantas vezes, realizar esforço, quase titânico, para aceitar o parceiro.
Se é verdade que a personalidade dos casais, pouco a pouco tende a assemelharem-se, porque recebem influências idênticas; também é verdade, que a personalidade não é estável. Está sempre em constante evolução: por vezes para melhor, outras, infelizmente, para pior.
A mocinha que dizia à mãe, que o noivo, depois de casado, modificava, falava verdade… mas não toda.
No caso apresentado, o casamento não alterou – a não ser no inicio, – o carácter do marido nem o espírito de Dom Juan.
Decorridos anos, conquistou os favores de mulher elegante, de boa posição social. Com ela vangloriava-se diante dos amigos, e entrava de braço dado nas festas que frequentava, enquanto a mulher ficava no lar com os filhos…
Alertada pelas amigas, fez de conta que não entendia; até que a melhor amiga, interrogou-a: “- Não tens vergonha de ser assim ultrajada?! …”
Abriram-se, então, os olhos, e vendo a situação ridícula em que vivia, pediu divórcio, apartando-se daquele que lhe havia feito promessas de amor eterno.
A vida conjugal é feita mais de pequenas renúncias, que de grandes conquistas…
Para haver harmonia no lar, é mister que ambos tentem agradar-se mutuamente, privando-se, por vezes, de desejos e prazeres, para que o outro se sinta feliz e retribua.
O amadurecimento da personalidade de cada um, realiza-se lentamente, muito lentamente, e depende muito da escolha que se fez:
Se ambos tiverem gostos semelhantes, religião, cultura, e principalmente forem crentes convictos e tementes a Deus, a harmonia surge facilmente, porque a vida conjugal não é apenas física, mas espiritual.
Problema sempre difícil de solucionar, que se agudizou nos dias de hoje, é o facto de, a mulher, usufruir rendimento superior ao marido.
A mente masculina custa-lhe aceitar a situação de inferioridade, seja cultural ou monetária.
Jovem médico desistiu de casar com colega, porque esta, além de ser considerada competentíssima, recebia vencimento superior ao seu…
Dificuldade – que não é difícil de ser ultrapassada, desde que haja compreensão e boa vontade de ambos, – mas que sempre foi problema para a felicidade do lar.
Na “ Carta de Guia de Casados” o nosso clássico, D. Francisco Manuel de Mello, recomenda, igualdade: “ no ser, no saber e no ter.”
Em suma: o casamento não resolve todos os problemas, por vezes, complica; mas os conjugues, que buscam a felicidade, não devem descurar pequenos grandes conselhos, que suavizam as relações:
Não criticar; ser atencioso; interessar-se pelos sucessos do conjugue; e sobre tudo: aceitá-lo como é: com os defeitos e limitações…
Não há ninguém perfeito…


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