domingo, 10 de julho de 2011

FRIO

Por Ridamar Batista

Da janela vejo o frio
Queimando o rosto das gentes
Perambulantes, vadias
Sem vontade de chegar
O cigarro aceso nos lábios
O vento está a tragar
E venta de sul para norte
Em tempestades, tormentas
Encrespando as ondas do rio
Enlouquecendo o mar
As nuvens sombrias descrevem
Lições tão fáceis de ler
A borrasca ainda persiste
É tempo de se esconder.
E se o poeta perguntou
“Mudei eu, ou muda o tempo”
Eu digo que tudo mudou.
Aqui dentro da cabana
Já não faz tanto penar
O vento que sopra molhado
Não esfria nossa cama
Temos muitos apetrechos
Temos toda proteção
A casa está fechada
Da janela vejo tudo
Mas não deixo o frio entrar.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A MOÇA QUE DANÇOU DEPOIS DE MORTA (ANIMAÇÃO, 2003)



A Moça que Dançou Depois de Morta

Gênero: Animação

Diretor: Ítalo Cajueiro

Ano: 2003

Duração: 11 min

Cor: Colorido

Bitola: 35mm

País: Brasil

Local de Produção: DF

Baseado em uma história de cordel de J. Borges, renomado artista popular, e produzido inteiramente com xilogravuras originais do próprio autor. Um rapaz se apaixona por uma misteriosa moça num baile de carnaval do interior.

Ficha Técnica

Produção: Ítalo Cajueiro Fotografia: André Cajueiro, Ítalo Cajueiro Roteiro: J. Borges Direção de Arte: Ítalo Cajueiro Animação: Ítalo Cajueiro Produção Executiva: Ítalo Cajueiro Montagem: Elvis Kleber, Ítalo Cajueiro Música Lito Pereira

Prêmios

Melhor Roteiro de Animação no Cine PE 2004
Melhor Trilha Sonora no Festival de Belém 2004
Prêmio UNESCO no Festival de Cinema de São Luís 2004
Melhor Trilha Sonora no Mostra ABCD - Brasília 2004

segunda-feira, 4 de julho de 2011

FAZER

Por Pedro Du Bois (Itapema, SC)

Feito ao avesso: da cabeça
aos pés transitam ordens desconexas
o primeiro limite estabelece o siso
o último rearranja as forças
com que chuto as pedras

desconheço a determinação
da placa: disparo
ao encontro do corpo
contrário e o choque
desintegra o mito
da cordialidade.

domingo, 3 de julho de 2011

CAMINHADA

Por Paccelli M. Zahler

Tanto sonho sonhado,
Estraçalhado e desfeito,
Deixando nosso peito
Bastante amargurado.

Sonho não realizado,
Há pouco latente
Dentro da gente,
Morto e enterrado.

Recomeçar outra vez?
Uma nova caminhada?
Dúvidas atrozes
Ao longo da estrada.

DO DIREITO À INFORMAÇÃO

Por Paccelli José Maracci Zahler


Observando os esforços internacionais em favor da globalização, através da criação da Organização Mundial do Comércio, verificamos fenômenos interessantes em todos os países signatários. Ao mesmo tempo em que se comprometem a cumprir os princípios de harmonização, equivalência e transparência de procedimentos de modo a facilitar o livre trânsito de mercadorias entre seus territórios, firmando inclusive acordos para a formação de blocos regionais, vêm estabelecendo barreiras técnicas, muitas vezes infundadas, como alternativas ao protecionismo.
Dentro de cada país, as informações a respeito das barreiras técnicas têm sido filtradas pelos governantes e omitidas nos acordos bilaterais, desvirtuando o "princípio da transparência" e constituindo-se, na maioria dos casos, em "censura científica".
Lamentavelmente, os jornalistas não têm uma formação técnico-científica que lhes permita identificar essas pequenas filigranas, mesmo porque seu trabalho destaca as decisões econômicas e políticas que afetam diretamente o cidadão.
Quando as medidas têm um impacto maior como, por exemplo, sobre as importações e exportações, vão buscar informações nos órgãos públicos. Lá, ficam à mercê de administradores deslumbrados que, além de não pertencerem ao quadro técnico das instituições públicas pois são nomeados politicamente, desconhecem o trabalho lá desenvolvido e, na maioria dos casos, o próprio Regimento Interno. Assim, dependendo de sua eloqüência e de suas ambições políticas (vale lembrar que administradores públicos nomeados politicamente almejam galgar postos mais elevados e não estão ocupando seus cargos por acaso), transmitem ao entrevistador uma falsa visão das decisões tomadas. Em muitos casos, criticam os funcionários de carreira, chamando-os de ultrapassados, ineficientes e ortodoxos, e mostram um porvir cheio de esperança com a extinção do órgão que dirigem e a criação de outro mais moderno, eficiente e heterodoxo, ou seja, um balcão de negócios, para atender aos interesses dos seus apaniguados.
Com uma habilidade característica de todo o administrador comprometido com interesses escusos, desvia a atenção do objetivo da entrevista, fazendo com que o homem de imprensa transmita uma falsa visão aos seus leitores.
E assim têm passado os dias, os anos e os séculos, e os círculos viciosos, viciados e corruptos continuam a nos governar e a nos censurar, impedindo-nos do acesso à informações importantes, cruciais para decidirmos nosso destino.
O sentimento de liberdade é algo inato a todos nós. Mas para sermos livres e exercermos plenamente nossa liberdade de expressão, como dizia Erich Fromm, "devemos ser capazes de ter pensamentos próprios".
Para termos pensamentos próprios, devemos ter livre acesso a informações confiáveis, transparentes, verdadeiras, para podermos analisar criticamente os acontecimentos.
Para atingirmos esse objetivo, necessitamos de uma imprensa livre, engajada com os sentimentos e interesses dos cidadãos. Livre para expressar-se e trazer nas primeiras horas da manhã uma análise precisa dos acontecimentos, independentemente dos anseios e ambições dos governantes.

