Por Humberto Pinho da Silva (Vila Nova de Gaia, Portugal)
A maioria das pessoas
declaram: todos os homens são iguais: raça, religião, posição social, não é
motivo de se apartarem.
Mas será que falam
verdade?
Tirando excepções –
sempre as há, – a maioria assevera o que é politicamente correcto.
Usam palavras, ritos,
formalismos, que estão na moda. Pretendem enganar-se ou enganarem os outros?
Não sei.
Dizem que não são
racistas; e realmente não são, desde que tudo se passe longe e com os outros…
Mas, se filho ou
filha, pretendem namorar alguém de raça diferente, a atitude muda.
No Brasil, durante
anos – e ainda, infelizmente, acontece, – famílias de raízes orientais, não
aceitavam casamentos mistos.
Recordo – nos anos setenta,
– a mocinha que foi morta pelo pai, porque teimava namorar jovem de religião
diferente da sua!...
Os homens são todos
iguais…mas há, uns, mais iguais do que outros…
No tempo de juventude,
tive colega no liceu, que viu o namorico terminar, porque a mocinha não queria
unir-se ao filho de um polícia…
Ela
pertencia a família de doutores…
Salazar não pode casar
com a filha dos Perestrelos, apesar de ser professor notável, e a menina nutrir
grande afeição por ele, porque era filho do feitor! …
-“ Olha António: nós
somos muito teus amigos, e temos razões para isso. Tu tens sido um rapaz
exemplar e a tua inteligência deve levar-te longe. Isso agrada-nos muito; mas,
apesar de tudo, lembra-te de que para nós hás-de ser sempre o filho do nosso
feitor.” –
Palavras de D. Maria Luiza, mãe da menina. (O Príncipe Encarcerado de Barradas
de Oliveira)
Quantos descendentes
de humildes cavadores do campo, uma vez obtido grau académico superior,
esquecem os companheiros de infância, que não tiveram igual sorte?
Até
filhos, há, que escondem a origem modesta dos progenitores! …
Cada qual pensa,
consoante a posição que ocupa no xadrez da vida. O povo diz – e diz com razão: “
Se queres conhecer o vilão, mete-lhe a vara na mão.” E Millôr
Fernandes, definia, formas de governo, deste modo: “ Democracia, é quando
eu mando em você. Ditadura, é quando você manda em mim.”
Amigo meu, dizia que
os comunistas deviam ser muito felizes no amor…porque nunca ouvira dizer, que
distribuíssem – pelo menos parte, – do que lhes saia, na lotaria…Nesse tempo
não havia euromilhões.
O modo de pensar e
agir, depende, quase sempre, das condições económicas, e do lugar que se ocupa
na sociedade.
Os republicanos – nem
todos, – invejam a fidalguia, porque não nasceram em família nobre. Todavia, na
República, há verdadeiras dinastias. “ É a nobreza republicana…”,
dizia, com graça, velha fidalga.
Em suma: asseveramos o
que é de bom-tom afirmar; mas, no íntimo, por trás de cada frase, de cada
palavra, muitas vezes, há outra frase, outra palavra…outro pensamento.
Queremos parecer:
democratas, descomplexados, amigos de todos, e compreensivos; mas – salvo almas
santas, – pouco nos importa o bem ou o mal dos outros…
“ Não preciso
dele para nada!”, declarava jovem universitário, ao pai, quando este recomendava visitar
velho amigo de escola; e realmente não precisava, porque se precisasse,
apresava-se a telefonar, e a convida-lo para almoçar…
Como somos egoístas e maus!
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