Por Iolanda Botelho Borba (Pelotas, RS)
A Biblioteca
Pública Municipal de Arroio Grande
está completando cinquenta anos ,um marco importante, um sinal de crescimento e
amadurecimento para a cidade, um reflexo do poder transformador da Educação e
da Cultura. Uma biblioteca bem organizada, repleta de livros de qualidade, é um farol
de conhecimento, capaz
de iluminar as mentes e corações de quem nela busca refúgio.
Para muitos, o livro é um verdadeiro Porto Seguro, um antídoto contra as
angústias e a solidão.
Ao retornar à minha cidade natal, senti um impulso
nostálgico e resolvi visitar alguns velhos amigos. Sentei-me no banco da Praça Getúlio
Vargas. O dia estava ensolarado, e as árvores dançavam ao som do vento minuano, criando uma
melodia suave que preenchia o vazio e o silêncio do pampa. Sentindo as
reminiscências da alma, meus pensamentos vaguearam até alguns poetas que
marcaram minha vida.
Lembrei-me do Poeta dos Escravos,
que morreu aos 24 anos, mas deixou um legado imortal com o poema "Navio
Negreiro". Seus versos ecoavam em minha mente:
"Nunca tive os olhos
tão claros, e o sorriso
com tanta loucura.
Sinto-me toda igual
às árvores solitárias, perfeita e pura."
As palavras dele me faziam companhia naquele
momento, como se ele próprio estivesse ao meu lado,
compartilhando suas reflexões sobre a vida e a solidão:
"Que minha
solidão me sirva de companhia. Não sei se a vida é curta ou longa demais, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos
o coração das
pessoas."
Os pensamentos sobre o tempo
e o vento, que provocavam um novo renascer
na planta, me levaram a
ponderar sobre a amizade:
"Amigo
que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade
loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade
de inquietude, que tenham alma exposta."
A lembrança de um conselho
antigo veio à tona: "Não faças da tua vida um rascunho – Poderás não ter tempo de passá-la a
limpo." E outro, ainda mais sábio: "Cuida do jardim, e as borboletas
virão até você."
Em meio a essas
reflexões, um verso
de amor sussurrou em minha memória:
"De tudo ao meu amor serei atento. Quero
vivê-lo em cada vão momento."
Naquele
instante, percebi que a biblioteca não era apenas um prédio repleto de livros,
mas um símbolo de todas
as histórias e sentimentos que ela guardava. Era um lugar
onde o passado e o presente se encontravam, onde a memória dos poetas e
dos escritores vivia em cada página. E, naquele dia ensolarado na Praça Getúlio
Vargas, senti que a poesia de Zélia, a minha amiga: Zélia, Lisboa Sobral
Soares, estava mais viva do que nunca.
Sobre a autora: Iolanda Botelho Borba é natura de Arroio Grande, RS, e radicada em Pelotas, RS. atualmente aposentada, foi professora primária em Arroio Grande, RS, e em Pelotas, RS. Cursou Magistério e é formada em Serviço Social pela Universidade Católica de Pelotas . Possui Pós-Graduação em Serviço Social e Licenciatura Plena de 2º Grau pela Universidade Federal de Pelotas - UFPel. É membro da ALPAS 21 (patronesse Dra. Marilu Duarte, cadeira nº 134), ALAAG (patrono Gilnei Brasil, cadeira nº 23); e Clipe Literário Pelotense.
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