(Publicado na Revista BRASÍLIA nº 85, julho/agosto/2000, p.7)

O MEU ANJO

Por Heralda Victor

Anjo? Eu tive um anjo!
Um anjo lindo que nasceu depois de mim...
Não tocava harpa, tocava violão.
Com dedos mágicos tocou meu coração.
Cantou suave dedicando uma canção,
Me fez dona de todo o seu amor!
Com presentes, beijou meus lábios,
Acariciou-me em segredo, trouxe uma flor.
Eu tive um anjo! Um anjo muito amado
A quem chamei de amante amigo e namorado,
De pele clara e cabelos cor de trigo,
Que por muito tempo ficou assim comigo,
Sem dizer nada apenas a amar...
Eu tive um anjo! Um anjo iluminado!
Um anjo que falava com cuidado
Escolhendo palavras para não magoar.
Eu tive um anjo que deixou saudade
Porque com ele conheci felicidade,
Que me chamou de amada, de querida,
Que prometi amar por toda a vida
E que jurou me amar até a eternidade!
Eu tive um anjo que me fez sorrir,
Que gostaria muito de comigo ficar,
Mas teve que atender a um chamado,
Não podia com ele me levar.
Eu tive um anjo que me fez chorar,
No dia que pra Deus teve que retornar.
Chorei muito. Ainda choro. Muito vou chorar
Mas sei que um dia desses qualquer dia,
O meu amado anjo vai voltar...





(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 10/2008)

BRAVA GENTE

Por Heralda Victor


Brasil! Ah! “Meu Brasil brasileiro!” Tu que foste cantado em prosa e verso...
Tu que rebolas driblando a tristeza no gingado da mulata exaltando num estádio de graça,
Um grito de raiva num “Oooola” de raça! Brasil! “Gigante pela própria natureza”!
Terra de Tupã, berço de mitos e heróis... Como estão teus filhos? Primavera eterna...
Céu azul de anil? Ah! Meu Brasil de Tiradentes! Rui Barbosa, Santos Dumont,
Osvaldo Cruz, Airton Senna, Zumbi... Lamento no Quilombo dos Palmares!

Brasil Colônia humilhado na senzala... Brasil Império dominando República
Corrompida de CPI... Brasil dos Trapalhões, em Farrapos, numa Balaiada...
Ninguém Sabinada! Brasil Legislativo... Judiciário nos corredores...
Executivo renovando contratos de penhora... Chico Mendes!... Tim Lopes!...
Notícia cala por denunciar!... Santa Madre Paulina! Nossa Senhora!
Brasil faminto celeiro do mundo estrangeiro!
Sente o amargo do canavial no olhar das nossas crianças, incentivador do álcool!
Planta Brasil que o fumo dá lucro! O feijão sai da mesa, mas a fumaça entorpece
Soluço de frio, rosto faminto, descalços no lixo à procura de pão... Brasil Pentacampeão!

Esmurra com força gigante Maguila! Menino Popó! Venceste! Orgulha o Brasil,
Guga Mané! Cazuza... Caetano... Chico Buarque, à toa na rua a banda a passar...
O canto roqueiro desce do morro erguendo num Funk bandeira de Paz
Ao Comando Vermelho... Henfil!... Padim Ciço!... Olhem pelo povo brasileiro!
Brasil frágil perdeu sangue com Betinho!... Brasil solidário doa amor com promessas:
Segurança, trabalho, escola e pão... Brasil tem fé! Vota de coração! Arriba Brasil!
Los Hermanos te buscam... Cuidado! Não pisa na bola! Não erra no chute... Acerta no voto!
Comprado não deixa! Só querem ganhar... Esquecem de tudo passado o presente...
Com fome com medo, a quem reclamar? BRAVA GENTE!

