Aos Pés de Cruz e Sousa
Por Clarisse da Costa (Biguaçu, SC)
São
páginas ainda em branco, nada amareladas pelo tempo. Mas são versos antigos em
traços e passos doídos. Capa versada com sua letra, cor esverdeada e uma
rachadura, marcas de quem abriu o livro. De quem foi além da capa. Um luso
poeta em sua agonia. Um negro marcado. Em seus traços celestes regiões
distantes um quimera de almas profundas em fundo de tristeza e de agonia, sem a
dor da carne. Uma visão gerada no horror.
Assinalado
é Cruz e Sousa. Louco imortal, representante da minha loucura! Aos pés da Cruz
nem Costa, Silva ou Sousa. Poeta sem limites pra traçar cada linha poética!
Travessias
A
travessia nas celestes regiões distantes chega até a alma, onde se encontra um
fundo melancólico da esfera. Os muros são impostos, fatos e traços marcados. A
sombra dos supremos sofrimentos de Cruz e Souza são flores negras no jardim dos
negros, sem a cor da expectativa ou vida.
Uma
sombra que acompanha sangrentas mortes, uma bala perdida que nem perdida
estava. Ou erros. Ou fatos, pessoas marcadas pra morrerem. No jornal eram três
pessoas e um negro.
O
negro não é gente? O perfil negro é fora dos padrões. E os murros são tantos e
ali permanecem os muros, o mundo para nós é negro e duro, cruel e obscuro. E no
versado e esverdeado fim de sua página diz: ‘’Sei que cruz infernal prendeu-te
os braços E o teu suspiro como foi profundo!’’
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