Por Clarisse da Costa (Biguaçu,SC)
Quem
diria entre nós mortais um Príncipe Negro? Isso por volta do século XX, logo
bem no início, em Porto Alegre na região de São Batista de Ajudá. São João
Batista de Ajudá era uma fortaleza portuguesa no Daomé, esta fora muito povoada
por negros cristãos. Construída por ordem do Rei Dom Pedro II com a intenção de
proteger o importante e forte comércio que até então os portugueses faziam.
Isso tudo na Costa de Mina. Bem orquestrado, pois o seu território era à beira
mar do oceano Atlântico. Exatamente no golfo da Guiné. Daomé foi colônia de
diversos países. Mas vamos ao que interessa. No entanto preciso relatar um
pequeno detalhe, talvez fundamental para se chegar ao fato importante da
história. Como havia dito, Daomé foi colônia de diversos países, porém por
pouco tempo. A Grã-Bretanha comprou a parte de outros ocupantes, o que fez de
Daomé propriedade inglesa. E os portugueses, considerados poderosos se
contentaram com uma parte pequena da Guiné e com as Ilhas de São Tomé e
Príncipe, assim cedendo suas fortalezas.
E
você me pergunta: - Onde está o Príncipe Negro nessa história? Já lhes digo.
Antes da compra de Daomé, teve a invasão inglesa ao reino de Daomé, hoje atual
Benin, no início do século XX. Assim surgiu o Príncipe chamado Osanielê do
Sapatá Erupê. Este, para evitar o derramamento de sangue do seu povo propôs um
acordo com aquela temida coroa inglesa, de simplesmente exilar-se. Mas para
isso, como uma troca, a coroa britânica manteria sua família e toda sua corte
no exílio. Para isso acontecer de fato o príncipe teria que escolher um lugar
para onde ficar. E não deu outra, o príncipe escolheu o Brasil, em especial o
estado do Rio Grande Sul. Assim levando uma vida social bem intensa, teve uma
representação importante na política e religião. Agora na atualidade o negro
deixou de ser príncipe pra ser o Lorde das letras. O que é difícil, pois ocupar
espaço na literatura brasileira especificamente catarinense é nada fácil, ainda
mais sendo negro quiçá negro e pobre.
Mas
diante de um grande número de pessoas brancas o negro, por mérito de seu
esforço e trabalho, subiu mais um degrau da sua luta perante a sociedade e
conquistou o título de imortal na Academia de Letras do Brasil – Seccional de
Itajaí. Na representatividade de Samuel da Costa e Hang Ferrero, eis que surgiu
na tarde de sábado do dia 22 de outubro de 2016, os ‘’Lordes das Letras’’.
Lordes? Por que não? Chegar onde eles estão não é fácil para qualquer um. A
literatura requer muito trabalho, dedicação e conhecimento. E ambos mostram que
o negro é capaz de muito mais que a mente humana cria. A mente humana, mal
informada e educada criou o escravo, criou toda mística do ser anormal e
normal. Criou o mundo todo branco e machista, onde o negro não passa de um mero
coadjuvante e a mulher um objeto sexual. O negro no Sul calou a voz dos
conservadores, agora abusa da sua catimba e se afirma no mundo.
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