Sobre a autora:

Heralda Victor é poetisa e escritora. Natural de Araranguá/SC, é formada em Pedagogia com pós-graduação em Fundamentos Educacionais. É Membro-fundador da Academia Catarinense de Letras e Artes – ACLA/ SC; Secretária do Grupo de Poetas Livre - GPL, Florianópolis,SC; e Diretora Social da Associação Literária Florianópolitana – ALIFLOR, Florianópolis,SC.

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 10/2008)

VI ENCONTRO DE POESIA MEMENTO MORI, EM BRASÍLIA, DF

Por Vânia Moreira Diniz


Ontem, 29 de setembro, foi dia de emoção. No Evento Memento Mori, estava sendo homenageado o grande e inesquecível Machado de Assis no VI Encontro de Poesia em Brasília sempre organizado com amor, carinho e competência pelo Poeta Roberley Antonio e sua dedicada equipe.
No momento que o mundo passa por expectativas, a globalização toma conta do planeta, deveríamos pensar em união, mas infelizmente enquanto a tecnologia atinge um progresso promissor revela ao mesmo tempo um mundo egoísta e discriminador apesar de todas as falas em sentido contrário.
E por isso mesmo iniciativas como a de Memento Mori faz com que nos sintamos sensibilizados até às lágrimas.

Pensando no extraordinário Machado de Assis, cuja origem e fatos da infância como a perda de pai e mãe tão cedo, origem, doença poderiam ter levado ao desespero e desesperança, ficamos extasiados com sua força que o tornou um dos maiores escritores, o gênio da literatura.Isso nos faz entender o poder da vontade férrea e da coragem.

Foi isso que vivemos ontem nas horas em que estávamos reunidos e assistíamos vários escritores de nossa era manifestarem sua emoção, a beleza das palavras, o sentido da vida, a eloqüência e o amor num preito de saudade ao nosso grande Machado de Assis, no seu centenário.
Sentindo a alma de meus colegas, exultei de alegria ao vê-los apresentar-se com o coração nos lábios como no fascinante cordel de Gustavo Dourado, na sabedoria precoce de Gustavo Fontele Dourado, nas palavras harmoniosas de Meiruluce Fernandes,nos poemas carismáticos de Anabe Lopes, nas palavras sábias de João Ferreira , na poesia apaixonada de Aroldo Camelo.
Não posso deixar de lembrar o escritor Andrey do Amaral com palavras eloqüentes sobre o nosso homenageado, depois de ter editado o livro "O máximo e as máximas de Machado de Assis" e falando sobre o primeiro soneto do autor.
Quando fiz minha própria apresentação a emoção era tão profunda que sentia junto de mim de uma maneira fecunda cada um dos poetas, que ali estavam presentes e podia experimentar o quanto é importante a união de nossos pares mesmo porque pares são todos os seres humanos principalmente para o poeta que expõe sempre sentimentos universais e representa o anseio de toda a humanidade.
Ali ao lado de minha família emocionada, de meus amigos e observando o jovem e talentoso coordenador do evento, o poeta Roberley Antonio, a quem agradeço a iniciativa maravilhosa, criativa e competente.

Imaginei o quanto tinha que agradecer ao Senhor do Universo em verso ou prosa e continuar a lutar juntamente com todos os meus colegas escritores por uma humanidade mais sã e menos perversa num mundo que Machado de Assis em sua época já conhecia tão bem o futuro pela própria observação em muitos de seus textos. O nosso grande escritor, líder na acepção da palavra já usava a literatura como a ferramenta mais eficiente na interpretação do mundo que nos rodeia.

Nesse momento, ainda sentindo o encantamento da noite de ontem peço aos que me lêem que me permitam lembrar aqui, o meu avô escritor que foi meu guru e com quem iniciei os primeiros ecos de minha inspiração com apenas seis anos.
Raymundo de Monte Arraes, meu patrono, meu avô, meu mestre , obrigada por tudo porque foi com você que eu aprendi a amar de modo profundo a literatura, as letras, a difusão desse instrumento e apoiar sempre os escritores já consagrados ou contemporâneos. Obrigada, meu avô.

E enalteço a todos que já citei acima que deixaram em meu coração uma forte impressão sempre no abraço do Poeta, dessa vez no VI Encontro de Poesia Memento Mori.

