quarta-feira, 9 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER (08.março)

Por Vânia Moreira Diniz (Brasília, DF)

Apesar de querer batalhar cada vez mais pelos direitos que nossa classe sonha de forma profunda e verdadeira, acho que acima de tudo isso, como digo sempre, está o fascínio da mulher.
Parabéns às queridas confreiras da Academia de Letras do Brasil!

Quando nasci, fui recebida segundo eu soube com o carinho que se deve a uma mulher. Meu pai sonhava em ter uma filha do sexo feminino e torcia para a satisfação desse desejo. Isso foi o que me lembrei ao acordar hoje, recordando palavras do meu próprio pai, há muitos anos atrás. E fui crescendo com aquele senso, que a mulher era algo especial. Na minha família o era, mas aos poucos percebi o quanto a minha categoria poderia ser desrespeitada, quando via, lá fora, acontecimentos e fatos que me perturbavam.
Fui crescendo ao sabor dos contrastes. Na minha casa, embora tivesse conflitos com meu pai, ele jamais foi capaz de levantar a mão para mim, embora o fizesse com meus inúmeros irmãos.E vi muitas vezes meu avô falar, que o mundo só ganharia em progresso e estabilidade, quando uma mulher liderasse o universo.
Minha cabeça dava voltas ao perceber, quanto as mulheres ainda, apesar das evoluções e lutas que se processavam, sofriam com uma subserviência, velada, mas verdadeira, e que existia até nas atitudes menos objetivas, num mundo que parecia não querer acatar esse desenvolvimento. Nem mesmo as leis favoreciam a nossa classe, tão atrasada estavam e a sociedade, de certa forma, aprovava esse caminho.À medida, entretanto que eu crescia começava a sentir um movimento mais e mais vigoroso nesse progresso consciente, que a mulher empreendia. Éramos na verdade uma das categorias excluídas pela falta de verdadeiro horizonte, pelas limitações que eram impostas e preconceitos que machucavam.
Experimentava esse sentimento quando olhava o mundo exterior, que eu queria abraçar cedo e com veemência.E meus pais, embora evoluídos por uma educação que não conferia á mulher certos liames, mesmo assim queriam segurar aquele halo de liberdade intensa que eu almejava.
Não queria só compreensão, respeito, admiração, cultura e participação dentro do meu meio compreensivamente positivo. Almejava ir ao encontro de meus ideais, sonhos, talvez utópicos, mas que existiam em mim.Fortes e incontroláveis!
Com o passar do tempo fui encontrando razões para crer na supremacia ou pelo menos na igualdade que íamos adquirindo paulatinamente. Ainda garota, pude perceber, que era justamente o lado econômico e a luta pela sobrevivência que ensejariam reais oportunidades à mulher. Desde que nós soubéssemos recebê-las! Desde que com essa liberdade adquirida, conseguíssemos administrá-la e saber o que fazer dela.
Hoje tenho convicção, que é mais uma questão de tempo. A nossa classe já tomou conta de todo um mundo, e lidera em várias posições, que jamais os homens pensariam ceder-lhe. È claro que ainda existe preconceito, dúvidas, discriminações, inseguranças, maltratos, brutalidades e principalmente a fragilidade da mulher menos favorecida pela fortuna e pelos conhecimentos, e que ainda não está preparada para isso.
No dia Internacional da mulher, 08 de março, quero poder sentir cada vez mais que transformamos em realidade, os motivos pelos quais empreendemos batalhas, cujo estandarte era sempre conseguir tornar-nos fortes o suficiente. Lutando por um país justo e menos sofredor, e por uma população que consiga também usufruir esses momentos de vitória.
Sinto à minha volta, os fluidos de positividade e vigor que me acompanharam na infância, e nessa oportunidade, comemoro os dias que sobrevieram sempre com uma luz a indicar o caminho certo.
Apesar de querer batalhar cada vez mais pelos direitos que nossa classe sonha, de forma profunda e verdadeira, acho que acima de tudo isso, como digo sempre, está o fascínio da mulher. Um fascínio que ela não pode deixar morrer.Esse fascínio que faz parte de nossa individualidade, da alma e corpo em perfeita harmonia.
A maior e mais deslumbrante qualidade que deveria rondar qualquer mulher.Sem isso, não adiantará vitórias e conquistas porque estaremos abortando a mais vicejante potencialidade que possuímos. Só conservando-a teremos a força e a esperança nos combates empreendedores, que tornarão essa data mais esfuziante em sua justa comemoração.

Sore a autora: Vânia Moreira Diniz (Ph.I.) é presidenta da Academia de Letras do Brasil, Seccional Distrito Federal

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