Por Clarisse da Costa (Biguaçu,
SC)
Voltando ao passado…
Querido diário é errado ser negra? E perfeição existe? Eu não sou a Branca de
Neve e nem tenho o cabelo liso da Barbie. E se tivesse seria mais uma. Qual é o
lance desse povo? Acham-se os maiorais, lindos e perfeitos! E vem a pessoa e
diz que o meu cabelo é duro feito Bombril. Será que ela não sabe que isso é uma
marca? Caramba meu cabelo tem etiqueta de uma marca famosa!
Que chique! Aí a gente
cresce e vai viver conforme tem que viver. Pelo seu jeito não pelos outros.
Claro que algumas de nós levam tempo. Mas quando isso acontece os outros são
apenas outros. E a ciranda da vida segue. No meio da roda o balé do tempo, uma
bailarina sem suas sapatilhas. Também pudera, vive longe do chão! Não tem
caminho pra pisar. Mas tem rumo certo o de sempre ir embora. Pra onde? Oras,
sempre em frente.
Eu vejo o tempo feito
menina negra. Um dia cresce; Vira mulher e se acha linda, solta os cabelos e
deixa o vento levar! E o tempo segue. Baila nas idas e vindas da vida. Parece
estranho, até alguns de nós o confundimos com o relógio. Mas o marcar dos
minutos e segundos do relógio é diferente do tempo. O tempo é indeterminado. Ao
contrário do relógio ele não tem dono. No entanto, às vezes pode ser
predestinado por nós.
Tempo, tempo… Cheguei a
pensar que ele brincava comigo, no entanto eu entrei na roda quando me deixei
levar pelos outros. Mas afinal, o que são os outros senão criações de si
mesmos?
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