(30.set.2008)

(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 10/2008)

A SÍNDROME DO Ctrl+C

Por Cassiane Schmidt


A valorização do conhecimento está mais do que nunca, em evidência na sociedade hodierna. Acredito que em tempo algum de nossa história, a busca pelo conhecimento científico a ser produzido e desenvolvido nas escolas e faculdades do Brasil necessitou de tamanho apoio, de mais completo incentivo no combate da triste realidade do plágio no meio acadêmico e escolar.
A busca pelo conhecimento faz parte da realidade de milhares de estudantes, a internet disponibiliza uma infinidade de recursos para pesquisas escolares. O que preocupa, contudo, é a falta de critério nos limites estabelecidos, Que critérios adotar na obtenção das fontes de informação? O que é considerado plágio? O que a lei prevê nos casos de violação dos direitos autorais? Qual o papel do professor na conscientização dos alunos?
Nunca foi tão fácil o acesso à informação, o conhecimento é algo instantâneo. O Google é um dos sites mais procurados para fins de pesquisa, a Wikipedia também entra no ranking dos mais procurados, estudantes buscam nos sites, trabalhos das mais diversas áreas do conhecimento, o que importa destacar, é a falta de critério, a falta de ética de alguns indivíduos. Pessoas há que, de maneira irresponsável, copiam textos na íntegra assinando como se fossem de sua autoria.
Os alunos desde o ensino fundamental devem ser orientados na elaboração de seus trabalhos escolares, a discussão acerca do plágio deve ser algo permanente nas escolas. Muitas faculdades sofrem com as sombras do plágio, estudantes simplesmente reproduzem trabalhos alheios, sem menção do autor, sem a bendita citação.
A grande facilidade a textos acadêmicos na internet, vem sendo considerada uma espécie de “salvador da pátria” para alguns estudantes que optam pelas facilidades do Ctrl+C e Ctrl+V. A palavra plágio, como define o dicionário Aurélio, quer dizer: oblíquo, indireto, astucioso. A Constituição prevê a Lei nº 9.610/98 - Direitos Autorais, esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se, que os direitos de autor e os que lhes são conexos devem ser preservados.
O Código Penal em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, prevê o crime de violação de direito autoral – artigo 184 – que traz o seguinte teor: Violar direito autoral: Pena – detenção, de (3 três) meses a 1 (um) ano, ou pagamento de multa. Além disso, há também casos de processo por danos morais, muitos processos já foram instituídos a favor de vitimas de plágio no Brasil.
Seja um poema, uma letra de música, uma fotografia, até mesmo uma simples frase, deve vir acompanhada do nome do autor. Infelizmente o resultado da disseminação de conteúdos na internet, está gerando uma crise na educação, um atraso na produção intelectual dos estudantes. A educação está sendo ultrajada diante da desfaçatez de alguns estudantes que subestimam a inteligência dos professores, e pior, subestimam sua própria capacidade de produção. Os professores precisam ficar atentos, e jamais compactuar com casos de cópias de trabalhos alheios, trabalhos com indícios de cópia, sem a devida citação, deve imediatamente ser recusado pelo professor. Apropriar-se da produção intelectual de outrem é um ato de covardia, quem pratica esse vandalismo intelectual, está assinando seu atestado de incompetência; é querer as pernas do atleta para ganhar a corrida!
O plágio, portanto, deve ser encarado de maneira rigorosa nas escolas e universidades, os professores representam um forte aliado no combate a prática ilícita da apropriação intelectual alheia. A pesquisa educacional é altamente recomendada na realização dos trabalhos propostos em sala de aula, contudo é preciso compreender, caros leitores, a abissal diferença entre buscar referências bibliográficas que venham a fundamentar o conteúdo proposto, e a simples cópia da opinião de outro autor como sendo a sua.
A internet é um mecanismo relativamente novo, sua utilização vem sendo realizada de maneira irresponsável! Pais e professores precisam ajudar os alunos a lidar com esse recurso de maneira satisfatória, orientando pesquisas, impondo critérios, explicitando a condição indispensável de citar autoria na obtenção de qualquer texto.
É preciso conscientização, é preciso ética! Nada mais contraproducente que a cópia, pois ela em nada acrescenta no desenvolvimento das habilidades cognitivas, ao contrário, ela alimenta a preguiça intelectual de nossos alunos! Se algumas medidas não forem tomadas, estar-se-á caminhando para uma nova era, onde nada se cria, tudo se copia.
A pirataria intelectual precisa ser freada, pois ela contamina todo o campo do saber, corrói a engrenagem do conhecimento!Cada indivíduo precisa desenvolver suas próprias habilidades, buscar estudar, ler muito, para conseguir desenvolver sua capacidade intelectual, ou seja, andar com suas próprias pernas! Assaltar a produção intelectual do outro, é perder a maravilhosa experiência do saber fazer, aquilo que o outro, trabalhando fez!


(Publicado originalmente na Revista Cerrado Cultural nº 10/2008)